Reunião escrita por Goldfield


Capítulo 7
Capítulo 7




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Capítulo 7

O cerco aos criminosos.

O interior do galpão era escuro. Clark entrou sorrateiramente, tentando fazer com que seus passos emitissem o mínimo de som possível. Devido a pouca luminosidade, o rapaz percebeu que teria de usar sua visão de raios-x para encontrar os criminosos, quando subitamente uma lâmpada no teto do local se acendeu. Pego de surpresa, Kent ouviu passos rápidos atrás de si, mas antes que pudesse se virar, sentiu algo se chocando contra suas costas.

–         Te peguei! – gritou um dos bandidos.

O jovem voltou-se para o marginal, que segurava um pé-de-cabra, com o qual acabara de golpear Clark. Porém, para desespero do agressor, o objeto de metal entortou assim que atingiu o garoto, como se este fosse feito de aço.

–         Mas o quê? – exclamou o incrédulo meliante, olhando atônito para o metal curvado.

Num movimento rápido, Kent fez o membro da gangue desmaiar com um forte soco. Em seguida o invasor olhou de forma apreensiva ao redor, aguardando o iminente ataque dos demais criminosos. Ouviu novos passos. Revelaram-se então mais dois bandidos, um dos quais apontava uma pistola para Clark.

–         Fim da linha, garoto! – disse o indivíduo armado num sorriso.

Mas eles também não contavam com os superpoderes do rapaz, que disparou sua visão de calor na direção da arma segurada pelo integrante da quadrilha. Para espanto deste, o cano da pistola começou a derreter, e devido ao intenso aumento da temperatura no cabo, o marginal foi obrigado a soltá-la.

O outro fora da lei partiu para cima de Kent, mas perdeu a consciência ao ser atingido por um chute do intruso. Foi então a vez do bandido antes armado investir, sendo também colocado para dormir por Clark com dois socos certeiros. Surgiu em seguida mais um meliante de trás de uma pilha de barris, erguendo uma faca numa das mãos. Ele tentou enterrá-la no peito do jovem, porém, assim como ocorrera com o pé-de-cabra, a lâmina da arma entortou quando atingiu o rapaz, e este se aproveitou da perplexidade do criminoso para fazê-lo desmaiar por meio de um chute.

–         Esplêndido! – gritou alguém. – Simplesmente inacreditável! Por que agora não tenta me pegar?

Clark conhecia aquela voz. Pertencia a Cletus Kasady, e vinha de um amontoado de caixas num dos cantos do galpão. Sem pensar duas vezes, o filho dos Kent usou sua supervelocidade para seguir até o local, mas assim que o atingiu, enfraqueceu-se totalmente, enquanto uma intensa dor, misturada a insuperável dormência, tomava seu corpo de assalto.

Gemendo, o invasor caiu sentado, encontrando a fonte de sua fraqueza sobre uma das caixas: algumas pedras de meteoro emitindo brilho verde, ou seja, kriptonita. Logo depois Clark ouviu alguém engatilhando uma arma, e viu surgir diante de si Cletus Kasady, que lhe apontava uma espingarda calibre 12 com um grande e psicótico sorriso em sua face.

–         Nas minhas andanças pela cidade, acabei encontrando estas pedras, e levei-as comigo achando que talvez fossem de valor... – explicou o líder da gangue se aproximando de Kent. – Agora vejo que elas realmente me foram de grande utilidade!

Tentando em vão se levantar, o jovem percebeu que se Cletus disparasse, seria o fim. Kasady, incrivelmente disposto a isso, exclamou, prestes a apertar o gatilho:

–         Pronto para deixar este mundo, imbecil?

Clark fechou os olhos. Seriam mesmo aqueles seus últimos instantes de vida?

Após terem saído do Talon, Peter e Chloe caminharam pelas ruas de Pequenópolis, mãos unidas, até que Parker parou logo que contornaram uma esquina. A garota perguntou:

–         O que há, Peter?

Aquilo que o fotógrafo estava prestes a fazer exigia muita coragem, ainda mais de um jovem tímido como ele. Mas precisava ser naquele momento. Fitando os olhos de Chloe, Peter percebeu que ela também aguardava ansiosamente aquele instante. Respirando fundo, o nova-iorquino segurou fortemente as duas mãos de Sullivan, dizendo em seguida:

–         Chloe, eu estou apaixonado por você! Desde a primeira vez que a vi no colégio, sinto algo mágico quando estou em sua presença! Você é simplesmente a garota mais linda e amável que eu já conheci e...

Não teve tempo de terminar. A jovem o abraçou e seus lábios se encontraram com grande vontade, num delicioso beijo intensamente desejado por ambos. Peter sentiu que seus pés não mais tocavam o chão, tomado por sensação incrivelmente agradável. Era a primeira vez que beijava alguém...

Após o término do ósculo, Parker concluiu sua declaração de amor:

–         E gostaria muito de ser seu namorado...

Ainda abraçada ao rapaz, Chloe abriu um amplo sorriso, mas, em questão de segundos, a expressão facial da garota tornou-se séria. Ela rapidamente se soltou de Peter e começou a fitá-lo fixamente nos olhos, sem saber ao certo o que responder.

–         Eu não sei se devo... – disse Sullivan por fim.

O fotógrafo simplesmente não acreditou no que ouviu.

–         Mas por quê? – indagou ele em tom de voz triste e desanimado. – Eu achei que você estivesse a fim de mim...

–         E eu estou, Peter! – afirmou a jovem com um brilho de incerteza no olhar, voltando a unir suas mãos às de Parker. – Mas é que existe outra pessoa...

–         O Clark, não é? – deduziu o rapaz sem dificuldade.

–         Como sabe?

–         O jeito que você olha para ele... Não é difícil perceber...

–         Peter, eu não quero magoá-lo...

–         E eu não quero que você se magoe... – suspirou o garoto acariciando o rosto de Chloe com uma das mãos. – Você mesma disse que, assim como eu, sempre amou sem ser amada! Tenho muito amor e carinho para lhe dar! Por favor, pense nisso!

–         Estou confusa... – murmurou Sullivan, cabisbaixa.

E, sem mais nem menos, ambos perceberam que estavam chorando. Envergonhado, Peter disse:

–         Bem, acho que você precisa ficar um pouco sozinha, eu já vou indo...

–         Espere! – exclamou Chloe após o jovem já ter começado a se afastar.

–         Sim? – perguntou Parker tomado por reconfortante esperança, enquanto se voltava para a amada.

Chloe se aproximou do rapaz, face banhada em lágrimas, e disse num leve sorriso:

–         Você também é o garoto mais lindo e amável que já conheci!

Ela voltou a beijá-lo, desta vez no rosto, e em seguida se despediram.

No exato instante em que Cletus encerraria a vida de Clark com um disparo da espingarda, alguém nocauteou o líder da quadrilha de assaltantes com uma coronhada na nuca. Kasady caiu inconsciente, enquanto o jovem, com a visão embaçada e respiração ofegante, via quem o havia salvado: Bruce Wayne, que tinha na mão direita a pistola com a qual acertara o chefe do bando.

–         Minha nossa! – exclamou o milionário, percebendo que Kent se encontrava totalmente enfraquecido. – Deixe-me ajudá-lo!

O “novato” se aproximou do rapaz, erguendo-o do chão e servindo de amparo para que ele pudesse caminhar. Dessa forma Bruce afastou Clark da kriptonita, mesmo sem saber que as pedras eram a causa da fraqueza do jovem. Depois de percorrerem alguns metros, Kent voltou ao normal, dizendo àquele que o auxiliava:

–         Obrigado, Bruce, já estou bem!

Wayne assentiu com a cabeça, deixando que ele caminhasse por si só. Em seguida perguntou:

–         Qual é o seu nome?

–         Clark Kent...

–         Você é doido? Se não fosse por mim estaria morto agora! O que deu em você para vir até aqui sozinho?

–         E o que deu em você para se tornar um criminoso, Bruce? – replicou Clark.

–         Como assim? – indagou o herdeiro do patrimônio Wayne franzindo as sobrancelhas.

–         Andei investigando seu passado, e não consigo entender a razão de estar seguindo o mesmo caminho do homem que matou seus pais!

Bruce pareceu afetado por aquelas palavras. Caminhou cabisbaixo até uma caixa de madeira, sobre a qual se sentou. Depois passou uma das mãos pelos cabelos, explicando em tom de confissão:

–         Desde a noite em que meus pais morreram, vem crescendo dentro de mim um insuportável sentimento de raiva, misturado a um intenso e destruidor desejo de vingança...

Fechando os olhos, Wayne visualizou novamente o momento que mudou sua vida para sempre... O beco escuro, a face soturna de Joe Chill, os tiros, o sangue de seus pais vertendo sobre o concreto... Flashes de um pesadelo que parecia interminável. Bruce continuou:

–         Decidi então declarar guerra a todos os criminosos para vingar meus pais, mas vi que para combatê-los de maneira efetiva, eu deveria primeiramente saber o que sentiam, descobrindo o que os motivava a transgredir a lei... E por isso me tornei um deles...

Clark ouvia tudo atentamente. Aos poucos as coisas se encaixavam...

–         Quando a quadrilha invadiu a Mansão Luthor e fiquei frente a frente com Lex, tive medo de ser descoberto e preso – disse Wayne, aumentando o tom de voz conforme falava. – Fui fraco, por isso disparei contra ele. Naquele momento, igualei-me a Joe Chill. Eu me igualei ao homem que assassinou meus pais a sangue frio, Clark! Você acha que me sinto bem em relação a isso?

Kent se aproximou de Bruce, colocando uma das mãos sobre o ombro esquerdo do rapaz, que afirmou num suspiro:

–         Eu não queria ter atirado nele, estava apenas com medo, assim como quando meus pais foram mortos diante de mim! Eu só estava com medo, Clark, foi sem querer!

–         As pessoas de bom coração dificilmente fazem o mal por querer, Bruce... O que elas precisam é ter a intenção de fazer coisas boas!

Ter a intenção de fazer coisas boas... Algo bem difícil nos tempos atuais, com todo o egoísmo e mediocridade que vigoram entre nós. Porém, valia a pena tentar. Se Wayne salvara Clark há pouco, fora agora a vez deste último salvar o milionário, porém de outra forma. Estavam quites.

–         Obrigado, Clark! – sorriu Bruce apertando fortemente a mão direita do jovem. – Obrigado mesmo!

Continua... 


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