Suspirou pela enésima vez e revirou a cesta, uma gota soando pela testa, resultado da sala quente.

Pensou se deveria ligar o ventilador. Não, em seu colo já tinha bastante documento, levantar só resultaria em mais papel no chão e mais lugar onde procurar.

Maldita burocracia, pra que tanta exigência apenas para fazer uma matrícula escolar?

Respirou fundo, passou a mão nos cabelos azulados e em seguida enxugou o suor.

Uma foto caiu no chão.

Sentimento nostálgico tomou conta do homem ao vê-la: era uma foto do dia do seu casamento. Erza, sua esposa que morreu por complicações no parto do segundo filho, em um lindo vestido de noiva rendado.

Como sentia falta dela... foram seis anos que se passaram voando.

Os médicos tentaram de tudo para salvá-la, mas foi inevitável.

Conseguia até ouvir as broncas que levaria se ela pudesse vê-lo naquela situação: “irresponsável, é tão difícil assim guardar os documentos direito?”.

Riu com esse pensamento.

As boas lembranças sempre teriam maior espaço.