Mar De Monstros - Brittana escrita por Ju Peixe


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Noite...



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Caminhamos guiados por uma espada até uma cabine. Sam entrou na nossa frente e abriu um sorriso para mim. Juro que eu ainda tinha mais medo do tamanho daquela boca do que da espada logo atrás de mim. Pelo menos a espada me mataria de cara, já ser engolida pelo Bocão...

Sebastian indicou três cadeiras para nós. Não sentamos, o que provocou um sorrisinho irônico nos lábios do rapaz.

- Santana, você não mudou nada, continua sem modos. Aposto que a sua namoradinha apenas faz o que você faz. Afinal, são namoradas ou macaquinhos de imitação? – ele perguntou sorrindo. – Ora, vamos! Estamos em família, certo? Eu não mordo.

Continuei com meus olhos presos na lâmina a minha frente. Era algo bonito, mas ao mesmo tempo apavorante. Temi aquela espada. Sebastian seguiu meu olhar para a lâmina e abriu um sorrisinho.

- Gostou? Metade de aço, metade de bronze celestial. Mortal para humanos e semideuses. Chama-se Mordecostas, se quiser saber. – Ele falou.

Direcionei meus olhos para outro ponto da cabine e me arrependi de imediato. Um caixão dourado com cerca de três metros de comprimento estava na outra ponta do local. Senti um calafrio percorrer meu corpo.

- Pois bem, que falta de modos eu tenho. Deixe-me apresentar-me formalmente. – ele disse levantando – Sou Sebastian Evans, filho de Hermes e, suponho que saibam, irmão mais velho de Sam. E vocês dois são Joe Hart, o Ciclope, e Brittany Pierce, a semideusa que trouxe problemas para Sam verão passado. É um prazer conhece-la.

Continuamos sem abrir a boca. Meu olhar estava preso em dois monstros horrendos que reconheci das histórias. Agrios e Oreios.

- Então, Brittany. Como está a sua mãe? – ele perguntou e senti meu sangue fervilhar.

- Você envenenou a árvore de Quinn! – gritei girando para Sam. – Seu imbecil! Como pode fazer isto com o acampamento?

- E você ajudou! – San acusou Sebastian – O Boca de Truta não é tão esperto assim. Como pôde desonrar Quinn desse jeito?

- Eu não a desonrei! Se ela estivesse viva, entenderia! – Sebastian devolveu.

- Você é um monstro! – ela berrou.

- Ora Lopez, cá entre nós. Andando com uma companhia dessas e com um ciclope? Já fez melhor do que isso. Imagino o que Quinn iria pensar de você. Ficaria enojada! Venha comigo, podemos nos unir e vencer o mundo. Como nos velhos tempos. Honre Quinn ao menos uma vez na vida! – ele disse sacudindo os ombros de Santana.

A morena enterrou o rosto nas mãos como se estivesse a ponto de desabar. Afastei Sebastian com um empurrão.

- Não fale assim com ela! – gritei e ele sorriu.

- Como pode ser tão estúpida, Brittany? Will já te contou o que vai acontecer no seu décimo sétimo aniversário? Sabe sobre a profecia? – Ele disse e eu olhei para ele confusa, arrancando-lhe um sorriso – Não contou para a sua namorada, Santana? Pensei que a base de um relacionamento fosse a confiança, como você mesma disse tantas vezes.

Santana me olhou com os olhos marejados e senti meu corpo balançar. Mas que merda não estavam me contando? Ajoelhei-me perto dela e segurei suas mãos.

- San...

- Não, Britt. Agora não, por favor. – ela respondeu me cortando.

- Deixe de ser boba, Brittany. Ela não ama você. – Sebastian disse com um sorriso.

- BRITT NÃO É BOBA! – Joe gritou e avançou para Sebastian.

A força com que ele bateria na cabeça do rapaz poderia partir seu crânio ao meio, mas os gêmeos Agrios e Oreios intercederam agarrando o meu amigo e atirando-o no chão. Sebastian sorriu e se aproximou, agarrando os ombros de Santana novamente, mas dessa vez não encontrei forças para impedi-lo.

- A cada meio-sangue que se junta a nós, ele fica mais forte! – ele gritou, apontando para o caixão. – O senhor titã está ganhando forças! Juntem-se a nós e ele será piedoso com vocês.

Senti-me enojada ao me dar conta de quem era no caixão. Santana se afastou e inconscientemente puxei-a para trás de mim. E foi o suficiente. Joe jogou um dos irmãos para fora da cabine e eu atingi Sam com um pontapé no estômago. Com a porta aberta, disparamos para fora da cabine.

- Bote salva-vidas! – gritei.

Nós três corremos para o bote mais próximo e o atiramos na água. Alguns monstros começaram a pular atrás de nós mar adentro, então Santana puxou uma garrafinha térmica da mochila que carregava nas costas e abriu um pouco. Não sei exatamente o que aconteceu, mas uma rajada muito forte de vento nos lançou para longe do Princesa Andrômeda.

- O que foi isso? – perguntei para Santana que guardava a garrafa.

- E-eu ganhei de Hermes, é a garrafa dos quatro ventos. Ele me deu um pouco antes de partirmos, junto de umas vitaminas para emergências. – ela respondeu gaguejando.

- Tem mais alguma coisa que você esqueceu de me contar? – perguntei irritada e ela fez menção de se aproximar. – Me deixa, Santana. Pensa em alguma coisa pra nos tirar daqui, fica brincando com a sua garrafinha, sei lá. Faça o que quiser, mas me deixa em paz.

Ela baixou a cabeça e encolheu-se no bote. Virei o rosto, não queria vê-la. Ela escondeu alguma coisa de mim, e aquilo me machucava. Eu não gostava de mentiras. Sentei ao lado de Joe e peguei um remo. Cutuquei Santana e entreguei a garrafa para ela.

- Abra o mínimo possível, vamos procurar por terra. – falei friamente e voltei a minha posição inicial.

Navegamos por cerca de meia hora até avistarmos terra. Joe e eu direcionamos o bote para a terra e logo descemos.

- Eu sei de um lugar que podemos ficar. – Santana murmurou e começou a caminhar a nossa frente.

Paramos na frente de uma moita espinhenta e ela empurrou o que parecia ser uma porta. Era um abrigo camuflado. Tinha sacos de dormir, um lampião e até um pacote de ambrosia.

- Você fez isso? – perguntei.

- Eu, Quinn e Sebastian. – ela disse ainda com a cabeça baixa.

Entrei no local e sentei em um dos sacos. Joe ainda estava maravilhado com todas as coisas que tinham no local e Santana pediu para que ele fosse comprar algum lanche para nós. A latina ficou me encarando da porta do abrigo. Senti minhas bochechas adquirirem uma tonalidade vermelha e desviei o olhar para a minha mochila.

- Vai ficar parada me encarando ou vai entrar? – perguntei.

Ela entrou e colocou sua mochila ao lado da minha. Suspirei e ela veio sentar ao meu lado.

- Britt...

- Não. Eu não quero conversar com você, Santana. Me deixa em paz. – falei afastando sua mão da minha.

- Eu te amo, Brittany. Não fica irritada comigo, por favor. Tenta me entender...

- Entender o quê, Santana? – explodi – Que profecia é essa? O que você sabe que eu não sei sobre mim? Não acha que é meio injusto você saber mais sobre o meu futuro do que eu mesma? Se não for falar, sai do meu lado. Eu não quero te ouvir, eu não quero te ver, eu não vou te entender. Só me deixa em paz.

 Santana ficou me fitando por alguns segundos, como se estivesse decidindo o que fazer. Então se inclinou e me beijou com força, me derrubando no colchonete. Deixei sua língua invadir minha boca e apertei suas costas contra meu corpo. Quando me dei conta do que ela estava fazendo, afastei-me bruscamente.

- Não. – foi tudo o que eu disse antes de me afastar dela.

Joe adentrou o esconderijo com um sorriso largo no rosto.

- Tem um barquinho lá fora! – ele gritou alegre.

Santana e eu pegamos nossas coisas sem pensar duas vezes. Corremos colina acima e nos deparamos com um barco pequeno e com um menino sorrindo para nós.

- Ora, ora... Veja quem eu encontro por aqui. Salsa Caliente e Menina Golfinho!

- Kurt! – dissemos em uníssono.

- O que está fazendo aqui, Lady Hummel? – Santana perguntou e eu lancei lhe um olhar reprovador.

- Passeio, Salsita. O Sr. D percebeu que vocês não tinham um barco e me mandou aqui para busca-los. E cá estou! Entrem logo, temos que partir desse lugar horrendo. – ele falou gesticulando.

Entramos no barco e fizemos uma breve excursão. Joe ficou um pouco apavorado com os lugares escuros e eu tive que segurar sua mão. Santana tentava segurar minha mão livre, mas eu a afastava.

Sentamos na cabine do capitão e começamos a jantar. Kurt falava pelos cotovelos, mas ao menos era divertido e me distraia de Santana. Comemos sanduiches e batata frita.

- E então, como está o casalzinho? – ele perguntou e meu corpo gelou.

Santana me lançou um olhar de dúvida e eu desviei meus olhos.

- Não há nenhum casal no barco, Kurt. – falei friamente e me levantei.

Fui para o deque e fiquei olhando as estrelas no céu. Senti as lágrimas queimarem meu rosto. Isso era tudo culpa dela! Se não tivesse mentido para mim... Mas eu a amava tanto.

Senti um braço passar pela minha cintura e me abraçar com firmeza. Virei-me para o rosto de Santana e não a afastei de imediato.

- O que está dizendo, Britt? Não acabe o que nós construímos durante esse tempo. Eu não posso ficar sem você, meu amor. Por favor, não faça isso. – ela disse puxando meu queixo e derramando mais lágrimas.

- Então pare de mentir para mim, Santana. Conte-me logo o que sabe. Já não entendeu onde esconder as coisas de mim está nos levando? Se algum dia se importou conosco, diga o que vai acontecer comigo agora. É a sua última chance. – falei afastando seus braços de minha cintura.

Ela deu um longo suspiro e deu-se por vencida.

"Um meio-sangue, dos deuses antigos filho,

Chegará aos dezesseis apesar de empecilhos

Num sono sem fim o mundo estará

E a alma do herói, a lâmina maldita ceifará

Uma escolha seus dias vai encerrar

O Olimpo preservar ou arrasar."

- É tudo o que eu sei, Britt-Britt. Eu juro. – ela disse chorosa.

Tentei entender mais uma vez os versos. Eu... Não, não podia ser.

- Eu vou morrer? – perguntei com lágrimas nos olhos.

- Não! Eu... Não! Eu não vou deixar nada te acontecer. Eu vou te proteger custe o que custar. – ela disse vindo ao meu encontro – eu te amo. Não vou te deixar. Você é a minha vida desde que eu te vi pela primeira vez. Não vou deixar nada te machucar, meu anjo.

Ela me abraçou e eu não recusei o abraço. Mas logo em seguida me afastei.

- Eu... Eu preciso ficar sozinha. Boa noite, Santana. – foi o que consegui dizer antes de sair correndo para um dos compartimentos.

Deitei no travesseiro e fechei os olhos. Deixei que as lágrimas rolassem por meu rosto enquanto tentava pegar no sono. Eu ia morrer. Por mais que acreditasse do fundo do meu coração nas palavras de Santana, sabia que não eram possíveis. O destino premeditado nós não poderíamos mudar. E isso era uma merda.

Tentei dormir a todo o custo, mas o sono não vinha. Eu fiquei mais de uma hora remoendo a profecia na minha mente, mas não consegui interpretá-la de outra maneira. Chorei mais um pouco até que ouvi a porta sendo aberta. Imediatamente fechei meus olhos e fingi estar dormindo. Senti um peso afundar na pequena cama e me abraçar.

- Eu sei que está acordada. – a voz de Santana murmurou – e eu sei que está remoendo a profecia na sua mente. Eu te conheço, Brittany. Mas nós vamos encontrar um jeito. Nós vamos fazer dar certo. E não importa se você me quer ou não aqui do seu lado, eu não vou sair. Você precisa de mim agora, e eu não vou te deixar. Eu te amo, Britt-Britt. Boa noite, meu amor.

Rendi-me ao inevitável e deixei que ela me abraçasse. Acabei por pegar no sono em seus braços. Por mais que eu ainda estivesse magoada, meu amor por ela falava mais alto. Ela era meu porto seguro, eu precisava dela.


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Notas finais do capítulo

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