Cinco Maneiras de Amadurecer escrita por Vicky_oreo


Capítulo 3
The adventure


Notas iniciais do capítulo

Essa música é uma homenagem a música "the adventure" do Angels and airwaves. Beijinhos ^^POV do Nekozawa, só pra constar xDD



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“Um, dois, três passos... Na luz ou na escuridão, caminhar fica realmente muito repetitivo, não é, Beelzenef?

Parece aquele mesmo sonho que eu tive.

Mas depois de um tempo não só minha mente fica cansada disso, como meus pés também.

É ruim ver coisas repetidas. É como se paredes começassem a se fechar com você dentro e o que você não viu está do outro lado da janela esperando para entrar e sua vida esperando para começar.

Muitas pessoas acham que eu gosto de ficar trancado, mas isso não é bem verdade.

Todos pensam isso, pois a maior parte dos lugares abertos são iluminados, mas não.

Se eu pudesse, apagaria todas as luzes desses lugares e andaria livremente, sem precisar me esgueirar.

Mas minha esperança se queimou com o tempo.

Talvez você, meu querido amigo, seja o único a saber.

E... Que música alta é essa que está vindo em minha direç...?”

Um pouco tarde, eu olho para frente e noto um vulto prestes a esbarrar em mim.

Pow!

– Haaaaaa!

A pessoa que eu vi sai rolando pelas escadas, degrau por degrau.

“Foi realmente muito azar dela. É melhor ir até lá.”

Ajoelhei-me ao seu lado e tentei algum tipo de contato.

Ela era bem curiosa.

Cabelos? Pretos. Olhos? Pretos. Calça? Preta. Blusa? Preta. Casaco? Preto. Sapatos? Pretos. Batom? Meias? Sombra nos olhos? Esmalte? Laço do cabelo? Adivinhem... Tudo preto.

– Você está bem, nee?

– O que você acha?

– Não deveria andar por aí ouvindo música com um volume tão alto. Você estava usando fones e ainda sim eu ouvi a música que você escutava. Isso afeta o equilíbrio e a concentração. Além disso, você pode acabar ficando surda.

– Ah! Se for por isso, você deveria tirar esse capuz e seu cabelo do meio do rosto. Você não olha por onde anda, além de ficar vesgo.

– É uma questão clínica.

– Você tem fotofobia?

– Éee... Quase isso...

– Entendo...

– Posso perguntar aonde dói?

– Hã?

– Aonde você se feriu.

– Ah, sim! Eu...

Ela estava meio constrangida. Por ter caído sentada estava meio obvio que a região atingida havia sido próxima ao reto.

– Ok, ok, já entendi.

Então eu a pus no colo e me levantei.

– Não, nee. Espera.

Ela não era assim tão pesada. Comecei a andar em direção à enfermaria de Ouran. Mas... Eu teria que usar as duas mãos.

– Pode segurar para mim?

Beelzeref, foi a primeira vez que eu me separei você. Mas eu não poderia deixá-la só, já que eu fui culpado de ela ter caído.

– O que é isso?

ISSO se chama Beelzeref, e é um boneco amaldiçoado. - disse ríspido.

Só depois do silencio dela é que eu vi que fui um pouco grosso.

– Nee? - Ela estava corada.

– Hai?

– E-eu só machuquei minhas pernas...

“Há, claro... Então foi isso que ela queria dizer com ‘Não, nee. Espera.’”

– Você acha que consegue andar?

– Hai.

Eu a coloquei no chão.

Ela andava apoiada em mim e mancando.

Logo chegamos à enfermaria e a sua perna foi engessada. Você pode achar estranho, isso, mas em Ouran, nós temos raio-X e todo o material preciso para engessar o pé de alguém.

Ela ficou um tempo sentada na cama da enfermaria, esperando o gesso ficar mais rígido e menos molhado. A enfermeira foi chamada e saiu por alguns instantes.

– Nee-chan?

– Hã?

– Você não tem fotofobia, não é?

Eu respondi após um riso suave.

– Não. Eu apenas não aguento a luz. É uma mistura de incapacidade, repulsão e paixão pelas sombras.

– Entendo. Você nunca entrou em contato com a luz antes?

– Só uma vez. Foi por amor a uma pessoa que não compartilha da mesma paixão que eu pelas sombras. Como ela era incapaz de se unir a mim e as trevas, para vê-la tive que me expor a luz.

– Ela era sua...?

– Irmã. Kirimi.

– Eu não estou falando desse tipo de exposição à luz.

– Como?

– Na sua opinião, nee-chan, um cego sente quando está no meio do Sol e perdido na mais plena escuridão?

– Sim, e-eu acho.

– E alguém sem tato?

– Creio que sim. Mas, aonde você quer chegar?

– Há mais de um modo de sentir a luz e as trevas, esses modos também estão além do tato e da visão.

“Pela figura nefasta do deus das trevas, eu estou conversando com uma louca.”

– O que disse?

Ela puxou meu capuz para trás e afastou os cabelos do meu ouvido.

– PARE! EU VOU MORRER! EU VOU, SE VOCÊ NÃO...

Logo eu parei. Eu... Nunca ouvi coisa tão maravilhosa. Ela havia empurrado o fone no meu ouvido, puxando o capuz de volta, logo depois. Passava uma melodia tão calma e adorável que... Lembrava uma fresta quente de luz entrando pela janela... Sim... Luz.

Não aquela luz invasiva e ameaçadora da minha concepção. Mas... Algo aconchegante. Algo mais do que velas e a Lua.

Parecia, mas não era.

Era meio alaranjada, bruxuleante e... Crepuscular?

Não era incandescente e ameaçadora, era tímida e convidativa, ao ponto de parecer palpável.

– Você deve ter achado estranho no começo, mas eu sei que você não é uma dessas pessoas idiotas. Eu sei que você sente algo além da matéria.

– E como se chama isso?

– Essência. - Ela sorriu. Era uma das poucas coisas nela que não eram negras.

– O que mais tem essa essência, nee-chan?

Ela me olhou de uma forma intensa, por dois segundos achei que a repetição daquela essência fosse o olhar quente que ela tinha. Mas então ela aproximou seus lábios dos meus. Senti eles sendo levemente mordiscados e acariciados.

– Nee-ee... E-eu. - disse com a voz trêmula.

Mas logo a enfermeira retornou.

– Então, garoto, você pode sair. Ela terá que continuar aqui mais um tempo.

– H-hai.

– Adeuzinho, Nee-chan.

– Eer. Nee?

– Hã?

Eu dei um pequeno beijo na bochecha dela. Ela sorriu... Crepuscularmente...

“Um, dois, três passos... Isso já não me parece tão repetitivo agora que eu já consigo sentir a essência dos meus próprios passos. E não me canso mais tão facilmente do que vejo, agora que a luz que esperava do lado de fora das paredes entrou pela fresta que abriram para mim e minha vida já não precisa esperar mais para começar.”

– Por que eu tenho que usar preto?

– Eu gosto de preto.

– E eu vou mesmo que escutar música tão alta?

– Não é parte da brincadeira?

– Tudo bem... Agora é minha vez de novo.



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Notas finais do capítulo

Beijos, tomara que gostem



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