O ar começou a faltar, então para minha tristeza nossos lábios tiveram que se separar. León não parava de me olhar um segundo sequer, então eu fiquei constrangida e enterrei meu rosto em sua nuca, permitindo assim que ele me abraçasse. Ficamos durante um bom tempo assim, até que senti a cabeça de León se movendo e sua boca que quase encostara em minha orelha. León afagou os meus cabelos e então finalmente sussurrou:

- Eu te amo. E por favor, não faça mais isso comigo – disse em um fio de voz, me arrepiando por inteira – eu posso até não estar com você, você pode até escolher o Tomás... mas eu não posso ficar longe de você, entende? Eu simplesmente não consigo.

- León... – agora eu virei meu rosto até encontrar os olhos dele, ainda cautelosos – agora eu sei muito bem quem eu quero, quer dizer, eu sei muito bem quem eu AMO. Infelizmente eu demorei pra perceber. Mas você sabe que a situação continua sendo complicada pra mim e... – então León me interrompera roubando um selinho.

- Não vamos tagarelar e tentar resolver as coisas agora, certo? – ele ainda não largava a minha cintura.

- Não – sorri.

León me tomou em mais um abraço. Ficamos ali, só passando o tempo, ouvindo os batimentos cardíacos um do outro. Entre beijos na testa, no rosto e alguns selinhos, León já tinha sussurrado que me amava umas três vezes, e todas as vezes me arrepiava.

Mas como tudo o que é bom dura pouco, me lembrei que provavelmente estaria muito tarde, então com muita delicadeza eu e León nos soltamos. Peguei meu celular e olhei no visor, e meu Deus, já eram 23h!

-León, já são 23h – disse assustada.

- Venha, vou te levar pra casa – León começou a caminhar mas parou – droga, eu não sei onde é a sua casa – disse envergonhado.

- Eu também não – nós dois rimos – aiaiai, papai já deve estar surtando essas horas.

- Não tem nenhuma chamada perdida dele aí? De repente ele pode nos ajudar.

 Olhei de novo no visor do celular. Mas o que era estranho é que eu não tinha nenhuma chamada perdida do papai, que naturalmente já era pra estar surtando, só tinha uma mensagem da Angie:

"Vilu, ocorreu um imprevisto e eu e seu pai não passaremos a noite em casa, mas não é nada demais, não fique preocupada. Você e Tomás conseguem se virar, certo? Juízo, hein? Beijos, Angie."

- Papai vai passar a noite fora de casa, estamos fritos – disse pra León meio preocupada ainda.

- Eu vou ver se mando mensagem para todas as pessoas possíveis que possam nos ajudar, mas por enquanto nós teremos que ter paciência – afirmou, mas estranhamente com um sorriso no rosto.

- Por que esse sorriso? – estranhei, mas sorri de volta. Não tinha como não sorrir diante dele.

- Pelo menos nós vamos ter mais tempo pra passarmos juntos – ele riu e mordeu o próprio lábio.

De repente todo o meu desespero sumira. É lógico, como eu fui tão burra em ficar desesperada durante algum tempo? Eu sorri pra ele.

- É, mas algum dia nós teremos que sair daqui – eu ria.

- Isso é triste – ele riu também.

Nós fomos caminhando de volta até a árvore onde nos encontramos. León se sentou encostando-se à árvore e em seguida eu sentei ao seu lado.

Estava bem fria aquela noite, então León tirou seu casaco e o colocou por cima de mim, apesar de eu já estar de blusa. Não teria problema algum se ele não ficasse só de camiseta em uma noite tão fria.

- León, não precisa disso tudo. Eu estou bem, acredite – afirmei tentando devolver seu casaco.

- Nós não vamos ter essa conversa – ele me olhou e disse em um tom de inconformidade.

Só aceitei e fiquei o vendo morrer de frio ali. Confesso que estava mais confortável assim, principalmente porque seu cheiro se espalhara mais forte em mim. Então, satisfeito por eu não ter discutido mais, León me puxou pra mais perto até que me envolveu em um abraço de lado, onde eu podia tranquilamente recostar minha cabeça em seu peito. Talvez esse seria o momento pra nós termos a conversa que eu queria evitar.

- León, eu realmente não queria falar disso, ainda mais agora... mas é uma coisa que tem que ser esclarecida enquanto há tempo, antes que você pense algo que não é realidade – suspirei.

- O que você quer dizer, Vilu?

- Você sabe que eu não estou com o Tomás porque quero, né? Eu me sinto meio que obrigada a estar com ele depois de tê-lo arrastado até aqui. Se eu terminar agora, ele volta pra Buenos Aires e não seria justo – falei super assustada, tinha certeza que agora León ficaria furioso.

- Eu já tinha consciência de tudo isso quando decidi te beijar há alguns minutos atrás, Vilu – ele dizia com uma voz tranquila e confiante.

- A-a gente pode ficar junto escondido por um tempo – sugeri, gaguejando.

- Não seria correto – afirmou – Apesar de eu detestar o Tomás, detesto mais ainda injustiça, e principalmente mentiras.

- Mas eu quero ficar com você – disse em um tom quase de súplica.

- E nós VAMOS ficar juntos, meu amor – quase derreti quando ele falou isso – mas é melhor nós ficarmos tranquilos enquanto vocês não resolvem isso. Pode ter certeza de que quando você estiver pronta, eu ainda estarei aqui te esperando.

- Então nós estamos bem? – perguntei.

- Estamos sim – ele sorriu e beijou meus cabelos – só vamos aproveitar essa noite, ok?

- Tudo bem – sorri.

Não estava completamente satisfeita com isso, confesso. León só tinha três meses pra ficar aqui e nós teríamos que ficar separados durante esse tempo, isso me deixava louca, desesperada. O pior é que eu não podia nem culpa-lo por tudo aquilo, fui eu quem escolhera essa situação, e eu já conhecia o León, sabia que por mais que eu suplicasse ele insistiria em fazer as coisas da maneira correta. Até estava surpreendida pelo fato dele querer ficar comigo essa noite.

Deixei meus pensamentos pra trás e decidi focar em quem estava ali, comigo. León estava sorrindo como uma criança, ainda me fitando constantemente. Então não pude resistir... coloquei minha mão em sua nuca enquanto  ele já acariciava meu rosto com leveza. Nossos rostos foram se aproximando até que se achegaram em um beijo suave. Não conseguia evitar de sorrir entre o beijo, afinal, OLHA SÓ QUEM ESTAVA ALI. Tudo ainda parecia muito surreal pra mim.

Foi daquele jeito a noite inteira, até que finalmente adormecemos.

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Mais um dia chegara, e mesmo quando acordei ainda não acreditava onde eu estava e com quem eu estava. Tudo era perfeito demais. Ainda estava me aconchegando entre os braços de León quando consegui avistar uma pessoa muito conhecida parada em nossa frente que fizera questão de acabar com o clima.

- VIOLETTA! VOCÊ PASSOU A NOITE AQUI? – Eu e León nos olhamos assustados quando vimos quem estava ali.