Um Caso escrita por Vtor V


Capítulo 8
A busca


Notas iniciais do capítulo

Aqui Anne e Karine procuram Mikael e Yasmin, após a fuga deles na organização, enquanto eles buscavam por Davi. E um novo personagem aparece: Mike.



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Já estávamos indo embora quando Amanda nos chamou na sua sala. Deixamos Mikael e Yasmin na minha sala e fomos ao seu encontro. No elevador, notei uma expressão duvidosa em Karine. Parecia bem preocupada, mas eu não sabia com o que.

Quando chegamos na frente da sala, e Emily nos viu e foi logo falando conosco:

– Amanda está aguardando vocês duas e... - eu a interrompo.

– Eu sei! Recebi o convite. - e entro na sala rindo da expressão de tacho com que deixei ela.

Amanda realmente já nos esperava! Tanto que já estava com Catarina ao seu lado, vendo as fichas do Mikael e da Yasmin. Catarina observava atentamente as imagens das câmeras de segurança da minha sala, e segurava as suas fotos e comparava seus rostos.

Calmamente ela nos espera sentar e colocando as suas fichas diante de nós duas, ela nos pergunta tensa:

– Porquê? Vocês duas tem tanta... - dizia ela com dificuldade em se expressar, enquanto socava de leve a mesa por baixo - Não medem consequências por seus atos não é mesmo? São irrelevantes e infantis como duas garotas do colegial.

Karine suspirava por dentro e por fora, nenhuma de nós duas nos sentíamos bem com a pressão a que estávamos submetidas! Era como uma tortura. Mas, logo minha colega não deixaria por menos um situação como essa, e em uma ação automática, se faz de escudo suas palavras, para nos defender:

– Sinto em lhe informar que nada do que fazemos é sem supervisão! - e se impõe, levantando-se e apoiando-se sobre a mesa - Não gosto do jeito que nos trata, não tem autoridade sobre mim. Tanto que nem aqui você vem!

Eu me encho de fúria enquanto escuto as suas palavras, e como ato de qualquer ser humano, entro com ela na disputa:

– Tudo bem, mas realmente não te devemos satisfação. Meu respeito se restringe a Amanda!

Meu argumento inicial foi o suficiente para que a própria se destacasse entre nós e com um grito nos fizesse sentar:

– SILÊNCIO! JÁ NÃO TENHO MAIS IDADE PRA ESSAS BRIGAS INFANTIS! - dizia ela embum pulo da sua cadeira e enquanto batia seu vestido.

Eu e as outras ficamos quietas e mal nos mechemos depois daquele pronunciamento. Amanda tinha de grande autoridade sobre todas nós, e ainda nasceria quem tivesse tanta coragem ao ponto de desafiá-la. Em seguida ela pergunta a mim:

– Me responda Anne, qual sua posição diante do chamado do casal na sua sala? - e se senta novamente.

Engulo a seco tudo, me levanto e a respondo com os dedos nervosos:

– Sei eu que, a iniciativa da chamada dos dois foi minha! Mas confesso que eles ainda não tem ideia do real motivo de estarem aqui agora. - e me sento novamente.

Logo Karine se pronuncia:

– Só dissemos sobre o pai do Mikael a eles! Nada mais! - disse ela enquanto escondia seus dedos cruzados atrás das costas.

Ela não percebe, mas Catarina a viu fazendo aquilo e soube rapidamente o que faria para nos chantagear em seguida.

Passado um tempo, Amanda nos libera. E sem pensar duas vezes, eu e Karine corremos para o elevador, mas somos surpreendidas, pois quando só faltava um palmo para as portas se fecharem, uma mão surge de súbito e nos assusta. Quando a porta abre completamente, vemos Catarina rindo de nós e olhando nos nossos olhos simultâneamente. Ela entra e o silêncio é pleno. Eu de um lado, Karine do outro e Catarina ao meio nos separando.

Decido que seria eu quem iria cortar aquela calmaria agoniante, com um assunto totalmente sem nexo:

– Karine. - eu a chamo e faço um sinal com a boca - Já falou com aquele cara? - e a puxo para meu lado, empurrando Catarina para o canto do elevador.

Mas ela percebe meu disfarce, e contradiz completamente o que eu havia dito para Karine:

– Eu sei o que está acontecendo entre vocês duas! Por sinal, nem vocês perceberam ainda! - e se vira para nós duas.

Sentimos a pressão naquele momento, mas nem imaginávamos o que ia acontecer conosco ali!

...

Era óbvio que o casal maravilha não estaria mas na minha sala! E como já sabíamos... Não estavam. Nosso susto repentino na verdade, já era esperado. Mesmo assim não podíamos ignorar o fato de que eles sabiam demais e estavam à solta por aí... Mas não ficamos paradas!

Eu e Karine, corremos até o elevador e fomos empurrando e esbarrando em todos... E quando chegamos ao saguão e só se era possível escutar o barulho dos teclados, uma partida desesperada de um carro estronda em meio ao silêncio do escritório. Corremos por todo o local e derrubamos um carrinho com o nosso peso em fichas criminais que Duda conduzia, fazendo todos olharem para nós com fisionomia de espanto. Mas os ignoramos.

Chegando ao estacionamento frontal, uma caminhonete vermelha, com os dois faróis ligado vinha em nossa direção, quase desgovernada. Pulamos cada uma para cada lado. e a mesma passou direto descendo a rampa e entrando no trânsito. Aquele momento foi o fim para nós duas... Karine cai de joelhos ao chão e com uma expressão de choque ficou com a face paralisada. Eu mal conseguia respirar, já nos imaginava sendo demitidas e perdendo nossos "direitos especiais", que todo agente da lei tem.

Ficamos em puro silêncio por minutos... Imóveis... Até que Larrissa sai pela porta de frente, e enquanto mexia em sua bolsa esbarra em mim sem me ver, até que repara em nós e pergunta:

– Gente... O que ouve com vocês? - pergunta ela, enquanto quebrava o silêncio e soltava a sua bolsa - Aconteceu algo? - e se mostrou já preocupada.

Karine logo foi com ignorância ao respondê-la:

– Estamos assim porque ganhamos na loteria Larrissa! É muito triste saber que o governo vai perder dinheiro! - ironiza ela.

Eu nem falava nada... Até que uma ira tomou conta de mim... Olho para os céus e grito o mais alto que pude, e jogo minha cabeça para baixo. Ao cerrar os dentes e contorcer o meu pulso, vou até Larrissa, jogo as minhas mão dentro de sua bolsa, tiro a chave do carro e a pergunto:

– Quanto de gasolina tem no seu carro? - falava eu enquanto apertava a chave perto de seu rosto.

Ela logo responde:

– O tanque está cheio! - e me olhava em uma expressão de dúvida e incerteza.

Eu dou um sorriso tímido, olho para Karine, e nos meus olhos ela viu o que eu pensava... Eu aperto o botão da chave do carro de Larrisa, e o seu apito soou longe... Em cerca de segundo, eu e Karine disputávamos a ver quem chegava primeiro até o carro... Havíamos deixado Larrissa lá, e enquanto passávamos por ela dissemos:

– Tenta usar o transporte público hoje! É bom para o meio ambiente! - e joguei um bilhete de metrô para ela, deixando ela confusa.

Rodamos até a casa do Mikael, mas eles não estavam lá. O que nos paralisou... Nem imaginávamos onde mais eles poderiam estar... Até que me lembro que eles ficaram com as fichas criminais, e uma delas era a do pai do Mikael... Então eu descobri...

...

Voltamos para a Linnêar, e fomos para a minha sala. Lá pegamos a ficha de Vitórion, e vimos onde poderíamos achá-lo, mas não pensei que ele fosse diretamente ao encontro de seu pai... O Davi era o seu alvo inicial...

Comecei a ler a ficha de Davi enquanto Karine foi ao banheiro, e descubro onde ele estava... Um presídio em Portland... Umas doze horas de carro de onde estávamos até lá, mas para que carro se a organização tem tantos jatinhos particulares?

...

Voltamos para o estacionamento, entramos no carro e fomos até a base de treinamento especial da organização localizada perto da cidade vizinha. No momento da nossa entrada, fomos barradas até nos identificarmos. Mostramos os distintivos e nos liberaram a entrada, e saímos do carro rapidamente e fomos correndo até a área 19 - onde ficavam estacionados os jatos.

Quando chegamos, só havia uma pessoa lá. Um rapaz alto, loiro e de roupas militares, que estava dentro de uma pequena cabine anexada à parede e fazendo bolhas de saliva com a boca e as estourando com uma caneta. Fomos até ele, batemos no balcão exterior da cabine, lhe dando um susto e lhe perguntamos qual jato estaria livre para uso. Ele nem piscava, apenas me encarava com uma expressão de indiferença. Isso enfurece Karine, que logo indaga:

– Moço... Estamos com pressa! Liberte-se desse cubículo em que mora! E abra os portões, senhor... - ela olha seu crachá e lê seu nome - Sr. Mike Johansson! - e levanta uma sobrancelha.

Ele se levanta, sai do cubículo, vai até o fim do salão, e volta correndo trazendo uma chave que pulava em sua mão e vinha fazendo um barulho que ecoava por todos os lados. Ele pega a chave, enrega a Karine e volta ao seu cubículo - senta, pega a sua caneta e volta a estourar bolhas de saliva.

Nós duas ficamos lhe encarando por minutos, apenas observando a sua tremenda cara-de-pau. Até que ele se irrita, olha para nós duas e pergunta?

– As senhoritas não estavam com pressa? - e pisca para mim.

Não reagimos a isso, apenas fomos até o único jato que havia. Entramos, nos sentamos na cabine do piloto e...

– Karine... - digo eu - Você sabe pilotar um jato? - pergunto.

– Não... Mas você sabe não é? - pergunta ela.

E ficamos nós uma encarando a outra... Até que decidimos ir chamar o rapaz lá de baixo:

– Senhor Mike... - grita Karine ao rapaz. - Você poderia... - e para de falar.

Ele se assusta novamente, e após entender do que se tratava, com uma voz extremamente superior ele a responde:

– Já estou indo! - vai fechar tudo.

Quando ele entra no jato, e chega à cabine do piloto ele nos pergunta:

– Quem vai ser o co-piloto? - e já vai logo se sentando na cadeira do piloto.

Rapidamente Karine se oferece para ir, e quando estou saindo da cabine, ela me olha mordendo o lábio inferior e com um sorrisinho tímido. Eu entendi o recado.

...

Eu estava estudando as fichas dos dois, mas apenas a de Vitórion constava certos feitos dele, que nas do Davi nem eram citadas, como informações básicas de crimes, locais visitados ou frequentes e sobre sua família. Tudo dele estava extremamente ligado ao Vitórion, nada dele era próprio... E isso dificultaria nossas descobertas sobre ele. Até que em uma virada de página eu percebo fiapos de papel entre uma página e outra, já tinha entendido tudo, alguém havia arrancado a página, só faltava eu conferir se era a página padrão de locais frequentes. Pego a ficha de Vitórion e sim, a página 13, era de "locais frequentes". Alguém não queria que Davi fosse encontrado.

As fichas que eu havia pegue eram novas, não haviam chegado nas mãos nem do Mikael, nem da Yasmin... Apenas minha, da Karine e... Do Mike.

Assim que percebi o que havia ocorrido, me levantei, pensei novamente em todas as possibilidades e fui correndo até a sala de comando. Assim que me deparei com a porta, não demorou muito para eu começar a esmurrá-la e chutá-la com força... Sem mais poder esperar, pego minha arma e atiro cinco vezes contra a fechadura interna... Ao entrar, me deparo com Karine e Mike semi-nus... Mas a cena não me para!

Nem olho para Karine e já vou correndo até Mike e ponho a arma na sua cabeça. Ele logo tenta se explicar, achando que o motivo da minha ação fosse o fato de ele e Karine terem se trancado em uma cabine isolada e feito só Deus sabe o que. Então indaga:

– Eu posso explicar! Essa louca, doente ma atacou... - disse enquanto colocava a sua calça.

Eu extremamente irada, já nem me importava com nada! Apenas queria respostas consideráveis para as minha perguntas. Então lhe respondo brutalmente:

– Não me importa o que vocês fizeram aqui! O que você sabe sobre Davi? - e engatilho a arma no seu rosto.

Ele se assusta, me encara por alguns segundos e de súbito, me empurra fazendo-me atirar no teto do jato. Ele desativa e quebra a alavanca do piloto automático e sai correndo de lá, Karine corre atrás dele e o vê pegando um para-quedas da aeronave, veste-o, abre a porta e antes de pular manda um beijo para Karine. Enquanto ele caía se podia ouvir seus gritos - idiotas, imbecis.

Karine corre de volta para a cabine, enquanto eu me levantava da queda. Logo el me pergunta:

– O que faremos agora? - e vai pegar suas roupas e começa a vesti-las - Nenhuma de nós sabe pilotar um mini-avião e só tem um para-quedas!

– Não precisaremos! - digo eu, já sabendo como escaparíamos dali - Você tem um abraço forte? - pergunto a ela.

– Todos dizem que eu tenho porquê? - dizia enquanto terminava de vestir a sua camisa.

– Nós vamos pular! - então vou até o para-quedas, amarro-me nele e chamo Karine - Ou você cai segura... Ou cai e... Basicamente explode junto a esse pássaro de metal!

Ela nem pensa duas vezes e se amarra junto a mim. Eu conto até três e então pulamos... Karine gritava, me chutava e me batia. Mas preferia machucados do que a morte... Ainda no para-quedas, percebemos que o jato não se desestabilizou, até que de súbito, ele declina e começa a cair. Não sabíamos aonde estávamos, mas ele caiu no mar. Ainda estávamos muito alto, ainda víamos a área litorânea oeste norte-americana inteira.

Depois de um tempo, olhamos para o baixo e vimos que o chão já estava próximo de nós, eu reconheci uma lojinha que ficava na rua em que íamos pousar... Estávamos em Greenville, o que nos pareceu estranho já que pensávamos cair em uma cidade com praia, mas nem caímos na cidade, fomos parar no interior de lá. Reconheci por uma lojinha de brinquedos antiga, que tinha na rua.

Quando pousamos, desabotoamos as travas do para-quedas e eu fui correndo até o vidro da loja. Assim que percebi que ela estava fechada, um suspiro encerrou minha doce lembrança infantil. Mas isso não impediu Karine de perguntar:

– O que tem essa loja Anne?

– Ela é só um retrato do que uma vez eu fui... Nada demais, apenas uma "doce lembrança infantil"... - e me viro para ela.

Pego meu telefone e ligo para Larrissa. Mas ninguém atente, então ligo para Amanda, e Emily atende:

– Alô!

– Alô! Amanda, deu tudo errado! Caímos em Greenville e estamos sem contato algum, estamos em um tipo de cidade deserta... - e fico ofegante.

– Vou passar para ela... - respondeu Emily, em seguida tampou o lado da voz do telefone e riu de nós duas. - Senhorita Amanda, é a Anne na linha 1... Pode atendê-las agora? - pergunta ela.

– Claro... Com licença... - e atende ao telefone.

Logo eu percebo que é ela...

– Alô... Amanda? - certifico-me.

– Sim sou eu Anne... O que deseja, e onde está?

– A senhora não vai acreditar! Nós caímos em Greenville e estamos sem contato algum, estamos em um tipo de cidade deserta e não temos como sair daqui...

– Iremos mandar reforços para vocês! Se acalmem, mas precisam me informar ao menos o bairro... - indaga ela enquanto anotava tudo em um caderno.

– Estamos na Rua Kennett Pike, Wilmington. - Respondo-a e desligo...

Isso impressiona Karine, que lhe faz perguntar-me:

– Como sabe nome da rua? - pergunta ela após chamar minha atenção tocando no meu ombro esquerdo.

– Digamos que seja apenas uma doce lembrança infantil minha amiga...

...

Eu não estava nem um pouco tranquila quanto ao Mikael e Yasmin... Nem poderia imaginar onde eles estariam naquele exato momento! Mas o que eu poderia fazer? Até que meu celular vibra... Era uma mensagem de texto... Eu pego ele, abro a mensagem e leio:

"Davi... Acho que sei de quem está falando! Mas será que também sei de onde vem? Dúvidas mortais não acha? Sinto que estarei cada vez mais perto de você Anne... E sem pensar duas vezes farei tudo mudar... Acho que não sabe quem sou... Mas também acho que pode descobrir! Mas como? Já sei... você é uma detetive... Descubra com essa pista:

A morte presenciei, a morte sou eu, a morte será você...

By: *X*X*X*"

Eu fiquei assustada! Fui correndo mostrar par Karine que estava chutando a porta do que costumava ser uma loja de roupas... Quando ela leu, também não teve uma reação muito positiva. Agora tínhamos mais um problema! Até que meu celular vibra de novo, e era outra mensagem, mas essa tinha remetente... Era da Yasmin...

Logo eu e Karine começamos a ler:

"Desculpe incomodar, mas eu e Mikael fomos pegues pelo pai biológico dele! Socorro! Eu não sei ao certo onde estamos... Acho que é em Seattle... Mas precisamos de vocês agora!"

Nunca estivemos tão aflitas, não sabíamos mais o que fazer! E não tínhamos tempo para pensar! Duas pessoas distintas haviam nos mandado mensagens completamente difíceis de lidar... Precisávamos escolher... Mas como?


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Notas finais do capítulo

PREVIEW DO CAP. 9:

Anne e Karine vão atrás de Mikael e Yasmin, enquanto estudavam a mensagem misteriosa, e nessa busca encaram de frente seu principal alvo... Jairé Vitórion...

Comentem o capítulo...



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