Crawling Back To You escrita por Jiggle Juice


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Minha ideia original era colocar o nome da música como o título da one, mas vi que já tem uma com esse nome, e por ser uma fanfic do ship "anti-faberry", resolvi mudar.
Aproveite :)



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Rachel Berry havia despertado, mas seus olhos permaneceram fechados. Sabia que ela estava ali, lhe observando com seus olhos de ouro, e ela simplesmente não sabia se teria coragem de encará-los depois da quantidade de gemidos e suspiros que escaparam de sua boca há apenas algumas horas antes. Não que elas não já tivessem feito aquilo, mas Rachel sentia-se envergonhada depois de que tudo voltava ao normal. E mesmo assim ela não conseguia parar. Não conseguia parar de desejar beijar seus lábios ou sentir seu toque de dedos gelados por sua pele ou ouvir a voz rouca e suave no pé de seu ouvido. Não conseguia parar de desejar o corpo de perfume doce embalando o seu ou de ver a diferença entre suas peles, morena e a outra tão branca, mas que de alguma maneira se combinavam perfeitamente. Simplesmente não conseguia parar de deseja-la. Não desejava só o corpo. Só sua presença já bastava e pensar naquilo, nas proporções em tudo estava se tornando, era meio assustador e até inacreditável.

Estavam intoxicadas de meia garrafa de vinho branco e um par de doses de whisky quando aconteceu pela primeira vez. Rachel não se lembrava de muita coisa antes de terem se beijado, apenas de risadas embriagadas e escandalosas, falas retorcidas pelo álcool, palavrões e obscenidades proferidos em voz alta e alegre, borrões de cabelos loiros e lábios vermelhos. De repente, seus lábios beijavam uma boca com gosto de uvas brancas e cevada e ela não podia negar que aquele era o sabor mais maravilhoso que já havia estado em sua língua. Estranhamente, Rachel se lembrava do que veio depois. Roupas espalhadas pelo chão, gemidos coreografando no ar, lábios quentes em peles arrepiadas, mãos cheias de lascívia que não temiam em explorar grutas de carne quente e pulsante de desejo, o prazer em forma de líquido que banhou suas peles tantas e tantas vezes, ali, no chão da sala de seu apartamento, que, apesar de frio, nada se comparava à temperatura elevada de seus corpos necessitados de toques e carinhos.

Depois daquilo, Rachel não sabia se ficava com raiva ou se sentia grata por Santana Lopez e Kurt Hummel terem saído de seu apartamento naquela noite, as deixando sozinhas com todo aquele álcool. Mas se fosse honesta consigo mesma, se tivesse coragem o suficiente, Rachel não precisaria de uma gota de bebida para ter feito sexo com ela. Quando estava no ensino médio e alegava com veemência que só perderia sua virgindade aos vinte e cinco, depois de ter ganhado pelo menos um Tony, aquela regra não se aplicava a ela. Se tivesse ouvido “Eu quero você” vindo de sua boca na época do colégio como ouviu na noite em que tudo aconteceu, não hesitaria um só segundo em se entregar e nem por um momento se arrependeria.

Mas não era fácil. Oh, não, não era nem um pouco fácil. Suas personalidades eram tão fortes, eram teimosas, orgulhosas e não gostavam de ceder ou falar de sentimentos que as deixavam expostas como sabiam que ficariam se conversassem sobre aquilo. A dor de cabeça e a vertigem que as acordaram na manhã seguinte não foi párea para o desconforto ao se verem deitadas uma ao lado da outra – talvez uma em cima da outra –, completamente nuas. Ambas agradeceram a todos os deuses existentes por Kurt e Santana não terem dormido em casa e não terem as flagrado em meio a uma situação tão peculiar. Quando Rachel saiu do banheiro, ela estava com as malas na porta enquanto recolhia suas coisas espalhadas no apartamento, pronta para ir embora. Mas antes de ir, ela olhou no fundo de seus olhos, sua expressão era dura e mesmo que ela não quisesse mostrar qualquer emoção e estivesse fazendo aquilo com sucesso, Rachel podia ver uma sombra de vergonha e talvez tristeza passar por seu rosto. Quando Santana e Kurt finalmente chegaram em casa, depois das 13h, a latina logo perguntou por sua amiga. Rachel lhe respondeu que aconteceu algo urgente e que ela precisava ir embora logo. Santana não ficou muito satisfeita com a resposta que obteve, então insistiu e fez um pouco de pressão psicológica, mas desistiu quando percebeu que Rachel nada diria. Rachel tinha certeza que Santana sabia que havia algo por trás de sua história mal contada, ela era esperta, mas ficou aliviada quando Santana não perguntou mais.

Ter Santana morando em seu apartamento não era algo fácil. Não somente por seu temperamento e língua afiada, mas porque ela era melhor amigadela. Depois do que acontecera, era mais difícil recebe-la em sua casa, mas com a insistência da latina, ela eventualmente aparecia lá para passar os finais de semana com a amiga. Rachel não poderia admitir aquilo em alto e bom som, mas sentia falta de sua presença de ar superior andando pelo apartamento, descontraída e sem máscaras. Ficava mais feliz do que gostaria quando ela lhes visitava, embora nunca demostrasse maiores emoções. Rachel não sabia se seus amigos faziam de propósito, mas por um motivo que ela ainda não compreendia, Kurt e Santana resolveram sair de casa de manhã. Quando acordou, às dez horas – era sábado! –, deu de cara com ela, com um grande moletom de Yale cobrindo somente seu tronco, deixando a mostra suas pernas e sua bunda, que ficava ainda mais evidente por causa da boxer feminina apertada que ela usava. Aquilo era demais! Rachel tentou se controlar e tomar seu café da manhã, mas ela simplesmente não podia porque toda a sua concentração estava no corpo perfeito a sua frente e nos olhos dourados que não paravam de fita-la. Em um determinado momento, Rachel não pôde mais aguentar. Quando ela se levantou para colocar seu prato sujo na pia, a morena pulou no balcão e assim que ela se virou, capturou seus lábios com tanta vontade que temeu machuca-la. Surpreendentemente, ela não recuou ou lutou, ela simplesmente se entregou e beijou Rachel de volta com a mesma voracidade.

Depois disso, aquele relacionamento estranho e secreto passou a virar rotina a cada vez que New York era agraciada com sua presença. Era um circulo vicioso, o melhor que poderia existir.

Rachel já não tinha dúvidas que Kurt e Santana sabiam do que estava acontecendo, pois todas as vezes que ela estava ali, eles sumiam do mapa por pelo menos algumas horas e as deixavam sozinhas e então tudo se repetia. Beijos, caricias, sexo, orgasmos… Tudo isso até quando seus corpos estivessem satisfeitos, mas eles nunca estavam completamente. O clima ficava meio estranho depois que tudo terminava.

Houve um momento em que Rachel estava determinada em dar um ponto final naquela relação tão esquisita. Planejava terminar aquilo na próxima vez que ela viesse até sua casa, mas quando foram deixadas sozinhas novamente, olhou em seus olhos e seus lábios e decidiu que aquela seria a última noite. Na outra vez, disse a si mesma que aquela era a última noite. Na próxima, prometeu a si mesma que aquela definitivamente era a última. Na noite passada, jurou aos céus que aquela seria a última noite. Todas as noites eram as últimas, mas Rachel sabia que não seria forte o suficiente para torna-las como tal.

Com um longo suspiro e uma dose exagerada de coragem, Rachel Berry abriu os olhos e viu Quinn Fabray lhe observando com um semblante tão emocionado quando o de uma parede. Em suas mãos, uma xícara de café tão grande como uma pequena tigela enquanto estava sentada em uma poltrona. Ela bebeu um gole do café aparentemente já frio e continuou a observá-la, nenhuma emoção em seu rosto. Rachel se remexeu desconfortável e desejou esconder a cabeça debaixo dos cobertores para não encarar aqueles olhos, mas sabia que aquilo seria infantil demais.

Depois de um longo tempo de silencio desagradável, Rachel se viu obrigada a dizer alguma coisa:

—Bom dia.

Recebeu como resposta uma sobrancelha arqueada e agora o deboche definia seu rosto. Ela soltou uma risadinha sarcástica e respirou fundo.

—Oi.

O silencio se instalou durante alguns minutos, mas Rachel não poderia mais segurar aquilo. Ela era orgulhosa, mas tinha capacidade de dizer quando seu orgulho era prejudicial. Então, tomando toda a coragem que ela não tinha, resolveu ser madura e definir aquela situação.

—O que nós somos, Quinn? – Sua voz era baixa e temerosa.

Quinn a encarou por alguns instantes, seu rosto tornou-se impassível novamente. Ela deslizou os dedos sobre a borda da xícara, parecendo ponderar sua resposta.

—Eu não tenho certeza. Amantes, talvez?

Rachel fez uma careta. Ela não gostava muito do termo “amantes”. Não lhe parecia muito correto, mas sabia que era a única palavra que poderia defini-las.

—Creio que sim – A morena sussurrou para si mesma – Devemos conversar sobre isso, não acha?

—Não – A resposta veio rapidamente.

—Não?

—Não. Não vejo o porquê de querer conversar.

—Como assim? – Rachel exclamou, sentando-se na cama e corando levemente quando percebeu sua nudez. Levou o cobertor até o pescoço – Não acha que isso aqui está confuso demais? Eu não estou satisfeita com essa confusão.

—Ah, não? – O tom era irônico – Se está tão insatisfeita assim com essa “confusão”, porque é que você não quis conversar sobre isso mais cedo? Você me parece muito satisfeita todas as vezes que está arrancando minhas roupas.

As palavras que estavam prestes a sair da boca de Rachel foram engolidas e de repente ela se viu com a garganta terrivelmente seca. Quinn estava certa e Rachel sabia disso. Sem pensar, ela levantou de supetão, sem se importar com sua nudez, e tomou a caneca de Quinn, bebendo quase todo o café. Entregou a xícara para a loira, que não ficou feliz em não ter mais o que beber. Rachel não se importou com aquilo, ela voltou para a cama e cobriu seu corpo.

—Eu sei disso, okay? Mas só agora eu arrumei coragem o suficiente para falar.

Quinn, que ainda fitava sua caneca vazia, olhou para Rachel. Ela se levantou e deixou a caneca no chão. Caminhou até a cama e deitou por cima do corpo da morena, lhe tomando os lábios nos seus inesperadamente. Rachel não era capaz de resistir, então a beijou de volta com todo o desejo que tinha dentro de si por aquela mulher desde a época do colegial. Seus dedos se enterraram nos cabelos loiros enquanto sentia a língua quente percorrer sua boca. Rachel agarrou uma das nádegas de Quinn de maneira possessiva, porque, para Rachel, Quinn pertencia a ela.

Quando a loira se afastou abruptamente, Rachel choramingou com a perda de contato.

—Por que você gosta de complicar as coisas? – Quinn perguntou olhando em seus olhos – Você não quis conversar até agora. Então por que fazer isso depois de tudo?

—Porque desse jeito não é certo ou saudável. Estamos nesse relacionamento, se é que o que nós temos pode ser chamado de relacionamento, e é tudo tão bagunçado. Só ficamos juntas quando você vem para visitar Santana e para que isso aconteça, ela e Kurt precisam sair de casa. E depois, nós nem trocamos uma palavra a não ser um “Até breve” quando você está voltando pra New Heaven.

—E o que você quer?

—Como? – perguntou confusa.

—Você disse que não está satisfeita com o que temos. O que a deixaria satisfeita? O que você quer?

Rachel mordeu o lábio e desviou os olhos. Aquela pergunta a afetara. Ela sabia o que queria, só não sabia como Quinn levaria aquilo. Talvez sua ideia de questionar seu relacionamento não era lá das melhores. Pensou que poderia ter ficado calada como nunca fazia e ter continuado com aquela relação, mas não estaria completamente feliz.

—Vamos, diga – Pressionou – O que você quer?

Os olhos de Rachel se encheram de umidade então ela os fechou bem apertados, não querendo parecer uma boba chorona na frente de Quinn. Ela não queria responder e teve a esperança que a loira deixasse aquilo de lado, mas ela continuava a lhe encarar, esperando por uma resposta. Rachel tomou um pouco de coragem e encontrou o rosto de Quinn, que, apesar de suave, não fazia seu nervosismo menor.

—Eu quero você – Ela murmurou, tão baixo que Quinn mal pôde ouvir.

—Você me tem. Estou aqui.

—Eu quero mais do que isso. Não quero só transar eventualmente com você quando você vem pra New York e depois nem conversar com você por e-mail quando você volta pra Yale – Ela pausou. Uma lágrima escorreu por seu rosto e Quinn se apressou em secá-la – Isso não é suficiente.

—Eu entendo. Mas o queexatamentevocê quer?

—Por favor, não me faça dizer… – Pediu chorosa.

—Okay, okay. Desculpe, desculpe – Beijou seus lábios levemente, descendo para o pescoço e aplicando beijos. Rachel suspirou um pouco mais relaxada e Quinn pressionou sua boca contra o maxilar da morena – Se você não vai falar, eu também não vou. O nome disso é igualdade – Brincou, fazendo Rachel rir um pouco – Isso também não é suficiente pra mim. Eu quero mais do que isso. Não sei exatamente o que, mas que quero mais. Euprecisode mais. Mais de você.

Rachel sorriu. Eram poucas e simples palavras, mas ela podia ver a verdade nos olhos de Quinn. Podia sentir toda a sinceridade e isso a deixava imensamente feliz. Rachel beijou a boca de Quinn, retirando o cobertor de seu corpo, dando oportunidade para que a outra pudesse explorá-lo com as mãos. Ela não pensava em mais nada naquele momento, a não ser que ela sempre voltaria para Quinn e o quanto ela não queria ter uma última noite com ela.


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Notas finais do capítulo

Bleh, esse final não me agradou muito, mas não consegui fazer melhor, sorry :/
Obrigada por ler ^^
mizzdlovato.tumblr.com