–Tchau Kentin, e obrigada! – disse, enquanto era arrastada pela sala fora. Foramos as primeiras a saírem das aulas, aposto. Quando olhei para trás, vi que Lysandre não estava connosco.

–Espera! – disse, travando de repente. – O primo Lysandre ficou para trás!

–Ele depois vai lá ter! Agora vamos!

–Espera! Eu quero que ele venha connosco!

Ela olhou para mim, mas nunca parava.

–Tu sabes para onde vais, não sabes?

–Sim, claro! Às compras!

–No shoping, por isso temos que apanhar o autocarro! E também vamos para lojas que Lysandre não pode entrar!

Sabia que não valia a pena insistir mais, pelo que tirei o telemóvel com dificuldade e procurei o número de Lysandre no meu telemóvel. Logo a seguir pus a chamar.

–Estou?

–Primo Lysandre!

–Nem acredito que lhe ligaste! – deitou para cá para fora Rosalya.

Do outro lado ouvi Lysandre a rir-se.

–Onde vocês estão agora?

–No corredor principal. Vamos agora sair.

–Está bem. Eu vou ter mais tarde com vocês, ok?

–Está bem! O que vais fazer até vires ter connosco?

–Vou estar com Castiel em casa dele.

–Hum… E depois como vens ter connosco?

–Vou com Leigh.

–O primo Leigh também vem?

–Sim.

Chegámos à paragem ao pé da escola e parámos. Rosalya vai ver os autocarros e eu fico ali onde ela me deixou.

–Estou-te a ver. – comenta ele.

Eu olho repentinamente para trás.

–Onde?

–Na janela da sala.

Comecei a correr todas as janelas com o olhar.

–Não te vejo. – ao dizer isto, comecei a caminha na direção por onde viera. Rosalya ao aperceber-se vem atrás de mim e agarra-me o vestido por trás, impedindo-me que eu avançasse mais, e arrastou-me de novo para a paragem. Eu só ouvia Lysandre a rir-se.

Rosalya tirou-me o telefone das mãos e falou:

–Agora já chega de namoriscar! Ela ainda vai acabar por ir ter contigo e o nosso dia fica arruinado!

…

–Está bem.

Ela passou-me o telemóvel com um olhar ameaçadoramente.

–Pupils?

–Sim?

–Diverte-te hoje.

–Sim…

–E espera por mim.

Senti as minhas bochechas ficarem bem quentes.

–Sim, esperarei por ti.

–Tchau.

–Tchau…

Ele desligou e eu ainda fiquei ali sonhando com a voz dele.

–Ei Pupils!

–Hum? Que foi?

–O autocarro chegou. Vamos entrar ou não?

–Vamos sim!

Eu e Rosalya entrámos no autocarro, comprámos os bilhetes e sentámo-nos lado a lado. Ainda olhei pela janela para a escola, talvez à procura de Lysandre, mas não o vi. Rapidamente chegámos ao shopping.

–Vamos começar pelas minhas lojas preferidas! – decidiu ela, pegando na minha mão e levando-me para trás das escadarias.

Entrámos numa loja de lingerie.

–A tua loja favorita é uma loja de lingerie? – perguntei, olhando em volta e não querendo acreditar muito.

–Que mal tem?

–N-Nenhum. – respondi, abaixando um pouco a cabeça.

–Vamos então procurar algo para ti. – disse, arrastando-me para um canto da loja.

–Eu não gosto destas, Rosalya! – exclamei, olhando as lingeries cheias de renda, flores, laços e estampados.

–Mas tens que gostar!

Olhei em volta na loja e dirigi-me à parte que eu mais gostava, que era mais simples, delicada e branca.

–Eu gosto mais destas…

–São a tua cara, mas estás cheia destas em casa, por isso não pode ser!

Ala agarrou-me pela mão e arrastou-me de novo para a sua ponta da loja.

–Olha, este é bonito. – disse ela, tirando um com floreados.

Olhei para eles.

–Gosto mais deste.

Tirei um com um estampado de flores estilo asiático e com rendas e um lacinho pequenino rosa.

–Delicado; é a tua cara mesmo.

Estivemos a escolher mais uns e fomos experimentar. Eu levava um monte mas ela levava uns três ou quatro. Todos me ficavam bem, mas só gostava de cinco.

–Só vou levar estes, Rosalya.

–Desde que leves algo, por mim tudo bem. – ela fez uma pausa. – Acabámos por passar mais tempo aqui do que eu julgava.

Fomos até mais umas lojas de roupa e pouco comprámos. Estávamos numa de bikinis quando Rosalya recebe uma chamada.

–Olá Leigh… - diz ela com um sorriso espalhado até nos olhos.

(…)

–hum hum.

(…)

–Ok, vamos já. Tchau.

E desligou.

–Temos que ir! – diz ela.

–Ok… - respondi, seguindo-a para fora da loja.

Estávamos a chegar à escada rolante quando um rapaz alto, loiro, de olhos verdes e estilo surfista nos parou, metendo-se à nossa frente.

–Olá meninas… Querem companhia?

Eu agarrei o braço de Rosalya e fiquei bem próxima dela, não a largando e desviando o meu olhar daquele rapaz. Aquele rapaz olhou-me atentamente.

–Pupils?

Olhei para ele. Como ele sabia o meu nome?

–És tu! Consegues-me reconhecer?

Comecei a analisá-lo, olhando-o de alto-a-baixo. Dava-me a impressão de que o conhecia de algum lado, mas não me lembrava dele.

–Conheces-lo? – perguntou-me ela.

–N-Não me lembro.

–Sou o Dakota, mas todos me chamam de Dake.

“Dake…”

–Ah! – disse, quando finalmente me lembrei.

Dake era um rapaz que andou comigo na creche e era dos miúdos que se juntava de vez em quando connosco para se brincar.

–Há quanto tempo! – diz ele.

–B-Bonjour Dake…

–Português, por favor.

–Ok.

Então, quem é esta rapariga? Uma amiga tua?

–Sou a Rosalya, prazer em conhecer-te. – apresentou-se logo ela.

Pela cara dela notava-se bem que ela não gostara dele.

–O prazer é todo meu. – ele voltou a olhar para mim. – Aposto que ainda não tens namorado, Pupils, com a tua timidez.

Mantive-me calada. Não sabia bem o que responder.

–Sabia que tinha razão. Vamos dar uma volta, meninas?

–Não. Temos os nossos namorados ali à nossa espera.

–Os vosso namorados? Pupils tem um namorado?

–N…!

–Claro que tem! Agora deixa-nos ir!

–Eu irei com vocês. Quero ver quem é o namorado de Pupils.

Nós subimos, com Dake mesmo atrás de nós. Numa mesa estava Leigh. Fomos então ter com ele. Rosalya aproximou-se e beijou-o.

–Nem acredito que Leigh arranjou mesmo uma namorada!

Vi Leigh olhar para Dake, enquanto Rosalya se sentava no seu colo.

–Olá Dake, há quanto tempo.

–Onde ele está? – pergunta Rosalya.

–Ele foi à loja de música.

–Pupils, vão ter com ele.

–Ok…

–Vamos também, Rosalya.

–Espera um pouco, Leigh. Estou com cede.

–Está bem.

Comecei então a ir para a loja de música, que ficava ao lado de uma loja que fui com Rosalya, pelo que sabia o caminho. Ao entrar vi Lysandre num canto, com o telemóvel na mão. Ele olhou para a entrada e quando os seus olhos se encontraram com os meus, ele sorriu-me. Fui ter com ele, com Dake a seguir-me, e assim que me aproximei dele, Lysandre puxou-me e beijou-me.

–Primo e prima? Não acredito!

–Passa a acreditar. – responde Lysandre e beija-me no alto da cabeça.

Leigh e Rosalya entraram na loja e vieram ter connosco.

–Tudo bem? – pergunta Leigh, ao ver o ambiente que nos rodeava.

–T-Tudo sim. – respondi.

–Eu não imaginava que vocês gostassem assim tanto um do outro.

–Gostamos sim. – fala Lysandre, num tom confiante.

–Eles sempre se deram muito bem, é normal que gostem tanto um do outro. – fala Leigh.

Dake olha para ele, como se não quisesse acreditar. Eu já me apercebera que ele não percebera nada, e esperava que ele nem percebesse.

–Se tu aceitas… - ele encolhe os ombros – Então até uma próxima! – despediu-se e foi-se embora.

Suspirei de alivio ao vê-lo desaparecer e olhei para Leigh. Ele parecia bastante normal.

–É esse o CD que vais levar? – pergunta.

–Sim. – responde Lysandre.

Lysandre foi até ao balcão para pagar e levou-me com ele pela mão. Comecei a recordar tudo o que acontecera desde que Dake me apareceu à frente.

“Como ele sabia que nós estávamos a chegar e que não podia esconder o facto de ser namorada dele?”

–Rosalya me avisou por mensagem de tudo, pouco antes de cá chegares com Dake.

Olhei para ele. Lysandre acabara de responder aos meus pensamentos, como que magicamente.

–Ok…

Senti ele a apertar a minha mão. Fiz um simples movimento e ele soltou a minha mão, e então entrelaçámos os dedos, continuando de mãos dadas.