1 - AS LIDERES DE TORCIDA

– Filha! – Despreguei os olhos com preguiça olhando o relógio da cômoda – São seis horas! Levante-se e troque de roupa!

Minha mãe parecia aborrecida, então decidi fazer o que ela disse, e bem rápido. Após o banho, sento-me a mesa remexendo a comida do prato.

– May! Você vai se atrasar! – Ela puxou-me da cadeira e me jogou uma mochila – Leva isso e dessa para o ônibus.

Que dia... Primeiro dia de aula do ano... Hunft, eu preferia que não houvesse aulas, ficar com um grupo de pessoas estúpidas me deixa péssima. Ao longe avistei um enorme ônibus amarelo, de preto tinha escrito ao lado: Escolar. Deve ser esse mesmo. Subi e sentei-me o mais longe possível dos demais, uma garota loira fitava-me dos pés a cabeça, a garota ruiva ao seu lado fazia o mesmo. Olhavam minha jaqueta e meus sapatos All Star, tive vontade de perguntar se perdeu alguma coisa, mas sou tímida demais pra isso.

– Hey garota, primeiro ano na nossa escola? – Fitei-as com raiva, mas não disse nada – O que foi baixinha? Algum problema? Ou sua palidez anêmica te impede de falar?

– Sim é meu primeiro ano, e não, não sou anêmica. – Ambas se entreolharam rindo.

– Acho que seu cabelo tem uma cor legal... Devia aproveita-lo ao invés de deixar esses fios sobre o rosto. Oque é isso Sandra?

– Não faço a mínima ideia Beth. Talvez ela seja pobre e não possa cuidar do cabelo.

Desviei o olhar, o motorista parara em frente a uma enorme construção, com brasões verdes e brancos que se espalhavam na entrada, o pátio era florido. Acho um lugar muito... Claro. Empurrei Beth e Sandra descendo as escadas do ônibus e dirigindo-me ao colégio.

– Bem vinda! – Um rapaz moreno e alto sorria para as crianças novatas – Dirijam-se as suas salas! A Academia Boa-Vida agradece sua presença!

Revirei os olhos. Ah, qual é? Quanto eles pagam para um garoto falar isso para um bando de pirralhos perdidos? De qualquer forma, fui a minha sala procurando nomes nas portas. Lá estava: May Di Angelo, Entrei.

– Abaixa!!! – Gritaram a minha direita. Pulei no chão quando sobre milha cabeça, passou raspando uma cadeira. – Aí Loirinha, tenha mais cuidado!

Como assim, um grupo de loucos me ataca com uma cadeira e eu tenho que ter cuidado? E loirinha? Dá um tempo né? Meu cabelo é castanho. Sentei-me o mais atrás possível, quando uma mulher entrou na sala.

– Bom Dia alunos adoráveis, como vai o primeiro dia de aula? – Ela era branca e tinha dentes amarelados, cabelos cinza, seu tom era evidentemente irônico. Tive vontade de gritar: Péssimo. – Apontarei para vocês e me dirão nome e idade, a propósito, sou a: – Dirigia-se ao quadro com um pilot, então escreveu bem grande: Srta. Juliana – Lembrem-se pestes, é Srta, porque não sou casada.

Isso era meio óbvio, mas quem foi a primeira a ser chamada? Eu, é claro.

– May Di Ângelo, treze anos. – Todos fitaram-me como se nunca tivessem visto uma novata no mundo.

– Prazer Srta. Di Ângelo, espero que se divirta, muito. – Um calafrio percorreu meu corpo – E você se chama? – Ao sermos apresentados, ela começou a falar sobre geografia, que ótimo.

Fiz algumas anotações em meu caderno. Quando o sinal tocou, como búfalos, correram derrubando tudo no chão. Fui logo atrás, mas andando calmamente.

Era uma escola normal, aparentemente, nada de estranho. Andei por aí aproveitando o intervalo. De repente, uma porta velha e suja se abriu, de lá saíram garras que me puxaram para dentro numa fração de segundos. Fechei os olhos esperando ter uma morte rápida e indolor. Senti mãos passando pelo meu corpo e tirando minhas roupas. Abri os olhos. É o Fim...