Durante a noite no refeitório, a tensão estava no ar. Os semideuses cochichavam sobre o acontedimento do dia anterior. Boatos sobre Percy e Clarisse começaram a rondar pelo acampamento meio sangue, porém evidentemente os dois fingiram ouvir nada.

Clarisse havia guiado todos até o pavilhão, ignorando os olhares maliciosos que seus meio irmãos lançavam à ela. Ou senão, ela sairia no soco com alguns deles ou até mesmo mataria.

Como Percy era o único filho de Poseidon, ele caminhava direto ao refeitório solitário e com passos lentos. Pensara o que havia ocorrido horas átras, tentava afugentar esses pensamentos, mas sempre que alguém lhe olhava estranho ou com um pouco de malícia no olhar, não tinha como não pensar naquilo tudo.

Assim que chegou a sua mesa, um silêncio pairou no ar. Ele ouviu alguém dizer "safado" e algumas risadas ecoaram o refeitório. Ignorou na hora, tentou não olhar na direção da ruiva, pois sabia que ela estava constrangida e provavelmente, iria descontar tudo na cara dele. Preferiu fingir que nada aconteceu.

Sentou-se e uma ninfa havia trazido hambúrguer e mais alguns aperitivos. Seu copo se encheu de refrigerante azul, e seus olhos brilharam. Pensara o quanto estava com saudades de tudo aquilo e que realmente tinha feito muita falta em sua vida. Sua vida era meio vazia, isso ele não podia negar.

Deu uma observada no pessoal que se encontrava por alí. Sem querer acabou encontrando os olhos da filha de Ares, ficou surpreso por ela estar o encarando. Logo que Clarisse reparou que o secava desviou o olhar. Ela torcera para que seu rosto não estivesse vermelho, porque por dentro a vergonha era imensa.

– Humm Clarisse apaixonada. - zombou um de seus irmãos que sentara ao seu lado.

Quando ouviu essas palavras, a raiva tomou de seu semblante e sem pensar duas vezes, deu um soco de gancho no queixo do adolescente robusto.

– Qual é o seu problema?. - gritou irritado chamando a atenção de todos os semideuses.

– Você é o meu problema, cale a sua maldita boca!. Ou senão te arrebento e enfio minha adaga no seu peito. - rosnou irritada.

Ao ver que todos lhe encaravam, saiu pisando duro e amaldiçoando todos.
O filho de Poseidon sentiu um pouco de raiva do cara que havia levado o soco, por ele, teria levado um soco da Clarisse e dele mesmo pra largar mão de ser intrometido.

Encarou seu hambúrguer se sentindo meio mal por tudo aquilo, não queria causar problema logo com sua chegada. Estava feliz por ter voltado, porém algo estava diferente, faltava algo e não sabia o que era. Percebeu que Annabeth aumentara a voz, era pra chamar a atenção dele, será?. Provavelmente não.

Começou a comer não querendo mais saber de nada.

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Perto da arena, Clarisse caminhava indignada. Porque todos agora começaram com essa besteira de achar que eu e aquele...aquele... filho de peixe temos algo?. Pensou e acabou lembrando da cena em que ele tivera "compaixão" com ela. Revirou os olhos e se encostou em uma árvore de braços cruzados.

Se sentia sozinha outra vez, como sempre. Era como se tivesse um buraco em seu peito que nunca era preenchido, mas quando via o recém-chegado seu coração dava uma acelerada e se sentia estranha. Tentou afastar esse pensamento mais uma vez.

Deixou se deslizar até se sentar na grama coberta pela escuridão da noite.

Respirou fundo e fechou os olhos, encostando a testa entre as mãos, seus braços estavam apoiados em suas coxas. Só queria ficar um tempo sem pensar, queria esquecer um pouco, na verdade queria esquecer absolutamente tudo.

Algumas horas se passaram, e ela permanecera imóvel e do mesmo jeito em que se encontrava horas atras. Ouviu alguns passos se aproximando, mas nem se importou. Percebeu alguém encostar na árvore ao seu lado.

– Que surpresa. - reconhecera a voz grave.

– Sai daqui. - imediatamente tentou expulsar o semideus, permanecendo do mesmo jeito.

O homem a observou com seus olhos verdes, se sentindo um pouco atraído pela sua teimosia.

– Desculpa...

Aquilo chamara a atenção da semideusa. Clarisse levantou a cabeça, porém não conseguiu olhar diretamente pra ele, algo a impedia.

– Desculpa pelo o que?. - perguntou um pouco grossa.

Percy suspirou e olhou pra lua que se destacava no céu. O vento era refrescante, estava muito calmo.

– Por tudo. - a culpa tomara conta dele.

– Do que diabos você está falando?. - ela virou pra encara-lo com o rosto sério.

– Clarisse... eu fiz falta pra vocês?. Fiz falta pra você?. - ele virou o rosto olhando em seus olhos castanhos.

Aquela pergunta pegou-a desprevenida, novamente seu coração se acelerou. Percebeu uma certa tristeza naquela pergunta, ela não conseguia parar de olha-lo, ele era tão... perfeito. Era isso que a deixava irritada, como ele conseguia fazer isso?. Não era normal ela se sentir desse jeito.

– Esse tipo de pergunta não sou eu que respondo. - se lembrou da antiga namorada dele. - Pergunte pra sua ex-namorada, a garota que está louca pra te pegar de novo.

– Annabeth?. Eu e ela não temos mais nada. - ele respondeu com um meio sorriso. - Está com ciúmes?.

A respiração de Clarisse falhou e ela quase engasgou. Tentou desfarçar o constrangimento, desde quando ela deixava ele a debochar dessa maneira?.

– Olha aqui seu... - algo a fez parar de falar.

Assim que virou, sentiu seus lábios sendo colados com a de Percy. Ele colocara uma de suas mãos na nuca da ruiva, pressionando mais a boca contra o dela. A filha de Ares se sentira nas nuvens, o beijo era calmo até que ela abriu mais a boca dando brecha pra ele trançar a língua com a dela.

Percy se sentia completo, depois de muitos anos. Fez com que o beijo ficasse cada vez mais quente. Clarisse não pensava em nada, até que algo no seu consciênte a fez despertar. O que eu estou fazendo?. Ele só quer me beijar e pular fora. Pensou abrindo os olhos.

Imediatamente, o empurrou. A raiva subiu a sua cabeça, ele a encarou incrédulo.

– O que você pensa que está fazendo?. - Clarisse se levantou nervosa.

– Nem vem com essa!. Você gostou. - riu divertido, logo que viu seu rosto vermelho.

– Seu idiota!. - deu um soco no rosto de Percy.

Ele gemeu de dor, agora sim ele também havia ficado irritado.

– Porque fez isso?. - perguntou nervoso.

– Porque sim!. - gritou. - Idiota!.

Ela apenas deu as costas e saiu fungando.

Quando ela sumiu de sua vista, ele sorriu. Apesar de ter levado um soco, se sentiu bem por ter feito aquilo e sentiu algo a mais. Sabia que precisava lutar.