Passei praticamente a viajem inteira dormindo, os últimos dias haviam sido muito difíceis e eu sequer havia dormido direto recentemente. Quando eu estava no mais profundo do meu sono, fui acordada por alguém que me cutucava incansavelmente no ombro:

- Filha, levanta. Chegamos. – Papai disse com a voz serena enquanto eu ainda tentava me recompor.

- Mas já? – Eu disse ainda com a voz sonolenta. – Espera, já? – Dei um pulo da poltrona quando me dei conta que estava em Buenos Aires.

- Sim, querida. – Papai me respondeu entre risos. – Venha.

Nós descemos depressa do avião. Eu estava completamente afobada e ansiosa, não tirava da minha cabeça o possível momento em que avisaria para os meus amigos – e principalmente para León – que eu estava aqui e que permaneceria aqui. Mas ao mesmo tempo que essa euforia se expressava de uma forma alegre, eu estava muito preocupada pois temia em como seria a reação de todos ao ter essa notícia, já que eu com certeza estava sendo chamada de traidora no momento.

Depois de arrumarmos tudo o que precisava para retirarmos a nossa mala e toda aquela burocracia do aeroporto, nós nos dirigimos para a entrada, onde os pais de Ludmila e Tomás afirmaram que estariam esperando. Quando finalmente os avistamos, nos demos conta de que eles não estavam com uma cara nada boa, o que fez Tomás e Ludmila ficarem um pouco... abalados.

- Ludmila Ferro! – Uma versão mais velha da Ludmila falou enfurecidamente à medida que nos aproximávamos. Evidentemente esta era a mãe dela. – Eu não posso acreditar! Será que vocês dois nunca ouviram falar em preservativo?

Ludmila olhou enfurecidamente para Angie e então se virou para a sua mãe.

- Mamãe, simplesmente aconteceu e...

- Tomás! Você não tem vergonha na cara, não? – O pai de Tomás já gritava com ele.

- Aparentemente não tem mesmo. – O pai de Ludmila confirmava.

- O que você quis dizer com isso? – Agora o pai de Tomás se virava para o de Ludmila com uma cara irônica.

- Eu devia era cortar o “amiguinho” do teu filho fora. – O pai de Ludmila dizia com muita raiva. – E você vai ter que assumir o filho viu? Zé ruela. – Agora ele falava pra Tomás.

- E se casar, com certeza. – A mãe de Ludmila disse.

Pude perceber a cara de pânico que Tomás fez ao ouvir aquilo.

- M-mas eu vou ter que voltar para a Espanha, não posso perder a bolsa. Não tem como a Ludmila voltar comigo. – Tomás logo disse.

- Não por isso. – Agora eu interrompi. – A bolsa é transferível, já que eu não vou voltar para a Espanha mesmo, eu passo a minha bolsa para a Ludmila. – Eu disse com o sorriso mais sarcástico possível.

Tomás me lançou um olha fuzilante, porém os pais de Ludmila ficaram maravilhados com a minha “boa ação”.

- Maravilhoso! – A mãe de Ludmila disse. – Daí vocês se casam e nós vamos morar na Espanha com vocês para cuidarmos do bebê até vocês terminarem a faculdade.

Os olhos deles dois ficaram super arregalados de tanto pânico, e eu estava segurando para não morrer de rir ali.

- Bem, já que está tudo resolvido, acho que nós já vamos. – Meu pai disse enquanto tentava sair dali.

-Germán, muito obrigada. – A mãe de Tomás disse. – E me desculpe pela confusão com o meu filho.

Eu sabia que meu pai estava fervendo de raiva por dentro, pois Tomás havia ido para a Espanha conosco sendo o meu namorado e voltara com uma figura loira que se escondia dentro de casa e ainda por cima grávida. Mas ele nunca demonstraria tal raiva, papai sempre queria manter a classe. (N/A só nessa história aqui mesmo, porque na novela... kkkkk)

- Imagina. – Ele disse com um meio sorriso. – Vamos, garotas? – Agora ele falava comigo e com Angie.

Nós duas somente assentimos com a cabeça e então nos retiramos dali. Um peso havia saido das minhas costas, finalmente eu não veria mais Tomás e Ludmila por um bom tempo, e isso me deixava extremamente aliviada.

Fomos até o taxi e o adentramos. Não demorou muito tempo até que chegássemos em casa. Não havia sensação melhor do que estar ali, eu nunca tirei uma mala do carro com tanta empolgação como fazia daquela vez. Sequer esperei meu pai pagar o táxi e já fui adentrando a minha antiga casa, subi para o quarto, joguei minha mala em qualquer canto e peguei o telefone para ligar para Francesca, eu mal podia esperar para ela atender:

- Alô? – Francesca disse com a voz curiosa.

- Adivinha quem é?

- Violetta? É você?

- Sim! – Eu respondi com entusiasmo.

- Não acredito! Como as coisas estão? Você ainda está sendo espionada? – Ela já fazia várias perguntas.

- FRAN! Calma... deixa eu falar. Eu estou aqui em Buenos Aires.

- O QUÊ????? COMO? QUANDO?

Ao perguntar aquilo, eu expliquei toda a situação para Francesca, que quase não acreditou em como as coisas haviam dado certo por uma parte de culpa da falha dela. Ela simplesmente ficou maravilhada ao saber qual foi o final de Ludmila e Tomás, mas quando eu finalmente perguntei da pessoa que mais me importava...

- E o León? – Perguntei com ansiedade e ela suspirou.

- Ele tá muito mal, Violetta. Os meninos tem passado praticamente o dia inteiro com ele de novo, mas ele não quer assumir que está mal de jeito algum. É de partir o coração. E...

Eu engoli em seco ao ouvir aquilo. Eu necessitava vê-lo.

- O que mais?

- Os meninos acreditaram na versão dele, quero dizer, estão chateados com você porque pensam que você traiu o León.

- E agora Fran? O que eu faço? Devo ligar para ele?

- Se você ligar ele com certeza não vai atender. Faz o seguinte: O pessoal marcou de fazer um piquenique no parque daqui a pouco, por que você não aparece lá? Quem sabe o León não converse com você e talvez as coisas sejam esclarecidas.

- É, não tenho muita certeza de que ele vai querer me ouvir, mas não posso perder essa chance.

- Então te vejo no parque?

- Sim, até daqui a pouco.

- Até, beijos.

Desliguei o telefone e logo corri para me arrumar. Não fiz nenhuma produção extravagante, somente peguei as roupas que estavam mais fáceis na mala e me troquei muito desesperadamente.

Logo que o fiz desci as escadas correndo e vi Olga e Ramalho arrumando as coisas sem muita pressa enquanto que papai e Angie estavam parados um de frente para o outro e maravilhados com alguma coisa que tinham em mãos. Resolvi nem perguntar, pois estava com muita pressa, mas óbvio que papai tinha que me interromper.

- Vilu, venha aqui ver os nossos convites de casamento! Acabaram de chegar, demos muita sorte!

- Desculpa papai, mas agora eu não posso. Tenho que fazer uma coisa.

- Aonde a senhorita vai com tanta pressa?

- Ver o pessoal do Studio. – Afirmei quase explodindo porque papai estava me segurando ali.

- Ah, aproveite e já dê o convite do León para ele. – Papai me disse enquanto me entregava o tal convite.

- Duvido muito que ele queira aceitar, mas tudo bem. – Eu disse sem muita animação.

- Como assim?

- Nada papai, agora tenho MESMO que ir. Tchau.

Disse aquilo e saí sem fazer muita cerimônia. Fui em passos apressadíssimos para o parque que não era muito longe de casa, e quando eu cheguei lá, eu tive grandes recordações enquanto procurava o pessoal: Aquele fora o parque onde eu havia dado o meu primeiro beijo, e na única pessoa que eu julgava necessário beijar pelo resto da minha vida. Aquilo só me deu mais afobação para procurar o pessoal.

Quando eu já estava ficando cansada de tanto procurar, consegui avistar uma pessoa baixinha muito familiar, juntamente com outros alunos do Studio.

- Maxi! – Eu gritei euforicamente enquanto me aproximava.

Todos ficaram espantados ao me ver.

- Violetta? O que você está fazendo aqui? – Maxi disse enquanto cruzava os braços, evidentemente chateado.

- A Francesca disse que vocês estariam aqui e...

- Eu não falo literalmente. – Ele me interrompeu. – Tipo, você não estava na Espanha?

- Essa é uma longa história Maxi, e eu particularmente não gostaria de contá-la agora. Você viu o León?

- O León não vai vir pra cá. – André disse friamente enquanto surgia ao lado de Maxi.

Eu sabia que aquilo era mentira.

- Ah é? E por que não?

- O León está mal, só quer ficar em casa agora. – Maxi disse enquanto me media da cabeça aos pés.

- Tenta ligar pra ele, quem sabe você não tem mais sorte. – André disse ironicamente.

Evidentemente eles estavam chateados e iam esconder León de mim até não puderem mais. Fiquei frustrada ao saber que havia perdido não só o meu namorado, mas os meus amigos também. Aquilo me entristeceu de tal forma que eu sequer poderia permanecer naquele lugar.

- Tudo bem então, eu tento falar com ele depois. – Eu disse tristemente e então me retirei dali sem muita cerimônia.

Era incrível como a minha vida era uma montanha-russa. Tive os momentos mais empolgantes e os mais desanimadores em menos de vinte e quatro horas. Só esperava que as coisas não estivessem perdidas.

POV LEÓN

Alguns Minutos Antes...

E novamente eu estava vivendo os piores momentos da minha vida. Não tinha como tentar cantar, dançar ou sequer viver sem que Violetta estivesse por perto, e novamente eu estava sentindo isso. Vê-la daquela maneira NOVAMENTE com o Tomás não havia só partido o meu coração, mas havia me quebrado inteiro por dentro, durante toda a minha vida – e a minha história com Violetta – eu nunca tinha sentido as coisas de uma maneira tão intensamente tristes.

Ultimamente eu estava tentando coisas novas na vida, coisas que não me trouxessem Violetta à memoria. Já que eu estava desempregado e não pretendia fazer faculdade tão cedo, aceitei um emprego para tocar em casamentos com a banda do meu amigo, era uma coisa que eu amava fazer e ganharia um bom cachê por isso. Aliás, eu acho que mesmo que não funcionasse assim eu aceitaria, qualquer distração seria viável no momento.

Como sempre os meninos viviam me rodeando afirmando que eu estava prestes a entrar em depressão e virar um vegetal novamente, e desta vez não bastava ficar na minha casa: Eles marcaram um encontro no parque com todo o pessoal do Studio para ver se eu “esquecia dos meus problemas”, é uma pena que eles não pensaram que as coisas seriam mais esquisitas ainda e eu sentiria mais falta da Violetta nessa situação. Sem contar que eles escolheram o pior lugar para fazer isso: Justamente o parque onde eu e Violetta haviamos nos beijado pela primeira vez.

Quando cheguei no parque juntamente com Maxi, André e Broduey, ninguém havia chego ainda. Nós ficamos jogando futebol por um tempo mas eu fiquei completamente entediado rapidamente, então disse que estava cansado e que ia comprar uma água somente como desculpa para sair dali e ficar um pouco em paz.

Fui até um dos vendedores de pipoca que sempre rodeavam o parque e pedi uma água. Logo que eu a comprei, meus olhos se direcionaram para um determinado ponto do parque e eu avistei o banco onde eu e Violetta ficávamos. Eu sei que aquilo era deprimente, mas eu não consegui me conter e fui me sentar nele para me lamentar mais um pouco.

Fiquei durante um bom tempo ali sozinho, só deixando que as lembranças viessem à minha mente e que enchessem o meu coração de saudades e frustração, mas não esperanças, quando enfim me dei conta de que o pessoal já devia estar sentindo falta de mim, então resolvi voltar.

Quando caminhei para onde eu havia deixado os meninos, eu pude perceber que não era mais só eles que estavam ali: Logo pude avistar Francesca juntamente com Camila, e pelo que me parecia elas estavam discutindo com os meninos ou alguma coisa do tipo, então à medida que eu me aproximava eu conseguia escutar mais a tal discussão.

- Francesca, eu não acredito que você teve a coragem de chamar a traidora da Violetta pra vir pra cá! – Maxi dizia enquanto torcia o nariz para Francesca.

- Vocês dois que são inacreditáveis! Eu não acredito que vocês a deixaram ir embora! – Francesca gritava com Maxi e André!

- Mas ela machucou o nosso amigo, e mais de uma vez! Não vamos deixar ela fazer isso de novo! – André respondeu.

- Eu sei disso, mas dessa vez é diferente. Vocês não sabem o quanto a Violetta está sofrendo, ela não teve escolha da última vez e o León precisa saber disso, ainda mais agora que ela voltou para cá! – Francesca logo o respondeu.

Eu estranhei toda a conversa, e temia em saber do que se tratava. Automaticamente eu fiquei desesperado e eufórico.

- Pessoal, do que vocês estão falando? A Violetta esteve aqui? – Eu finalmente perguntei e todos ficaram assustados ao perceber que eu havia escutado tudo.