Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 8
Perguntas e proposta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/343350/chapter/8

- Gin-chan, será que o Ginmaru-chan vai ficar bem? – Kagura perguntou.

- Acredito que sim. – Gintoki respondeu enquanto olhava o jovem através do vidro que os separava do quarto do hospital. – Até porque acho que ele vai querer fazer com que o pai dele lembre que tem um filho.

- Eu me pergunto por que deixam isso acontecer... – Shinpachi disse. – Essa coisa de oprimir as pessoas, sabe? Tudo bem que no nosso tempo já tem isso, mas não a esse ponto. E será que isso vem do atual shogunato?

- Se não viesse, com certeza o Shinsengumi já estaria investigando, Shinpachi.

- O Shinsengumi está “engessado”. – Katsura disse. – Eles sabem que há um carrasco para punir quem se nega a pagar os impostos que são exigidos. A única coisa que eles não sabem é a identidade real dele. Na verdade, apenas o alto escalão sabe disso, bem como um dos espiões.

- Como você soube disso, Katsura-san?

- Eu ouvi uma conversa entre os dois pares de óculos que comandam o Shinsengumi.

- Já ouvi o suficiente, Zura. – Gintoki disse e já se dirigiu para a porta. – Shinpachi, Kagura, vamos!

- Não é Zura, é Katsura.

- Fica de olho no moleque. Nós vamos ao Shinsengumi.

*

- Ei, cadê o Comandante Quatro-Olhos? – Gintoki perguntou a um dos homens que vigiavam a entrada do Shinsengumi.

- Está lá dentro. Mas apenas pessoas autorizadas podem entrar.

- Mas é um assunto vital! – Shinpachi disse.

- Muito vital mesmo! – Kagura emendou.

- Sem essa! São ordens expressas do Comandante!

- Shinpachi-kun – o Yorozuya cochichou. – Me lembre de te dar uma porrada quando você se tornar mais chato do que já é!

- Eu não sou chato! Só sou mais “certinho”!

- Nada disso, você é chato mesmo. – Kagura falou.

- Chata é você, que fica me azucrinando, e...

Shinpachi foi interrompido por Gintoki:

- Ô Shimura, por que não dá sua “carteirada”? – ele perguntou enquanto limpava o salão com o dedo mindinho.

- Que carteirada?

- Você esqueceu que é o comandante dessa joça? Não acredito que você esqueceu que é Shimura Shinpachi, Comandante do Shinsengumi!

- Comandante Shimura? – o homem do Shinsengumi perguntou. – Eu nem tinha te visto sair à paisana!

Nisso, a passagem foi liberada e o trio adentrou o QG sem maiores inconvenientes. O garoto de óculos tinha que admitir... Gintoki dera uma tacada de mestre!

- Ei, Comandante Quatro-Olhos! – o Yorozuya chamou. – Nós voltamos!

Em vez de aparecer o Comandante, apareceu o Vice-Comandante, que já disparou:

- Não tem como ser menos escandaloso, idiota?

- Não, não tem. – Gintoki respondeu. – Porque eu quero respostas. Tanto as suas como as do Shinpachi-kun desta época!

- Que tipo de respostas?

- Vou ser direto: Vocês do Shinsengumi sabiam que há um “carrasco” perambulando por aí? Vocês já sabiam há tempos da identidade desse sujeito, não sabiam? Sabiam que o “Carrasco” é o “Shiroyasha”, ou seja... Ele sou eu!

- De onde tirou isso, Yorozuya?

- Ele quase matou o próprio filho. Vocês deveriam prever que os dois se encontrariam mais cedo ou mais tarde! O Ginmaru já descobriu isso da pior forma possível e agora tá lá gravemente ferido!

O Comandante Shimura chegara momentos antes de Gintoki terminar de falar. O albino viu e não perdeu tempo:

- Ei, Comandante Quatro-Olhos, por que meu outro eu está agindo daquela forma? Por que vocês não falam nada? Perderam a língua por acaso?

Nem o Shinpachi mais velho e nem Hijikata responderam, causando um silêncio bastante incômodo no ambiente.

- ISSO TAMBÉM TÁ ME IRRITANDO! – Shinpachi berrou, por fim. – DESDE QUANDO EU ME TORNEI UM COMANDANTE BUNDÃO? POR QUE VOCÊS DOIS NÃO FALAM NADA, CARAMBA?

- FECHA ESSA MATRACA, MOLEQUE!! – o Comandante Shimura soltou sua cota de berros. – VOCÊS NÃO SABEM DE NADA!

- POR QUE VOCÊS DOIS NÃO SE COMPORTAM COMO HOMENS? – Hijikata também berrou apontando a katana desembainhada para os dois Shinpachis.

- Não sei por que eles acham que tudo se resolve berrando. – Kagura comentou enquanto limpava o nariz em perfeita sincronia com Gintoki, que fazia o mesmo.

- Vir ao Shinsengumi é tããããããão chato... – o ex-samurai fez cara de tédio enquanto jogava a caquinha do nariz para longe.

*

Passos abafados de pés descalços eram ouvidos pelo corredor. Passos hesitantes, que possivelmente eram de alguém que cambaleava. Katsura logo descobriu o dono das passadas.

- Aonde você pensa que vai, Ginmaru?

- Vou treinar, Zura... Eu preciso treinar, tenho uma revanche pela frente.

- Não desse jeito. – Katsura ignorou o erro de seu nome.

- Por quê?

- Porque você não tem condições pra isso.

- Quem diz se tenho condições ou não sou eu. Se eu quero vencer meu próprio pai, tenho que ser mais forte que ele. Se for pra vencer o Shiroyasha, eu preciso lutar como um novo Shiroyasha. Vai ser daqui a dois dias, então não tenho tempo a perder.

“Não pode fazer isso!”, Elizabeth apareceu e disse com uma placa, para depois virá-la e dizer: “Isso vai deixar seu pai preocupado.”

- O Shiroyasha não tá nem aí comigo.

- Elizabeth não está falando dele, Ginmaru. – Katsura afirmou. – Está falando do Gintoki que você trouxe do passado. Ninguém melhor que ele pra te ajudar a conseguir o que você quer. Ninguém melhor pra enfrentar Sakata Gintoki do que Sakata Gintoki.

- Aonde ele e os outros foram?

- Ao Shinsengumi. Foram atrás de respostas sobre o Shiroyasha.

- Eles não gostam de serviços inacabados, certo?

- Sim. Você sabe perfeitamente que sim. Se eles estão aqui pra te ajudar a encontrar seu pai desaparecido, eles não se importam em enfrentar o que for pra conseguir terminar o serviço... Não importa nem se o Gintoki que você trouxe tenha que enfrentar seu alter-ego deste tempo.

- Se isso acontecer, a vida de nós três vai estar em risco. A Tama sabe bem o que quero dizer. Esse paradoxo temporal é perigoso para nós, Sakatas. Principalmente se meu pai, a versão dele que eu trouxe, se meter numa batalha. Ele e o quatro-olhos.

*

- Então vocês sabiam o tempo todo sobre o Shiroyasha?

- Sim, Gin-san. – o Comandante Shimura respondeu. – Estávamos investigando sobre alguns assassinatos em série e descobrimos um esquema de cobrança no qual a pessoa tem confiscado 90% de qualquer ganho. As pessoas que se recusam a pagar esse tributo são executadas por um “carrasco”. Nós achávamos que eram golpistas, então continuamos a investigação. Com isso, Yamazaki-san se vestiu à paisana como isca. Eles chegaram e encontraram resistência. No dia seguinte, descobrimos a identidade do “carrasco”.

- E como vocês foram poupados?

- Yamazaki-san deu a carteirada na hora. Mas, em compensação, fomos obrigados a manter silêncio sobre o caso, por eles serem funcionários do governo, assim como nós.

- Yorozuya – Hijikata disse. – Aqui você é um assassino. Se o Shinsengumi tivesse como interferir, seu “eu” desta época seria um homem morto.

- Ele não seria capaz disso, Hijikata-san!! – o Yorozuya Shinpachi contestou. – O Gin-san não é um assassino!

- O Gin-chan não faria isso! – Kagura também partiu em defesa de Gintoki.

- Eu sei que não. – o Shimura mais velho concordou. – Mas não temos provas para inocentá-lo de uma possível acusação.

- Ele matou pessoas e quase matou o próprio filho. Como é que meu outro eu pôde decair tanto...?

*

Ginmaru estava de volta do hospital e, assim que chegou, deitou-se no sofá da sala. Teria que tomar cuidado com seu ferimento, mas não deixava de pensar na revanche. Encarava isso como uma chance de conseguir o que queria: vencer o Shiroyasha e conseguir trazer seu pai de volta.

Só estava ali porque conseguira burlar a vigilância de Katsura e Elizabeth, que, a essa altura, poderiam estar procurando o jovem até agora. Sorriu. Parece que Zura estava ficando “velho” demais pra ser um samurai.

Nisso, o telefone em cima da escrivaninha tocou. Ginmaru se levantou, levando a mão ao ferimento no abdome, que doeu devido ao movimento brusco que fizera. Atendeu:

- Alô? Sim, é a Yorozuya do Gin-chan, Ginmaru falando.

- Que tal antecipar a sua revanche para daqui a pouco? – a voz fria era reconhecidamente do Shiroyasha.

- Proposta muito tentadora, Shiroyasha! – o jovem sorriu. – No mesmo local?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!