Almost Lovers escrita por Maria Salles


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá! Boa leitura!! Tem recadinho lá em baixo!



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Your fingertips across my skin
The palm trees swaying in the wind
Images

You sang me Spanish lullabies
The sweetest sadness in your eyes
Clever trick

Seu perfume ainda era firme em minha mente, assim como a memória de seus lábios macios contra os meus e de sua pele quente em contado com a minha. Os momentos que dividimos eram lembranças felizes, que amargavam meu coração e intoxicava minha alma. Fomos felizes. Você me amava. Mas não o suficiente.

As palavras de meu pai ecoavam na minha mente. Eu era apenas um brinquedo para Rose -- era assim que muitos pensavam. Acreditava que ela realmente me amava e que queria o melhor para mim, que nunca me traria dor. Porque esse sentimento, mais do que qualquer outro, era, é, e sempre será recíproco. Mas eu estava errado. Amargamente, cruelmente errado.

Não importava que Belikov estivesse longe. Não importava que ele fosse um ser sanguinário que quase levou a alma de Rose. Ela sempre o amaria e eu sempre seria a segunda opção. Mesmo que seus olhos fossem nada menos que carinhosos para mim e que suas palavras me confortassem, sabia que ela se enganava – e me enganava – e eu deixei que isso continuasse.

Como fomos tolos.

I never wanna see you unhappy
I thought you'd want the same for me

Despedaçado. Quebrado.

Era assim que eu me sentia.

Rose uma vez havia me dito sobre um poema que ela havia lido. O verso dizia que 'Se os seus olhos não estivessem abertos, você não saberia a diferença entre o sonho e a realidade.' Eu queria que meus olhos não estivessem abertos naquela hora -- quando vi Belikov demonstrar toda a sua preocupação pela ainda minha namorada. E queria que eles estivessem fechados no momento em que eu disse a ela tudo o que estava engasgado em mim. A dor era imensa, devastadora. Ela destruía cada pedaço feliz que eu tinha em minha lembrança, me torturando com os mínimos sorrisos de Rose; e, me lembrando a cada instante, de que ela pensava em Dimitri quando estava comigo.

Mas o pior de tudo não fora sentir – o pior de tudo foi ver que eu a magoei. Uma voz dentro de mim gritava que ela não tinha o mínimo direito de se sentir daquele modo, mas a parte que amava Rose, e que jurara nunca a fazer sofrer, gritava que eu deveria parar.

Mas eu não parei. Além de masoquista, egoísta.  

O quanto eu deixei para trás por ela? As pessoas que enfrentei, as regras que quebrei. Estava disposto a fazer tudo por ela, para nunca ter de encarar seus olhos tristes novamente. Porque algo que me quebrava de dentro para fora era sua infelicidade. Tinha de fazê-la feliz. E se fosse necessário que eu deixasse para trás quem eu era, eu o faria. Porque nenhum sacrifício era muito quando se tratava de Rose.

We walked along a crowded street
You took my hand and danced with me
Images

And when you left you kissed my lips
You told me you'd never ever forget these images, no

Eu havia feito de tudo para tentar conquistá-la.

Sempre percebi que faltava algo em nosso meio, algo que era preenchido naturalmente dentre os outros casais e que tanto invejei enquanto estava perto de Rose. E foi por isso que me esforcei o dobro.

Pensei que a culpa era minha – que outra razão poderia ser? – e por isso mudei. Deixei de lado todos os princípios que eu mais acreditava e me tornei uma pessoa que Rose teria orgulho de dizer que namorava.

No entanto, eu me esforçava ainda mais para parecer diferente de Dimitri. Aquele sentimento ainda me corroía. Queria provar a ela que não precisava ser totalmente misterioso e sensato para conquistá-la, mas tudo o que fiz foi consegui-la e perdê-la.

Isso me matou interiormente.

E quanto ao sentimento que sempre faltou entre nós... Esse eu nunca saberia dizer o que é. Porque mesmo lutando e tentando de diversas formas, eu não consegui. Porque Rose não estava totalmente entregue ao nosso relacionamento.

E porque eu não estava sendo sincero comigo mesmo.

Afinal, a quem estava tentando enganar? Um mero Moroi contra o instrutor com que ela aprendeu a amar. Eu era um mero zero, e isso me quebrava da mesma forma com que o espelho se despedaçava cada vez que eu o socava.

I cannot go to the ocean
I cannot drive the streets at night
I cannot wake up in the morning
Without you on my mind
So you're gone and I'm haunted
And I bet you're just fine
Did I make it that easy for you
To walk right in and out of my life?

Embora tentasse esquecê-la, tentasse odiá-la, eu falhava.

Falhava miseravelmente.

Tudo o que via lembrava-me Rose. A cor de seus cabelos e quão macios seus fios eram em meus dedos. Os lábios grossos e doces como mel, capazes assim como eram capazes de me fazer viajar em seus beijos. Seus olhos grandes e profundos, muito expressivos – mesmo que tentasse esconder seus sentimentos. Eu era capaz de vê-la. E não era apenas sua aura que me dizia o que ela sentia. Era inato.

Eu via Rose. Via através de suas palavras e gestos, a conhecia intimamente, talvez até mais do que ela mesma se conhecia.

Acordava e sua imagem estava gravada em minha mente. Não podia evitar em sonhar com ela. Virava-me na cama e o espaço vazio era frio. Sentia falta de seu corpo embalado em meus braços. Mas agora ela dormia com outro. Sorria com outro. Amava outro.

Sentia falta de Rose. Mas não a teria de volta. Eu deveria seguir em frente, seguir meu caminho. Mas era difícil. Doía demais. A cicatriz em meu coração era recente e sangrava.

Goodbye, my almost lover
Goodbye, my hopeless dream
I'm trying not to think about you
Can't you just let me be?
So long, my luckless romance
My back is turned on you
Should I known you'd bring me heartache?
Almost lovers always do

Difícil superar um amor. Difícil superar um sonho perdido. Achamos que somos fortes, que somos capazes de superar o que vier ao nosso encontro.

Mas não é bem assim.

Somos reféns de nossos sentimentos, de nossos anseios e sonhos. Somos iludidos ao supor que nenhuma montanha é alta o bastante ou que nenhum rio é fundo e largo o suficiente que não seja possível ultrapassa-lo. E é por isso que sofremos. É por isso que caímos nas armadilhas da vida. Orgulho.

Veja bem, nunca imaginei que Rose pudesse me trazer tamanho sofrimento, à altura da alegria que ela me proporcionou enquanto estávamos juntos. Mas eu sofri com nosso amor. Sofri por amar alguém que não retribuía a intensidade. Entretanto, não é porque a vida me dera uma rasteira que eu deveria fechar-me a tudo e todos.

Sim, meus pensamentos ainda são infestados pelo som de sua voz e seu sorriso, mas a dor agora já não é tão grande. Apesar de me fazer sofrer eu a amava o suficiente para não querer que ela sofresse o que eu sofri.

Por isso a deixei. Por isso lhe disse tudo o que tinha que dizer e a deixei. Era preciso. Não a isentaria da culpa, mas nosso fim foi causado pelos dois lados. Rose deveria saber que me fez sofrer, que sua traição fora errada. Só assim ela entenderia e aprenderia – afinal, não dizem que a vida é feita de erros e não de acertos?

Então a deixei. Não por ela, mas por mim. Como poderia recomeçar, como poderia superar meus sentimentos conflituosos se a visse todos os dias? Não, era como dar bebida a um dependente em recessão.

Rose. Seu nome sempre viria, agora, num misto de sentimentos. Ela sempre teria um lugar em meu coração, assim que fosse capaz de perdoá-la realmente. Ela que me inspirou a mudar. A ser melhor. Mas não devemos mudar por alguém, nunca. Devemos mudar por nós mesmos.

E era isso que eu faria.


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Notas finais do capítulo

Oiee! Aqui quem vos fala é a Mary! Espero que tenham gostado da One. Foi minha primeira parceria com a Dani (na verdade, primeira parceria no geral haha) e a ideia surgiu em uma de nossas 'conferências musicais'. Música é uma grande inspiradora, especialmente para nós duas que somos apaixonadas por músicas e vemos seus significados nas entrelinhas.
Então.. é isso! Beijinhos pessoal, obrigada por ler!