Sombra, adormecida no parapeito da janela limpa pela 1ª vez, foi acordada com um batuque na porta da suposta biblioteca.

- Mas, essa biblioteca já acabou à muito!

Abriu a porta e deparou-se por 1 senhor alto e robusto.

- Posso ajudá-lo? - perguntou Sombra.

- Eu que pergunto isso. Te vi dormindo no parapeito da janela. Mas essa biblioteca está fechada à anos! O que a menina faz aqui?
Sombra começou sentindo o seu coração aos pulos...

- Bem....- tentou Sombra.

Mas ela jurava que já o tinha visto alguma vez na vida. Até que se lembrou do que viu no dia passado dentro da pequena porta do teto.

- P...p...pai?

O senhor arregalou os olhos sobressaltado e apenas disse:

- SOMBRA? És mesmo tu?

Sombra apenas teve tempo para correr para os braços do senhor e o abraçar pela 1ª vez, sem conta da tarde passada.

- O que fazes aqui nesta biblioteca? - perguntou o senhor.

- Quando a mãe morreu, eu fui para um orfanato... e uma senhora chamada Josefa me adotou... o problema é que ela morreu... e eu sem ninguém não tive chances do que se não aqui ficar...

O senhor deitou uma lágrima do seu olho, e abraçou novamente Sombra.

- Vamos para casa meu amor! É lá o teu lugar!

Sombra sorriu intensamente sem dizer alguma palavra, pois seu sorriso expressava tudo no que ela estava pensando naquele momento.

Como não tinha quais queres roupas (já todas lhe estavam pequenas desde então) , ela foi com o suposto pai dela num carro amarelo.

O dia estava chovoso, pela janela do carro, ela se viu pela 1ª vez indo embora daquela biblioteca onde teria morado anos. Até que se lembrou que queria saber mais sobre o seu passado, mas iria magoar seu pai de tal maneira, como a morte da sua mãe. 

Ela deixou o assunto para lá, encostou a cabeça no encosto do banco e com o balançar das pedras da calçada, adormeceu.

- Sombra, acorda! Já chegamos amor!
Finalmente Sombra tinha chegado a casa, passados anos naquela biblioteca cheia de pó, ela iria morar numa casa. Olhou para ela, era uma casa branca, estilo bem bonito para aquela época (século 20) e apenas se manteve a abrir a porta e caminhar junto do seu pai até à porta de casa.

A casa era realmente grande, com cheiro perfumado. 

- Filha, não trouxeste a tua mala das roupas?

Sombra sorriu um pouco triste.

- Todas me deixaram de servir... só tenho essa que estou vestindo agora.

O pai de Sombra voltou imediatamente para o carro junto com Sombra.

- O que vais fazer?- perguntou Sombra curiosa com a atitude de seu pai.

- Temos de ir comprar roupas certo?

Um sorriso se desenhou na cara de Sombra, e pela 1º vez na vida, deu um beijo na cara de seu pai e continuaram até a loja de roupa.

Sombra não sabia o que era a roupa da moda nem o que era exatamente feminino. Por sorte havia uma senhora para a ajudar na loja.

- Vá Sombra, a senhora vai-te ajudar a escolher roupas bonitas.

Sombra olhou para a cara da senhora e escorram-lhe 1000 lágrimas pela cara naquele momento. 

- Que se passa? - perguntou a senhora.

A senhora teria a lembrado de Josefa... aquela simples mulher de 70 e alguns anos teria salvo e mudado a vida de Sombra. A senhora tentava acalmar Sombra mas nada a impedia de chorar.

- Mas o que se passa amor? - perguntou pai de Sombra bastante preocupado.

Sombra, a soluçar, respondeu:

- A senhora... é... é... igual à Josefa...

A senhora continuava sem perceber, o pai de Sombra levou a senhora para o outro canto da loja para lhe explicar o que se tinha passado no passado de Sombra. O choro da menina ia acalmando aos poucos... Foi vendo as roupas, e começando a gostar de algumas.

A senhora vinha ao longe para a ajudar até que a garota manda um grito:
- NÃO PRECISO DE AJUDA, OBRIGADA! ESTOU A COMEÇAR A GOSTAR DE ALGUMAS ROUPAS.

Sombra pegou em algumas roupas, e foi experimentá-las e as que gostou pediu ao pai para levar. O senhor pegou nas roupas indicadas pela filha e pagou, com a filha já do lado de fora da loja.