Strawberry against Blood escrita por Miahh


Capítulo 26
Seja o meu herói


Notas iniciais do capítulo

Oiiii gente :) como vcs estão??? Bom, esse cap veio meio atrasado, mas tcharam, está aqui '-' Espero que gostem *-----* e o final está tãooo perto :(

Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/343107/chapter/26

Pov Patrick Jane

Eu não conseguia dormir muito bem naquela noite. Fiquei planejando em como seria o dia seguinte. Eu e Teresa. Juntos. Não era mágico?

Deveria ser madrugada quando notei que algo de errado estava acontecendo. Três guardas estavam parados na frente da minha cela, como se eles estivessem me vigiando – o que seria normal, afinal é o dever deles. Entretanto, eles pareciam ansiosos. Arrisco dizer que pareciam temer algo.

Mesmo com um sinal de alerta ecoando dentro do meu cérebro, tentei ignorar o fato e virei para o outro lado, em uma tentativa frustrada de ir dormir.

Então ouvi passos pesados se aproximando da cela. Uma voz feminina se sobressaia sobre a voz masculina. Era Grace e Bertram, respectivamente.

–Patrick – Ele me chamou – Acorda. Precisamos falar com você.

Pulei da beliche e fui até a grade. Um dos guardas a abriu para mim.

–O que houve?

–Tem algo acontecendo, Patrick – Bertram revelou, com nervosismo na voz – E precisamos de sua ajuda.

Sai da cela, seguindo os dois até a sala de Bertram. Eu tentei questiona-los sobre mais informações, mas ambos não quiseram falar nada. Confesso que comecei a pensar coisas ruins envolvendo Teresa. Era impossível não pensar.

Quando cheguei a sala, vi que Rigsby e Cho, nos esperavam.

–Patrick... – Bertram sentou sobre do outro lado da mesa, enquanto eu me ajeitava na cadeira – Recebemos uma ligação da FBI. Eles falaram que Lorelei Martins fugiu do hospital, aproximadamente a meia noite de hoje.

Meu coração disparou. Eu sabia quem estava atrás disso: Red John.

–As câmeras de segurança do hospital foram desligadas lá pelas onze e meia – Cho explicou – Um agente da FBI, que estava perto do quarto da Lorelei, foi encontrado morto com um corte profundo no pescoço. Havia outro agente ali, mas ele sumiu.

–O hospital disse que a porta dos fundos, na qual apenas funcionários podem usar, foi encontrada aberta – Rigsby disse – Desconfiamos que Red John está por trás disso.

Assenti com a cabeça. Era mais do que obvio que o filho da mãe estava envolvido nisso.

–O que Red John iria querer com Lorelei? Mata-la? – Bertram questionou-me em voz alta.

–Se fosse mata-la, ele já teria feito – Cho respondeu, cruzando os braços.

Os meus olhares se encontraram com os de Grace. Percebi o quanto ela estava estranha.

Estranha até demais para uma situação como essa.

Claro que sentir medo por causa da Lorelei e pior, saber que Red John tem algo com isso, é compreensível. Mas, ela não me parecia aflita por causa disso. Tinha outro motivo.

Teresa talvez?

–Eu acho que vou fazer um chá – Anunciei – Por que você não me ajuda, Van Pelt?

Ela concordou.

Partimos da sala imediatamente. O chá foi apenas uma desculpa para que eu pudesse conversar com a ruiva, em paz.

Fomos até a cozinha. Ela parou na minha frente, mexendo um pouco as mãos tremulas. Tentou se acalmar, porém não conseguiu. Então, Grace mordeu os lábios e perguntou-me com a voz estremecida:

–Ray Haffner teria algum motivo sério, para querer machucar a Lisbon?

Senti minhas pernas bambas. O ar ficou pesado.

“O corpo da Teresa Lisbon seria um presente perfeito...”

Por que, Grace?

–Ele estava com ela, há algumas horas atrás... Eu os encontrei no estacionamento. Mas, Lisbon... Lisbon estava estranha demais.

–Estranha como?

–Ela parecia aflita, quase chorando. A mão do Ray estava debaixo da blusa dela, em sua barriga. Jurava que ele segurava algo.

“Ele também te matará se quiser... Você só não aceita isso”

Você não fez nada para para-lo? – A frase saiu ofensiva, como se eu cobrasse dela algo que ela nem imaginaria que estivesse acontecendo.

–Fazer o que? Você queria que eu o mata-se? Justificando o que? Que ele estava segurando alguma coisa debaixo da blusa dela?

Suspirei alto. Ela estava certa.

Puxei a cadeira mais próxima e me sentei. Inclinei o corpo para frente, colocando as mãos sobre o rosto.

Teresa vista com o Ray. Lorelei livre graças ao filho da mãe.

Isso não era um bom sinal.

–MERDA – Esbravejei, proferindo um chute na cadeira da minha frente. Grace deu um pulo para o lado, assustada – Filho da mãe, ele não podia fazer isso.

–Fazer o que, Jane?

Não respondi. Não tinha o que responder. Apenas, em um impulso, soquei a parede com uma força absurda, cortando a minha mão. Gotas de sangue caíram sobre o chão, enquanto Grace me puxava delicadamente pelo braço, fazendo-me sentar.

Meu pesadelo estava se tornando real.

–Van Pelt, pode me emprestar o seu celular por um minuto? – Pedi com a voz rouca. Recebi um sim em troca, junto do celular da agente.

Disquei o numero da Teresa. Esperei por alguns segundos intermináveis. Até que, uma voz masculina e fina, me atendeu.

–Teresa? Teresa é você?

–Desculpe, Patrick, mas Teresa não pode atender agora. Quer que eu deixe um recado?

–Filho da mãe – Murmurei, voz embargada pelo medo – Esse jogo é apenas entre mim e você. Tire Teresa disso.

–Hum, está tarde para isso. Teresa é minha agora, e nós vamos nos divertir muito juntos. Não é, Teresa? – Um ruído, que parecia ser a tentativa de um grito, abafada por algo que supostamente seria um pano, ecoou pelo telefone. Infelizmente, não se consegue pensar em uma coisa boa ao ouvir isso – Ela está um pouquinho ocupada... Ela e Lorelei estão colocando as novidades em dia – Ele gargalhou alto.

–Canalha, me atinge logo ao invés de usa-la.

–Não teria graça assim – Ele bocejou – Estou cansado, Patrick. Até um dia... Ah, Teresa mandou lembranças – Disse, seguido de outra gargalhada estranha.

–Não, esper...

O telefone foi desligado quase em seguida. A raiva que eu sentia estava me dominando.

Raiva do Ray.

Raiva de mim.

Fui eu que a coloquei nisso. Fui eu que envolvi Teresa nesse jogo doentio do psicopata.

Dez anos atrás, eu não cumpri a promessa de proteger Angela e Charlotte das coisas ruins do mundo. Não, muito pelo contrario, deixei que a pior coisa as atingisse. Agora, depois de eu ganhar uma nova chance, novamente deixei que essa coisa atingisse minha Teresa, e o nosso bebê, cujo qual eu nutria um grande afeto, mesmo que ele ainda não tenha nascido.

Entreguei o celular de volta para Grace e respirei fundo. Minha cabeça estava pesada, minha respiração ofegante. Uma sensação ruim tomou conta do meu estomago. Eu parecia prestes a desmaiar bem ali, ao mesmo tempo em que me sentia totalmente consciente dos meus atos.

Novamente soquei a parede. A dor emocional se transformava em dor física e isso era temporariamente bom. A culpa remoia cada parte de mim.

A cada pontapé, a cada soco, eu me sentia mais e mais fraco, até o momento que Grace me segurou pelos braços, fazendo-me sentar na cadeira novamente. Ao longe, Cho e Rigsby corriam em minha direção, surpresos e um pouco assustados com a quantidade de sangue que escorria das minhas mãos.

–O que está acontecendo aqui? – Cho perguntou, no mesmo momento que Grace procurava por algum tipo de pano que pudesse estancar o sangue.

–Meu Deus, Jane – Rigsby se agachou e observou minhas feridas abertas mais de perto – Por que você fez isso?

Permaneci calado. Minha mente confusa, imaginação criando coisas terríveis sobre Ray e Teresa. A falta de concentração me fazia não conseguir pensar em um plano decente.

–Você ligou para a Lisbon, não ligou, Patrick? – Grace questionou-me pressionando um pano úmido nas minhas mãos - O que aconteceu? Melhor... O que o Ray disse?

–El... Ele vai mata-la. Ele vai mata-la e é tudo culpa minha...

–Por que o Ray iria machucar a Teresa? – Rigsby ainda um pouco “confuso”, me perguntou.

–Só se... Só se for o que eu estou pensando – Grace concluiu.

–Ray é o Red John – Cho e Grace afirmaram convictos em uníssono.

Abaixei a cabeça, gemendo baixinho de dor. Sem o sangue sobre a minha pele, pude perceber o quão roxo meus dedos ficaram.

–Ainda não entendi o porquê dele querer machucar a Lisbon... – Rigsby comentou mais para si mesmo do que para os outros.

–Porque o Jane estava tendo um caso com a Lisbon – Cho respondeu. Arqueei as sobrancelhas e suspirei. Um pouco de treino e Cho seria o próximo Patrick – E para machucar o Jane, ele vai atingir a Lisbon.

–Tudo acontecendo de novo – murmurei – Eu vou perder minha familia de novo, pra esse filho da mãe... De novo...

–Como assim, familia? Jane, você não está me dizendo que a Lisbon est...

–Sim, Lisbon está esperando um filho meu – Cortei a frase da ruiva. Estava impaciente, e mesmo não sendo uma boa hora para dar a novidade a todos, senti que precisava dizer aquilo para o time. Eles eram de certa forma, uma parte da minha família.

Van Pelt sorriu feito uma criança em uma loja de doces.

–Mais que coisa linda, Jane – Seus olhos brilhavam de emoção. Parecia até que seria Grace a mãe – Eu sempre soube que um dia vocês ter...

De repente, ela ficou cabisbaixa. Os olhos tristes se juntavam ao rosto melancólico.

–Se Red John a pegou, isso significa que... – A voz saiu tão tremula quanto minhas pernas.

–Não, não vou deixar que ele machuque Lisbon. E, acho que ele não irá machuca-la ainda. Ele é um artista e precisa de plateia – Expliquei – Sou o seu publico principal. Ele não ficara feliz em matar a Teresa sem que eu esteja por perto. O que ele quer, é me ver sofrer.

–Então você acha que talvez ela fique bem?

–Vou garantir que ela sobreviva, mas para isso, eu vou precisar fugir. Preciso ir atrás dele sozinho. Sem CBI, muito menos FBI, junto.

–Não vamos deixa-los agora. Vocês dois precisam mais do que nunca da nossa ajuda – Cho respondeu, apoiando a mão em meu ombro.

–Não posso colocar mais gente nisso. Teresa acabou se envolvendo e olha o que aconteceu. Ela está nas garras dele... Não vou arriscar a vida de vocês.

–Jane, nós somos um time – Van Pelt começou a filosofar – Sempre entramos nas confusões que você cria, e te salvamos. Agora, não irá ser diferente.

–Não. Red John é um problema meu. Somente meu. Eu preciso resolver isso sozinho.

–Jane está certo – Cho afirmou – Red John é um problema dele. Somente dele e de mais ninguém.

–Mas Cho, Teresa está grávida e corre perigo. Lorelei, sua pior inimiga, está solta em algum lugar do mundo. Como você quer que a gente faça? Espere tudo se resolver sozinho?

–Chegou a hora do Patrick fazer a escolha dele. E ele escolheu a vingança contra o Red John. Não podemos interferir nisso.

–Claro que podemos, eles são os nossos amigos – Grace rebateu, alterando o tom de voz.

–O que o Cho está tentando dizer é que, se mais gente se meter nisso, vai acabar se machucando – Rigsby respondeu.

–Na verdade – Eu comecei – O que o Cho quis dizer é que se eu quiser fugir e ir matar o Red John, vocês vão fechar os olhos e fingir que nada sabem.

–Ah... – Senti que Grace tirou um peso das costas – Então o que você ainda está fazendo aqui? Vai embora, vai salvar a Teresa.

–Verdade, você precisa ir, Jane – Rigsby tirou o pano ensanguentado que estava sobre minhas mãos, jogando-o na pia – Sei que consegue.

–Obrigado – Me levantei, encarando o Cho. Agora chefe dos outros agentes, mas temporariamente. Quando eu salvar Teresa, farei questão dela voltar ao seu antigo serviço.

–Salve a Lisbon e o bebê. Ligue assim que terminar – Ele apoiou a mão no meu ombro, abraçando-me logo em seguida. Foi algo rápido e um pouco frio, entretanto não esperaria outra coisa do agente – Boa sorte.

–Obrigado gente.

Corri para o elevador, deixando-os ali. Repensei se eu não precisaria mesmo da ajuda deles. Tão perto do Red John e ao mesmo tempo tão longe. Estava suando frio, assustado.

Lembrei de Charlotte. Lembrei do rostinho angelical dela, dos sonhos para um futuro distante. Lembrei de Angela e seu jeito maternal com a nossa filha. Por fim, me lembrei de Teresa e do nosso filho que não nasceu. Da felicidade que fiquei quando descobri da gravidez.

Não vou deixar que ele estrague tudo de novo.

Entrei no meu carro com esse pensamento. Botei o cinto e sai em disparada, passando sem olhar para os guardinhas que ficam na guarita. Em questão de minutos, toda a CBI e FBI vão saber da minha fuga.

Como se eu me importasse com isso.

Sem um lugar para ir, comecei a refletir sobre o esconderijo de Teresa.

Parei o carro em uma rua afastada e escura e comecei a pensar.

Lorelei estava com Teresa. Red John também.

Então, me lembrei da conversa que tive com a Lorelei;

“–Qual praia foi a sua favorita?

–Praia de Point Dume, fica perto de varias colinas e há muitas pedras e algas lá...”.

Red John precisa de um lugar afastado de tudo e todos.

Com rochas grandes de preferência. Além de colinas e lugares tipo florestas, onde você tem a falsa impressão de liberdade, sendo que se tentar fugir, as chances de ser pego são enormes e provavelmente você acabará morto.

Praia de Point Dume, uma praia linda, entretanto isolada de tudo.

Um lugar perfeito para manter uma mulher sobre tortura, onde seus gritos mais altos ecoam no nada, sem que ninguém possa ouvi-los.

Praia de Point Dume era o lugar.

Só espero não ser tarde.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai o que acharam??? Simmmm a parte do telefone veio do promo!!! pq não usar, faltando uma semana para a serie voltar hehehe.
Espero que tenham gostado e até domingo que vem :) todo mundo junto para assistir a nova temporada (sobrevivi ao hiatus).

Beijos *-----------*