O Caminho Da Liberdade escrita por keell


Capítulo 1
O inicio do fim


Notas iniciais do capítulo

Antonio é casado com Vera e com ela tem dois filhos, Guilherme e Priscila. Nesse capítulo acontece muita coisa, a historia ja começa a se desenrolar desde o inicio. Essa historia vai marcar a minha volta a este site, eu espero sinceramente que vcs gostem e principalmente que indiquem pra outras pessoas.
Boa leitura e obrigado.



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Estamos em 31 de Agosto de 1992, no 5º andar do Hospital Nossa Senhora da Conceição, na sala 3 nasceu o primeiro filho de Antonio e Vera, o menino era forte, saudável, nasceu com 52 centímetros e 3.200kg. Os pais o chamaram de Guilherme. O bebê foi muito esperado pelo casal e por toda a família, era o primogênito, amado por todos, e irradiava saúde e alegria.

Dois anos mais tarde, no dia 07 de Outubro de 1994 as 12:34 p.m. Vera entra em trabalho de parto novamente, só que pra dar a luz a uma menina, Priscila. Todos estavam muito esperançosos, mesmo sabendo que a gravidez era de risco. Vera estava sendo atendida pelo mesmo médico que fizera seu primeiro parto, eles entraram para a sala de parto e um silencio se fez presente por quase 15 minutos na sala de espera, até que o menino, já com 02 aninhos de idade, que estava dormindo no carrinho junto com sua madrinha acordou e chorou. Foi uma boa distração pra Antonio, que amava muito aquela criança. O pai deu a ele a mamadeira e depois o colocou no chão, pois o menino já sabia andar sozinho, e ficou brincando com seu carrinho de brinquedo, enquanto o resto da família o admirava.

Antonio se distraiu tanto com o filho que não se deu conta que já havia se passado uma hora e meia desde que a esposa entrou, de repente o médico abre a porta meio aflito, e vai em direção a ele:

_ Senhor Antônio, preciso falar com o senhor em particular.

_ Como está minha mulher doutor? – diz o marido nervoso.

_ Pode me acompanhar por favor?

Os dois vão ate um corredor vazio e só então o medico explica a situação:

_ Olha Senhor Antonio, a gravidez da sua esposa é de risco, e chegou a uma situação crítica, não vai ter como sobreviver as duas e...

Antes mesmo do médico concluir a explicação, Antonio o interrompe com os olhos cheios de lágrimas e diz:

_Salve a minha mulher doutor, se tiver de salvar alguém salve a minha mulher, por favor.

_ Eu vou fazer o que posso Senhor Antonio, vou tentar de todas as maneiras salvar as duas. - E saiu as pressas de volta pra sala de parto enquanto Antonio dava a noticia pra suas duas irmãs (Maria e Luzia) que o aguardavam.

Passaram mais algumas horas, o médico sai da sala meio cabisbaixo, a família toda de pé aguardando notícias quando o médico resolve falar:

_ É uma linda menina!

As irmãs se abraçaram e deram um grito enorme de felicidade enquanto Antonio com os olhos bem abertos, uma expressão medonha no rosto, com medo de perguntar mexe os lábios devagar:

_ E a Vera doutor?

_ Senhores, eu fiz o que pude, e infelizmente a Vera não resistiu ao parto e faleceu as 15:45, se eu não optasse pela menina nós perderíamos as duas.

O doutor deu um abraço em Antonio que permaneceu imóvel durante uns 20 minutos, sem expressão no rosto. Maria e Luzia já não sabiam o que fazer, até que a enfermeira disse que poderiam entrar para ver a recém nascida. Luzia pegou na mão de Antonio tentando-o colocar de pé e tentando animá-lo para ver sua filhinha, enquanto Maria segurava Guilherme nos braços.

_ Eu não quero entrar agora. – disse Antonio ainda em estado de choque, mas começando a voltar a si.

_ Vamos conhecer sua filha, é isso que a Vera iria querer se estivesse aqui. – disse Maria, a irmã mais velha.

_ Vera... Vera... eu quero vê-la. – e finalmente as lágrimas rolaram com força no rosto marcado pelo sol daquele homem forte, branco, com a barba por fazer que ficara viúvo aos 31 anos de idade. _ Eu quero ver ela, me leve ate a Vera.- dizia já com a voz alterada, desesperado e indo em direção a sala de parto.

Guilherme se assustou com a agitação, não entendia o que estava acontecendo, e por conseqüência começou a chorar também. As enfermeiras tentavam acalmar Antonio de todas as formas, até que uma disse que estavam terminando de preparar sua esposa, e que dentro de poucos instantes ele poderia vê-la. Foi quando ele se encostou na parede, abaixou colocando o peito nos joelhos, e ficou ali enquanto Maria e Luzia decidiram ir ver a sobrinha recém nascida, juntamente com Guilherme que já estava mais calmo.

A menina estava na incubadora, pois não nasceu tão saudável quanto o irmão e precisaria ficar ali por mais alguns dias até que ficasse melhor. De longe as tias a admiravam, enquanto Guilherme tentava entender o que é que estava acontecendo. Com os olhos lacrimejando as tias a abençoou de longe, Maria segurava Guilherme firme nos braços e pareceu mágico o momento em que o pequenino avistou sua irmãzinha frágil naquele berço improvisado. Ele sorriu e abriu os braços em direção a ela que permanecera imóvel até aquele instante, mas mesmo de olhos fechados levantou devagar um dos bracinhos, a cena foi emocionante e deu a impressão que eles já se conheciam, ou que estavam se reencontrando depois de muito tempo.

                                   ~.~

Enquanto isso as enfermeiras levaram Antonio até a sala onde Vera estava, chorando muito ele finalmente a viu, pegou em sua mão e começou a conversar com ela:

_ Meu bem... acorde! Vamos para casa. Você descansa em nosso quarto e quando você tiver boa a gente vai fazer uma viagem longa com o nosso pequenino. Vou tirar férias do meu trabalho e vamos pra onde você quiser ir. Vamos amor, levanta. – um silencio se fez enquanto ele a olhava de cima embaixo pra continuar falando. – o que Vera, você não consegue se levantar? Eu te pego no colo, eu te levo pra casa. – Antonio então tentou pegar a mulher nos braços para levantá-la, mas dois enfermeiros entraram na sala para impedi-lo e tirá-lo dali. Aos prantos o homem deixou a sala contra a sua vontade gritando para a esposa:

_Vera! Vera pelo amor de Deus, não me deixa não! Fica comigo Vera, eu preciso de você. Eu não sei viver sem você Vera. Veeeeraaaaa! Me soltem, eu quero ficar com ela, me deixem ficar com ela, me deixem ficar com a minha Vera, me soltem.

Ouvindo o alvoroço, Luzia vai ver o que está acontecendo com o irmão. Ao encontrá-lo desesperado, sem rumo no hospital, ela o abraça forte, começa a chorar também e tenta alertá-lo.

_ Irmão, eu sei que é difícil, é um momento delicado demais, mas precisamos ser fortes, principalmente você, seus filhos precisam de você. O Guilherme precisa de você e a Priscila precisa de você forte, pra ajudá-la a ficar boa logo. Ela é linda, se parece muito com você, vamos la conhecê-la?

_ Eu não quero vê-la, eu não quero conhecê-la.

Luzia espantada não reconhece o irmão naquelas palavras.

_ O que é isso Antonio? Você não vai fugir das suas responsabilidades de pai. Sua filha precisa de você, você tem que registrá-la, tem que cuidar dela, tem que amá-la...

Antes mesmo que Luzia pudesse terminar sua linha de raciocínio, Antonio totalmente nervoso a interrompe aos berros:

_ Não peça pra eu amar o motivo da morte da minha mulher! É desumano, não tem como eu amá-la, ELA MATOU A VERA!

_ Pelo amor de Deus Antonio, não diga uma coisa dessas, ela não tem culpa de nada, ela é só um bebê. Você está completamente fora de si...

Interrompendo-a novamente, só que dessa vez sem gritar, Antonio responde:

_ Só me oriente o que fazer para registrá-la, vou fazer isso agora mesmo e ir pra casa com meu filho.

E assim foi feito, Antonio registrou Priscila, pegou Guilherme e foi pra casa junto com Maria enquanto Luzia ficou um pouco mais para pegar as informações de quando a sobrinha iria sair do hospital. Estava claro pras duas irmãs de Antonio que elas teriam que passar uma longa temporada na casa dele para ajudá-lo até que ele se reerguesse e voltasse a ser aquele homem que era antes de entrar no hospital aquele dia.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso, eu espero que tenham gostado. E como eu sempre digo, toda e qualquer sujestão que puderem me dar será muito bem vinda.
Por favor, comentem.
Muito obrigado.