Carlos Daniel sai do quarto e procura por Filó, precisava contar a ela o que iria fazer e o motivo, sabia que Filó cuidaria de Paulina.

Paulina fica o dia todo na mansão, não para de pensar em Carlos Daniel, ele não vai almoçar em casa, apenas liga pra ela e diz que quando chegar da fabrica eles irão conversar.

As crianças vão pra escola, vovó Piedade vai visitar Adelina, Cacilda e Adélia vão fazer compras, e na mansão ficam apenas Paulina com seus filhos, Filó e Lalinha.

Paulina estava angustiada, tanto que nem notou que Filó tinha uma expressão triste e preocupada, Carlos Daniel havia lhe contado tudo e ela não parava de pensar em como Paulina iria sofrer.

Por volta das 14:00 horas Filó começou a arrumar as malas de Paulina, Paulinha, Gabo e a sua, tudo escondido de Paulina que estava no jardim pensando em Carlos Daniel e o quanto ele estava estranho.

Lalinha se aproxima de Paulina e diz.

— Senhora, o seu Carlos Daniel esta te esperando no quarto, ele não esta com uma cara muito boa.

— Obrigada Lalinha. – Paulina diz aliviada e ao mesmo tempo com um enorme aperto no peito.

Ao entrar no quarto Carlos Daniel esta de costas olhando pela janela, ele sente Paulina se aproximar e fala num tom rígido e frio.

— Paulina, sente-se que o que eu tenho pra lhe contar é muito sério, e, por favor, não me interrompa.

Paulina para o analisando, mesmo estando de costas da pra ver a tensão no corpo do marido, sua vontade era de ir ate ele e beijá-lo, mas ela o obedece e se senta na cama.

— Pode falar meu amor, - ela diz com suavidade olhando para Carlos Daniel que continua imóvel olhando pela janela – o que tem pra me dizer?

Ao ouvir a forma que Paulina falava, a delicadeza em cada palavra, buscando compreender o que tanto lhe afligia, seus olhos se enchem de água e ele respira fundo.

— Não da mais pra continuar nessa mentira. – ele soltou as palavras de uma vez.

— Que mentira Carlos Daniel? – Paulina pergunta se levantando da cama – Do que você esta falando meu amor?

— Por favor Paulina, peço que não me interrompa mais, o que tenho pra lhe dizer é difícil e sei que vai lhe ferir. – ele diz fechando os olhos para impedir que as lágrimas saem.

Paulina continuou em pé, em silencio, imaginando o que poderia ter acontecido.

Carlos Daniel escolheu as palavras para poder ir direto no assunto e fazer com que Paulina acreditasse em tudo, já era bem difícil dizer tudo aquilo e ele não iria conseguir prolongar a conversa.

— Eu não te amo Paulina. – ele disse de uma vez engolindo seco para tentar desfazer o nó que lhe apertava a garganta – Nunca te amei, sempre vi em você a Paola, e todos esses anos juntos tentei mentir pra mim mesmo que você era a Paola, mas você não é, e nunca vai ser. Não posso continuar com essa mentira e te enganar assim, fingindo um sentimento que não sinto.

Carlos Daniel falava de costas sem olhá-la, não suportaria ver a dor que suas palavras estavam causando em Paulina, ele já não podia agüentar mais, aquilo tudo que acabara de falar saia de sua garganta como fogo, aquelas palavras lhe rasgava o peito, lhe doía muito mais nele do que em Paulina, aquelas mentiras que acabara de dizer, ainda que para proteger Paulina, lhe torturava.

— Eu não quero mais te ver Paulina, - ele diz se esforçando ao máximo que podia para não ir ate ela e abraçá-la – então, por favor, saia de nossas vidas.

Paulina estava tão quieta, sem fazer o menor ruído que por um momento Carlos Daniel quase não suportou em não olhá-la temendo que ela pudesse ter perdido os sentidos, mas ele desistiu ao ouvir-la se sentando na cama.

Paulina escutava cada palavra que lhe acertava em cheio no peito como um milhão de facas sendo cravadas nele, sentia completamente sem chão, sem forças. Como pode ser tão idiota ao ponto de achar que Carlos Daniel a amasse? Ele nunca a amou, sempre viu Paola nela.

— Não se preocupe, não vai me ver nunca mais. - ela diz com firmeza na voz, não iria dar a ele o gosto de vê-la chorando, e segurava com todas as forças que lhe restavam as lagrimas de seus olhos – Adeus.

Carlos Daniel não a olha, as lagrimas já caem pelo rosto descontroladas, ele caminha rápido ate a porta para que Paulina não o visse chorando e a fecha com força.

Quando Carlos Daniel sai do quarto Paulina desaba, ela afunda o rosto nas mãos e chora, chora com uma grande dor no peito. Do outro lado da porta Carlos Daniel se senta no chão frio e chora descontroladamente, se sentia um monstro horrível. Não acreditava que tivera coragem de dizer todas aquelas mentiras para Paulina, a feriu profundamenta com aquelas palavras, e o pior, a perdeu para sempre.