All This And Heaven Too escrita por Jiggle Juice


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

One-shot bem cheia de açúcar com as reflexões no ponto de vista de Rachel baseada nessa música linda da Florence.
Divirta-se.



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Rachel Berry havia aprendido que era difícil entender o coração. Ele fala línguas próprias e se comunica a partir de sons quietos e silenciosos, a partir de orações e proclamações e é assim desde sempre. O coração age dessa maneira no peito de grandes e importantes homens que se transformam em seres apaixonados que demonstram seu amor em gestos pequenos, mas não menos significativos. O coração fala em arfadas curtas e invisíveis e é difícil traduzir sua língua.

Ela não conseguia elogiá-lo. Era tão complicado. Com toda a sua complexidade, sentindo coisas que não deveria sentir. Rachel chegou a odiar seu coração. O culpava por suas dores e decepções, mas sabia que ele não tinha tanta culpa assim. As pessoas e às vezes até mesmo ela mesma a machucaram. O coração só sentia. Sentia o que seria o melhor para ela. Ela poderia descrever seu coração confuso em forma de uma música, mas ela não conseguia compreendê-lo. Não entendia a razão de ele ter lhe pregado tantas peças. As palavras escapavam para longe quando ela tentava dizer o quanto seu coração era bom e o quanto ela o agradecia por ele ter a feito chegar até onde estava. Ela não podia, porque não entendia esse raciocínio confuso que ele possuía desde que ela era apenas uma garotinha cantando na sala de sua casa enquanto era aplaudida por seus pais.

Aquela palavra que todos queriam para si era o que mais lhe intrigava, mas, ironicamente, era o que mais seu coração sentia. Era estranho pensar que seu cérebro e seu coração não trabalhavam em sincronia. Enquanto o cérebro ainda processava a situação, o coração estava lá, vivendo tudo de maneira intensa. Rachel poderia oferecer o paraíso para compreender essa palavra que ela vinha escrevendo em seus cadernos do colégio durante toda a adolescência. Todos desejavam aquilo para si, mas poucos conheciam seu verdadeiro significado. Mas ela tinha aquilo. Ah, sim, ela tinha. Aquele era um sentimento que andava junto de seu coração desde que nasceu e eles nunca se separaram nem mesmo quando tudo parecia perdido. Seu coração sabia o significado do amor, mas seu cérebro ainda tentava descobrir.

Toda vez que Quinn Fabray passava ao seu lado, o coração de Rachel ficava na ponta dos pés e sussurrava suas palavras difíceis em seu ouvido. Ele choramingava e dizia para ela coisas em sua própria língua que ela não era capaz de entender. Quando ela cantava uma canção de amor no Glee Club, seu coração também cantava, cheio de sentimento e emoção e seus olhos estavam do lado dele já que ela não podia parar de observá-la. Ele gritava pelo nome dela nas noites escuras em que persuadia sua mente a se lembrar de seu rosto tão bonito. Seu coração clamava por ela tão alto que seus ouvidos ficavam tapados por alguns momentos e tudo o que Rachel podia ouvir e sentir era sua pulsação e suas batidas contra seu peito, querendo desesperadamente sair e toma-la para si. Mas quando a luz da manhã entrava pelas janelas, seu cérebro caía em si e dizia a seu coração para parar de ser tão estúpido. Ele ficava emburrado, mas nem assim se calava. Sua mente tentava ganhar o controle, mas nunca o teria completamente, pois o coração não se aquietava.

Nunca fez muito sentido para Rachel estar apaixonada por Quinn. Ela não sabia como poderia amá-la depois de tudo o que ela a havia feito sofrer. Todos os apelidos e comentários maldosos e a necessidade de coloca-la para baixo foram caídas no mais profundo esquecimento quando ela lhe deu o primeiro olhar sincero, onde não tinha raiva ou rancor e nem a indiferença que sempre tomava conta. Não, eles estavam limpos. Claros como o dia e cristalinos como água. Ela podia ver o que o coração de Quinn sentia. Ternura, arrependimento, dor e até aquele sentimento complicado chamado amor. Tudo parecia bobagem e brincadeira de criança quando tiveram a primeira conversa verdadeira. Sem confrontos, sem ofensas, sem rixas... Nada disso. Só elas. Só as duas. Só Quinn e Rachel sendo Quinn e Rachel. Quinn com sua ironia sem maldade e Rachel com seu entusiasmo. Aquilo só fazia seu coração ficar ainda mais inquieto, incapaz de poder ficar em silencio em seu lugar. Toda vez que Quinn estava em sua presença, o coração de Rachel falava naquela sua língua estranha que ela não sabia como traduzir.

Mas quando compartilharam o primeiro beijo, quando seus lábios se encostaram e sua língua sentiu seu sabor, Rachel entendeu o que seu coração dizia. Ele não falava mais em sussurros ou gritos desesperados e incompreensíveis, mas em voz alta e pausada. Era quase como se ele estivesse dizendo aquilo em seu ouvido. Sua voz era calma e doce e ela tinha que admitir que nunca ficou tão feliz em compreender alguma coisa: Ela amava Quinn Fabray.

O mais surpreendente foi que seu cérebro não entrou em pane quando soube daquilo. Ele não se desesperou ou amaldiçoou seu coração. Ele aceitou. Aceitou facilmente, como se a informação tivesse deslizado para dentro dele e caído em um lugar feliz e agradável onde tudo finalmente fazia algum sentido.

Mas quando o primeiro “Eu te amo” saiu da boca de Quinn, o cérebro de Rachel quase entrou em colapso e seu coração quase explodiu tamanha era sua felicidade. Ele dava pulos e piruetas e batia tão forte que Rachel teve medo que ele gastasse toda sua energia e parasse. Quando ele havia se acalmado, tinha um sorriso contente e soltava um suspiro cheio de ternura. Sua mente ainda estava no processo de compreensão, mas estava quase lá.

Quinn se mexeu na cama ao seu lado, chamando sua atenção. Rachel sorriu quando viu seu peito nu e o cobriu com o lençol que havia descido para sua cintura. Ela beijou sua testa, depois entre seus lábios, seu nariz, as maçãs de seu rosto e depois posou um beijo um pouco mais demorado em sua boca.

—Eu te amo – Sussurrou contra seus cabelos, mesmo sabendo que Quinn não poderia ouvir.

Rachel havia descoberto que palavras ou línguas não mereciam tanta credibilidade. Dentre todas as palavras existentes no mundo, nem mesmo uma ou uma centena foi capaz de descrever aquele sentimento que morava dentro de seu coração. Até as mais graciosas palavras se tornavam inúteis quando tentava explicar o que sentia. Seu amor era valioso demais para ser resumido em algumas letras. Descobriu também que havia outra forma de se comunicar que era muito mais poderosa do que palavras. Um toque. Um simples toque podia mostrar o que ela estava sentindo. Pelo calor se sua pele e pelo carinho de sua carícia. Aquela língua ela compreendia. Ela sentia em todos os seus poros e fios de cabelo e sabia que Quinn também podia entendê-la. Agora ela gritava em uma linguagem que não sabia que existia antes, mas que era a mais poderosa de todas.


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Notas finais do capítulo

Agradeço por ler e espero que você tenha gostado :)
mizzdlovato.tumblr.com



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