Stalker escrita por Fan


Capítulo 12
Cephalea


Notas iniciais do capítulo

My Immortal - Evanescence



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- Pai? - Havia acabado de abrir os olhos, quando vi meu pai. Mas o que o teria feito sair da Itália e vir até aqui?

- E aí grandão! Como está?

- Bem, eu acho. - As luzes brilhavam no teto, na verdade piscavam estranhamente. Não reconhecia o lugar onde estava, embora este, me fosse familiar. Minha cabeça doía, mas não como "doem as cabeças", de uma forma estranha: psicologicamente... eu acho! - Onde estou?

- Você está internado, num hospital. - Sim, é claro! não sei o motivo (talvez não me lembre), mas eu havia desmaiado. Eu não consigo me lembrar.

- O que aconteceu comigo? Eu não consigo me lembrar. - Apesar de me esforçar, chegando quase à meu limite, não conseguia entender o motivo de estar alí.

- Acho que você ficou aqui tempo demais, mas não desacordado. - Se antes não conseguia entender, agora, meus pensamentos estavam ainda mais confusos. - Seu amigo Angelus. Você ficou como acompanhante dele, nesse tempo, segunto a Cathy ( meu pai chamava Catherine assim, e ela o chamava de tio), você nâo se alimentou ou dormiu direito.

- E qual a ligação, com o fato de eu estar internado? - Sim, de fato eu não tinha tempo ou mesmo disposição para uma boa alimentação (fora que, a cantina do hospital não oferecia opções saudáveis). Além disso, não estava conseguindo desenvolver boas "noites de sono".

- Acontece que, você, não se alimentando ou descançando como deveria, acabou tendo uma desidratação. Isso associado à um choque, possivelmente causado por uma notícia relevante (ou mesmo chocante). Causou-lhe uma síncope, que acabou por se agravar. - Não sabia o motivo, mas aquelas palavras soaram de uma forma muito estranha.

- Está bem, papai! Pode parar de ler o prontuário! - É claro, meu pai jamais usaria a palavra "síncope" para descrever um desmaio.

- Como você soube ? - perguntou-me, já dando risada.

- Pai, você disse "síncope". Você sabe o que é "síncope"? - Sem esperar por uma resposta (afinal, já sabia qual seria), respondi por ele. - É claro que não!

Apesar do "momento" e tranquilidade da visita do meu pai. As maculas, sempre resurgem em nossa mente.

- Pai! - chamei-lhe a atenção, sorrindo.

- Não vou falar com você. Está muito abusado pro meu gosto! - Ele estava bricando, mas o momento pedia seriedade. Não conseguia pensar direito, porém sabia exatamente o que perguntar.

- Como ele está? - não disse que estava falando de Angelus, porém tinha certeza de que meu pai entenderia.

- Está se recuperando, eu não sei bem. Eu cheguei ontem, tudo o que sei foi Cathy quem contou. - "Está se recuperando". Bem, eu não sabia o que pensar sobre isso, afinal, em todo o tempo que eu passei aqui ele "Estava se recuperando". - Mas Victórius, o que você tem com esse rapaz? - Agora sim estava perdido. Meu pai, o ser mais homofóbico de terra, me perguntado qual minha relação com Angelus. Pensando bem, minha relação com o Stalker, não passava de uma estranha amizade... ou algo assim, eu não sei, minha cabeça ainda dói (mas não como "doem as cabeças").

- Ele... ele é meu amigo - Respondi, obviamente, sem segurança alguma no que dizia. Não sei, as vezes tenho medo... medo de que não passemos disso, de uma "estranha amizade" . - Onde está Catherine? - Decidi, por fim, fazer uma pegunta, assim evitaria um interrogatório.

- Ela está do seu lado. - Olhando-me estranhamente, meu pai disse aquelas palavras que não poderiam ser mais confusas. Quando virei o rosto, para o outro lado da cama, minha surpresa só não foi maior, pois havia sido avisado por meu pai. - Nos dois dias, em que você ficou desacordado, Catherine não saiu do seu lado nem por um momento.- Agora ela dormia, mas não parecia tranquila, seu rosto expressava preocupação e suas mãos apertavam fortemente o livro que mantinha consigo.

- Acho melhor acorda-la. - Era melhor mesmo. Não sei... ela parecia preocupada, não gosto que as pessoas fiquem preocupadas comigo. - Cath querida, acorde! - Estranhamente, assim que falei seu nome, ela abriu os olhos. Talvez tenha reconheçido minha voz. Mas aí eu volto e penso: "Eu fiquei um bom tempo falando com meu pai, certamente não foi por causa da voz."

Num pulo, Catherine - Que até então, estava sentada numa poltrona - se levantou e me abraçou fortemente - Foi um abraço realmente apertado.

- Vic, meu anjo! Você está bem? Como está se sentindo? Há quanto tempo você acordou? Você deveria ter me acordado antes!

- Cath, acalme-se. Eu acabei de acordar, estou me sentindo bem... eu acho. - Fisicamente, eu me sentia bem. No entanto, minha cabeça ainda doía (acho que todos já entenderam, que, minha cabeça dói de uma forma diferente, então não repetirei isso. E quando minha cabeça doer "como doem as cabeças" eu lhes contarei) e agora, não só a cabeça, mas também o coração ( não sei como "doem os corações", mas imagino que seja da forma que estou sentindo).

Agora, estavamos na lanchonete do hospital, Catherine e eu. Acabara de receber alta, e embora estivesse um pouco fraco, achei melhor "respirar" por aí.

- ... Como ele está? - Esperava que Cath soubesse de detalhes do quadro de Angelus.

- Bem... Eu não sei direito. Desde que ele acordou, não pôde receber visitas. Os médicos querem fazer alguns exames, para certificar que não houve sequelas. - "Sequela". Esta palavra é, sem dúvida alguma, a grande responsável pela "dor no coração". É claro... agora entendi que a "dor", na verdade é medo... medo das "sequelas", sejam quais forem.

- Decidi! assim que puder, falarei tudo o que sinto, tudo o que está em meu coração; Não mais me esconderei, nem temerei ser feliz; Deixarei meus receios a fim de minha evolução; Serei forte, não pelos outros, mas por mim. - Estava decidido justamente por estar cansado... cansado de ser forte pela felicidade dos outros.

- Isso mesmo! Você está certo e tem meu apoio, se quiser, estarei do seu lado quando for falar com ele. - Sim... Catherine é meu porto seguro, ao seu lado me sinto mais forte. Certamente gostaria que estive-se do meu lado.

No dia seguinte, logo após a escola, voltamos ao hospital no carro de Angel - Ah, é claro! havia esquecido-me de contar. Depois do acidente, os avós dele, deixaram seu carro com Catherine, pois assim, poderiamos ir ao hospital sempre.

- Você tem certeza de que ele já pode receber visitas? - Estava ancioso. Iria rever Angelus, e agora ele estaria acordado.

- Tenho sim! A avó dele me ligou, e disse ainda, que mandassemos lembranças dela, pois não poderá estar lá. - Enquanto dirigia (perigosamente aliás), Cath, demonstrava estar tão quanto ou mais anciosa que eu.

Chegando ao hospital, passando pelos mesmos corredores - Os mesmos pelos quais, tantas vezes, passei chorando. -Senti-me pesado. Percebi minhas pernas falharem nos passos. Queria correr e atravessar violentamente aquela porta branca - Aquela que ao meu lado, velava o sono de meu amado - . Num momento... num tropeço, Catherine me segurou e me apoiou, lembrei-me imediatamente daquele dia em que Angelus me beijou.

Parei de fronte à porta, Catherine girou a maçaneta e a abriu. Angelus nos olhou, expondo seus lindos olhos - Os mesmos olhos negros.
- Oi. - Falei, quebrando o silêncio.

- Meu amor... - Nesse momento, senti meu coração bater mais forte. Ele estava à minha frente, e apesar de estar num hospital, mostrava-se elegante e imponente como sempre - ...Quem é esse garoto com você? - Quando ele voltou seu olhar para Catherine, senti minha cabeça doer (agora sim, doía "como doem as cabeças").

- Como... é... do que você está falando? - Perguntou Catherine, num misto de surpresa e talvez irritação.

- Querida, eu só estou perguntando quem é esse garoto com você. - Não podia acreditar, ele não se lembrava de mim. Então, não sei como, mas as luzes voltaram a pistar, e o chão voltou a girar à minha volta.

- Você está me chamando de "querida"?

- Sim! Você é minha namorada. Não é mesmo?

Não suportei, não consegui resistir. Sorri por um instante e saí do quarto com o mesmo sorriso. Peguei meu celular e disquei o número do meu pai (tentei por três vezes, até conseguir).

- Alô, pai?

- Victórius. você está chorando?

- Pai, eu vou pra Itália com você!


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