Cap 23 – Sol.

Não esperamos Rika acordar, assim que Raze mostrava sinais de que ia acordar pegamos nossas coisas e saímos,  Yami levava Rika nas costas. Não sabíamos para onde iríamos, o reino inteiro devia estar a nossa procura, e nós não poderíamos ficar em florestas pois seriamos alvos fáceis, eu estava sinceramente em duvida, parecia que nós tínhamos sido encurralados, mas então, em meio aos meus pensamentos, ouvi algo, uma voz, não me era familiar, mas também não me era estranha, só sei que ela falou apenas poucas palavras, antes de desaparecer completamente, suas palavras foram “Vão para uma cidade”, não entendi o que a voz quis me dizer, mas não tinha melhor opção, se nós fossemos presos poderíamos fugir de novo.

- Não temos escolha, vamos para Seiz, de lá veremos o que podemos fazer, e aproveitando podemos comprar alguns suprimentos.

Ninguem tinha muito que falar, acho que eles devem ter pensado o mesmo que eu, então fomos rapidamente para Seiz, teríamos que virar a noite para chegar lá, mas não tinha jeito. A floresta a noite é uma das paisagens mais sinistras que eu já vi, não só pelo que eu vejo, mas principalmente pelo que nós não podemos ver, por conhecimento geral eu sei que existem muitos monstros escondidos nas florestas em volta de Waltz, mas algo estava estranho, já havia passado das 3 horas da manhã, e nenhum monstro ainda tinha sequer aparecido, não que eu esteja reclamando, mas isso é apenas estranho.

Quando chegamos em Seiz, vi o motivo dos monstros terem sumido, eles estavam todos na cidade, literalmente, TODOS os monstros da floresta deviam estar atacando Seiz naquele momento, eu podia sentir o cheiro de sangue invadindo minhas narinas, quando vi Raze seus olhos estavam completamente vidrados, ela nunca devia ter presenciado um massacre desses antes, porem não era tempo de falar, nós tínhamos que lutar!

- Vamos, nós temos que.................

Não consegui terminar de falar, vi um lobo vermelho avançando pelo meu lado direito, esses lobos eram rápidos e não morreriam com apenas um ataque, então decidi levar uma mordida e depois matá-lo, eu ficaria sem um braço por uns tempo, porem era melhor que morrer, mas antes de por meu plano em ação ouvi algo zunindo pela minha orelha, e logo passou, e o lobo estava caído, quando olhei para trás apenas vi um homem grande, careca,de meia idade segurando um revolver, com o cano com quase 30 cm de comprimento, olhando diretamente para mim.

- Mathius, você tem 5 segundos para pegar essa espada e começar a lutar, de preferência mate todos.

E então ele  simplesmente sumiu dando tiros em todos os monstros em sua volta, então segui seu conselho, saquei minha espada e comecei a matar quantos monstros eu poderia, Yami sacou sua espada e usou uma técnica de combate para aumentar sua velocidade, ele virou simplesmente um raoi de luz, matando pelo menos o dobro de monstro que eu, Erika, digo, Victoria, pegou sua varinha e invocou Fenrir, que matava monstros como se fossem feitos de papel, soltando esferas de luz pela sua boca e os cortando com suas garras, enquanto Victoria usava sua varinha para usar magias extremamente fortes, as duas juntas mataram pelo menos 4 vezes mais monstros que eu, por fim, Raze estava apenas curando e protegendo os moradores da cidade, porem, ela ainda conseguiu matar muitos monstros com seus raios de luz, um pouco mais que a metade dos meus.

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(Visão de Rika)

O que está acontecendo? Onde eu estou? Por que o Mathius está coberto de sangue? De onde vem esses gritos? Mathius, o que está acontecendo?

Tentei falar mas minha voz não saia, eu devo ter ficado muito machucada na ultima luta, a verdade é que eu lembrava de ter morrido, mas acho que não foi bem o que aconteceu, mas ainda sim não conseguia falar, sentia minha consciência voltar completamente, e logo que voltou, a primeira coisa que eu fiz foi gritar, um grito tão alto e fino que deve ter chamado a atenção de todos, mas eu tinha um motivo, havia um dragão negro entrando na cidade!! Um dragão negro!! Eles são os 4° mais poderosos na hierarquia dos dragões!! Nós tínhamos que correr, não, correr não adiantaria, nós estávamos mortos,  que droga.

Então vi algo surpreendente, todos estavam encarando o dragão, ninguém fugiu, ninguém nem se mexeu, Mathius devia saber a força do dragão, mas ainda sim foi o primeiro a avançar contra ele,  logo depois foi Yami, unindo sua espada com Night, Erika foi logo depois, não, ela tinha um lobo no seu lado, era Victoria, ela estava nos ajudando, e se arriscando por isso, e no canto do olho vi Raze, ela estava curando os moradores e protegendo a todos, eu via seu corpo completamente coberto de suor, um tanto sexy devo dizer. Mas por que ninguém tentava fugir? Até mesmo os moradores que eram recém curados voltavam a lutar, eu não entendia, não entendia mesmo, mas o dragão não foi nada, comparado a surpresa de ouvir uma voz conhecida vinda do meu lado, era meu mestre , com um sorriso no rosto:

- Eles são incríveis, eu mesmo pensei em fugir, mas vendo isso desisti.

- Por que?

- Não sei, eles devem acreditar na própria força não? Eles acreditam que são mais fortes do que um dragão.

Eu assistia a luta com atenção, Mathius  assou por debaixo da pernas do dragão e o perfurou várias vezes na barriga, Yami tentava cortar o seus pescoço, porem apenas gerava pequenos arranhões, Victoria e Fenrir afastavam os monstros próximos e Raze curava assim que qualquer um se machucava, era, lindo, era como ver o sol, sem queimar os olhos, porem, logo que pensei nisso, meu mestre me olhou e falou:

- Não, eles não são o sol, você é que é, vi isso depois  que vi Mathius te protegendo, era como se ele tivesse medo que o sol se apagasse.

- Eu não sou o sol, sou apenas uma inútil.

Num instante, o mundo sumiu, virou apenas um lugar escuro, eu estava

sozinha, todos havia sumido completamente, primeiro, me veio o medo, mas depois aceitei, eu devia ter desmaiado e aquilo era um sonho, então vi um homem se aproximar de mim calmamente, ele brilhava, era como se ele emitisse luz do seu corpo, uma luz forte e dourada, mas logo vi que era algo parecido com fogo, brilhando fortemente, então ele começou a falar comigo, sua voz era ao mesmo tempo séria e serena:

- Você não é uma inútil, o sol não é inútil.

- Eu não sou o sol.

- Mas eu sou, e eu sou você, logo, você é o sol.

- Qual o seu nome?

- Dezenove.

- Você ta zuando com a minha cara né?

- Não.

O tal “dezenove”, me olhava com olhos  frios, ele parecia estar impressionado com a minha presença lá, mas não falou mais nada. Se passaram 10 minutos, até eu levantar minha voz e falar com ele:

- Olha, eu quero sair daqui.

- Por que?

- Para ajudar meus amigos.

-Mas você não era inútil?

Esse cara tava começando a me irritar.

- Sim, sou inútil, mas quero ajudar!! De algum jeito!!

- Muito bem então, me vença e poderá sair, mais forte e não será mais uma inútil, você será o sol.

Não pensei duas vezes, peguei meu rifle que estava do meu lado(Como ele foi parar lá?), e atirei nele, porem o tiro apenas o atravessou, sem causar nenhum dano, eu dei mais dois tiros, diretamente na cabeça, nada, tentei bater nele com o rifle, nada, mandei ele a merda, ele mostrou o dedo do meio pra mim. Atirei mais 10 vezes pelo menos, mas nada funcionava, então me desesperei, gritei com todas as minhas forças e soquei ele, eu acertei, mas queimei minha mão, ele riu e olhou para mim:

- Eu sou o sol, você só vai se machucar assim.

- O sol né?

Então fiz algo que eu nunca pensei realmente em fazer, se eu era ele, e ele era eu, fiz algo idiota, mas não pude pensar em outra coisa, peguei minha faca que normalmente deixo guardada na coxa, e perfurei meu coração, sem evitar, e vi que tinha dado certo, ele tinha ficado sem cor alguma, estava pálido, e sentia agora, o meu corpo esquentando.

- O sol é algo importante, se você está disposta a se sacrificar por ele isso prova que você o merece.

- Eu não quero o sol, quero apenas sair daqui.

- O Sol é o premio, a saída é o brinde.

Num piscar de olhos estava de volta ao meu mundo, e o dragão ainda não tinha sido derrotado, eu me levantei com calma e pedi ao meu mestre o seu revolver calmamente, não sei o por que, era um tipo de voz que me falava o que fazer, então, peguei a arma sem ouvir a resposta do meu mestre e apontei para o dragão, mas não disparei, apenas falei um encantamento, numa língua que eu não falava e que nunca tinha ouvido antes:

- Light, open their path.

Sun burn their enemies.

Dawn, make them survive.

Breaking dawn, bring their hope.

All in a light flash!

Não ouvi mais nada, apenas vi, um grande feixe de luz saindo de dentro do revolver, perfurando a cabeça do dragão e continuando em direção ao sol que se punha, e saindo de vista rapidamente, logo depois, desmaiei.