Reunião escrita por Goldfield


Capítulo 2
Capítulo 2




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Capítulo 2

Um novo amigo.

O carro parou diante da fazenda herdada por Tio Ben. Logo na entrada havia uma placa com a inscrição “Rancho Parker”. Tudo aquilo soava incrivelmente estranho para Peter. O veículo ganhou uma estrada de terra que levava até uma acolhedora casa de madeira no centro da propriedade, pintada de azul e branco, ao lado da qual havia um celeiro. Enquanto o automóvel seguia até a residência, o jovem contemplava através da janela as terras que agora pertenciam aos tios. Sentia-se um verdadeiro estranho no ninho.

Num piscar de olhos o carro parou. Haviam chegado, finalmente. Estava na hora de Peter encarar a realidade, por mais que esta o deprimisse. Tio Ben foi o primeiro a deixar o veículo, com um amplo sorriso no rosto. Abrindo os braços, deixou que o ar puro do campo invadisse seus pulmões. Em seguida exclamou:

–         Peter, nos ajude a descarregar as malas!

O jovem resmungou algo incompreensível, saindo do automóvel contra sua vontade. Tia May estava tão encantada pelo lugar quanto o marido, contemplando a paisagem com um brilho no olhar. Enquanto isso, Tio Ben e Peter tiravam a bagagem do porta-malas do carro, carregando-a na direção da casa. Assim que o estudante pisou na sala de estar da residência, ficou surpreso com o que viu: móveis e tapetes velhos, quadros tão antigos quanto a mobília e um relógio de pêndulo que, apesar de ainda funcionar, deveria ser do início do século passado.

–         Eu simplesmente não acredito que nós nos mudamos para cá! – gritou Peter, extravasando sua raiva.

–         Ora, Peter, também não precisa exagerar! – disse Tio Ben, um tanto irritado com a atitude do sobrinho. – Eu sei que está sendo difícil para você, mas logo se adaptará! Sei que terá facilidade em fazer novos amigos, e quem sabe até arranjar uma namorada!

Para Peter, aquilo nunca seria verdade. Como faria novos amigos, se todos os jovens de sua idade o isolavam por ser um “nerd”? Quanto à namorada, a afirmação do tio era ainda mais absurda, pois nunca haveria outra garota em sua mente a não ser Mary Jane!

Deprimido, o jovem abriu a mala que continha seus pertences. Apanhou sua tão estimada máquina fotográfica. O grande hobby de Peter era tirar fotos, principalmente de lugares que não conhecia. Se ele estivesse no Kansas apenas a passeio, com certeza se animaria a fotografar as belas paisagens rurais, mas o pensamento de que olharia para aquele mesmo cenário todos os dias o desencorajava imensamente. Por isso colocou a câmera novamente na mala.

Nesse instante, Tia May, que se encontrava na cozinha, viu, através de uma janela, que um jovem treinava futebol-americano num campo do rancho vizinho, próximo à cerca que delimitava a propriedade dos Parker. Ela então exclamou:

–         Veja, Peter! Na fazenda ao lado vive um rapaz da sua idade! Vá lá conversar com ele, quem sabe assim você já não faz um novo amigo?

–         Agora não, preciso colocar minhas coisas no quarto! – respondeu Peter, desanimado, caminhando até a escada que levava ao andar superior da casa.

–         Peter Parker, vá já conversar com ele! – irritou-se Tia May. – Por Deus, você precisa conhecer gente nova!

–         Está bem...

Contrariado, o jovem deixou a residência, caminhando até a cerca, sem antes chutar o chão devido à cólera de estar naquele lugar.

Correndo pela grama, Clark Kent treinava suas jogadas com grande dedicação. Desde que ingressara nos Crows, o futebol-americano se tornara o meio do jovem esquecer seus problemas. Quando estava em campo, disputando a bola com oponentes determinados sem poder usar seus poderes, o rapaz sentia-se capaz e realizado. Em suma, sentia-se uma pessoa normal.

Após apanhar um passe feito por si mesmo, Clark percebeu que um jovem de óculos fundo de garrafa o observava, apoiado na cerca que separava seu rancho da fazenda vizinha. Não se lembrando de tê-lo visto antes, o filho dos Kent perguntou:

–         Você é novo por aqui?

–         Sim, me mudei de Nova York para cá junto com meus tios, não que eu quisesse! – respondeu Peter, um tanto desanimado.

–         Prazer, sou Clark Kent! – sorriu Clark, estendendo uma das mãos para o novo vizinho.

–         Peter Parker! – apresentou-se o recém-chegado, apertando a mão do rapaz. – Eu mal cheguei e meus tios já querem que eu seja o novo “amigão da vizinhança”! Espero que possamos nos dar bem!

–         Você se matriculou no colégio?

–         Sim, amanhã será meu primeiro dia de aula. Terei que me adaptar à nova vida aqui no Kansas...

–         Joga futebol? – perguntou Clark, voltando a treinar.

–         Eu diria que o único esporte que pratico é levantamento de livros! – afirmou Peter num sorriso sem graça.

–         Vamos, tente pegar um passe!

–         Não sei... – murmurou Peter, inseguro.

–         Tente! – insistiu Kent num tom convidativo.

Depois de mais alguns segundos de hesitação, Parker assentiu com a cabeça. Auxiliado pelo vizinho, subiu pela cerca, ganhando o Rancho Kent. Com um gesto, Clark pediu que Peter tomasse distância. Este último caminhou pelo campo, enquanto seu mais novo amigo gritava, prestes a efetuar o arremesso:

–         Lá vai!

A bola foi lançada, sendo observada fixamente por Peter, que acompanhava com os olhos o trajeto dela no ar. Tendo o coração disparado, o jovem correu sobre a grama, certo de que conseguiria apanhar o passe.

Num ágil salto do qual Peter nunca achou que seria capaz, o novo vizinho de Clark Kent pegou a bola, mas caiu imediatamente para trás, após recuar cerca de um metro. O autor do arremesso, preocupado com o amigo, correu até onde ele se encontrava, perguntando:

–         Você está bem?

–         Estou... – respondeu Parker, se levantando. – Puxa, você tem um passe e tanto! A bola parecia mais uma bala de canhão!

–         Bem, seja bem-vindo a Pequenópolis!

Peter entregou a bola a Clark, seguindo na direção da cerca. No momento em que o nova-iorquino ia cruzá-la para voltar ao Rancho Parker, Kent exclamou:

–         Nos vemos no colégio amanhã!

–         Pode deixar!

Clark voltou a treinar futebol, enquanto Peter corria até sua nova casa. Afinal de contas, talvez Tio Ben estivesse certo...

Início de noite.

A sala de estudos da Mansão Luthor. Nela um homem de terno e seu filho aguardam impacientemente a chegada do dono da propriedade. Súbito, as portas do cômodo se abrem, e Lex Luthor, já recuperado do atentado sofrido durante a madrugada, caminha até os dois indivíduos.

–         Perdoem a demora – diz ele. – Só pude deixar o hospital há vinte minutos! Espero que ainda estejam dispostos a tratar de negócios!

–         O ocorrido ao senhor esta madrugada foi sem dúvida alguma lamentável – afirma o homem de terno, Norman Osborn, cumprimentando Lex com um aperto de mão. – Este é meu filho Harry, creio que já se conhecem!

–         Sim, nós nos conhecemos num acampamento para jovens milionários há alguns anos – explica o filho de Lionel Luthor, voltando-se para Harry. – Queiram sentar-se!

Norman Osborn e seu filho se acomodam em cadeiras, enquanto Lex, circulando pela sala, diz:

–         Senhor Osborn, sei muito bem que a Oscorp é uma das principais fornecedoras de tecnologia para as Forças Armadas. Recentemente, o senhor demonstrou grande interesse por alguns dos projetos do meu pai, disposto inclusive a comprá-los!

–         Sim, creio que as experiências com pedras de meteoro são o caminho ideal para as metas que a Oscorp pretende atingir – explica Norman. – Além disso, sei que tais experimentos tornaram-se um fardo para a LuthorCorp após a prisão de Lionel. Comprando os projetos eu estaria beneficiando a Oscorp e livrando o senhor de tal incômodo.

–         Confesso que ficaria bastante satisfeito em me livrar dessa responsabilidade, mas não estou certo se seria dessa maneira, senhor Osborn. Aquelas pedras são perigosas, e estou extremamente motivado a destruí-las!

–         E se a Oscorp dividisse os lucros com sua empresa, Lex? – indaga Norman em tom astuto, levantando-se. – Pense! Vai mesmo perder uma oportunidade como esta?

Lex encarou o proprietário da Oscorp por um instante. Ele com certeza era um homem de negócios tão sagaz e traiçoeiro quanto Lionel. Naquele momento, o jovem viu refletida em Norman a personalidade de seu próprio pai.

–         Preciso pensar! – disse Lex por fim, sentando-se atrás de sua mesa. – O senhor tem pressa em voltar a Nova York?

–         Na verdade não, meu filho quer visitar um amigo que se mudou para cá, portanto ficaremos mais alguns dias em Pequenópolis – respondeu Norman. – Acredito que seja tempo suficiente para que o senhor se decida!

–         Talvez...

–         Até logo, Lex!

Norman e Harry se retiraram, enquanto o proprietário da LuthorCorp, pensativo, perguntava-se sobre o que deveria fazer.

Continua... 


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