O Caminho Da Liberdade escrita por keell


Capítulo 2
A culpa da morte


Notas iniciais do capítulo

Antonio não conseguia se recuperar da morte da esposa, vivia triste e deprimido e começou a sofrer as consequências tanto no trabalho quanto dentro da própria casa.



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O tempo foi passando e Antonio não conseguia sair do luto, mesmo depois de quase um ano desde o falecimento de Vera ele ainda andava triste, cabisbaixo, chorava pelos cantos, mas nunca deixou que faltasse nada dentro de casa. Tinha um amor sem fronteiras pelo filho, Guilherme, mas não conseguia sentir o mesmo por Priscila. Nesse tempo todo foram suas irmãs, Maria e Luzia quem estavam cuidando da menina, mas de Guilherme ele fazia questão de cuidar, de prestar atenção, de amar.

Antonio era tão ausente na vida de Priscila, que ela já estava aprendendo a falar, e sempre o chamava pelo nome, não tinha o costume de chamá-lo de papai, como Guilherme fazia. Por outro lado, Maria e Luzia não deixavam faltar amor pra pequenina, que estava cada dia maior. Priscila se parecia muito com Vera fisicamente, mas o temperamento forte era do pai, isso sem sombra de dúvidas, o contrário de Guilherme que se parecia bastante com o pai fisicamente.

Antonio trabalhava em um escritório de contabilidade, e já havia tempo que o serviço não rendia, seu patrão já havia se reunido com ele milhares de vezes para alertá-lo e tentar reanimá-lo, pois ele era um bom funcionário, mas como estava faltando com a empresa ele estava sendo ameaçado de demissão. Todas as vezes prometia mudar e melhorar, mas não conseguia se erguer novamente.

Um certo dia, Antonio chegou em casa cansado do trabalho, guardou o carro na garagem como tinha o costume de fazer, abriu a porta, colocou sua maleta em um sofá, passou direto para a cozinha, pegou uma cerveja que estava na geladeira e foi pra sala, ligou a televisão, tirou os sapatos, relaxou no sofá e dali ouviu os passos do filho que corria em sua direção:

_ Papai! Papai! O senhor já chegou. – disse Guilherme correndo e pulando nos braços do pai que o acolheu, deu-lhe um abraço e um beijo na testa como fazia todos os dias.

_ Sim filhão, já estou em casa. E você ate agora não tomou banho não é seu porquinho. – disse enquanto fazia cócegas no menino que gargalhava de alegria.

Antonio só se sentia vivo e feliz quando estava com o filho, ele praticamente voltava a ser criança. Os dois se davam muito bem e mesmo quando Guilherme fazia suas travessuras, Antonio nunca havia levantado a mão, nem tão pouco alterado a voz com o menino.

Enquanto os dois se divertiam, Maria se aproximou e disse:

_ Já pararam com essa bagunça! O jantar já está quase pronto, podem ir tomar o banho e se aprontar. Ei mocinho, eu estou falando com você.

_ Oh tia Maria, o meu pai não me deixa sair. – dizia o menino se acabando de tanto rir.

_ Então eu vou te soltar, e você vai direto pro banho e depois vamos jantar ok?

E assim foi feito, Guilherme foi para o banheiro, seguido de Antonio que foi auxiliá-lo no banho, Maria foi terminar o jantar, Luzia lia um livro no quarto de Priscila que dormia como um anjo, enquanto o jantar não estava pronto. Ao terminar de dar o banho no filho, Antonio vestiu a roupa no menino e o levou pra cozinha:

_ Filhão, o papai vai tomar banho agora, fique aqui com a tia Maria e ajude-a no jantar, sem fazer bagunças ok?

_ Tudo bem papai, não demore.

Enquanto ele ia para o quarto para pegar a toalha, passou pelo quarto de Priscila e notou a luz acesa, cumprimentou Luzia da porta mesmo e deu as costas.

_ Antonio! Você não vai dar um beijo em sua filha?

_ Luzia, a menina está dormindo, não quero acordá-la. Depois ela vai chorar a noite toda e ficar incomodando.

Ele disse isso de costas para a irmã, e saiu em direção ao seu quarto. Pegou o que necessitava para o banho, foi para o banheiro, fechou a porta e despiu-se. Ficou alguns instantes se olhando no espelho, pensando em como sua vida havia mudado desde que tudo aconteceu, em como tudo estaria diferente se Vera ainda estivesse viva.

Ao sair do banho, o homem se vestiu e foi para a sala de jantar. Lá ele encontrou com suas irmãs e seu filho que ao vê-lo já ficou agitado. Antonio perguntou por Priscila e sua irmã disse que ela continuava dormindo e que ela iria jantar primeiro antes de preparar a papinha da menina.

Estavam todos jantando tranquilamente, Guilherme estava aprendendo a comer sem a ajuda das tias e se empolgava todas as vezes que conseguia levar a colher na boca sem entornar a comida. “Papai! Olha, consegui denovo.” E o pai orgulhoso, parabenizava o filho e acariciava seus cabelos.

Terminado o jantar, Maria começou a retirar a mesa e pediu para que não se levantassem que ela iria trazer a sobremesa. Ela foi ate a cozinha e voltou com sorvete de flocos, o preferido de Antonio, e de Guilherme também.

_ Oba, sorvete papai!

_ Sim Guilherme, comprei pra vocês, mas não vão comer tudo de uma só vez hein. – disse Maria, servindo-os enquanto Luzia encarava o irmão.

_ O que foi Luzia? Ficou me olhando o jantar inteiro. Quer me falar algo? – Antonio perguntou a irmã.

_Sim meu irmão. – disse Luzia, que se levantou da mesa, pegou um pedaço de papel que estava em cima da escrivaninha e começou a explicar. _ Faltam duas semanas para o aniversário da Priscila e Maria e eu queremos festejar, dê uma olhada no rascunho que fizemos do que será preciso.

_ Você só pode estar brincando Luzia. Vocês duas querem fazer uma festinha no dia da morte da Vera? – a expressão em seu rosto já havia mudado, e Antonio foi ficando nervoso.

_ Calma Antonio, vamos sim fazer uma festa para comemorar o aniversario da menina, porque não? Com certeza é isso que Vera faria.

_ Mas a Vera não está mais aqui! Ela não está mais entre nós e nunca mais estará. A Vera morreu Luzia, e infelizmente no mesmo dia que a menina nasceu.

_ A menina como você a chama Antonio tem nome, ela se chama Priscila e é sua filha.

_ Não vai haver festa Luzia, a menina nem sabe o que é isso, é um gasto totalmente desnecessário.

_ Mas o Guilherme teve festa Antonio, todos os anos ele tem...

_ É diferente demais Luzia, e você sabe disso!

_ Não sei de nada, me explica que diferença é essa que você vê Antonio, não é possível que a menina não vai poder ter nunca uma festa de aniversário só porque ela teve a infelicidade de nascer no mesmo dia em que a mãe dela morreu e...

_ Eu já disse que NÃÃÃÃOOOO e não se fala mais nisso. – finalizou a conversa gritando, deu as costas e saiu.

O menino assustado começou a chorar, e logo foi acolhido pela tia Maria que o pegou nos braços, e tentou acalmá-lo. Luzia indignada, não conseguia se conformar com a maneira que o pai tratava a filha, mas não conseguia encontrar uma solução. Era notável que o Antonio doce, meigo, carinhoso, atencioso já não era mais o mesmo desde a morte da esposa.

Com a agitação Priscila acordou e começou a chorar bem na hora que Antonio passava pelo seu quarto, ele parou em frente a porta, colocou a cabeça dentro do quarto, olhou a menina chorando e lembrou mais uma vez da esposa, e dos planos que eles fizeram juntos, e dos sonhos que eles sonhavam juntos, do futuro que eles haviam planejado juntos e de como aquele ser pequenino e indefeso pôde estragar tudo. Com os olhos lacrimejando, ele bateu a porta do quarto da menina e se trancou em seu quarto.

Luzia mais que depressa foi até o quarto da sobrinha, tomou-a nos braços e conseguiu aos poucos acalmá-la, depois levou a menina para a sala de jantar e deu papinha pra ela. Em seguida deu um banho, trocou as fraudas e tentou fazer com que ela adormecesse novamente.

Um clima pesado se fez presente na casa durante aquela noite, mas Luzia não desistiu da idéia de festejar o aniversario da sobrinha que tanto amava. Para ela, Antonio teria que mudar de idéia, teria que aceitar a morte da esposa, teria que voltar a ser o homem que era antes, e principalmente, teria que aceitar Priscila como sua filha.


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Notas finais do capítulo

O clima ja começa a esquentar hein galera, espero que tenham gostado desse capítulo.
Sugestões, reclamações, criticas? Podem falar, sou todo ouvidos!



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