Uma Gota De Esperança escrita por Sachi Kuran


Capítulo 2
Capítulo 2: O começo


Notas iniciais do capítulo

As primeiras lembranças que ela com o garoto: o dia em que eles se conheceram. Desde esse dia a relação já começava.



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Diversas árvores me cercavam, eu me sentia sozinha embora visse minha mãe em um banco próximo ao lugar que eu estava sentada. Brincava na areia, por volta de meus seis anos de idade. Talvez eu preferisse ler um livro ao invés de estar ali, mas mesmo assim eu me divertia, mesmo estando sozinha. Eu não me sentia mal por estar sozinha, pois assim eu jamais seria julgada ou criticada, então o meu único problema era o medo, mas o medo de mim mesma.

Eu me sentia bem ali, como estava. O único sentimento ruim que me passou a cabeça foi quando avistei outra criança, que assim como eu estava sozinha, sem amigos, sem ninguém para conversar, mas que diferente de mim, não parecia bem com aquilo.

Aproximei-me devagar, com certo receio. Era um menino, mas o longo cabelo negro cobria seu o rosto e quase chegava ao ombro, eu não podia ver seus olhos. Seu rosto ficava abaixado. Ele usava uma calça jeans e uma camiseta azul escura, com um desenho indecifrável estampado na frente. A feição de sua boca demonstrava tristeza, e mesmo que não pudesse ver seus olhos, eu supunha lagrimas, pois seu queixo estava molhado.

Quando cheguei a uma distancia curta olhei em sua direção, mas ele virou o rosto, então dei mais um passo e sentei ao sei lado, na areia do parque. Comecei a construir um castelo. O rosto se levantara e agora ele observava o meu castelo se formar. Depois de vinte minutos eu havia feito um castelo grande, com somente um buraco na frente para ser a porta. O menino não parecia mais chorar, já que seu queixo apenas continha lagrimas secas.

Olhei para ele, mas embora não pudesse ver seus olhos ainda, ele não havia virado o rosto, o que me fez sorrir.

Encarei bem ele e perguntei se estava tudo bem, mas não ouvi resposta alguma, então me aproximei mais e repeti a pergunta, mas a resposta que tive foi um pequeno grunhido com um ‘‘sim’’ escondido. Depois de ouvir a resposta eu abri um grande sorriso e perguntei se ele queria construir outro castelo comigo, e o grunhido junto ao ‘‘sim’’ se repetiu.

Nós nos empenhamos muito construindo o castelo, mas não nos falamos durante todo o trabalho. Ao final eu o disse que um dia nós viveríamos juntos em um castelo como aquele. De modo surpreendente ele levantou o rosto, olhou em meus olhos e disse ‘‘sim’’.

Uma pequena palavra como aquela mudou tudo o que tinha em mente sobre aquele pequeno garoto. Uma palavra foi o suficiente para que ele me cativasse.

Os olhos escuros que agora me encaravam estavam inchados, mas ele não chorava mais. Por impulso de consolo me aproximei dele e o abracei forte. Senti seu coração acelerar junto ao meu, é como se nós dois tivéssemos vividos as mesmas coisas e agora sentíssemos que alguém nos entende. O porquê de sempre estar sozinho. O porquê de ser fechado ao seu mundo. O porquê de viver. Tantos porquês que se resolviam e eram entendidos por outro alguém. Agora eu sabia, eu tinha um amigo.

Desde esse dia não me lembro de um momento em que não estávamos juntos. Meu único e precioso amigo, e eu para ele. Nunca tinha me esquecido daquela promessa que fizemos no parque, moraríamos no castelo, só nós dois.

Mesmo que eu não o possa mais ter, lembro-me de cada passo que demos juntos, cada caminho que percorremos para chegar até onde estou e como lutamos por nosso castelo dos sonhos. O menino solitário, que acabou sendo o melhor homem de minha vida.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Primeiras lembranças amorosas



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