Menina Veneno escrita por Becca


Capítulo 8
Coward - capítulo 8




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/343105/chapter/8

Os suspiros eram os únicos sons no esquadrão. Já passava da meia-noite, e os dois ainda estavam ali, preenchendo mais papelada atrasada. Cragen também os deixara de castigo, pela briga no hospital, cuja Tyler narrou inteira.

- Sabe... – começou ela, mordendo um doce – Ainda mato Tyler, por contar nossa briga pro capitão.

- Se você quiser, eu ajudo. – ofereceu-se ele, levantando a tampa da caneta.

- Sim, ele merece.

E, o silêncio prevaleceu novamente, no local.

Já estava escuro, e não havia mais ninguém no local, literalmente. Até os guardas noturnos, resolveram tirar um cochilo, na própria sala de descanso.

Olivia já se apoiava nos cotovelos, lendo relatórios antigos, para conseguir fazer os novos, e Elliot já estava na vigésima xícara de café.

- El, é muita cafeína, não acha melhor parar? – perguntou ela, preocupada com o estado do parceiro. Ele negou.

- Nah, estou bem. Volte à sua papelada. – ordenou. Olivia levantou as sobrancelhas, e fitou-o desconfiada.

Levantou-se, e a blusa social verde, marcou bastante as curvas. Elliot – como sempre -, não pôde deixar de olhá-la.

- Vou subir um pouco. – disse ela, sem malícia alguma, apenas avisando, que iria descansar um pouco, antes de voltar ao trabalho, mas, é claro que ele levou em outro sentido.

Esperou mais ou menos, uns dez minutos, antes de levantar-se, e segui-la; não queria que fosse tão óbvio.

Os passos eram silenciosos, e o ar estava preso, nos pulmões. Não sabia o que faria se chegasse no andar de cima, e a visse dormindo, ou fazendo qualquer outra coisa.

Suspirou, quando chegou ainda mais perto do local donde ela poderia estar dormindo. Ou...

- Preciso parar com isso... – sussurrou ele, para si mesmo.

Continuou subindo, parando de vez em quando, com medo do que encontraria, até que se viu parado em frente à porta.

- Coragem, seja corajoso... – sussurrou, novamente, para si.

Bateu na porta, esperando que ela a abrisse, mas não o fez. Encostou na maçaneta, esperando que algo – ou alguém – a fechasse num estrondo, mas nada aconteceu. Empurrou-a mais um pouco, até vê-la encostada na janela.

Curvada.

Sobre.

A.

Janela.

Ah, era demais pro autocontrole dele... Andou até ela, em passos silenciosos. Queria fazer surpresa...

- Sim, eu sei, mas... – começou.

Ele parou instintivamente, quando viu que ela falava ao telefone.

- Jantar...? Mas, eu tenho papelada, e além do mais... – pausou, dando uma risadinha – Certo, onde é?

Ele sentiu seu coração murchar.

- Ah, certo, me busque no meu apartamento, daqui à uma hora e meia, está bom? – disse. – Ok, até lá.

Desligou o telefone, deparando-se com Elliot limpando as unhas.

- El? Por que está aqui?

- Resolvi ver se você precisava de algum apoio, mas vejo que tem um encontro. – disse, enciumado.

- Não é bem um encontro, mas se você o chama assim, então é. – disse ela, olhando-o travessa.

- Se não é um encontro, é o quê? – perguntou ele, coçando o queixo. Ela riu.

- Falaremos de trabalho, satisfeito? – perguntou, colocando as mãos na cintura.

- Estaria mais se soubesse quem ele é. – sorriu malicioso.

Olivia bufou, andando até a porta. Sairia, se ele não houvesse impedido-a com um puxão no braço.

Olhou-o desconfiada, e depois tentou soltar-se dos braços dele, puxando o próprio braço, mas sem sucesso.

- Eu disse: estaria mais, se soubesse quem ele é. – repetiu.

- Você é um detetive. Seu trabalho é descobrir coisas. – retrucou ela. Elliot soltou-a, e depois sorriu maliciosamente, enquanto ela saía do quarto.

°°

Ainda fazia sua papelada, quando seu celular tocou. O nome dela aparecia no identificador de chamadas, e não se importou muito, afinal, ela estava com outro cara.

Depois de cinco toques, a secretária do celular atendeu:

- Sua chamada não pode ser atendida no momento, e estará sujeita à cobrança após o sinal.

- El, preciso de você. Por favor... – e um grito. – Por favor, mesmo. Quinta avenida, venha logo, please... – e desligou.

O pavor tomou conta de seu ser, assim como a dor de perdê-la, ou que ela fosse violada por qualquer estranho nas ruas.

Doeu-lhe o peito pensar nela desta forma, e assim, pegou o casaco, correndo para fora da delegacia.

°°

Dirigia com todo o cuidado pelas ruas, apesar de ainda dirigir rápido demais. A ansiedade para pôr as mãos no desgraçado que a deixara com medo era enorme, assim, aumentando a produção de adrenalina em seu corpo.

°°

Parou próximo a um restaurante, esperando que lhe dissessem que haviam visto-a.

- Com licença... – falou, quando entrou. – Procuro por esta mulher – e retirou uma foto dela do bolso -, pode me dizer se ela esteve aqui?

- Sim, ela já saiu. Foi em direção àquele beco, com o acompanhante. – disse o recepcionista.

- Obrigado! – disse, guardando a foto. – Muito obrigado!

E desembestou a correr até o beco.

Aproximando-se dele, podia ouvir murmúrios indesejados, gemidos em negação, mas nada o fez, ficou paralisado.

Era ela?

Só.

Podia.

Ser.

Ah, não!

Correu para dentro, vendo que estava atada a um poste de luz inutilizado. Existia uma figura na frente dela, que a chutava e ria, conforme ela gemia e grunhia.

Elliot agarrou-o por trás, colocando uma das mãos sobre sua boca, e a outra apontava a arma sobre sua cabeça.

- Retire as bandagens dela. Agora, ou estouro seus miolos. – que romântico!

O homem tratou de retirar as fitas que estavam prendendo-a, e depois virou-se para Elliot.

- Sa-satisfeito? – gaguejou. Elliot negou, puxando Olivia para si. Abraçou-a, ainda apontando a arma ao homem.

- Sente-se no chão, encostado ao poste. – ordenou. O homem fraquejou, mas fez o que lhe foi ordenado. Elliot entregou a arma para Olivia. – Segure firme, e atire se ele tentar qualquer coisa.

Ela assentiu com a cabeça, olhando-o com aflição.

- Agora, provará do seu próprio remédio. – disse, suspirando.

Pegou algumas fitas que ainda estavam utilizáveis, ou seja, quase todas, e começou a amarrá-lo ao poste de luz, para que sofresse da mesma forma. Não iria matá-lo, muito menos torturá-lo, apenas o prender ali, enquanto viaturas não chegassem.

- Seu covarde. – sussurrou, enquanto terminava de amarrá-lo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tá, eu sei que fui meio escrota de ter feito isso, but, prometo que os próximos vão ter mais fofura e mais ciúme da parte do El heheh reviews *-*