Never Let Me Go - Oneshot escrita por CamilaCipriano


Capítulo 1
Never let me go, just stay.


Notas iniciais do capítulo

Hey guys. Eu sei que deveria estar me concentrando em Under The Water, mas quando eu comecei escrever essa oneshot eu não consegui parar - tanto que tem 10.000 palavras - e eu espero que vocês gostem de ler tanto quanto eu gostei de escrever.
Boa leitura.



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O latino inclinou seu corpo para frente, que antes se encontrava afundado na poltrona de couro. Juntou suas mãos entrelaçando seus próprios dedos e apoiou seus cotovelos em seus joelhos. Bateu seus pés contra o chão enquanto encarava o carpete estampado que cobria o piso de madeira.

– Carlos, você pode, por favor, olhar para mim enquanto conversamos? – perguntou o Dr. Mitchell, psicólogo e amigo de Carlos.

O paciente apenas negou com a cabeça.

– Por favor, facilitaria muito meu trabalho.

– Que trabalho? – disse em um tom seco – Toda vez que eu venho aqui você me inferniza, dizendo como eu devo tentar seguir em frente.

O psicólogo suspirou. Não sabia mais como tentar colocar na cabeça de seu paciente que sua vida deveria continuar, que não era o fim, que um dia ele não iria cair morto no chão apenas por estar triste.

– Mas é isso que você deve fazer. É isso que ela gostaria que você fizesse.

– Eu tentei, tentei seguir em frente. – respondeu virando o braço, assim podendo encarar as próprias cicatrizes no pulso.

Carlos se lembrava muito bem do dia em que tentara se matar. Ele tinha prometido para Stephanie, sua falecida esposa, que continuaria sua vida, que tentaria viver até seu último segundo na Terra até o momento certo que tivesse que partir. Porém ele não conseguiu. Ele se sentiu devastado de todos os jeitos possíveis, não apenas por quebrar a promessa que tinha feito a ela de que não tentaria se matar, mas também por não conseguir e, no fim, tudo o que ganhou foi fundas cicatrizes no pulso que, provavelmente, continuariam ali pelo resto de sua vida, sempre o lembrando de que ele tinha falhado de todos os modos possíveis, não apenas com sua esposa, mas também consigo mesmo.

– Mas não é assim que eu queria que você seguisse em frente.

O latino levantou seus olhos até o psicólogo.

– E como você queria que eu seguisse? Que eu continuasse vivendo como se eu nunca tivesse a conhecido? Ela foi a maior parte da minha vida desde o colegial. Você quer que eu apague mais de dez anos da minha memória? Me desculpe, mas eu acho meio impossível.

Dr. Mitchell podia ver Carlos através da raiva em seus olhos. Ele conhecia o homem a muito tempo, antes mesmo de se tornar seu paciente, sempre foi a pessoa mais alegre e divertida em seu grupo social. Sua felicidade florescia ainda mais a cada dia que passada ao lado de Stephanie, o motivo de seu sorriso. Sabia que através de toda a raiva, frieza e indiferença de Carlos, ele estava pedindo socorro, implorando para o ajudarem a não se afogar em si mesmo. Sabia muito bem que toda vez que Carlos gritava na verdade ele queria chorar.

– Carlos, eu quero te dizer, como meu amigo: você não esta vivendo, na minha frente eu vejo um corpo que se arrasta para sobreviver, não uma pessoa. Você deixou de fazer coisas que adorava só por que acha que não merece ser mais feliz. É mesmo tão ruim? Você esta se impedindo de ser feliz só por que não esta mais ao lado dela.

– Eu não quero ser feliz se não for com ela. – respondeu desviando o olhar do médico.

– Por quê? Ela estaria decepcionada com você. Durante toda sua vida, Stephanie foi o motivo de sua felicidade, agora ela é o motivo de sua dor? É essa a lembrança que quer ter de sua esposa? Uma pessoa que te causa dor todos os dias? Ela, mais do que ninguém, amava te ver sorrindo. Tenho certeza que se você voltar a fazer isso, ela vai estar te vendo de algum lugar.

– Logan... – sussurrou Carlos olhando no fundo dos olhos de seu psicólogo e amigo – Você não entende. Nunca vai entender. Eu me sinto mal só de me imaginar vivendo minha vida sem ela. Sinto que estou a traindo se eu sair por ai agindo como se ela nunca tivesse existido. Eu não quero esquecê-la.

Carlos mordeu o lábio depois de dizer as últimas quatro palavras. Sentia lágrimas pinicando seus olhos e lutou para mantê-las lá.

– Você não precisa esquecê-la. – respondeu Logan – Eu sei que você nunca vai esquecê-la, mas transforme-a em uma lembrança feliz. Quando se lembrar dela, sorria pelo tempo que viveu com ela. Você tem apenas 27 anos, quer continuar o resto de sua vida se culpando por ser feliz sem ela? Stephanie nunca iria querer te fazer sofrer desse jeito. Você esta transformando a lembrança dela em algo ruim.

O latino negou com a cabeça. Ele nunca iria transformar a lembrança de sua esposa em algo ruim, ela foi a melhor coisa que já aconteceu com ele.

– Como eu faço para voltar a viver? – perguntou o latino em um tom suplicante.

– Faça alguma coisa por você. Alguma coisa que você gostava e fazia acompanhado da Stephanie ou não. Vamos começar devagar, ok?

Carlos não disse nada, apenas assentiu. Ele tentaria... Não, ele GONSEGUIRIA voltar a viver sua própria vida.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

O latino amarrou o cadarço de seu tênis esportivo, colocou seus fones de ouvido e saiu de casa em direção ao parque que se localizava a poucas quadras de onde morava. Ele decidiu que voltaria a correr, coisa que, antes da morte de Stephanie, fazia regularmente. Começou caminhando, pois fazia muito tempo que não praticava o exercício. Carlos se lembrava muito bem de acordar cedo todas as manhãs, se preparar e antes de sair de casa chamar sua esposa para correr junto com ele, ela só resmungava e dizia que iria outro dia. Ele sorriu ao se lembrar disso. Era um milagre toda vez que ela ia correr com o latino e ele sempre tinha que diminuir o ritmo para ela conseguir acompanhá-lo.

Carlos chegou ao parque e, depois de sua primeira volta caminhando pelo circuito em volta do lago, começou a aumentar o ritmo até estar correndo. Ele se concentrou apenas em seus movimentos e na música que tocava em seu fone, ignorando todo o resto. Logo, começou a se lembrar dos olhos castanhos, pele morena, sorriso doce e cabelo negro de Stephanie. Ele balançou sua cabeça, tentando tirar aquela imagem de sua cabeça. Lembrou-se do que Logan tinha lhe dito. Ele deveria não se sentir culpado por afastar Stephanie de sua mente, deveria transformá-la em uma memória feliz e aquele não era o momento para pensar naquele tipo de coisa.

Ele tentou se distrair observando ao seu redor, ou seja, o parque. As crianças brincando com seus pais e entre si, pessoas levando seus animais para passear e, é claro, outros atletas, porém, um em especial lhe chamou a atenção. Era um jovem que corria a sua frente. Ele era bastante alto, usava um calção de corrida, tinha os ombros incrivelmente largos e usava um moletom com a sigla FPAM (Faculty of Performing Arts of Minnesota) que era a Faculdade de Artes Cênicas de Minnesota. Carlos logo percebeu que se tratava de um universitário. Um rapaz alto, forte, mais jovem e com pernas mais longas. Eu consigo alcançá-lo, pensou o latino.

Carlos acelerou o passo, respirando fundo para ir cada vez mais rápido. Ele diminuiu a distância do rapaz uns bons metros, mas parecia que um passo do mais alto dava três de Carlos. O latino colocou seus braços com seu corpo, fazendo movimentos para frente e para trás, aumentando ainda mais sua velocidade. Um sorriso se abriu em seu rosto quando viu que já estava quase lado a lado com o rapaz. Ele estava quase lá, mais um metro e meio e estaria lado a lado ao rapaz. Mas, antes que pudesse perceber, ele, de algum modo, tropeçou em seus próprios pés e rolou pela pista, soltando um gemido alto ao bater no chão. Carlos levou sua mão até sua cabeça, pois tinha ficado zonzo com o baque. Ele viu alguém se ajoelhar em sua frente, mas sua visão estava fosca com o sol e não conseguia ver quem era.

– Senhor, você esta bem?

– Por favor, não me chame de senhor, eu só tenho vinte e sete.

O latino ouviu uma risada doce e divertida.

– Ok, me desculpe.

A pessoa puxou Carlos em pé, que cambaleou com o movimento rápido.

– Wow, cuidado ai. – um par de braços envolveram o latino, o impedindo de cair.

Carlos olhou para cima e se surpreendeu de ver o jovem atleta sorrindo para ele.

– Você esta bem? – perguntou com o sorriso brilhante ainda em seu rosto.

O latino apenas assentiu atordoado.

– Vamos sentar, você vai se sentir melhor.

O rapaz levou Carlos até um banco do parque e se sentou em seu lado.

– Obrigado, não precisava.

– Precisava sim, eu vi que você estava tentando me acompanhar. – respondeu o rapaz em um tom orgulhoso.

Carlos corou e desviou o olhar.

– Não, eu não estava. – respondeu em um sussurro.

– Sim, você estava. – disse cutucando o braço do latino com a ponta do dedo.

Stephani sempre fazia isso. Cravava a ponta da sua unha na pele de Carlos apenas para irritá-lo ou chamar atenção.

– Por favor, não faça isso.

– Isso o que? – perguntou voltando a cutucar o ombro do latino.

– Isso! – praticamente gritou – Desculpe por gritar, mas isso realmente me irrita.

– Tudo bem, eu não faço mais. – ele riu e levantou os braços em redenção – Qual é o seu nome?

– Carlos.

– Bom, Carlos, por que a gente não volta pra pista? Podemos começar caminhando, ai eu deixo você me acompanhar. – disse se levantando.

– Olha, eu não estava te acompanhando. – Carlos se levantou e voltou para a pista com o mais alto.

– Vou fingir que acredito.

Depois de alguns segundos caminhando o mais alto fitou Carlos. Seu olhar penetrando tão fundo nos olhos de Carlos, quase os furando com suas órbitas castanhas.

– Por que você esta me olhando assim?

– Você ainda não perguntou meu nome.

– Oh, me desculpe... Qual seu nome?

O mais alto jogou sua cabeça pra trás em uma gargalhada.

– É James, James Diamond. – disse finalmente.

– Então, James Diamond, você cursa a Faculdade de Artes Cênicas de Minnesota?

– Wow, como você adivinhou? Foi pelo meu moletom ou foi pura intuição? – perguntou ironicamente.

– Você cursa ou não?

– Curso sim. – por favor, seja um veterano. Por favor, seja um veterano. Por favor, seja um veterano. – Eu sou um calouro. – droga – É o meu primeiro ano na faculdade.

– Então... – o latino limpou a garganta – Suponho que você tenha dezenove anos, certo?

– Mais uma vez, foi pura intuição ou... ?

– Pare com isso! – disse o latino dando um leve soco no braço do mais alto que riu com o gesto.

– Tudo bem, eu paro. – respondeu James rindo – Mas por que esta interessado em minha idade? – perguntou mudando seu tom de voz para um extremamente baixo e sexy.

Carlos corou com o atrevimento do rapaz.

– Olha, não é por isso, pode ter certeza.

– Isso o que? – perguntou passando o braço direito ao redor do ombro do mais baixo.

– Oh meu Deus! Você esta paquerando um cara que você acabou de conhecer, que você nem sabe se é gay ou bi e é oito anos mais velho que você.

Carlos pensou que James percebesse o que ele estava fazendo, mas teve o efeito contrário.

– E dai? Você é bonito e eu nunca perco a chance.

O latino corou com o comentário e desviou o olhar.

– Então, topa tomar um café comigo ou alguma coisa assim? – perguntou James.

Carlos mordeu o lábio inferior.

– Topo.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

Logan se ajeitou na poltrona e clicou a ponta da caneta para fazer a ponta sair.

– Como foi essa semana desde a última sessão? Como você esta se sentindo? – perguntou animadamente.

Logan conhecia seu amigo há anos e ele estava diferente. Um brilho novo surgiu quando o latino entrou na sala.

– Incrivelmente bem. Ambos. – respondeu com um sorriso no rosto.

– Bom, você pode me dizer o porquê?

– Sim, eu voltei a correr.

O psicólogo se decepcionou com a resposta.

– Só isso?

– Oh, na verdade não. Eu conheci alguém.

Logan ficou surpreso com a informação. Carlos nunca tinha se aberto para ninguém desde que Stephanie falecera.

– Como é o seu nome?

Carlos mordeu o lábio e bateu as mãos contra as coxas em sinal de nervosismo.

– O seu nome... Hm... É... Ja-a-ames. – ele gaguejou.

Os olhos de Logan se arregalaram de surpresa.

– Carlos, eu não sabia que você era...

– Eu não sou. Nada aconteceu entre a gente, eu só disse que conheci alguém, ok?

– Sim, mas você do modo que você disse deu entender que aconteceu alguma coisa.

– Bom, tecnicamente não, mas eu percebi que ele estava interessado. – confessou corando levemente.

– Mas e você, esta interessado? Você acha que a relação entre você vai ser mais do que amizade?

– Olha Logan, eu não sei. Não sei se vamos ser amigos, amantes, namorados, eu não sei! A única coisa que eu sei é que eu me sinto bem quando eu estou com ele. Eu não me sinto assim desde o que aconteceu com a Stephanie. Eu não me importo se nossa relação não seja sexual ou romântica, eu gosto da sensação de estar perto dele, isso é tudo que eu preciso saber.

O doutor mordeu o lado interior na bochecha. Ele discordava com Carlos, talvez ele estivesse se precipitando sobre James.

– Eu só não quero que você fique com muitas esperanças. É ótimo que esteja seguindo em frente, mas ultimamente você tem andado tão triste e deprimido que você esta se agarrando com todas as forças nessa pequena felicidade que o destino te deu.

O latino franziu o cenho confuso.

– Eu só estou fazendo o que você disse que eu deveria fazer. Estou seguindo em frente.

– Mas talvez-

– Sem mais! – interrompeu Carlos – Eu sei que te pago para ouvir seus conselhos, mas esse eu realmente não quero ouvir.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

Carlos riu de outra piada sem graça que James contara. Ele conseguia fazer um simples “Por que a galinha atravessou a rua?” ficar engraçado.

– Pois bem, Sr Carlos – disse James enrolando o espaguete pelos dentes de seu garfo – Você não sabe como me deixou feliz em aceitar sair comigo.

– Pois bem Sr James, eu fiquei feliz que você me convidou. Não sei por que você me chamou. – na verdade ele sabia, não era idiota.

– Eu quero te conhecer Carlos, quero que você também me conheça. Eu gosto de você, na verdade eu gostei de você desde o dia no parque em que eu vi um anãozinho correndo atrás de mim.

O latino corou.

– Eu to brincando. – disse o mais novo rindo – Mas você fica lindo todo envergonhado.

Isso só fez Carlos corar ainda mais.

– Por favor, para. – ele disse escondendo o rosto no cardápio do restaurante o que só fez James rir ainda mais – Já que você quer que a gente se conheça, me fala sobre você.

– Ah! Mas eu ia perguntar antes! – cruzou os braços e fingiu um biquinho.

– Desculpe, mas eu fui mais rápido.

– Tudo bem, meu nome é James David Diamond, eu tenho dezenove anos e frequento a Faculdade de Artes Cênicas de Minnesota.

– Por favor, pule a parte que eu já sei.

– Tudo bem.

Carlos apoiou sua mão no queixo e observou James falar mais sobre ele mesmo. O latino ficou admirado com o entusiasmo de James enquanto falava sobre sua faculdade, suas atividades extracurriculares e o sonho de seguir sua carreira de ator e cantor em Nova York ou em Los Angeles. Tão jovem, com tantos sonhos, esperanças e oportunidades pela frente.

– Eu sempre adorei o mundo artístico. – continuou James – Quando o momento da minha vida que eu deveria escolher uma carreira eu não pude pensar em outra coisa.

– Acho muito corajoso de sua parte isso.

– Isso o que? – perguntou o mais alto.

– Correr atrás do seu sonho sendo tão jovem e sem saber se vai dar certo ou não, você sabe, correr riscos sem ter ideia se vai funcionar. Acho que isso deve ser uma das coisas mais corajosas do mundo.

Quando Carlos terminou, o rapaz mais novo estava o olhando com um sorriso de admiração no rosto.

– Você fala de um jeito tão... Adulto.

O latino corou e desviou o olhar.

– Mas continuando. – disse James – Não é isso que implica correr atrás dos sonhos? Eu sei que eu posso não conseguir tudo o que eu quero, sei que vou ficar arrasado, mas pelo menos vou ter tentado. Posso conviver com isso.

Eu queria poder ser assim, pensou Carlos.

– James, se você quer tanto isso, se parece certo, por que vai tentar aqui em Minnesota?

– Como assim?

– Tem tantas faculdades de artes cênicas pelo país e boas: UCLA, NYADA, Julliard, por que ficar aqui em Minnesota?

James abaixou a cabeça e torceu as mãos, aparentando estar desconfortável com a pergunta.

– Ah, me desculpe! – Carlos logo disse – Deve ser algo pessoal. Eu não deveria ter perguntado.

– Tudo bem, é que... Hm... Eu tenho... – James limpou a garganta – Vergonha de dizer.

– O que? Vergonha? Por quê?

– Minha mãe queria que eu ficasse aqui com ela.

– Oh... Isso é motivo pra se envergonhar?

– É, que dizer, você já tem 27, é independente, vive sozinho e por conta própria. Eu não posso ao menos estudar em outro estado por que minha mãe não quer.

Carlos não pode evitar rir com a confissão.

– Eu entendo James, você só tem 19 e sua mãe deve ser muito ligada a você. Não é motivo pra se envergonhar.

James estendeu sua mão sobre a mesa e pegou a de Carlos.

– Você é demais.

– Eu sei. – brincou o latino.

Ao decorrer da noite Carlos tentou ao máximo evitar falar sobre sua vida, sempre comentando alguma coisa aleatória e logo mudando de assunto, porém James parecia realmente interessando em tentar saber cada vez mais sobre o latino.

– Por favor, eu não sei quase nada sobre você e eu acabei de dizer quase minha vida toda pra você.

– Não tem nada realmente interessante para dizer. Meu nome é Carlos Roberto Garcia, tenho 27 anos e moro sozinho. Não é o bastante?

James fez um beicinho como se estivesse chateado.

– Você não quer me dizer sobre você.

– Não é que eu não quero é que... A hora certa vai chegar.

– Que misterioso. – disse erguendo a sobrancelha de um jeito provocante.

Carlos não sabia como, mas a noite passara incrivelmente rápido. Eles conversaram sobre de tudo um pouco, menos da vida do latino. Quase como em um piscar de olhos o cenário mudou drasticamente, uma hora ainda estavam batendo papo no restaurante e no outro James estava arrastando Carlos para seu apartamento.

O lugar era pequeno e bagunçado, mas aconchegante. Simplesmente do jeito que o apartamento de um universitário deve ser.

– Você mora sozinho? – perguntou Carlos observando o lugar em busca de um colega de quarto ou alguma coisa assim.

– Não, pode ficar tranquilo que ninguém vai nos atrapalhar.

James chegou por trás de Carlos e começou a retirar sua jaqueta lentamente enquanto beijava seu pescoço. Ao puxar completamente a peça de roupa do corpo do latino, James a jogou em cima do sofá e pegou a mão de Carlos.

– Vamos pro meu quarto. – disse o puxando pelo corredor.

– James, eu não sei se-

– Tudo bem. – o mais alto se aproximou de Carlos – Eu sei que esse é só nosso primeiro encontro e eu acelerei um pouco as coisas te trazendo pra cá, mas eu quero mesmo que você passe a noite aqui, mesmo se a gente não fizer nada.

Carlos mordeu o lábio nervosamente.

– Não sei...

– Por favor! Vem, vou te mostrar meu quarto e você vai mudar de ideia.

O latino se divertiu com a insistência de James, mas também se assustou um pouco.

Carlos entrou no quarto e ouviu e porta ser fechada atrás de si. O ambiente estava escuro, ele mal via sua mão sobre seu rosto, mas pode sentir um par de braços o puxando pela cintura. A mente do latino estava um breu e o perfume de James atrás de si o intoxicava e o deixava ainda mais fora de si. Ele se sentiu sendo virado e um par de mãos agarrando sua cintura novamente. Seu peito bateu contra o de James e os dedos do mais alto começaram a passear sobre seu corpo.

Carlos soltou um suspiro apreciativo de prazer com as mãos do mais alto ocupando seus quadris, cintura, coxas e costas até o peito. Dedos se arrastaram lentamente ao longo de sua pele, colocando-o em chamas com seus toques e beijos. No escuro, os dois amantes se colidiram em uma necessidade feroz um do outro, a conexão dos lábios, cabeças inclinadas, corpos pressionados e gemidos mútuos.

James precisava disso. Ambos precisavam disso. Talvez desde o dia em que se conheceram.

Os olhos de ambos já estavam se acostumando com a escuridão e podiam ver – quase que – claramente a face um do outro.

O latino pegou o rosto do mais alto e o arrastou até o seu próprio, esmagando seus lábios um contra o outro. Seus dentes bateram quase que dolorosamente quando seus lábios se moveram em um ritmo sincronizado. A língua do mais novo se arrasta pelo lábio de Carlos. Ele coloca um pouco de pressão no músculo, fazendo com que Carlos respirasse de um jeito mais ofegante e de passagem para dentro de sua boca. James levou sua língua ao longo das curvas dos lábios de Carlos e mergulha na parte interna saboreando seu sabor único e viciante.

Um gemido de necessidade emite a partir da garganta do mais baixo e James tira proveito disso enquanto continua a sua lenta exploração em seu amante e firmando suas mãos em seu quadril. As mãos de Carlos deslizaram para cima e para baixo no peito vestido de James, fazendo-o estremecer de prazer e ligeira frustração com a falta de pele-a-pele. Com os pulmões gritando por ar, ele se afastam lentamente.

– Mmm, mais... - Carlos praticamente implora.

Carlos agarrou o material da camisa do mais novo e a puxa para dar ênfase. James se inclina novamente, os lábios inchados pressionando suavemente contra seu amante antes de prosseguir para dar pequenos beijos, apenas acariciando seus lábios. James podia sentir o sorriso na boca da morena quando ele continua a pressionar seu lábio inferior, lábio superior, nos cantos, perto do queixo, e ao longo da linha onde o lábio superior e inferior se encontram. Ele move suas mãos na parede para sustentar a si mesmo quando ele pressiona as costas de Carlos na mesma, reunindo seus quadris em um atrito delicioso. Ambos soltam gemidos de prazer com a recém-descoberta. James continua rolando os quadris em seu amante em um ritmo assustadoramente rápido.

– Porra, James... - estremece Carlos quase violentamente enquanto ele luta para tomar o prazer irresistível. Sua boca aberta, ele geme o nome novamente – Ja-a-ames.

Com um leve pânico subindo em seu peito, ele repete, dessa vez conseguindo completar a frase.

– Muito... muito rápido... J-a-ames!

A chamada de seu nome tira o mais novo do nevoeiro. James então abre os olhos, seu olhar encontrando uma mistura de medo, luxúria e inocência nos olhos de seu amante. Ele traz as mãos para o rosto do latino e acaricia sua bochecha com as costas dos dedos.

– Está tudo bem ... Eu vou ir mais devagar. – ele promete em um rolar de seus quadris contra Carlos em um ritmo mais lento. Ele pressiona seus lábios contra seu amante novamente, engolindo seus gemidos suaves em uma lenta troca de beijos.

Depois de alguns minutos assim, Carlos empurrou o peito de James lentamente.

– Desculpe, não acho que vai ser hoje que vai acontecer alguma coisa.

– Tudo bem. – respondeu James dando um casto selinho em Carlos – Mas você vai passar a noite... Não vai?

Carlos riu e desviou o olhar do mais alto.

– Não sei, talvez seja um pouco cedo para eu dormir aqui.

– Por favor. – pediu James fazendo um biquinho.

– Desculpe. Você pode... Hm... Me levar até a porta?

– Claro. – respondeu o rapaz parecendo um pouco decepcionado.

Depois de já ter pegado seus pertences Carlos se virou para James na porta e disse:

– Será que podemos ter uma próxima? – perguntou timidamente.

– É claro! – respondeu o jovem entusiasmado – E na próxima vez você vai ter que ficar – James se inclinou e plantou um beijo na bochecha de Carlos – Boa noite.

– Boa noite. – o latino respondeu desconcertado e logo saiu do apartamento em direção a sua casa.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

Logan clicou sua caneta e a colocou sobre seu bloco de notas.

– Bom Carlos, como você vai? – perguntou otimista.

Ele sabia que o latino estava mudando seu jeito de viver a cada dia que passava e, graças a Deus, para melhor.

– Eu estou ótimo. – respondeu sorridente.

– E o que aconteceu desde a última sessão?

– Tanta coisa, eu nem sei por onde começar.

– O que acha de começarmos falando sobre James?

Logan percebeu o brilho no olhar de Carlos a menção do nome de James.

– Eu te disse que iríamos a um encontro?

– Sim.

– Nós fomos, foi bastante simples, mas foi incrível. Depois nós fomos pra sua casa e... – Carlos mordeu o lábio e corou ao lembrar do ocorrido no apartamento de James.

– Oh não, Carlos. Você... ? – perguntou Logan.

– Não! – exclamou o latino.

– Ufa. – disse o psicólogo aliviado – Olha Carlos, eu estou muito feliz de você estar feliz e estou começando a gosta cada dia mais desse James, mesmo sem nem conhecê-lo, mas acho que é um pouco cedo pra vocês terem relações sexuais. – Logan tentou dizer do modo mais delicado possível, mas nunca era fácil dizer para alguém algo como “acho melhor você não transar com seu namorado”.

– Eu concordo, além de cedo, eu nunca fiz isso com outro homem. Quando chegar à hora eu quero estar confiante pra fazer dar certo.

– Carlos, para rapazes na idade de James, talvez o sexo seja alguma coisa normal no dia-a-dia deles e não um tabbo, mesmo que seja entre duas pessoas do mesmo sexo. Acho que o significado disso esta se perdendo entre os jovens o que é uma coisa ruim.

O latino franziu o cenho, não tendo certeza de onde aquela conversa iria parar.

– Logan, o que você quer dizer com isso.

– Eu quero dizer... – um suspiro - ... se um dia ele te pressionar a fazer alguma coisa...

– Logan! – o latino interrompeu – Olha, eu conheço o James, ele nunca faria uma coisa dessas.

– Ele pode fazer, ele é jovem e rapazes jovens como ele tem... necessidades. Ta, voltando ao assunto, eu sei como você esta começando a gostar dele...

– Eu gosto. – interrompeu Carlos novamente.

– ... e talvez você possa fazer alguma coisa por impulso só pra agradá-lo. – continuou Logan como se nunca tivesse sido interrompido.

– Logan, pode deixar, eu não vou fazer nada por impulso.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

James se deitou de bruços em sua cama ao lado de Carlos. O latino estava sentado de pernas cruzadas e debruçado sobre seu notebook.

– O que você esta fazendo? – perguntou o rapaz agarrando seu travesseiro.

– Alguns relatórios do meu trabalho.

– Hm. – resmungou James – Carlos, a gente ta, tipo, namorando?

O latino parou de digitar a encarou o jovem.

– Não sei, você quer que a estejamos namorando?

– Hm... E-eu não sei... – gaguejou James.

Carlos riu e retirou seu notebook de seu colo.

– Eu pensei que já estava bem claro que estávamos. – disse se inclinando e plantando um beijo em seus lábios.

Quando se afastou ele no rosto de James um olhar acanhado e suas bochechas coradas. Isso o fez rir.

– Carlos, por que eu nunca fui à sua casa?

Essa pergunta tinha pegado o latino de surpresa. Ele mordeu seu lábio, não querendo responder a pergunta.

– Minha casa esta em... Hm... Reforma.

– Reforma?

– É, quando estiver pronta eu te levo lá.

– Tudo bem.

James puxou a nuca de Carlos e juntou seus lábios. Os dois tinham uma intimidade entre si que James nunca teve com outra pessoa. Carlos já teve, é claro, mas o rapaz não precisava saber.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

Pela primeira vez, em muito tempo, Carlos estava desesperado atrás de conselhos de seu psicólogo, já que geralmente ele ignorava tudo o que Logan dizia.

– O que tem de mal nisso, Carlos?

– O que tem de mal? Logan, ele que ir até a minha casa.

– Mas você já foi até a dele tantas vezes. Qual o problema?

– Me deixa repetir: James quer ir até a minha casa. Sabe qual é o problema? Eu não mudo um único objeto de lugar da minha casa há sete anos. Sabe o que aconteceu a sete anos?

– Você e a Stephanie se casaram.

– Exatamente! Eu não quero que ele vá até a minha casa e veja minhas fotos de casamento, as roupas da Stephanie, os cosméticos dela no banheiro. Eu não quero! – o latino parecia quase desesperado quando terminou de falar.

– Carlos, você se lembra das nossas primeiras sessões de terapia? Se lembra de quando eu te disse que você teria que se desapegar fisicamente das memórias da sua esposa?

– Lembro, é claro que lembro.

– É, ai você gritou e ameaçou sair do consultório, então, eu te disse que um dia em sua vida você seria obrigado a fazer isso. Bom, esse dia chegou.

– Não, não, não. Eu não estou pronto pra jogar as coisas dela fora. São as únicas coisas dela que ainda restam na nossa casa.

– Você fez isso de novo, uma coisa que eu demorei três meses pra fazer você parar de fazer. Carlos, você esta regredindo.

– Fiz o que?

– Disse “nossa” em vez de “minha”. Carlos, você mora sozinho agora.

O latino colocou o rosto entre as mãos.

– Eu acho que apressei demais as coisas. James e eu já estamos namorando, talvez eu não devesse ter feito isso tão cedo.

– Tão cedo? Eu venho dizendo há um ano para você seguir em frente.

– Eu sei, mas as coisas mudaram muito rápido. Deveria ter feito um processo de superação mais gradativo, não arranjando um namorado e logo ir atropelando tudo.

Logan preferiu não acreditar que aquilo estava acontecendo. Carlos estava andando para trás, depois de tanto esforço aplicado para fazê-lo seguir em frente.

– Você não pretende terminar com ele, pretende? Aquele rapaz gosta mesmo de você, não faça nenhuma bobagem.

– Não, eu não vou terminar com ele, só vou desaceleram as coisas.

– Carlos, pense muito bem antes de fazer alguma coisa, não faça bobagem.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

O latino conduzia o carro com cuidado, pois era à noite e uma chuva torrencial caia sobre Minnesota. James cantarolava junto com o rádio ao seu lado, mas ele mal prestava atenção, mesmo amando a voz do rapaz – ele sempre ficava encantado com a facilidade com que James variava seu tom de voz do mais grave para o mais agudo sem desafinar e tirar o encanto da música –. Eles voltavam de um de seus encontros, mas ambos sentiam que não havia sido tão bom como os outros. Carlos ficou a noite inteira com o pensamento longe e respondendo James apenas com curtas sentenças. James ficou irritado com o latino, ele sentia que estava sendo ignorado e odiava que o ignorassem. Para tentar chamar a atenção, ele começou a cantarolar mais alto no carro, mas Carlos estava o ignorando, de novo.

– Carlos, aconteceu alguma coisa? – perguntou desligando o rádio.

– Não. – resmungou negando com a cabeça.

– Vai, me fala. Você sabe que pode me contar o que quiser. – James tentou encorajar o namorado apertando sua coxa.

– Sei sim. – respondeu secamente sem tirar seus olhos da estrada.

– É, mas mesmo assim você nunca faz isso. – retrucou James.

– Como assim?

– Carlos, você é muito fechado comigo. A gente conversa, é claro, mas nunca é sobre você. Qual é o problema? Você não quer que eu saiba da sua vida?

O latino suspirou.

– James, entenda, algumas coisas são pessoais.

– Como assim pessoais? – perguntou o rapaz indignado – Eu sou seu namorado. Como assim “pessoal”?

– Olha, tem algumas coisas que eu não preciso te contar. – respondeu calmamente, não querendo transformar aquela conversa em uma discussão.

– NÃO PRECISO? – James gritou – Tudo bem, algumas coisas você não precisa me contar, mas você pode e escolhe não fazê-lo. Às vezes eu tenho a impressão que você esta escondendo alguma coisa de mim.

– James, eu não estou escondendo nada de você.

– Então por que eu nunca fui à sua casa? Não me dê outra desculpe dizendo que esta em reforma, que estão pintando, que esta em uma “fase de redecorar”. Eu não engulo mais isso! Se você não esta escondendo nada então me leva até lá.

O rapaz mal tinha percebido que já estavam quase chegando a seu apartamento.

– Já ta tarde, eu vou te deixar aqui na sua casa e depois a gente conversa. – o latino estacionou o carro e tentou não olhar para o rapaz, apenas esperando ele sair do carro.

– Então é assim que vai terminar nossa discussão?

– Nós não estamos discutindo.

James apenas fitou Carlos, que continuava a encarar o nada a sua frente. Percebendo que não teria a atenção de seu namorado, o rapaz saiu do carro em direção a chuva.

Carlos afundou no banco do motorista e suspirou. Eles nunca tinham brigado e James nunca pareceu se importar com o fato dele ser tão reservado. Isso deve incomodá-lo mais do que parece. O latino deu partida no carro e voltou à estrada. Ele não morava tão perto do apartamento de James, mas o trajeto pareceu mais curto que o normal. Estar dirigindo, a chuva e o fato de ter acabado de brigar com seu namorado, isso dava muita coisa para o latino pensar e nem mesmo todo o tempo do mundo faria com que ele arrumasse a bagunça que estava sua cabeça... não só sua cabeça, mas também sua vida. Ao chegar a sua casa, o latino estacionou seu carro e foi em direção a porta o mais rápido que pode para não se molhar com a chuva. Ele procurou as chaves em seu bolso e a destrancou, mas, antes que entrasse ele viu um carro estacionando em frente a sua casa. Ele fechou a porta e deu alguns passos pela varanda. Mesmo com a escuridão da rua e com a chuva que não dava trégua, ele viu que se tratava de um Audi SUV, o carro de James.

O latino sentiu um desconfortável frio subindo de seu estômago até seu peito. Seria medo? Susto? Pânico? Uma mistura deles ou apenas a ideia de James adentrando em sua casa?

Ele viu o rapaz saindo do carro e correndo até onde ele estava. James parou em sua frente. Seu cabelo estava pingando sobre seu rosto que estava com a expressão mais fria que Carlos já vira no rapaz.

– Então é aqui que você mora? – perguntou olhando em direção a porta e logo voltando seus olhos para o latino.

A boca de Carlos se abriu, mas nenhum som foi emitido de lá de dentro.

– Não sei quanto a você, mas para mim, não parece nem um pouco em reforma.

O latino soltou um estranho gemido, mas nada que parecesse com uma palavra.

– Bom, já que você não vai me convidar para entrar, eu mesmo faço as honras.

James ajeitou seu casaco e partiu em direção a porta.

– Não James, espera. – finalmente Carlos disse, segurando o braço do rapaz.

O rapaz se esquivou e rapidamente girou a maçaneta da porta a abrindo e entrando. Carlos o acompanhou e por um momento James apenas caminhou pela entrada. O rapaz franziu o cenho e disse:

– Carlos, não sei por que você não queria que eu viesse aqui. Não tem nada de erra... – ele se silenciou ao ver um porta-retratos em cima de uma mesa na entrada.

Carlos sabia muito bem qual era a foto. Foi tirada no dia em que ele pedira Stephanie em casamento no seu restaurante favorito. Eles estavam abraçados com os rostos colados e a moça exibia o anel de noivado como se fosse algum tipo de conquista. Stephanie estava com lágrimas em seus olhos e um sorriso brilhante, naquela dia, Carlos achava que nunca a tinha visto tão linda... Mas isso foi até seu casamento.

James olhou em volta da casa, dessa vez prestando mais atenção aos detalhes. Um casaco cor-de-rosa em um suporte ao lado do de Carlos, uma pantufa roxa peluda colocada na entrada – como se esperasse sua dona chegar em casa, o que nunca aconteceria – e um forte perfume feminino por toda a sala. James começou a caminhar pela casa, observando todos os objetos sugestivos e outras coisas que indicavam que havia uma mulher naquela casa. Incensos perfumados em todo canto, DVDs de filmes românticos (que Carlos já tinha deixado bem claro para James que odiava) e bilhetes espalhados pela casa toda como “salão na quarta” ou “manicure na sexta”. Foi doloroso para James, mas nenhum apertou tanto seu coração como esse: havia uma lareira na sala, em cima dessa lareira se encontrava uma prateleira repleta de fotos de casamento. Casamento de Carlos com outra mulher. Eram diversas, a maioria do casal sorrindo um para o outro ou fazendo alguma pose para a câmera. James sentiu lágrimas pinicarem o interior de seus olhos, mas ele se recusou em deixá-las cair.

– Carlos, você é casado? – sua voz falhou na última palavra.

Ele ficou com a cabeça abaixada, não querendo ver o rosto do latino, mas apenas escutar sua resposta.

– James, eu não sou casado. – respondeu lentamente, como se quisesse que o rapaz entendesse cada palavra.

– Então o que é isso? – James apontou para as fotos em cima da lareira sugestivamente.

– Stephanie... – Carlos suspirou o nome como se doesse pronunciá-lo e fosse requerido um grande esforço para fazê-lo – Ela era minha esposa. Ela... – o latino tomou fôlego para poder continuar, já sentindo um nó se formando em sua garganta –... ela me deixou.

Carlos achou muito mais fácil dizer aquilo do que “ela faleceu”, “ela morreu”, “ela se foi e nunca mais vai voltar”, porém aquelas palavras soaram com outro sentindo.

– E você guarda tudo isso... – James apontou para todo lugar no ambiente -... da sua esposa que te deixou?

– Sim. – disse baixinho.

James esfregou o rosto com ambas as mãos e suspirou.

– Eu não entendo. Você, obviamente, não seguiu em frente. Você ainda esta ligado ao passado e não esta se permitindo viver o futuro. Carlos, você esta feliz sendo infeliz?

O latino lançou um olhar de confusão para o rapaz.

– Eu quero dizer, tudo isso só vai fazer mal a você. Ter todas essas coisas aqui da sua ex-esposa.

Carlos sentiu um aperto no peito com a palavra “ex”. Stephanie tinha falecido, mas, de algum modo, ele ainda a considerava sua esposa.

– Você não queria me trazer por que saberia que eu saberia que você ainda esta ligado a sua ex-esposa. – a essa altura as lágrimas no rosto de James já eram evidentes – Você me conhece Carlos, infelizmente, não do jeito que eu te conheço, que, aliás, é quase nada. Você saberia que eu não continuaria com você se não esquecesse ela.

Era verdade, tudo verdade. Carlos sentiu a culpa e vergonha caindo sobre ele e fazendo seus ombros se curvarem para frente em um sinal de fracasso.

– Carlos. – James se aproximou e segurou nos ombros do latino – Eu posso te ajudar. Eu posso te fazer superar sua ex-esposa. Você só tem que me deixar entrar em sua vida do modo que eu deixei você entrar na minha. – James deu um sorriso esperançoso obviamente forçado.

Carlos apenas balançou a cabeça negativamente.

– Eu não posso, me desculpe.

O sorriso de James desapareceu e uma expressão de dor tomou seu lugar.

– James, não acho que você consiga me fazer esquecer Stephanie.

– Mas você nem sequer tentou! – choramingou o rapaz.

Carlos apenas negou novamente com a cabeça.

James soltou seus ombros e fitou o latino com raiva em seus olhos.

– Tudo bem, continue com a sua vida. Continue lamentando pela perda de uma mulher que nunca vai voltar pra você e nunca deve ter te amado a suficiente para ter ido embora.

A boca de Carlos se abriu de surpresa. Ele se sentiu ofendido de todas as maneiras possível e por Stephanie, que fora a pessoa que mais o amou e o entendeu. Ele nunca tinha ouvido James dizer coisas tão maldosas. Porém, em vez de defender a esposa (e seu próprio orgulho), Carlos revidou.

– Ora, o que você quis dizer com isso? Você nunca a conheceu a nunca me conheceu o bastante para dizer alguma coisa sobre a nossa vida. Do jeito que você colocou deu a entender que eu estou me torturando.

– Mas é claro que você esta! Se iludindo, vivendo no passado, se prendendo a algo que não é mais real. Já foi, não é mais.

– Você vai me dizer como viver minha vida? – Carlos riu maldosamente – Bom, deixe-me te dizer como viver a sua. Durante todo esse tempo que tivemos juntos você sempre me disse que estava seguindo seu “grande sonho” e como faria qualquer coisa pra chegar até lá. Mas me deixe te explicar uma coisa: você não esta fazendo nada. James, você não é mais criança, mas ainda esta preso aqui por causa da sua mãe! Ela vem te controlando e você só pensa ter essa enorme sensação de liberdade, mas ela te controla. Não te deixou fazer uma faculdade melhor, te faz morar em apartamento que ela comprou só pra poder vigiar sua vida e te faz dirigir um carro que eu não ficaria surpreso se tivesse um chip rastreador ou alguma coisa assim. Deixa eu te acordar pra uma coisa: você ainda esta em Minnesota, você não esta correndo atrás do seu sonho e esta longe de vivê-lo. Você ainda não se deu conta de que não precisaria depender mais da sua mãe e que poderia a pegar suas coisas quando bem entender e ir para outro lugar, mas ela deve estar aliviada de você ser burro o bastante de ainda não ter se dado conta disso! – Carlos estava sem fôlego quando terminou de falar.

James parecia extremamente magoado com tudo aquilo e parecia não querer acreditar que Carlos tinha lhe dito tudo aquilo. O latino só se deu conta da estupidez que disse quando percebeu a reação do rapaz.

– Você acha que eu sou burro? – perguntou James com sua voz falhada, aparentando estar prestes a cair no choro a qualquer momento.

– James, me perdoe, eu não quis dizer isso. – e era verdade, ele não achava James burro, nem um pouco, ele era uma das pessoas mais encantadoras e excitantes que ele já tinha conhecido.

– Eu pensei que você era diferente. Você era, até agora, a única pessoa que não tinha dito isso pra mim.

James saiu correndo da casa sem dar a chance para Carlos se redimir, pois não queria ouvir mais uma palavra vinda do latino.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

Logan observou o latino sentado em sua frente. Carlos estava enrolado como uma bola no sofá e estava chorando fazia trinta minutos. Logan não entendia muito bem o que estava acontecendo, pois assim que ele perguntou “o que tem de novo para me contar?” o latino começou a chorar desesperadamente. No fundo o doutor sabia que se tratava de James.

Logan se levantou e caminhou até Carlos, se ajoelhando em sua frente. A última vez que vira o latino daquele jeito foi quando Stephanie falecera. Sabia que ele estava sentindo uma dor incomum, mas queria saber o motivo para tentar ajudá-lo, entretanto tentou mesmo assim. Logan pegou ambas as mãos de Carlos e disse:

– Eu odeio te ver desse jeito, mas no fundo eu estou feliz por você estar expressando seus sentimentos, coisas que você não faz há anos. Eu sei que isso é por causa de James e só por você estar triste desse jeito por ele, eu consigo ver que você gosta mesmo desse rapaz. Você tem a péssima mania de tentar não parecer fraco e acaba se machucando com isso, não negue por que eu te conheço. Eu só quero que você responda uma coisa, não pra mim, mas para você mesmo. Vale a pena sofrer em silêncio só para parecer forte?

Carlos foi dizer alguma coisa, mas Logan o silenciou.

– Não precisa responder agora. Só quando você estiver pronto.

O latino acenou e logo levou sua cabeça de volta para os joelhos voltando a chorar.

Logan suspirou pensando que James deveria alguém realmente especial para seu amigo-paciente.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

Carlos passou exatos três dias eliminando todo o líquido de seu corpo por suas lágrimas. Ele teve que insistir para seu chefe deixá-lo ficar em casa durante alguns dias e prometeu que entregaria tudo por e-mail com a mesma agilidade com que trabalhava no escritório. Carlos trabalhava em uma editora de livros e então passou três dias revisando manuscritos em seu quarto enquanto alternava entre corrigir erros e chorar. O latino resolveu parar de sentir pena de si mesmo e fazer alguma coisa mais produtiva para sua vida pessoal e não apenas para a profissional.

No meio do desespero que tentar concertar alguma coisa, por mais insignificante que fosse, ele se viu dando um passo radical para se recuperar. Carlos tirou todas as roupas de Stephanie de dentro de seu armário e guardou em caixas de papelão no sótão, junto com outras roupas suas que ele prometera para si mesmo que iria levar para doação algum dia. Depois ele pegou um saco grande de lixou e jogou tudo que pode fora: cosméticos, bilhetes antigos, todos seus perfumes e maquiagens, a escova de cabelo de sua esposa que ainda tinha alguns fios negros sobre seus dentes. Tudo o que pode! Guardou todos os sapatos juntos com as roupas e colocou todas as jóias de valor em um cofre – em vez de deixá-las espalhadas sobe a cômoda do quarto apenas enfeitando o ambiente – jogando apenas as bijuterias fora. Retirou todas as fotos dos porta-retratos e as guardou em um álbum de fotos embaixo da cama. Passou um perfume de ambientes sobre a casa de lavanda, uma fragrância que ele sempre gostou e sempre quis que tudo naquele lugar cheirasse daquele jeito – mas nunca o fez, pois Stephanie simplesmente odiava lavanda –. A única coisa de sua esposa que estava visível na casa era uma caneca com o nome “Stephanie” que ainda enfeitava a cozinha, mas tirando isso, nada restava.

Carlos mal pode reconhecer sua própria casa, estava incrivelmente... Normal? Não era essa a palavra. Mas, sim, diferente. Agora sim parecia com a casa de um homem adulto que vivia sozinho e não de um casal. Carlos estava se sentindo bem com seu novo “lar”, mas agora tudo parecia completamente sem vida. Pela primeira vez, ele sentia realmente a sensação de estar sozinho. Ele não gostava nem um pouco disso. Ele começou a andar pela casa, imaginando na entrada os chinelos de James, no suporte ao lado da porta sua pesada jaqueta de couro, no banheiro seus diversos produtos pro cabelo, no guarda-roupa roupas dele junto com as suas próprias, no armário todos os seus sapatos e nos porta-retratos vazios fotos dos dois juntos, talvez, até algumas de um ‘certo’ casamento. Carlos riu ao imaginar isso. Ele fechou seus olhos e fingiu que sua casa era realmente daquele jeito, com pedacinhos de James por toda ela. Seu cheiro, seus objetos, sua bagunça – por Carlos já tinha estado no apartamento do rapaz várias vezes e podia dizer que a última coisa que James poderia ser era organizado – e sua voz ecoando por todo canto da casa.

Carlos começou a rir de si mesmo, achando graça por querer tão fortemente que um desejo imaginário se tornasse realidade que chegava a doer. No meio do riso, novas lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, surpreendo o latino por ainda ter lágrimas para derramar. Na verdade, ele não estava só surpreendido por estar chorando, mais sim por querer, mais do que tudo, ser feliz novamente – ao lado de outra pessoa –.

A verdade era que mesmo Stephanie tendo falecido ele ainda a considerava sua esposa, então se estivesse com outra pessoa ele estaria “a traindo”. Pela primeira vez Carlos abriu seus olhos e viu que não era bem assim. Stephanie – em seu leito de morte – fez o latino jurar que seguiria sua vida, porém ela não queria que ele continuasse vivendo para ser infeliz, mas sim para aproveitar sua vida, fazer coisas que ela nunca mais teria a oportunidade de fazer, viver normalmente e o “normal” implicava em ser feliz nos braços de outra pessoa. Carlos se lembrava de segurar a mão de sua esposa e ouvi-la sussurrar “Prometa que vai continuar a viver sua vida, prometa que vai seguir seus sonhos”. Sim, ele prometera, mas nunca tentou realmente cumprir a promessa. Carlos tinha três grandes sonhos em sua vida: casar com Stephanie – o que ele já tinha realizado –, se tornar escritor e formar uma família.

Seu primeiro sonho não durou tanto quanto ele pensou que iria durar, mas se realizou e ele foi grato por cada momento feliz que passou ao lado de sua – falecida – esposa. Seu segundo sonho – Carlos suspirava toda vez que pensava nisso –, ele havia encontrado um emprego em uma editora de livros para ficar mais perto do processo de publicação para poder publicar seu próprio, mas quando Stephanie morreu ele se esqueceu de seu próprio sonho, estava mais do que na hora de mudar aquilo. Ainda havia tempo para realizar seu terceiro sonho, talvez com... James?

O latino esfregou seu rosto com as mãos.

Ele é muito novo pra isso.

Porém, ninguém é jovem para sempre e mesmo assim, talvez isso fosse bom para criar futuros filhos.

Carlos riu novamente. Eles estavam sem falar a alguns dias, mas mesmo assim ele estava ali planejando ter filhos com James. Ele estava sonhando tão alto e nem sabia se eles iriam voltar.

Não, não, não, não, não! Nós vamos voltar! Vamos superar essa minha fase e seguir em frente!

Então faça alguma coisa!

Carlos grunhiu. Ele realmente tinha que fazer alguma coisa. James não iria aparecer em sua porta todo sorridente se ele continuasse a ficar trancado em sua casa se lamentando. Com isso o latino pegou sua jaqueta e foi em direção ao seu carro. Ele nunca dirigiu tão rápido em sua vida e quando percebeu já estava estacionado em frente do apartamento de James. Quando ele saiu do carro o tempo pareceu parar. Ele encostou-se ao carro, tomando coragem para subir as escadas. Com um suspiro ele foi até a porta a abriu e subiu um degrau de cada vez. A cada passo toda a sua coragem foi sumindo e por um minuto pensou que voltaria correndo para sua casa. Carlos balançou a cabeça com o pensamento e começou a subir as escadas mais rápido. Ele parou em frente ao apartamento do rapaz e bateu na porta – desejando no fundo que ele não estivesse em casa –. Sua respiração parou quando ouviu a maçaneta girando e a porta se abrindo. James apareceu em sua frente usando um moletom todo amassado e parecendo abatido.

– James? – Carlos perguntou e quase dando um tapa em sua testa por perguntar isso. Quem mais poderia ser?

– Carlos? – ele sim tem o direito de perguntar – O que você esta fazendo aqui?

– Eu preciso falar com você, me deixa entrar, por favor. – o latino quase implorou.

– Olha, eu não sei se você ainda tem alguma coisa pra me dizer.

– Eu tenho! Eu juro! Por favor.

O rapaz suspirou e abriu a porta, permitindo o latino entrar em seu apartamento.

– Tudo bem Carlos, pode me dizer o que você queria me dizer. – disse James cruzando os braços.

– Eu... Nem sei por onde me começar. James, minha esposa não me deixou.

– Não? – perguntou o rapaz franzindo o cenho.

– Não, ela morreu.

O rosto do rapaz caiu. Carlos podia sentir que James já estava pronto para dizer várias coisas contra ele, mas essa declaração o fez ficar quieto. Quando o rapaz não disse nada, Carlos continuou:

– Olha me desculpe, por tudo, principalmente por não ter te contado. Ela morreu faz um ano e eu ainda estava tentando superar, por isso o meu comportamento estranho e sempre fechado. Eu nunca te levei na minha casa por que eu não estava pronto para me desfazer das coisas dela, eram as únicas coisas que eu ainda tinha dela. Me desculpe, de novo, acho que só agora eu percebi que minha atitude não estava só me machucando, mas também os outros, principalmente você. Eu já joguei todas as coisas dela fora...

– Você não precisava. – interrompeu James.

– Precisava sim! Se não você nunca se sentiria confortável na minha casa.

O rapaz deu um meio sorriso.

– Você quer que um dia eu volte pra sua casa?

– É claro que quero! – o latino praticamente gritou – Se eu pudesse te levava pra morar comigo – ele disse em tom de brincadeira, mas com um toque de verdade.

James riu, mas logo um olhar triste o substituiu.

– O que foi? – perguntou Carlos preocupado.

James bufou.

– Eu briguei com minha mãe.

O latino rapidamente se aproximou do rapaz e ficou em sua frente.

– O que foi?

– Eu disse pra ela que transferiria meu curso de artes cênicas pra UCLA, em Los Angeles, já que eu já tinha sido aceito lá antes mesmo de começar a fazer minha faculdade; e ela pirou.

Carlos mordeu o lábio de sentindo culpado.

– Você fez isso por causa do que eu te disse?

– Sim e não. Eu já queria fazer isso antes, você foi só um empurrãozinho. Eu estava tão bravo com você, queria sair de Minnesota, mas agora eu não tenho mais certeza. – disse passando seus braços ao redor da cintura de Carlos.

– Não, você já enfrentou sua mãe por causa disso mesmo, você tem que ir.

– Mas a gente acabou de se resolver.

Um sorriso se abriu no rosto do latino. Eles já estavam bem? Foi mais fácil do que ele tinha imaginado.

– Eu posso ir com você.

James se inclinou e beijou Carlos, o primeiro beijo desde que eles tinham brigado... Parecia que fazia tanto tempo que eles não faziam isso. O beijo foi curto – curto demais, na opinião de Carlos – e James logo descolou seus lábios.

– Eu adoraria, mas Carlos, você tem uma vida aqui.

– Não me importo! James, eu realmente não me importo! Você que abriu meus olhos, não sei o que faria sem você. James, eu nunca mais vou te deixar.

O rapaz se inclinou novamente dando outro beijo no latino, dessa vez mais profundo e demorado.

– Eu te amo Carlos. – sussurrou colando suas testas.

– Eu também te amo James.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

O homem olhou a carta de demissão em sua frente e perguntou:

– Carlos, tem certeza que vai fazer isso?

– Tenho. Sr Knight, eu tenho que admitir que eu só trabalhei todo tempo com o senhor só pra ficar perto do processo de publicação. Meu sonho sempre foi ser escritor, agora que eu vou sair da cidade talvez seja uma chance de eu começar a trabalhar nisso.

– Mas, para onde você vai?

– Los Angeles, meu namorado vai transferir sua faculdade pra lá e eu vou com ele.

– Carlos, é muito arriscado, você sabe?

– É claro que eu sei, mas eu quis isso por tanto tempo e ele é a única pessoa que me incentivou depois que a Stephanie morreu. Sei lá, se eu não conseguir, pelo menos posso dizer que tentei. – essas eram as palavras de seu namorado e estava orgulhoso de poder repeti-las.

O latino observou seu – ex – chefe boquiaberto. O homem se levantou, caminhou até ele e colocou uma de suas mãos em seu ombro.

– Eu sei que você vai conseguir, você tem talento, eu vejo pelos manuscritos que você me manda. Na verdade, todo esse tempo que você trabalhou pra mim eu tive medo de alguma outra publicadora te roubar de mim. – os dois riram com a declaração – Eu sei que seu namorado é alguém legal, há muito tempo não te vejo feliz assim.

– Obrigado, você não sabe o quanto isso significa pra mim.

– Bom, vai lá Carlos, eu sei que você consegue.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

– É um prazer conhecer você, James. – disse Logan observando o casal a sua frente.

Essa era a última sessão de Carlos antes de ele ir para Los Angeles com James, então latino resolveu levar o namorado junto.

– Igualmente Logan. Eu sei o quanto você ajudou o Carlos, nem sei como te agradecer.

– Bom, esse é meu trabalho. Então, me contem seus planos.

– Nós vamos ir pra LA semana que vem, como o James já mandou a sua transferência a gente não pode demorar muito pra ir. – disse Carlos animado.

– Vocês já pensaram bastante sobre isso, certo? – Logan estava um pouco preocupado sobre isso, mas também feliz claro, por estarem fazendo isso apressadamente.

– É claro! – disse James – Nós sentamos e conversamos sobre isso.

– Na verdade, conversamos até demais. – comentou Carlos.

– Uau, nem parece o mesmo Carlos de antes. – disse Logan admirado – Permita-me dizer, mas Carlos, você esta tão feliz quanto estava com... Stephanie. – Logan não queria parecer rude comparando James com Stephanie, mas era a verdade.

– Eu me sinto feliz, Logan.

– Isso é ótimo.

Os três apenas conversaram pelo resto da sessão, Logan não teve muito que dizer, geralmente ele dava conselhos para Carlos, mas o latino estava bem sozinho – não tecnicamente, ele tinha James –. No final da sessão Logan levou o casal para a porta e abraçou o latino.

– Eu vou sentir sua falta. – sussurrou Carlos – Eu não sei o que pode acontecer sem você.

– Você sempre pode me ligar. Não é como se a gente nunca mais fosse se ver.

– Obrigado por tudo Logie, eu não sei o que faria sem você.

– Eu acho que sei. – respondeu se referindo a vez em que ele tentara se matar.

– É verdade, mas mesmo assim, obrigado. Vou sentir muita falta sua.

– Eu também Carlitos.

NEVER LET ME GO ~ NEVER LET ME GO

Carlos encostou sua cabeça no peito de James e se aconchegou contra o corpo do rapaz.

Fazia um mês que eles tinham se mudado para Los Angeles e as coisas não poderiam estar melhores. James estava se adaptando bem a nova faculdade e Carlos já tinha começado a escrever seu novo livro. O latino tinha vendido sua casa em Minnesota – assim como James o seu apartamento – e os dois compraram um apartamento próximo a UCLA. Era pequeno – pois eles tinham que economizar dinheiro –, mas era aconchegante e ambos amaram o lugar.

– Eu te amo. – James disse beijando a testa do latino.

– Eu também te amo. – Carlos abraçou o rapaz colando ainda mais seus corpos.

O latino se surpreendeu em como sua vida mudou em tão pouco tempo. Nada mais era o mesmo, nem ele era o mesmo.

– Carlos?

– Hm? – resmungou de volta.

– Você vai dormir?

– Provavelmente, por quê?

– Porque são só sete horas.

Carlos levantou sua cabeça pra olhar o relógio.

– Não brinca. – disse rindo.

Os dois passaram o dia todo na cama, saindo apenas para comer, e tinham perdido a noção do tempo.

– Carlos?

– Hm? – resmungou de volta.

– Eu já sei o que podemos fazer. – disse em um tom sugestivo.

– Sério? Porque eu também acabei de pensar em uma coisa.

Carlos subiu sobre o corpo de James e montou em sua cintura. O rapaz puxou o latino o beijando.

– Eu te amo. – sussurrou Carlos contra os lábios de James.

– Ah, é? Por quê?

– Porque... Hm... Porque eu estou prestes a fazer amor com você.

O rapaz riu acariciou o braço de Carlos com seus dedos.

– Só por isso?

– Claro que não! – respondeu não podendo conter seu sorriso – Porque eu não sei o que faria sem você.

James puxou Carlos para outro beijo.

– Eu também te amo.

– Desde o diz que viu um anãozinho correndo atrás de você?

O rapaz gargalhou, fazendo Carlos também rir.

– Sim, desde aquele dia. E você, me amou desde o dia que começou a me perseguir?

– Eu não estava se perseguindo, te seguindo, tentando te acompanhar nem nada do tipo.

– Ok, vou fingir que acredito.

James puxou o quadril de Carlos, o virou e prensou o corpo dele com o seu próprio contra o colchão.

Carlos sentia que aquilo era certo em sua vida. Estar com James, em Los Angeles, juntos, seguindo seus sonhos.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, alguns avisos antes do fim:
- Estou como beta de uma fic Kames e Cargan, dêem uma olhada:
http://fanfiction.com.br/historia/342798/Could_As_Love/
- O capítulo 6 de Under The Water ja foi postado e quando puder posto o 7.
Bom, isso é tudo, até a próxima.
CamKisses ♥



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