A Filha Do Sol escrita por Let B Aguiar, Taty B


Capítulo 21
Leo faz moicano numa ovelha


Notas iniciais do capítulo

Hello leitores! Estou postando esse capítulo direto da praia, usando a 3G do meu celular hahahah saquem só a dedicação! Na minha opinião, esse capítulo e o anterior foram uns dos mais engraçados da fanfic, e espero que vocês achem o mesmo! Boa leitura



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Um homem gigante, com cabelos brancos e barba branca comprida olhava para nós, nervoso. Apesar de usar um chapéu de palha, o sujeito era amedrontador. Ele vestia jeans, uma camiseta rasgada escrito “CONVENÇÃO DE MONSTROS DO TEXAS DE 2009. EU FUI!”, e um casaco de brim com as mangas arrancadas, o que deixava seus braços malhados a mostra. Foi possível ver uma tatuagem com espadas cruzadas no seu bíceps direito. O cara segurava um porrete de madeira na mão direita que aparentava pesar mais do que eu e Leo juntos. Mas o porrete foi o que menos me assustou. Ao seu lado, havia um cachorro de duas cabeças. Sim, eu disse duas cabeças. Ele era enorme, de pelagem marrom, e mostrava os dentes afiados. As duas cabeças rosnavam furiosas para nós, prontas para arrancar algum braço ou perna.
– Junto, Ortro. – ele ordenou.
O cão rosnou mais uma vez e sentou-se. O homem nos olhou de cima a baixo, com o porrete em mãos pronto para acertar nossas cabeças.
– O que é que temos aqui? – ele perguntou – Três ladrões de leite?
– Mais ou menos isso. – Leo respondeu.
O homem cerrou os olhos.
– Meio-sangues, estou certo?
– Nós não estamos com a camiseta do acampamento, como você sabe...- Ryler começou, mas eu o interrompi.
– Sou Patricia, filha de Apolo. Esse é Leo, filho de Hefesto. E este é Ryler, filho de Ares.
Quando eu disse ‘filho de Ares’ o homem levantou as sobrancelhas.
– Então um meio-irmão meu está roubando o gado de um deus? Isso não é nada digno, Ryler.
– Você é filho de Ares? Qual o seu nome? – Ryler perguntou.
– Eurítion, e sou o proprietário desse rancho. E obviamente, criança, eu sou um filho de Ares. – ele respondeu, rosnando como seu cachorro – Vocês invadiram minha propriedade, roubaram leite de uma vaca sagrada e esperam sair daqui ilesos? Não permito que ninguém maltrate ou tire a paz dos animais desse rancho.
– Foi necessário. – eu expliquei, fazendo minha melhor cara de inocente – Não roubaria algo sagrado de meu pai a toa. Por favor, deixe-nos ir.
– Desculpe, garota. Mas vocês terão de prestar um serviço para mim se quiserem sair daqui. Me surpreendo por Apolo não os ter matado assim que tocaram em suas vacas. Mas deve ser porque você é filha dele, é claro.
– Hãm...Eurítion, sim? – a voz de Leo falhou um pouco– Você pode, por favor, tirar esse cachorro daqui? Essas cabeças estão me assustando.
– Não, filho de Hefesto. – Eurítion começou a ficar furioso – Peça isso mais uma vez e eu faço Ortro te comer em uma mordida!
A agressividade empregada em suas palavras me assustou. Ele de fato era um filho de Ares.
– Não vou fazer vocês devolverem o leite da vaca, até porque é impossível. Os três acabaram de roubar o leite de uma vaca sagrada, e terão que pagar por isso.
– Pagar como? – perguntei.
– Sigam-me.
Ele fez sinal que nós o seguíssemos e foi andando com o cão ao seu lado. Passamos por alguns estábulos, até chegarmos num espaço fechado com cercas de arame. Dentro desse espaço, havia cerca de trinta ovelhas que pastavam uma grama verde e brilhosa. O celeiro delas nem se comparava ao das vacas cor-de-cereja, pois se encontrava relativamente limpo e livre de odores desagradáveis. Mas as ovelhas não eram normais. Elas eram muito grandes e gordas, possuíam o dobro do tamanho de uma ovelha normal. Eu as classificaria como ovelhas mutantes.
Eurítion encostou-se na cerca e observou os animais.
– Sabe, eu não tenho tido tempo para tosar as ovelhas. – ele comentou casualmente.
– E isso significa...? – eu o instiguei, prevendo o que viria pela frente.
– Que vocês vão raspar os pelos delas para mim. Deixem todo o pelo num canto, e não as machuquem! Tenham cuidado, elas são valiosas.
– Tá brincando, né? – Leo debochou – Tudo nesse lugar é valioso?
Eurítion resmungou do mesmo jeito que Ryler fazia quando irritado.
– Se vocês quiserem sair daqui vivos, raspem as ovelhas, ou serei obrigado a tomar uma atitude drástica. E não tentem fugir sem completar o serviço, porque vocês não irão conseguir. Ortro ficará de guarda. Façam alguma coisa suspeita e ele não perderá tempo em comê-los.
Dizendo isso, Eurítion amarrou Ortro nos arames da cerca e foi embora pisando forte, com o porrete ao seu lado. Ortro olhou para nós e rosnou como se dissesse “Tentem fugir e eu os devorarei, meio-sangues malditos”.
– Qual é o problema desse protótipo de caipira? – Leo colocou as mãos na cintura – A gente não tem tempo para raspar pelo de ovelha!
– Mas vamos ter que arranjar! – fui cética – A questão é: como nós vamos tosar o pelo delas?
– Usando as espadas. – Ryler sugeriu – Esse é o único jeito.
Encarei aquelas ovelhas absurdamente grandes antes de adentramos o seu celeiro. Num primeiro momento, elas não deram a mínima para nossa presença. Cada um escolheu uma ovelha para tosar. Para que conseguíssemos terminar a tarefa a tempo, cada um teria que tosar dez ovelhas. Dez drogas de ovelhas.
Cheguei perto de uma peludinha e analisei seu pelo. Ele parecia ser grosso. Bem grosso. Peguei Kallistei em meu bolso e abri o isqueiro. A espada surgiu e quase me cegou com o seu brilho resplandecente, refletindo toda a luz do sol. E foi aí que eu errei.
A ovelha notou o brilho de minha espada e pareceu perceber o que eu estava prestes a fazer. Ela esfregou as patas na grama como um búfalo e começou correr atrás de mim. Eu corria daquele bicho gordo, mas não poderia correr para sempre. E muito menos matá-la, porque tinha esperanças de sair daquele rancho e resgatar um deus sequestrado. Parei de chofre e decidi encará-la.
– Dê mais um passo e eu faço uma lipoaspiração nessa sua gordura! – apontei minha espada em sua direção. A ovelha recuou alguns passos e eu corri em direção a Ryler.
Ele já havia começado a tosar sua ovelha e tirava tufos e mais tufos de pelo com sua espada. O bicho parecia desesperado, soltava ganidos agudos, mas não fugia de Ryler.
Quando vi essa cena, fiquei indignada.
– Como você conseguiu tirar o pelo dela? – perguntei irritada. – Aquela ovelha quase me matou!
– Péssima notícia: não consegui nem chegar perto de uma ovelha. Elas me olharam feio e quase me comeram também. – Leo parecia decepcionado.
Ryler largou sua espada.
– Olha, eu não sei como estou conseguindo chegar perto dessas ovelhas, tudo bem? Deve ser alguma coisa que eu tenho...não sei! Mas não vou conseguir tosar todas essas trinta ovelhas sozinho.
O que dissera fazia sentido. Como ele conseguiu e nós não? O que ele tinha que nós não tínhamos? Analisei a situação e fiz uma lista em minha mente dos motivos que permitiriam a Ryler se aproximar das ovelhas sem ser atacado. E como um milagre, o cheiro horrível de cocô subiu pelas minhas narinas. Era isso!
– As ovelhas não chegam perto de você porque está fedendo a cocô de vaca. Você não limpou o tênis, então o cocô continua ai. – conclui – O cheiro é muito forte para elas te atacarem, talvez pensam que sua carne está podre.
Eles pareceram surpresos com a minha inteligência momentânea. Leo fez uma cara de nojo. Ele provavelmente havia pensado o mesmo que eu.
– Por favor, me diz que...
– Sim, nós vamos ter que pisar no cocô ou em alguma outra coisa que nos deixe fedidos.
Leo xingou.
– Então, se vocês precisam fazer isso, já estão perdendo tempo demais. Vão ficar fedidos! – Ryler ordenou.
Eu e Leo deixamos Ryler e as ovelhas e procuramos por algo suficientemente nojento para ficarmos fedidos. Quando passamos por Ortro, ele quase nos comeu, se não fosse pela coleira de couro que o prendia à cerca. Eurítion andava entre as vacas cor-de-cereja no celeiro mais à frente, e hesitamos em aparecer lá para sujar os pés. O porrete daquele brutamonte era realmente assustador. Corri meus olhos por todo o gramado e notei que mais a frente havia um rio turvo que separava o rancho em duas partes.
Leo olhou para o ponto que eu observava.
– Você acha esse rio é tipo um córrego?
– Espero que sim.
Nós corremos até o local. Eu estava exausta, mas não demonstrei, muito menos reclamei de cansaço. Precisava feder o suficiente para espantar as ovelhas, e faria isso para completar essa parte da missão.
Eu estava certa. O rio era um córrego, onde desaguavam dejetos tão nojentos que prefiro não mencionar. Nós paramos na borda e olhamos um para o outro.
– Então...você quer dar pulo de bomba ou só mergulhar mesmo? – Leo tapava o nariz com a mão.
– Na verdade, eu pensei em outra coisa. – dei um sorriso esperto – E se só mergulhássemos nossas camisetas? Assim pelo menos não ficaríamos completamente cobertos de... merda.
Leo cobriu o rosto inteiro com as mãos. Eu me sentia tão frustrada e irritada quanto ele. Faltava pouco para eu surtar e mandar tudo para o inferno.
– Aquele maldito Papai Noel vaqueiro. Não sei se estou com mais raiva dele ou de Hermes. – Leo rosnou.
– Eu também não quero fazer isso, Valdez. Mas nós precisamos. Senão viraremos comida de cachorro.
Leo me fitou. Ele parecia estar realmente esgotado, porém não fez nenhuma objeção. Leo tirou a camiseta, abaixou-se na borda do rio, e mergulhou a peça de roupa. O córrego possuía um cheiro péssimo, e a camiseta de Leo absorveu sua essência eau de podridon. Ele a tirou e vestiu-a. Por estar molhada, a camiseta ficou colada em seu corpo. Agora ele fedia como Ryler.
Esbocei outro sorriso.
– Ótimo! Você está fedendo como uma lata de lixo.
– Feder... adoro feder. – ele resmungou. Leo cheirou sua camiseta e fez uma cara de profundo desgosto.
E aí lembrei que teria que fazer o mesmo. Mas havia um problema: eu era menina e tinha duas coisinhas que se chamavam peitos. Ótima ideia, Patricia! Não podia, simplesmente, ficar sem camiseta na frente de Leo. Ele pareceu perceber a situação constrangedora e disse:
– Hãm... eu fecho os olhos. Não se preocupe.
Leo tampou os olhos (pelo menos eu queria acreditar que sim) e eu tirei a camiseta. Mesmo vendo que Leo fechou os olhos de verdade, morri de vergonha. Mergulhei minha camiseta o mais rápido que pude no córrego e logo a coloquei de volta. A notícia boa: eu também estava fedendo. A notícia ruim: a blusa era rosa e transparente, estava colada em meu corpo e meu sutiã aparecia através dela.
– Pode olhar.
Leo tentou ser discreto, mas não foi bem sucedido. Os olhos dele se arregalaram ligeiramente e ele bagunçou seus cabelos. Deuses, eu estava com tanta vergonha que nem conseguir dizer nada, muito menos dar um tapa nele!
– Hum...vamos voltar. Ryler deve estar surtando. – ele balbuciou e praticamente saiu correndo. Eu o segui, ainda envergonhada.
Ao chegarmos no cercado das ovelhas, até Ortro recuou quando sentiu nosso cheiro. Ryler nos olhou, digo, me olhou. Ele também não foi nem um pouco discreto ao fazer isso. Bufei e fui até uma ovelha.
Dessa vez, a ovelha não tentou me atacar. Pelo o contrário, eu estava tão fedida que ela recuou imediatamente. Nem eu aguentava meu próprio cheiro, quem dirá o animal! Peguei Kallistei, agarrei uma boa quantidade de pelos, e os cortei. Fiz o mesmo procedimento diversas vezes e tinha a impressão de que não saía do mesmo lugar. Comecei a ficar irritada ao extremo, quando um barulhinho insuportável me deixou mais possessa ainda. Virei-me e vi uma cena ridícula. Leo estava tosando sua ovelha com uma tosquiadora. O barulho daquela máquina me fez explodir.
– Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. – eu falei entre dentes.
Leo desligou o aparelho e fez cara de coitado.
– O que? Eu não tenho uma espada.
– Onde você arranjou isso? – eu gritei irritada. É, acho que eu finalmente tinha explodido.
– Meu cinto. – ele respondeu com toda sua inocência. – Ele me dá tudo o que eu peço, mas não em grande quantidade. Infelizmente, não tem como eu tirar uma tosquiadora para você.
Respirei fundo. Senti minhas mãos fechando-se.
– Vai. Com. Essa. Droga. Para. Longe. De. Mim. AGORA!
Leo me encarou assustado e levou sua ovelha para longe. Não dava mais para segurar a irritação. Tudo o que nós já tínhamos passado naquele rancho idiota por causa da droga do pedido de Hermes havia me deixado furiosa. E eu precisava descontar em alguém.
Voltei a tosar minha ovelha e tentei me controlar para não machucar o bicho, refreando minha vontade de enfiar a espada naquela gordura nojenta. Depois de vinte minutos, terminei de tosar a primeira ovelha. Parecia que ela estava calva, porque deixei algumas boas falhas em seu pelo. Juntei toda a lã e a levei para dentro de um lugar parecido com um estábulo.
Depois de duas horas depilando ovelhas, eu terminei a tarefa. Meu braço doía e por mais estranho que soasse, estava desesperada para voltar até Hermes. Para incrementar minha sorte, o cheiro do córrego era tão forte que acabou impregnando em minha camiseta. Resultado: mesmo depois de seca, eu continuei fedendo. Ao menos atingi a meta: tosar dez ovelhas em duas horas. Minhas pernas doíam tanto quanto meus braços e eu suava como se tivesse corrido uma maratona.
Quando minha décima ovelha perdeu sua lã, me dirigi até Ryler, que também terminava sua última. Leo tosava uma ovelha ao lado de Ryler, e ao voltar minha atenção a ele, fiquei pasma com o que vi. Leo estava tosando um moicano na ovelha. Sim, isso mesmo que você leu: um moicano. A tosquiadora continuava a fazer o barulho irritante, mas ele parecia não se importar. Estava concentrado demais no seu momento hairstylist para se desgastar com tal ruído torturante.
– Você está cheirosa como uma rosa, Pattie. – Ryler brincou.
– Ha ha ha. Você também, Ryler. Cheiroso como um cão sarnento.
Ryler riu e tirou o último tufo de pelos da ovelha. Uma bela quantidade de lã jazia no chão. Eu o ajudei a carregar a lã para dentro do estábulo e vimos Leo trazendo nos braços outro tufo de pelos brancos. Ele o jogou num canto e virou-se para nós.
– Beleza. Tosamos as ovelhas gordas e estamos com o leite. Por que ainda não fomos mandados de volta para Hermes?
Ryler olhou para o relógio em seu pulso e exclamou:
– Temos mais cinco minutos até o tempo esgotar!
Trocamos um olhar apreensivo. Estávamos frustrados com nosso breve cosplay de fazendeiros. Pedi mentalmente para que Hermes nos mandasse de volta. E adivinha? Meu pedido foi concedido.
Num piscar de olhos, estávamos parados na frente de Hermes. O deus nos olhou do mesmo jeito que antes: por cima dos óculos de sol. Mas dessa vez, com um pouco mais de emoção.
– Pelos deuses, o que diabos aconteceu com vocês? – ele exclamou, encobrindo seu nariz com uma toalha.
– Ah, não sei – Leo ironizou. - Nós só tivemos que tirar leite da maldita vaca Molly. E detalhe: todas as vacas chamavam Molly. Depois, tosamos ovelhas comedoras de gente que só não nos atacavam se estivéssemos fedidos. Está bom para você?
Hermes nos olhou, um misto de surpresa e divertimento brilhando em seus olhos claros.
– Não esperava isso de vocês, semideuses. Parabéns por todo o esforço. Certamente trouxeram meu leite?
Estendi a garrafa com o leite. Hermes observou o leite dentro do recipiente e sorriu para nós.
– Ah! Como é bom poder roubar alguma coisa de Apolo pelas mãos de outros. A sensação é maravilhosa! Obrigada. A essa hora, ele deve estar enlouquecendo e planejando sua vingança. Boboca.
– Desculpe? – eu me pronunciei. Como mais cedo, ouvi as vozes das cobras do caduceu sibilarem, rindo dentro de meus pensamentos.
O deus levantou as sobrancelhas.
– Oh sim! Você não deve saber, mas eu já roubei esse gado sagrado de seu pai uma vez. Apolo quis me matar, até jogou uma maldição em mim. Mas nada que um bom remédio não cure.
Ryler se mexeu desconfortavelmente ao meu lado.
– Então, o senhor vai nos mandar para Paris agora? Você jurou pelo Estige.
– Espere, garoto. Ainda tenho perguntas a fazer. – Hermes lhe lançou um olhar repreendedor – Quem tirou o leite da vaca? Creio que vocês são os únicos semideuses que sabem tirar leite.
– Foi eu. – Ryler respondeu, enrubescendo no mesmo instante.
Ele tirou os óculos de sol e explodiu em risadas.
– Foi você? – ele disse, tomando fôlego. – Um filho de Ares tirando leite de vaca, que cena interessante! Renderia uns bons dracmas para mim se tivesse filmado e vendido para a TV Hefesto. Seu pai não deve estar muito contente nesse momento. Adoro isso!
O rosto de Ryler assumiu cor de um tomate maduro. Ponderei se estaria vermelho de vergonha ou raiva. A alternativa mais provável era a segunda.
– Hãm...ok. – Leo intrometeu-se – Caso esteja curioso em saber, eu e Pattie tivemos que praticamente nos jogar num córrego para ficarmos fedidos e estamos realmente cansados. Então, será que o senhor podia, por favor, nos mandar para Paris agora?
Hermes deixou o leite de lado e fez sinal para que nos acalmássemos.
– Só faço porque jurei. Vocês não trouxeram o meu milkshake completo, do jeito que pedi. Um milkshake não é só leite, mas vou considerar.
– Se tivéssemos tido tempo...
– Eu entendo. – Hermes sorriu bondosamente. Cara, como os deuses conseguiam ser tão bipolares? – Uma dica: quando chegarem a Paris, troquem de roupas. Se estiverem nesse estado, Eros preferirá ficar preso a ser libertado por três adolescentes sujos e fedidos como vocês.
O que supostamente era para ser uma piada, para mim, não teve graça nenhuma. Nós realmente devíamos estar horríveis e eu mal suportava meu próprio cheiro. Mas o que nós podíamos fazer? Chegar numa loja em Paris, comprar algumas peças de roupas e na hora pagamento entregar alguns dracmas, talvez? Não, acho que não.
Hermes examinou cada um de nós atenciosamente e concluiu:
– Tudo bem, então. Tenham uma boa estadia em Paris. Adeus, vaqueiros.
Ele fez um sinal com as mãos e deu uma piscadinha. Não sei se fui a única a reparar nisso. Ou o córrego nojento havia mexido com a minha sanidade. Só tive tempo de ver Hermes colocando os braços atrás da cabeça e tomando um gole do leite. A sensação de ser sugada tomou conta de mim pela terceira vez no dia; não sabia se meu estômago seria capaz de aguentar uma quarta. Segundos depois, eu e os garotos surgimos de pé no meio de uma movimentada rua, apinhada de transeuntes e automóveis. Nós estávamos em Paris.


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Notas finais do capítulo

Wohoo! E a parte I da história está chegando ao fim... Mais sete capítulos e a fic estará finalizada! Mas como eu disse, não fiquem tristes, pois logo a parte II dará o ar da sua graça.
Até a próxima, semideuses! Obrigada por lerem nossa história!
xX Taty



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