Meu final de semana foi maravilhoso. Conheci alguns pontos turísticos com Nessie e Alice e depois fomos numa boate maravilhosa só as meninas. Rose conseguia encher a cara sem ficar bêbada e Alice não bebia. Fiquei com ela nessa. Detestava bebida e precisávamos estar atentas a Rose, mas nada disso foi necessário. No domingo o sol estava maravilhoso e resolvi somente andar a toa, pesquisei na internet alguma praia próxima e acionei o GPS. Esse era meu melhor amigo nos últimos tempos.

Cheguei cedo, eram apenas nove horas e ela estava já cheia. Fiquei de longe olhando as pessoas e suas respectivas famílias brincando e se divertindo. Famílias gregas eram engraçadas, grandes e sempre juntas. Parecia ter muitas gente, mas se olhássemos com calma eram todos da mesma família. Eles diziam coisa que eu não conseguia entender direito, mas era sempre uma pequena confusão.

Aproveitei a solidão e a paz de estar longe de tudo e de todos. Fechei meus olhos e deixei o cabelo ir com o vento. Era maravilhoso. Quando abri os olhos vi uma pequena família, pareciam turistas. Era uma moça jovem, ela estava grávida e tinham uma filha. Ela era linda. Loira e seus cachos balançavam quando ela se mexia muito. O pai estava atento a cada movimento de cada uma, ele passou protetor nela e depois na filha. Ficaram por cerca de uma hora ali curtindo o seu momento. Eu os invejei. Se um dia voltasse para os Estados Unidos queria formar uma família, parecia algo tão distante de mim isso, mas eu desejava mesmo assim. James sempre dizia que meus relacionamentos curtos e sem compromisso não eram uma forma saudável de se viver, mas eu discordava na época. Eu admirava meus pais e ele e Kate, mas não tinha vocação para Julieta como Kate ou de dona de casa como minha mãe. Por isso meus relacionamentos tinham mais a minha cara, a minha personalidade. Sem compromisso ou grandes envolvimentos.

O resto do dia foi tranqüilo, a única diferença foi a volta de Edward. Sério e imponente, mas estava de volta e todos faziam uma festa grande como se comemorassem a volta do filho pródigo. Queriam agradar e conversar, ele não sorria ou fazia menção de estar feliz, mas estava ali. Penso que isso seja o máximo que ele poderia fazer. Não fiquei muito tempo com eles. Fiquei com Nessie montando um quebra-cabeça e depois fui para o quarto onde fiquei lendo alguns artigos que tinham saído e eu não tive tempo de ler.

Dessa vez foi inevitável, eu encontrei com ele na garagem. Eu ia cumprimentar, mas ele entrou no carro e arrancou. Já tinha decorado o trajeto então não precisei ligar meu grande amigo hoje e coloquei algo para relaxar. Cheguei as sete em ponto e ele estava na minha mesa, me esperando.

- Bom dia Sr. Cullen.

- Bom dia Isabella, eu queria que me arrumasse a agenda da semana.

Hum...

- Só alguns minutos. Mando para seu e-mail.

- Não, imprima agora, quero refazê-la com você.

Comigo? Que porra era aquela? Fiz tudo o mais rápido possível para me livrar dele, mas assim que entreguei ele se sentou na minha frente e mandou eu sentar. Começou a riscar tudo com uma caneta tinteiro e depois entregou para mim.

- Essa é a agenda atualizada, ligue para quem tiver que ligar e refaça os planos.

Dei uma olhada e me assustei com o que vi.

- Não vai a empresa essa semana?

- Não vamos. Irá comigo.

- Como assim? Não vou para Inglaterra com você.

- Você vai com seu chefe e não comigo Isabella.

- Mesmo assim não vou.

Ele cruzou os braços e me encarou.

- Vai comigo e está decidido.

- Você não manda em mim!

- Mando no que diz respeito ao trabalho, o que faz fora do seu horário de trabalho é problema seu, mas como minha funcionária eu mando em você.

- NÃO MANDA! ME DEMITE! ME MANDA DE VOLTA!

Ele não se abalou com meu escândalo. Na verdade ele levantou e foi embora me deixando muito chateada com aquilo. Eu não iria para lugar nenhum com ele. Passei o resto do dia emburrada e de mau humor, quem era Edward para simplesmente me ignorar daquele jeito? Estava na cafeteria do prédio aproveitando que ele tinha um pequeno compromisso, que segundo ele era pessoal, e pensando nessa viagem.

- Pedi para Alice comprar algumas coisas para a viagem para você.

A voz me sobressaltou e quase derramei todo meu café em meu vestido vinho. Respirei fundo enquanto ele sentava casualmente na minha frente. Logo que o viram um garçom veio anotar seu pedido. Ele pediu um chá fraco de ervas.

- Edward...

Ele prendeu um sorriso. Ele estava se divertindo com a situação? Era isso mesmo?

- Não ria! O que raios eu vou fazer com você? Me explique!

- O que uma secretária faz. – o seu tom era tão casual que minha vontade era de jogar todo o meu café em cima dele.

- Eu não quero ir.

- Não tem escolha Isabella. Não te dei escolha.

- Eu me demito.

- Isso está ficando divertido sabia?

O garçom serviu o chá dele e eu estreitei os olhos para ele. Divertido? Que merda era aquela?

- Então te divirto?

- Mais do que imagina. Agora tenho uma pergunta.

- Qual?

- Tem medo de viajar comigo por quê?

- Não tenho medo de viajar com você!

- Tem sim. – Edward bebeu seu chá enquanto verificava algo em seu celular. Eu iria quebrar aquilo.

- Não tenho!

- Então prove e viaje comigo. Não vou fazer nada.

- Sei que ainda lembra do tapa que te dei, tenho certeza que não é maluco a esse ponto.

Ele guardou o celular calmamente. Tomou mais um pouco do chá e levantou.

- Tenho que verificar uma situação em Tokyo. Não posso mais ficar olhando para seu medo evidente de mim.

- Idiota! Você é um grande idiota!

Ele apenas se virou e foi embora. Eu ainda tentei me acalmar um pouco antes de subir, o que ele estava pensando? Que eu tinha medo dele? Isso era a última coisa que eu tinha dele. Descaso, repulsa, desprezo eram coisas mais adequadas. Menos medo. Era isso, aquele imbecil rico ia se ver comigo agora. Levantei determinada, chamei o elevador comum, andei pelos corredores vazios e fui até a mesa dele. Edward estava olhando alguns papéis e entrei com tudo.

- Olha aqui, não tenho medo de você. Desprezo com todo meu ser a sua atitude e seu jeito. Acho que tudo que passou não justifica nada do que faça hoje. – ele arqueou as sobrancelhas e eu cruzei os braços. – Sua família pode ter pena, sua família pode tentar entender o que não tem como para mim, mas nada Edward justiça nada. Por isso eu não tenho medo de você ou passar mais tempo com você. Sua pessoa é insuportável, mas medo?! Medo nunca!

Ele não se alterou com meu discurso. Pegou o telefone e discou alguns números.

- Alice quando chegarmos poderia providenciar que as malas estejam prontas? Sairemos depois do jantar. Preciso estar pela manhã em Londres. – ele esperou ela falar algo – Eu sei que está nevando, providencie o necessário. – ele ouviu mais alguma coisa e desligou. – Pode sair mais cedo para se preparar, a agenda está pronta então não tem muito o que fazer. Tenha um bom dia Isabella.

Ele estava me dispensando? Era isso mesmo? Bati o pé e saí da sala dele. Mesmo que não tivesse mais nada para fazer fora da empresa eu fui embora. Coloquei meu amigo para funcionar e rodei um pouco pela cidade antes de voltar.

Esme me recebeu com sorrisos quando passei pela porta. A casa estava agitada. Nessie veio pulando ao me encontro.

- Diz que vai estar de volta para a festa! Nossa primeira festa tia!

- Que festa meu amor?

- A de São Constantino! Vai ter muita comida, dança e vamos para Langada! Tia Alice disse que primeiro tem uma missa e depois a festa dura a noite inteira!

- Oh... bom, vou ver se vai dar.

- Edward não faltaria isso por nada. – Esme e Carlisle vieram em nossa direção sorrindo – É tradição de nossa família irmos juntos. Todo ano.

- Então eu vou me amor. – falei para Nessie que me olhava muito feliz e agitada.

- E vamos dançar como a mamãe fazia com o papai! Lembra tia deles dançando pela sala?

- Claro que lembro meu anjo.

Eu olhei Carlisle e Esme  com um tom triste. Resolvi mudar a situação.

- Uma vez ensinando James eles caíram no chão e ela quase quebrou o braço com essa brincadeira. Passamos o natal na emergência de um hospital e minha mãe brigando que James era muito bruto.

Eles riram com essa estripulia deles.

- Ela ensinou a todos os costumes, era impossível fazer ela comer ovos e bacon no café da manhã. James encomendava num restaurante grego as coisas que ela gostava e sempre chegava antes dela acordar.

- Não sabe como ficamos felizes em ter uma parte dela conosco. E saber que ela foi muito feliz. – Carlisle tinha um tom triste e feliz ao mesmo tempo. Para eles foi difícil não foi? Eles criaram ela, a amaram, por que não podiam aceitar que o amor deles poderia ser algo lindo como foi? A imagem que eu tinha deles era totalmente diferente.

- Vá se arrumar Isabella, não podemos perder o vôo.

Edward era sempre desagradável e chegava nas horas mais impróprias.

- Não estamos no escritório e você não manda em mim Edward!

- Olha que interessante. Não estamos no escritório, mas por exatas quarenta e oito horas será minha secretária e irei mandar em você. Porque afinal de contas estará no seu trabalho não?

- Imbecil!