Paradoxo Temporal escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 25
Are ga, Shiroyasha!




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– Olha quem veio para cá... Se não é o lendário Shiroyasha...! – Kasler aplaudiu com ironia a entrada triunfal de Gintoki.

O albino que vestia o uniforme do Shinsengumi continuava em posição de luta. Seus olhos vermelhos revelavam toda a sua fúria, ignorando o cansaço por conta do caminho que percorrera até chegar lá. Desde que chegara, não tirava os olhos do enjiliano à sua frente.

Inevitavelmente, ele recordou-se da amarga derrota sofrida dez anos atrás, diante de Ginmaru. Depois, lembrou-se de ter sido derrotado durante a guerra e sendo transformado em um escravo do Governo Central... Derramando sangue inocente durante dez longos anos de inconsciência.

Desde que fora retirado aquele microchip de sua cabeça, sentia um grande peso em sua consciência, mesmo que lhe dissessem que não era sua culpa. Porém, ele via suas mãos sujas de sangue, como se aquilo nunca saísse delas.

Tudo isso era razão mais do que suficiente para querer ir à forra. Finalmente, chegara o dia do seu acerto de contas. Era hora de mostrar que com o lendário Demônio Branco não se brinca.

– Kasler é meu! – Gintoki rugiu. – Eu assumo daqui, Ginmaru.

O jovem levantou-se dali sem questionar. Sabia que, àquela altura, fazer isso era inútil. Era inútil questionar um homem com tanta sede de vingança. Porém, ainda continuava preocupado. Mesmo sabendo quem era seu pai, aquele duelo que estava prestes a se desenrolar o deixava apreensivo.

Alcançou sua katana, mas não a embainhou. Avançou alguns passos até o albino vestido com o uniforme do Shinsengumi, que já tinha uma bronca na ponta da língua:

– Ginmaru, me obedeça! Se não me obedecer, eu juro que te boto de castigo mesmo com todo esse seu tamanho!

– Use a minha katana – o jovem disse ao pai. – Já que é pra ter essa luta, que ela seja pelo menos justa!

Gintoki não respondeu, limitando-se apenas a pegar a katana do filho e entregar-lhe a bokutou.

– Pai – Ginmaru disse ao passar por ele e levantar seu dedo mindinho ainda com o fio de cabelo prateado amarrado a ele. – Kabuki está a salvo, e a Yorozuya também. Cumpri minha promessa, agora vê se cumpre a sua.

– Só vou conseguir cumpri-la quando você estiver num lugar mais seguro. Caso contrário, vai ser difícil.

– Relaxa, pai. Eu já tenho dezoito anos. Sei me defender. Então, manda ver!

– Pode deixar. Seu pai aqui vai finalmente limpar o sangue inocente das mãos!

Nisso, acabavam de chegar ali ao Terminal e presenciar essa cena o comandante Shimura e o Gintoki do passado, ambos ofegantes. Encontraram ali Kagura e Shinpachi, enquanto Ginmaru se juntava ao grupo. Em seguida, chegaram Hijikata, Okita e Sasaki, com os demais homens do Shinsengumi, Mimawarigumi e aliados do Joui e do Kiheitai.

– O que tá acontecendo? – Hijikata perguntou.

– Vai começar um acerto de contas. – o Shimura mais velho disse.

– Não me surpreendo com isso. – Gintoki disse. – Ei, aquele lá é o tal do Kasler?

– Aham. – o Shinpachi mais jovem respondeu. – É ele mesmo.

– Nunca vi mais feio. – o Yorozuya disse enquanto retirava caquinha do nariz. – Definitivamente, cada governo tem a cara feia do seu governante. Ei, “Comandante Quatro-Olhos”, qual é a estratégia que você montou e que precisa da minha ajuda?


*


– Eu tinha que perguntar... EU TINHA QUE PERGUNTAR! – o Yorozuya reclamou. – Por que sempre me meto nas tarefas mais perigosas?

– Só você, Gin-san? – Shinpachi questionou. – Você também meteu a gente no meio!

– Agora já foi. – Kagura disse.

O Trio Yorozuya estava metido em uma grande fria. Era uma senhora fria, na qual os três estavam cercados de Amantos de todos os lados. Eles haviam sido deixados para trás por Katsura, a fim de ganharem tempo para que o líder do Joui chegasse até o computador principal daquele desvio intergalático que poderia comprometer o destino de toda a Terra.

Não que isso facilitasse tanto assim a vida de Katsura, mas daria uma mãozinha para ele chegar até seu destino. Porém, os Amantos não estavam apenas ali no trio, embora fossem em grande quantidade.

O pior de tudo é que Kasler ordenara que o Shinpachi do passado fosse liquidado, a fim de se vingar do outro Shinpachi. O pobre do Shimura era uma grande isca ali.

O que fazer diante disso?

– Ei, Quatro-Olhos! – Gintoki chamou sua atenção.

– Hã? – o garoto de óculos perguntou. – O que é?

– Eu tive uma ideia pra gente se livrar de pelo menos uma parte desses caras.

– Qual é a ideia?

– Tire os óculos e esconda no quimono.

– E no que isso vai me ajudar? Eu preciso dos óculos pra enxergar direito!

– Se eles forem idiotas não vão te notar.

– Como assim não vão me notar?

– Eles não estão atrás do suporte de óculos, estão atrás dos óculos!

– ISSO É HORA DE DIZER UMA BESTEIRA DESSAS, GIN-SAN?!

– Bota a cabeça pra funcionar, Shinpachi! Essa piada já te salvou a vida antes!

Contrariado, lembrou-se de ter sido salvo por ter sido confundido com os óculos, quando os Renhos os cortaram, e não a ele. Seu “chefe” estúpido tinha razão nesse sentido! Meio a contragosto, o Shimura retirou os óculos do rosto e guardou dentro do seu quimono branco.

Pelo menos ele não era tão míope quanto Sacchan ou o Hijikata daquela linha de tempo. O resultado foi imediato: boa parte dos Amantos que cercavam o trio saiu dali, procurando por Shinpachi. Os poucos que ficaram foram impiedosamente abatidos por Gintoki e Kagura.

– Eu ainda odeio essa piada comigo e meus óculos... Eu odeio! – Shinpachi murmurou após dar um facepalm.


*


O duelo entre Gintoki e Kasler já começava em ritmo eletrizante, no qual o albino já dava seu primeiro ataque e era bloqueado pelo enjiliano. Este, por seu turno, tentava revidar, porém encontrava resistência da parte de seu adversário. Surgia ali um forte equilíbrio de ambos, no qual os poderosos ataques sempre paravam em suas sólidas defesas.

Os olhos vermelhos do Sakata pareciam ter uma coloração mais forte, como se refletisse toda a sua fúria que se revolvia em seu interior. Fúria essa, que ele procurava canalizar para sua força e sua destreza com a katana.

Aquele não era um duelo apenas entre um homem albino e um enjiliano azul. Era um duelo entre a sede de vingança e a prepotência. Era o confronto entre o Demônio Branco e o Ditador Azul. Era uma luta que teria um ganhador e um perdedor. E apenas o ganhador ficaria vivo.

Gintoki partiu novamente ao ataque, movendo a katana na vertical, procurando ferir Kasler em algum lugar, a fim desestabilizá-lo. Porém, com sua espada na horizontal, o enjiliano conseguiu conter o ataque do Shiroyasha. Este novamente insistiu no ataque, desta vez em um amplo movimento na diagonal, que novamente foi detido pelo adversário. Seguraram com força as espadas ainda cruzadas, sem que nenhuma das duas cedesse.

Kasler fez com que Gintoki cedesse na marra, dando-lhe um chute na barriga e fazendo com que ele perdesse o equilíbrio e caísse para trás. Com agilidade, o enjiliano apontou a lâmina da espada para o pescoço do albino, porém ele também não perdera tempo e apontara a sua lâmina para seu adversário.

– Ei, ei... – Gintoki sorriu com ironia. – Quer dizer que não aguenta me enfrentar só na base da espada e prefere partir pra porrada?

– Tudo vale na guerra, Shiroyasha! – Kasler disse enquanto retirava um pequeno controle remoto do seu casaco. – Tudo vale na guerra. Ou melhor, nas guerras.

Kasler apertou um botão do pequeno controle, que emitiu um bipe. Logo acima deles, desceu um monitor que começou a marcar o tempo em contagem regressiva. Uma voz artificial inexpressiva soou no local:

– Contagem regressiva ativada. Trinta minutos para ativação do desvio intergalático. Favor evacuar a área.

– Sinto muito, Shiroyasha. – Kasler disse. – Mas vamos ter que acelerar este nosso combate. A minha nave me espera para sair daqui.

– O... O quê? – Gintoki perguntou incrédulo. – Como é...?!


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