Carreiristas escrita por Iulia


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Então, oi. Não sei se vocês aqui me conhecem e tal, mas dá pra ver meu nome aqui, né? Escrevo Clatos e tudo o mais. Enfim, é uma one. Tem Clato, mas não é só Clato e talz... É fruto de uma posta meio fail, estou postando (Jura?). Eu nem prestei atenção no tamanho, mas não acho que esteja muito curta.



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O grupo mais temido da arena caminhava pela floresta, aparentemente alheios à injustiça da situação, vangloriando-se em altos brados o sangue caído sem motivo dos seus colegas tributos.

 Eram os Carreiristas. A loira exuberante, de nome Glimmer com penetrantes olhos verdes, portando algumas armas naturais e um arco que não sabia usar. O magrelo forte, Marvel, com um sorriso digno de uma criança que vai comprar doces. O loiro cheio de músculos, Cato, com uma espada que girava nas mãos e olhos azuis que sempre caiam no menor membro do grupo. Clove. A baixinha das facas. Os seus olhos de cor indefinida brilhavam com um olhar mortal e maldoso, absolutamente ignorante ao líder loiro. Ele olhava para os cabelos negros dela, mas ninguém percebia isso. Exceto aquele que sequer deveria ser chamado de Carreirista.

 Um outro loiro, um pouco mais baixo e de olhos de um azul mais escuro do que o que dominava os do brutal líder. Ele se aliara apenas para desviar o caminho dos “riquinhos psicopatas” da sua amada. Ele não era exatamente a pessoa mais sortuda do mundo. Pra inicio de conversa ele tinha nascido no distrito mais pobre de Panem. Sua mãe não gostava dele. Ele estava nos Jogos Vorazes. A menina que ele amava aparentemente não gostava dele e estava lá, nos Jogos, como sua inimiga. E nem juntos eles poderiam morrer. Não que ela quisesse isso.

 Ele subitamente imaginou a expressão de Katniss quando o visse com eles. O desprezo dela por ele apenas iria aumentar. Peeta já salvara a vida dela uma vez. E era isso que estava tentando fazer. Já fizera eles darem algumas voltas na arena, exatamente porque observara Katniss em segredo por tempo demais para não saber onde ela estaria. Em cima de alguma árvore perto de alguma fonte de água. Se o fogo não tivesse a matado.

 Ele reprimiu esse pensamento. Katniss era forte demais para morrer por isso, não é? E além do mais, não escutara nenhum canhão. Mas... Qualquer momento que ele poderia ter gasto escutando canhões, foi gasto tentando ajudar seus “aliados”. Eles não mereciam, mas Peeta era o único ser daquela arena que percebia a forma como Cato confiava em Clove. O modo como ele virava a cabeça na direção dela antes de tomar uma decisão. Como eles dois tomavam a dianteira em quaisquer caminhadas. Aquilo ali passava de uma aliança qualquer. Talvez fosse mais do que terem vindo do mesmo distrito.

 Mas ele estava ocupado demais tentando salvar o seu amor para se preocupar com o dos outros.

  Além do mais quando eles pareciam estar tentando evitar isso, ainda que em vão. O modo como Clove se afastava subitamente de Cato quando ele por ventura chegava perto demais. Ou até como ele sempre desviava o olhar dela quando passava tempo demais a mirando, provavelmente inconsciente. Mas não conseguiam sempre. Vez ou outra trocavam sorrisos, ou eram abertamente gentis um com o outro.

 Mas a maior preocupação de Clove era sair dali. A vida inteira construíra falsos alicerces de força por trás de suas facas, apenas se preparando para estar na situação que se encontrava. Matando, matando, matando. Não que Clove fosse a pessoa com o psicológico mais forte de Panem, mas aquilo estava piorando. Ela gostava de ver o sangue dos outros, mas não gostava de se sujar com aquilo. Suas facas já clamavam por um dia em que não atravessassem alguém.

 E tinha Cato. Clove nunca fora de ter amigos ou namorados, ou coisa assim. Mas ela conhecia ele. Em treinamentos extremos eles eram colocados juntos para sobreviver a algumas situações dignas do turbulento surgimento de Panem. Eles não se falavam, exceto para coisas extremamente importantes. E, claro, quando o ego de Cato inflava demais e ele tentava alguma coisa com ela. Era doentio e ela sabia. Eles não podiam ficar se agarrando enquanto se preparavam para se matarem. Mas não controlava Cato. Nem ele se controlava.

Não era como se ela o amasse. Ou como se ela fosse apaixonada por ele. Ou pelo menos era isso que ela achava. Tinha medo demais para isso. Amar alguém? Nem ele nem ela estavam preparados para isso. Não com uma mente sedenta por sangue daquelas. Ele era mais como... um amigo. Um amigo um pouco doente e atrevido, mas um amigo. Alguém que ela não queria ver morto. Alguém com quem ela, do seu jeito diferente, se preocupava.

 Com Cato não era diferente.

  Ou talvez fosse. Não podia negar que ela era atraente. Atraente demais para ser apenas uma colega de aliança. Não do modo Glimmer, com olhares sexy e toda sorrisos. As curvas dela não eram exageradas, mas eram evidentes. O cabelo dela sempre estava caído nos ombros e o uniforme dos tributos femininos daquele ano era decotado demais para se passar despercebido. O loiro tinha sentimentos controversos com relação a ela. Não que alguém soubesse que o cara mais brutal da arena tinha sentimentos. Ao mesmo tempo que ele pensava em como mantê-la viva até o final enquanto olhava para o corpo dela, pensava que Clove era apenas a aliada útil que jogava facas e que ele teria prazer em matar.

 De fato ele se sentia muito atraído por Clove. Ao ponto que achava que o melhor era a evitar. Ele não iria abrir mão da vitória por uma garota qualquer, que certamente seria esquecida assim que vencesse, quando as várias meninas de Panem se curvariam a ele. Portanto iria ser melhor se manterem separados. Ali tinha câmeras demais para ele se dar ao luxo de exercer seu tão bom papel de galanteador e a fazer cair aos seus pés. Talvez apenas um beijo, para matar a saudade dos tempos de treinamento, no qual Cato apenas a agarrava em algum canto.

 Ele sacudiu a cabeça para livrar-se desses pensamentos e pensou em como sua mãe e seu pai ficariam orgulhosos ao vê-lo matar o último tributo vivo além dele na arena. Em como as pessoas o idolatrariam da rua. E em como ele levaria honra ao seu distrito.

 E além do mais, em como seus aliados não tinham chance com ele.

 Mas não era o que a loira pensava. Glimmer ganhava as coisas por sua beleza. As pessoas não resistiam a seus sorrisos. Para ela seria apenas uma questão de tempo até que Cato não resistisse as suas seduções. Aí seria apenas matá-lo. Ela ansiava pelo momento em que sobrassem apenas os dois. Certamente ele não teria coragem de matar alguém tão lindo quanto ela. Alguém tão dócil e comunicável. Mas ela não pensava que ele já tinha matado muitas meninas bonitas para se preocupar com uma que ele sequer dava bola.

 Mas desistir não fazia parte do vocabulário de Glimmer. A cada instante ela dava um jeito de chamar a atenção dele. Cato nem se dignava a prestar atenção mais de um minuto. Glimmer não via os inconscientes olhares de Clove quando via ela esfregando suas mãos tão macias e cuidadas a anos no braço de Cato.

 A estratégia dela era a mais ridícula e a mais improvável de dar certo.

 Marvel conheceu Glimmer no dia da colheita e viraram aparentes amigos. Prontos para darem fim um ao outro á qualquer instante, mas “amigos”. Ele não era de ficar bancando o malvado sanguinário o tempo inteiro. Exatamente por isso, era o maior deles.

 As palhaçadas que ele fazia no treinamento pré Jogos arrancavam sorrisos de muitos tributos. Que ele matou. Marvel sempre soube que se fazer de idiota muitas vezes era o melhor. Ele sempre sorria, fazia palhaçadas, soltava piadas... Era um amor. Até te matar.

 Mas ele gostava do seu grupo. Achava formidável a forma como o Conquistador traíra sua aparente amante a favor de sua própria vida. Gostava de como Glimmer ficava se insinuando para Cato. Sorria por dentro ao ver Clove ignorar os olhares de Cato e meter a faca em mais um animal que cruzava seu caminho. Adorava ver o líder brutal ficar babando por uma garota e tentar lutar contra isso.

 E Cato não podia enfiar uma espada em si mesmo quando começasse a olhar pra Clove.

 - Eu ainda acho que tínhamos que ter matado ele. – Glimmer reclamou, sussurrando para Marvel, apontando discretamente com a cabeça Peeta, à frente deles.

 - Assim que acharmos a menina do fogo o Cato vai deixar a Clove jogar uma faca nele. – Marvel sussurrou, passando um braço ao redor de Glimmer, aproveitando para zombar de Cato.

 Glimmer deu um muxoxo irritado em resposta a menção de um suposto envolvimento entre os tributos do 2.

 - Relaxa, Glim. Ele não dura muito.

- Ei, Conquistador. Não acha que deveríamos mudar a rota? Já faz bastante tempo que a gente tá procurando sua namorada, não acha? – Clove perguntou com ironia, virando sua cabeça para Peeta, que se apressou em achar uma resposta convincente, alguma que enrolasse eles.

 - Não, não. Eu conheço ela. Aquela armadilha lá atrás é dela, eu tenho certeza.

 - Você não pode se guiar por aquela armadilha pra sempre! – Clove respondeu, impaciente, parando de andar.

 - Está certo. – Cato concordou, também parando. – Aquela coisa lá já passou faz tempo.

 - Confiem em mim. – ele insistiu, tentando tapar o medo com aparente exaspero.

 Clove emitiu um muxoxo de irritação com a língua e logo avançou mais, deixando os outros para trás. Ela precisava falar com Cato há algum tempo. Era a desculpa perfeita para isso, e ela sabia que era apenas uma questão de tempo até ele aparecer lá.

 - Glimmer e Marvel andam muito amiguinhos. – ela falou, com Cato do seu lado.

 - O que você quer dizer com isso?

 - Traição. – ela respondeu, olhando para trás e vendo os dois rindo de alguma coisa idiota. Peeta pareceu perceber a conversa dos dois e manteve distancia, avançando timidamente. –Seria fácil demais nos matar enquanto dormimos, não acha? E se eles tiverem tramando alguma coisa?

 Ele sacudiu a cabeça.

 - Eles são uns idiotas, não conseguiriam isso.

 - Não sei, não. Você sabe que não pode confiar em ninguém aqui, Cato. Seja qual for o sentido. Idiota ou não pode te matar do mesmo jeito. Marvel é bom com as lanças. O Conquistador pode estar nos enrolando. Glimmer...

 - Eu sei disso, Clove. Nem em você? – ele a interrompeu.

 Clove olhou para baixo, desconfortável. Pressionou os lábios e ergueu as sobrancelhas.

 Não, ele não podia confiar nela. Nem ela confiava em si mesma. E não havia motivos para essa confiança toda.

 Que eles tinham um pelo outro.

  Um pelo outro. Clove não podia admitir, mas era um fato. Ela confiava em Cato. Mesmo sem motivos. E isso a assustava mais do que qualquer tributo com uma de suas facas.

 Mas também não podia falar pra ele que não deveria confiar nela. Seria idiotice, um ponto a mais para a morte dela. Afinal, aquilo ainda era um jogo.

 - Talvez. – ela disse, consternada, olhando para um ponto distante dos olhos de Cato.

 - Talvez... – ele riu.

 Cato passou um braço atrevido ao redor de Clove e sussurrou em seu ouvido:

 - Relaxa, Clove, está tudo ok.

 Ela olhou para seu braço e se virou para ele com um olhar de aviso. Ele deveria soltá-la. Mas Cato ignorou. Eles se encararam por longos segundos até que o loiro acabou descendo seu olhar para a boca de Clove.

 Ela corou percebendo aquilo. Eram Carreiristas, mas ainda adolescentes. Talvez um tanto desorientados da cabeça. Mas adolescentes assustados.

 Ele não agüentava mais. Se curvou um pouco sobre Clove, mas ela se desvencilhou dele antes de qualquer beijo que poderia vir a acontecer. Na arena aquilo era proibido para ela. Mais ainda com todos os aliados os olhando. Cato tinha que ter mais cuidado com isso. Além do mais, ninguém precisava de mais um casalzinho. Os pobrezinhos desafortunados do 12 já tinham roubado a cena. Tarde demais para tentar vender mais dois namoradinhos.

 - Você sabe que não pode, Cato. – ela o repreendeu, tomando distância.

 - Sei. – ele queria explicar pra ela que não podia. Mas então viu algo que o fez esquecer temporariamente de quaisquer imprevisto de arena.

 A garota em chamas.

Apenas os esperando. Era como aquele brinquedo que uma criança passou o ano inteiro esperando sendo recebido no Natal.

 - Olha só sua namorada, Conquistador! – Clove sorriu, correndo até a garota, no lago.

 Eles estavam ansiosos por ver o sangue de Katniss pingando pela mata. Ela, que roubara o brilho tradicional dos Carreiristas, pegando fogo em uma roupa que um estilista novato e inexperiente produzira.

 O ódio naquela situação cegara os olhos já vendados daqueles adolescentes, correndo alucinados em direção a ela, o coração a mil.

 Nem por um momento pensaram em olhar a reação de Peeta, que estava vendo e sendo obrigado a participar da perseguição que daria fim a vida de sua amante. Quer dizer, nem por um momento, Clove pensou em olhar na direção de Peeta. Ela era a única que desconfiava da rápida mudança de posição dele em relação à Katniss. Um garoto apaixonado ajudando assassinos profissionais a achar sua amada? Suspeito. Ainda que essa história de amor fosse blefe, era arriscado. E a audiência na Capital?

 Assim que Cato viu a enorme queimadura na perna dela, deu um sorriso maldoso e cutucou Clove, que estava um pouco na frente dele na corrida.

 - Olha a perna dela. – ele falou, baixo. Clove deu um sorriso e arqueou as sobrancelhas em resposta.

E aquele dia, no treinamento pré Jogos, Katniss teve razão. Eles olhavam para suas vitimas como se fosse o lanche deles.

Eles a perderam de vista até olharem para cima e a verem lá, em cima das árvores, com uma expressão de contentamento no rosto. Clove e Cato murmuraram palavrões, pensando no que fariam para acabar de vez com aquela palhaçada.

 Cato tentou subir, sob uma provocação dela. Caiu. Clove rapidamente se precipitou e o ajudou a levantar, se xingando silenciosamente. Ajudar Cato a levantar? Se tivesse ficado no chão seria melhor.

 - Tudo bem? – ela sussurrou, discretamente, enquanto ele se apoiava nela para levantar.

 Cato deu um último olhar mortal para Katniss antes de se virar para Clove e confirmar com a cabeça.

 - Vai lá, Glimmer. – Clove disse, acenando com a cabeça para árvore. Alguém tinha que matar a infeliz.

 Glimmer tentou se manter na árvore, mas ao ouvir os barulhos de rompimento, teve mais bom senso que Cato e desceu.

 - E essas flechas aí? – Clove tentou de novo, exasperada pela loira ter flechas e não as usarem. Fora que ela gostava de alfinetar Glimmer. Ela não sabia muita coisa além de luta corpo a corpo. E pentear cabelos.

 Glimmer fechou a cara para ela. Pegou a flecha e arrumou a mira no arco.

 De nada adiantou. A flecha parou na árvore próxima. Todos fuzilaram a loira com os olhos. Exceto Peeta. Ocupado demais mantendo contato visual com Katniss, tentando pedir perdão, se explicar.

Mas os olhos da garota do fogo diziam que quaisquer pedidos de perdão eram inúteis.

 - Deixe ela aí. Não é como se ela fosse a algum lugar. Amanhã nós lidamos com ela. – disse Peeta, numa mentira que doeu em seu coração. Doía pensar em um daqueles sanguinários encostando em Katniss.

 Torturando-os como Clove dissera que faria.

- Vem Clove. Vamos fazer uma fogueira. – Cato disse, puxando o braço dela.

 - Eu não acredito... O que vamos fazer? – ela dizia, pegando algumas lenhas sem realmente prestar atenção, já distantes do grupo.

 - Não sei. Uma hora ela vai ter que descer. Ela tem beber água, não é? E aí nós vamos estar lá.

 - Claro. – ela disse, sarcástica. – E ela não tem uma gota d’água estando dentro do lago, não é? Antes dela se enfiar lá deve ter pego um pouco. E mesmo se não tivesse... Demoraria muito tempo pra ter que descer. Tempo que não podemos perder.

 - E o que quer que eu faça, Clove?

 - Não sei. Só se... Só se eu subir lá. Eu sou mais leve que você e Glimmer, não acha?

 - Não. Eu e ela já forçamos demais, você cairia. – disse ele, logo depois se sentindo ridículo com essa coisa de proteção. Ele tinha que deixar ela ir. Talvez quebrar as costas e aí seria menos uma peça importantíssima fora do jogo em direção á vitória. Mas ele não conseguia pensar assim.

 Clove suspirou e deu um muxoxo de irritação. Cato escutou e se virou para ela, com um sorriso no rosto.

 - Vamos matar ela. Da pior forma. Nós dois vamos poder fazer o que quisermos com ela depois.

 Ela sorriu um pouco para ele, animada por imaginar como Katniss se arrependeria de ter nascido. E de ter brilhado mais no desfile que eles. E de conseguir uma nota maior que a deles.

 Eles estavam muito próximos de novo. Ele seguia com os olhos cada detalhe da fisionomia de Clove. Ela sabia que se eles se encostassem mais seria pouco tempo até estarem perdidos em suas próprias vontades.

 - Ca... – ela começou, tentando pará-lo. Não que ela quisesse, de fato. E nem conseguiu. Em poucos segundos eles estavam se beijando e largando toda a lenha no chão, Cato a empurrando em direção a alguma superfície firme, onde não precisasse se preocupar em segurar Clove, embora ela não quisesse fugir. Era apenas uma questão de... De controle, talvez.

 Ele encostou Clove na árvore e segurou seus cabelos. As mãos de Cato passaram pelos ombros dela e ele desceu as mangas da jaqueta, deixando a mostra seus braços, que após a retirada da peça voltaram ao pescoço do loiro.

 Cato desceu sua boca ao pescoço de Clove. Quando ela se viu puxando a jaqueta de Cato, as mãos dele levantando a sua blusa, entendeu o que aconteceria se ela não interferisse naquele momento.

 - Cato... – ela disse ofegante, tentando parar a cabeça dele de beijar e morder seu pescoço, incomodada e constrangida.

 - O que foi? – ele disse, ainda sem parar.

 - Para. Para com isso.

 - Parar? Por quê? – ele disse, finalmente parando e a mirando, sem diminuir a proximidade.

 - Porque é o certo, Cato. Não faz sentido a gente ficar e agarrando se depois vamos ter que nos matar. Eu não quero isso para mim. Agora me dá licença, temos que voltar logo com essa lenha.

 Cato se separou a contra gosto de Clove e pegou sua jaqueta no chão. Estendeu a dela.

- Cato... – ela disse, ainda corada, pegando a jaqueta na mão dele e ajeitando a blusa mais uma vez. – Arruma o seu cabelo.

 Ele o fez e bufou irritado. Clove estava sendo idiota. Tentando dar uma de correta. Ninguém, absolutamente ninguém, dispensava Cato. Todas as meninas do 2 caíam a seus pés o tempo inteiro. Na sua classe de escola ele já havia beijado todas as garotas. Pouco importava se elas eram bonitas ou feias. O que importava era o titulo perante o 2. Ah, e isso ele tinha com certeza.

 Mas não havia nenhum motivo para isso. Clove era apenas a menina que ele agarrava no treinamento. Quer dizer, ela costumava ser. Não entendia essa agora.

 Eles cataram novamente a lenha caída e seguiram para o acampamento, em total silêncio. Ao chegar apenas lançaram a madeira no chão, esperando os outros fazerem de fato a fogueira. Clove lançou mais um olhar de ódio a Katniss e se sentou no canto, consternada, sem olhar para Cato.

 - E essa jaqueta cheia de terra? Porque não levaram um saco de dormir?, foi no chão mesmo? –  disse Marvel, surpreendendo Clove, que o mirou de olhos arregalados, imaginando se eles os teriam visto. Mas Marvel se virou pra Glimmer rindo, como se tudo fosse uma piada deles. – Relaxa, bonitinha, eu só estou brincando. – ele falou, se virando de volta para Clove e apertando sua bochecha. Dois segundos depois levava um tapa na mão.

Então os Carreiristas se deitaram. Clove colocou seu saco de dormir longe do de Cato. Marvel se divertia especulando causas para o afastamento repentino deles, falando em voz alta alguns. Cato apenas pensava em quando finalmente algum tributo invalidasse Marvel e o deixasse sem utilidade. Estraçalharia primeiro o seu braço. E Glimmer... Mal sabia que seu plano já havia falhado. Porque logo na outra manhã, ela estaria morta. Porque essa é a triste e verdadeira história dos carreiristas. Criados para matar. Mas, sobretudo, para morrer. 


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Notas finais do capítulo

Então... Isso aí, gentchi. Comentem... E então, se você me conhece da outra fic deve estar pensando "Porque essa retardada está postando uma one e deixou a outra parada?". Essa já estava pronta tem tempo e a outra não tá parada. Eu não sei se vou deixar em hiatus, mas o outro capítulo já está pronto. Então hiatus só depois de eu postar o outro, eu for deixar. Só isso aí mesmo, beijos e bye, quiridinhus.