Câncer escrita por judy harrison


Capítulo 1
A fragilidade de uma mulher forte


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, não devia me apegar



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Essa história se passa numa cidade onde vim morar há um ano, quando minha vida mudou completamente, mas hoje vejo que pra melhor. muitas lições foram aprendidas! A surpresa desse fim, que duvido que não choque alguém, é contada em tempo real, ou seja, conforme vai acontecendo, de verdade. Óbvio que nomes e lugares serão poupados, e quero que entendam, como eu mesma entenderei no decorrer desse relato como "Bete" era antes de sua passagem para outro plano. Então, vamos lá.

"Depois de um tempo procurando trabalho, quando eu menos esperava, a agência me contatou. Eu peguei a carta de recomendação e fiz a ligação. Combinei com uma mulher chamada Marta que estaria no endereço marcado no sábado de manhã.

Nesse dia eu estava lá, numa casa bonita, com gente simples e com um padrão de vida aparentemente bom.

Então, ao ser recebida por Marta, eu ainda não estava decidida a encarar aquele trabalho de Cuidadora de Idosos.

– Minha mãe está com Câncer, não tem mais jeito... Ela teve uma recaída há uns meses e não se recuperou mais. - disse - Eu não moro aqui, mas meus filhos sim, e cuidam dela durante a semana, e eu preciso de alguém que cuide dela aos sábados e domingos.

Eu fiquei satisfeita. um trabalho extra em dias que não faço mais que reclamar da falta do que fazer era perfeito!

– Quando começo?

– Vamos chamar você para um teste.

Marta me explicou que tinha problemas de saúde também, e que isso a atrapalhava muito, razão pela qual precisava de ajuda.

Depois de dar a ela referências de minha pessoa, fui embora. Cheguei a pensar que mesmo com boas referências e com a disposição que mostrei não seria mais contatada, pois não tinha cursos de enfermagem nem era profissional. Mas estava enganada.

Logo na próxima semana fui chamada para passar umas horas com Bete, mãe de Marta. E, ansiosa, aceite o desafio.

Quando cheguei descobri que havia uma cuidadora, Andréia, que ficava com Bete durante a semana. Ela mesma me recebeu, sem saber exatamente o que eu estaria fazendo ali. Acostumada a analisar as atitudes para conhecer um indivíduo, imaginei que ali havia um desencontro de informações, e que isso podia ser um sinal negativo. mas não me importei em julgar. Afinal, eu estava para conhecer a matriarca daquela família.

Conheci Bete, uma mulher pequena, branca e simpática, que olhou-me nos olhos como se já me conhecesse, ou dissesse: Outra moça pra mim...

Andréia não me disse muito, apenas que sua "paciente" era muito calma e não era exigente, também demonstrou o quanto gostava de Bete, e a beijava no rosto para se despedir.

Conheci também um dos netos de Bete, Célio, um rapaz de vinte e poucos anos e com aparência intelectual, ou popularmente, um "Nerd", era simpático também e me deixou à vontade.

Como eu me sentia? Bem, eu olhava para a mulher deitada, tão frágil, visivelmente com perda de peso brusca, sem cabelos, conversando com uma voz baixinha, mas inteligível, e imaginava muitas coisas a respeito dela, como me trataria, como eu a receberia. Mas eu sorria e tentava corresponder àquilo que parecia impossível, uma lucidez fora do comum.

Quando Andréa foi embora, pensei: E agora?

Há 3 anos eu cuidei de uma idosa, mas eu já a conhecia antes de lidar com ela, de dar-lhe banho, alimento e suprir outras necessidades. Mas lidar tão intimamente com alguém estranho era diferente, quase assustador.

Célio me disse algumas coisas que eu precisava saber, como eu devia lidar com sua avó dali até chegar a hora de dormir, às dez da noite. Não havia nada de estranho, pois a parte mais difícil, eu deduzi erroneamente, ficara para Andréia.

Porém, conforme se passava o tempo, enquanto eu conversava com Bete, percebi que ela era uma pessoa fácil para se lidar, era meiga e simples, e sabia bem como gostava das coisas, estava disposta a me ensinar a lidar com ela mesma. Apenas em minha cabeça eu tinha a sensação de que estava diante de uma mulher saudável, mas com aparência debilitada.

Não, Bete estava a um passo da morte, e essa era a ideia que assustava, por que as palavras dela indicavam o contrário: Não ligue para o que disseram, eu estou bem.


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Notas finais do capítulo

O ser humano, por mais que se julgue frio, tem um lado sensível. Ver alguém que está a pouco tempo de sua morte é uma situação que eu nunca pensei que vivenciaria.



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