Depois de todo o alvoroço que a notícias nos causou, medidas precisaram ser tomadas. Edward não poderia simplesmente sair correndo da festa apesar de ser essa a sua vontade, o que me incomodava bastante, a pista de dança foi aberta com uma música mais agita o que fez todos ou a maioria se divertirem e as luzes foram mudadas para um clima mais íntimo, o que nos deu uma brecha para sair sem sermos tão percebidos. A verdade é que a imprensa ainda esperava por algo mais e com tantos artistas presentes precisávamos ser bem cuidadosos, Victória foi retirada com total sigilo de onde foi encontrada e a ambulância que estava na reserva não foi usada e sim o carro do amigo de Edward, mas ela já tinha recebido algum atendimento. Alice lidou com o fim da festa, Esme e Carlisle com os convidados mais íntimos e fomos com Rose e Emmett para o hospital em carros separados.

Edward era tudo menos o meu Edward. Ele estava transtornado e isso para mim era novo, eu nunca o vi assim, mas eu nunca lidado com Victória e suas maluquices então só poderia ser meus medos, a situação de Victória e todo o resto afetando o meu discernimento. Algo em mim dentro daquele carro me dizia que não. Eu ignorei isso dizendo a mim mesma que assim que ela estivesse bem voltaríamos para nossa, Edward e ela se conheciam a um longo tempo e o passado deles o ligava, era isso e nada mais.

E assim que chegamos as notícias não foram bem o que esperamos. Ela ainda estava sendo atendida e ninguém sabia nos informar a situação dela, ou seja, sala de espera. Rose olhava para mim solidária e eu só sabia observar Edward, que estava agora num total desespero pelas inúmeras possibilidades.

– Você precisa um dia entender que nada disso é culpa sua. – Emmett quebrou o silêncio. Edward levantou a cabeça e o encarou e eu e Rose recuamos com aquele olhar dele de raiva.

– ISSO É MINHA CULPA! MINHA CULPA EMMETT E NADA DO QUE DIGA VAI MUDAR ISSO!

Emmett não se assustou como eu e Rose.

– Você só pensa no que fez e não nas decisões que ela mesma tomou todos esses anos Edward, Victória escolheu por diversas vezes esse caminho sozinha mesmo depois de anos e anos com você atrás dela, tentando ajuda-la.

– ELA É SÓ UMA VÍTIMA!

E então eu quis chorar. Foi um soco em mim aquilo. Só que engoli minha vontade e olhei para os lados procurando uma saída estratégica. Rose me abraçou e eu não chorei, não era hora para os meus dramas eu lidaria com eles depois.

– Vítima Edward? – Emmett perguntou sarcástico – Você pelo que sei nunca ofereceu nada a ela, ela quis e quem me diz que se não fosse com você não seria com outra pessoa? Explica-me Edward como a culpa é sua dela ter um traficante particular...

– Luke é namorado dela e viciados procuram quem apoie seus vícios Emmett, ele é só uma maneira dela manter o vício, isso é quase inconsciente! Pelo amor de Deus ela está doente!

Uma vez eu li que a própria consciência é o mais feroz acusador da culpa, essa mesma frase foi usada no julgamento do homem que acidentalmente matou meus pais. Ele tinha brigado com a esposa, parado num bar bebido todas para aliviar. Na volta ele teimou em dirigir bêbado e ninguém conseguiu fazê-lo desistir daquilo. O resultado: meus pais mortos e ele vivo. O homem que era um cidadão exemplar, líder de um grupo de jovens que gostavam de jogar basquete e pai de uma família muito bonita tentou se matar na cadeia porque para ele o que ele fez não tinha perdão. Ele destruiu a minha vida e de meu irmão segundo ele. Era a culpa e o remorso juntos. James descobriu que ele se separou da esposa, voltou a morar com os pais e vive a base de remédios antidepressivos. Era a culpa. Edward sentia a culpa.

– Ela é doente, você tentou e ela se negou. O que aconteceu hoje não tem nada com você.... Edward não a deixe estragar sua vida novamente...

A súplica de Emmett poderia ser comparada a qualquer uma que Esme faria ou até mesmo eu, só que estava muda e anestesiada demais para expressar qualquer coisa, o médico chegou quebrando o clima.

– Acompanhantes de Victória.

Edward foi até ele num pulo. Eu somente observava.

– O que ela teve... como está?

– O senhor é...

– Edward Cullen, amigo.

– Bom senhor Cullen ela teve uma overdose provavelmente causada pela mistura de substâncias, o exame de sangue detectou algumas, mas o senhor sabe o que ela usa especificamente?

– Cocaína... Extasy, um pouco de maconha, com certeza ela exagerou...

– Exagerar é um termo um pouco leve nesse caso, estamos trabalhando com ideia de uma tentativa de suicídio. – ele afirmou – O senhor sabe há quanto tempo ela usa esse tipo de drogas?

– Há anos.... – Edward estava agora no modo automático. Suicídio... isso não me convencia nem um pouco.

– Se ela usa isso há anos é possível que ela tenha feito isso?

– Sim.

– Sr. Cullen vou pedir para uma psiquiatra avaliar o caso dela, mas só posso liberar ela com algumas recomendações, ela é uma viciada e possível suicida o que torna a presença da família obrigatória.

– Os pais dela não falam com ela há anos. – ele respondeu.

– Bom, o senhor vai precisar se responsabilizar por que...

– Edward isso é insano. – Rose se manifestou. – Victória...

– NÃO VOU LARGAR ELA AQUI! – ele gritou com ela e eu voltei a mim, um pouco mais triste, um pouco mais arrasada, um pouco mais consciente da situação. Engoli seco enquanto o médico respondia algumas perguntas dele e dizia que ela teria alta mais tarde, só precisaria ser reavaliada daqui a algumas horas, Edward disse que iria cuidar dela e que ela poderia negar uma reabilitação mesmo depois da possível quase morte.

O médico saiu e então era minha vez.

–Edward ela sempre tem overdoses?

– Não... é incomum, ela conhece bem os seus limites... ela tentou se matar...

– Edward o que você acha que a levou a isso?

– Eu não sei... sinceramente....

– Ela disse que estaria com você hoje. Ela disse para mim que você era dela e que ela teria você de volta. - cuspi as coisas no pior momento.

– O QUÊ? – Ele gritou e olhou incrédulo para mim – Victória....

– Ela fez isso de propósito, ela fez porque sabia que só assim chamaria sua atenção.

Então Emmett cerrou os punhos.

– Vaca! – Rose gritou - Foi na hora que Alice voltou na mesa não? Ela contou que te deixou na porta do banheiro...

– Sim, Edward ela fez de propósito.

Eu queria tanto que ele acreditasse em mim, tanto que ele não me olhasse tão frio e distante como agora e que ele aceitasse o fato de que a Victória que ele pintou em sua mente não existia ou que ela em algum momento morreu, só que não.

– Você é tão louca de ciúmes que não consegue enxergar que uma pessoa que eu causei a destruição está sozinha sem ninguém e que tentou se matar?

Ciúmes? Quase ri com aquilo. E foi o que fiz gargalhei na cara dele.

– EDWARD VOCÊ É PATÉTICO! O SER MAIS PATÉTICO QUE JA CONHECI EM TODA MINHA VIDA! CIÚMES? JURA?

– Isabella se controle!

– NÃO VOU! E SABE DE UMA COISA? MORRA COM SUA CULPA EDWARD!

– Você não sabe de nada! – ele disse ou gritou. Eu sabia que sua voz não estava mais baixa que a minha com certeza.

– Ah... – disse sarcasticamente – Não sei? Eu sei muito mais que você e vou te contar uma coisa. Sabe para quê ela te quer? Para conseguir drogas o resto da sua curta vida, porque vamos combinar pobre você não é e se ela conseguisse te convencer que vai mudar agora seria perfeito não? Sua culpa junto com a redenção dela e você iludido COM ELA! COM ELA! PÁRA DE SER CACHORRINHO DELA E SAIR CORRENDO TODA VEZ QUE ELA FAZ MERDA E ELA VAI PARAR COM ISSO! Se matar... Francamente... QUERIA QUE ELA ESTIVESSE NO INFERNO!

Eu soltei tudo e Edward me olhou horrorizado. Olhei para Rose que se matinha do meu lado. Merda eu falava demais.

– Ela pode ter razão... – Emmett disse.

– VICTÓRIA NÃO É ESSE MONSTRO QUE O CIÚMES DE BELLA PINTOU!

– Não é? Quem deu as campanhas mais lucrativas para ela? – Rose perguntou – Quem nesses anos todos larga tudo e a socorre quando ela precisa? Ou está sem condições de trabalhar?

Edward parecia não se convencer de nada do que dizíamos e para melhorar a situação alguém entrou correndo e desesperado na sala de espera. Era um homem bonito, cabelos pretos, porte atlético e vestia uma roupa que exalava a dinheiro.

– Onde ela está... onde ela...

Edward não esperou e avançou nele. Socos e pontapés nele. Uma violência gratuita a quem? Então Emmett e mais dois enfermeiros separaram eles, o homem sangrava muito e Edward estava todo desalinhado.

– Se afaste dela seu desgraçado! – Edward gritava a todo pulmão.

– ELA ESTÁ AQUI POR SUA CULPA SEU DESGRAÇADO.

Luke. Aquele era o namorado viciado. Viciados agora poderiam ser bonitos? Que porra de mundo era esse?

– A CULPA É SUA SEU DESGRAÇADO.

E mesmo sendo segurado por Emmett e outro enfermeiro Edward conseguiu se desvencilhar e socar Luke mais uma vez. Quando a segurança chegou Luke obviamente foi retirado e Edward atendido. Dinheiro em certas horas era tudo e mais um pouco. Eu estava cansada e sinceramente esgotada daquilo.

– Vou para casa. – disse o vendo ser atendido por um médico. Luke conseguiu acertar bem o rosto dele dessa vez. Bem feito. Deveria ter quebrado alguma coisa.

– Vá para...

– Vou para casa dos seus pais Edward, Rose me levará.

– Bella...

– Vá para o inferno com Victória Edward, vocês se merecem.

E então eu saí do hospital cansado demais para pensar em alguma coisa plausível ou analisar os últimos acontecimentos.

http://www.vagalume.com.br/amy-winehouse/back-to-black-traducao.html