Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata
- Gin-chan, será que o Ginmaru-chan vai ficar bem? – Kagura perguntou.
- Acredito que sim. – Gintoki respondeu enquanto olhava o jovem através do vidro que os separava do quarto do hospital. – Até porque acho que ele vai querer fazer com que o pai dele lembre que tem um filho.
- Eu me pergunto por que deixam isso acontecer... – Shinpachi disse. – Essa coisa de oprimir as pessoas, sabe? Tudo bem que no nosso tempo já tem isso, mas não a esse ponto. E será que isso vem do atual shogunato?
- Se não viesse, com certeza o Shinsengumi já estaria investigando, Shinpachi.
- O Shinsengumi está “engessado”. – Katsura disse. – Eles sabem que há um carrasco para punir quem se nega a pagar os impostos que são exigidos. A única coisa que eles não sabem é a identidade real dele. Na verdade, apenas o alto escalão sabe disso, bem como um dos espiões.
- Como você soube disso, Katsura-san?
- Eu ouvi uma conversa entre os dois pares de óculos que comandam o Shinsengumi.
- Já ouvi o suficiente, Zura. – Gintoki disse e já se dirigiu para a porta. – Shinpachi, Kagura, vamos!
- Não é Zura, é Katsura.
- Fica de olho no moleque. Nós vamos ao Shinsengumi.
*
- Ei, cadê o Comandante Quatro-Olhos? – Gintoki perguntou a um dos homens que vigiavam a entrada do Shinsengumi.
- Está lá dentro. Mas apenas pessoas autorizadas podem entrar.
- Mas é um assunto vital! – Shinpachi disse.
- Muito vital mesmo! – Kagura emendou.
- Sem essa! São ordens expressas do Comandante!
- Shinpachi-kun – o Yorozuya cochichou. – Me lembre de te dar uma porrada quando você se tornar mais chato do que já é!
- Eu não sou chato! Só sou mais “certinho”!
- Nada disso, você é chato mesmo. – Kagura falou.
- Chata é você, que fica me azucrinando, e...
Shinpachi foi interrompido por Gintoki:
- Ô Shimura, por que não dá sua “carteirada”? – ele perguntou enquanto limpava o salão com o dedo mindinho.
- Que carteirada?
- Você esqueceu que é o comandante dessa joça? Não acredito que você esqueceu que é Shimura Shinpachi, Comandante do Shinsengumi!
- Comandante Shimura? – o homem do Shinsengumi perguntou. – Eu nem tinha te visto sair à paisana!
Nisso, a passagem foi liberada e o trio adentrou o QG sem maiores inconvenientes. O garoto de óculos tinha que admitir... Gintoki dera uma tacada de mestre!
- Ei, Comandante Quatro-Olhos! – o Yorozuya chamou. – Nós voltamos!
Em vez de aparecer o Comandante, apareceu o Vice-Comandante, que já disparou:
- Não tem como ser menos escandaloso, idiota?
- Não, não tem. – Gintoki respondeu. – Porque eu quero respostas. Tanto as suas como as do Shinpachi-kun desta época!
- Que tipo de respostas?
- Vou ser direto: Vocês do Shinsengumi sabiam que há um “carrasco” perambulando por aí? Vocês já sabiam há tempos da identidade desse sujeito, não sabiam? Sabiam que o “Carrasco” é o “Shiroyasha”, ou seja... Ele sou eu!
- De onde tirou isso, Yorozuya?
- Ele quase matou o próprio filho. Vocês deveriam prever que os dois se encontrariam mais cedo ou mais tarde! O Ginmaru já descobriu isso da pior forma possível e agora tá lá gravemente ferido!
O Comandante Shimura chegara momentos antes de Gintoki terminar de falar. O albino viu e não perdeu tempo:
- Ei, Comandante Quatro-Olhos, por que meu outro eu está agindo daquela forma? Por que vocês não falam nada? Perderam a língua por acaso?
Nem o Shinpachi mais velho e nem Hijikata responderam, causando um silêncio bastante incômodo no ambiente.
- ISSO TAMBÉM TÁ ME IRRITANDO! – Shinpachi berrou, por fim. – DESDE QUANDO EU ME TORNEI UM COMANDANTE BUNDÃO? POR QUE VOCÊS DOIS NÃO FALAM NADA, CARAMBA?
- FECHA ESSA MATRACA, MOLEQUE!! – o Comandante Shimura soltou sua cota de berros. – VOCÊS NÃO SABEM DE NADA!
- POR QUE VOCÊS DOIS NÃO SE COMPORTAM COMO HOMENS? – Hijikata também berrou apontando a katana desembainhada para os dois Shinpachis.
- Não sei por que eles acham que tudo se resolve berrando. – Kagura comentou enquanto limpava o nariz em perfeita sincronia com Gintoki, que fazia o mesmo.
- Vir ao Shinsengumi é tããããããão chato... – o ex-samurai fez cara de tédio enquanto jogava a caquinha do nariz para longe.
*
Passos abafados de pés descalços eram ouvidos pelo corredor. Passos hesitantes, que possivelmente eram de alguém que cambaleava. Katsura logo descobriu o dono das passadas.
- Aonde você pensa que vai, Ginmaru?
- Vou treinar, Zura... Eu preciso treinar, tenho uma revanche pela frente.
- Não desse jeito. – Katsura ignorou o erro de seu nome.
- Por quê?
- Porque você não tem condições pra isso.
- Quem diz se tenho condições ou não sou eu. Se eu quero vencer meu próprio pai, tenho que ser mais forte que ele. Se for pra vencer o Shiroyasha, eu preciso lutar como um novo Shiroyasha. Vai ser daqui a dois dias, então não tenho tempo a perder.
“Não pode fazer isso!”, Elizabeth apareceu e disse com uma placa, para depois virá-la e dizer: “Isso vai deixar seu pai preocupado.”
- O Shiroyasha não tá nem aí comigo.
- Elizabeth não está falando dele, Ginmaru. – Katsura afirmou. – Está falando do Gintoki que você trouxe do passado. Ninguém melhor que ele pra te ajudar a conseguir o que você quer. Ninguém melhor pra enfrentar Sakata Gintoki do que Sakata Gintoki.
- Aonde ele e os outros foram?
- Ao Shinsengumi. Foram atrás de respostas sobre o Shiroyasha.
- Eles não gostam de serviços inacabados, certo?
- Sim. Você sabe perfeitamente que sim. Se eles estão aqui pra te ajudar a encontrar seu pai desaparecido, eles não se importam em enfrentar o que for pra conseguir terminar o serviço... Não importa nem se o Gintoki que você trouxe tenha que enfrentar seu alter-ego deste tempo.
- Se isso acontecer, a vida de nós três vai estar em risco. A Tama sabe bem o que quero dizer. Esse paradoxo temporal é perigoso para nós, Sakatas. Principalmente se meu pai, a versão dele que eu trouxe, se meter numa batalha. Ele e o quatro-olhos.
*
- Então vocês sabiam o tempo todo sobre o Shiroyasha?
- Sim, Gin-san. – o Comandante Shimura respondeu. – Estávamos investigando sobre alguns assassinatos em série e descobrimos um esquema de cobrança no qual a pessoa tem confiscado 90% de qualquer ganho. As pessoas que se recusam a pagar esse tributo são executadas por um “carrasco”. Nós achávamos que eram golpistas, então continuamos a investigação. Com isso, Yamazaki-san se vestiu à paisana como isca. Eles chegaram e encontraram resistência. No dia seguinte, descobrimos a identidade do “carrasco”.
- E como vocês foram poupados?
- Yamazaki-san deu a carteirada na hora. Mas, em compensação, fomos obrigados a manter silêncio sobre o caso, por eles serem funcionários do governo, assim como nós.
- Yorozuya – Hijikata disse. – Aqui você é um assassino. Se o Shinsengumi tivesse como interferir, seu “eu” desta época seria um homem morto.
- Ele não seria capaz disso, Hijikata-san!! – o Yorozuya Shinpachi contestou. – O Gin-san não é um assassino!
- O Gin-chan não faria isso! – Kagura também partiu em defesa de Gintoki.
- Eu sei que não. – o Shimura mais velho concordou. – Mas não temos provas para inocentá-lo de uma possível acusação.
- Ele matou pessoas e quase matou o próprio filho. Como é que meu outro eu pôde decair tanto...?
*
Ginmaru estava de volta do hospital e, assim que chegou, deitou-se no sofá da sala. Teria que tomar cuidado com seu ferimento, mas não deixava de pensar na revanche. Encarava isso como uma chance de conseguir o que queria: vencer o Shiroyasha e conseguir trazer seu pai de volta.
Só estava ali porque conseguira burlar a vigilância de Katsura e Elizabeth, que, a essa altura, poderiam estar procurando o jovem até agora. Sorriu. Parece que Zura estava ficando “velho” demais pra ser um samurai.
Nisso, o telefone em cima da escrivaninha tocou. Ginmaru se levantou, levando a mão ao ferimento no abdome, que doeu devido ao movimento brusco que fizera. Atendeu:
- Alô? Sim, é a Yorozuya do Gin-chan, Ginmaru falando.
- Que tal antecipar a sua revanche para daqui a pouco? – a voz fria era reconhecidamente do Shiroyasha.
- Proposta muito tentadora, Shiroyasha! – o jovem sorriu. – No mesmo local?
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