Distance escrita por becks


Capítulo 1
Wish you were here




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Senti meu celular vibrar ao meu lado, vire-me mais que depressa e o peguei, claro que era o que eu estava esperando, era o que faltava pro meu dia realmente começar.

De: Meu amor

Bom dia minha princesa, como você está? Eu te amo muito.

Li e reli a mensagem várias vezes, recebia uma parecida com essa todos os dias, aliás meu dia se resumia a isso, passar horas conversando com ele. E quem é ele? Simplesmente meu tudo. A razão da minha existência, o motivo pelo qual eu encontrei forças para enfrentar todas as dificuldades e lutar pela minha vida.

Sim, se eu não tivesse o conhecido talvez hoje eu não existisse mais...

-Bom dia Carol, hora do remédio – Laura, a enfermeira da manhã entrou no meu quarto, fiz careta, não suporto mais remédios. – Não faça careta, é para o seu bem.

-Eu sei, espera só um minutinho pra eu responder isso aqui. – ela assentiu e sentou ao meu lado.

-É seu namorado? – sorriu.

-Sim – respondi enquanto respondia a mensagem.

Para: Meu amor

Bom dia meu príncipe, eu estou melhor sim na medida do possível. E você, como está? Eu te amo mais ainda, minha vida.

-Acho tão lindo isso, sabia? Sinto que tem amor de verdade entre vocês apesar de toda a distância que vocês estão. – disse Laura enquanto aplicava a injeção no meu braço, depois de tanto tempo ainda era um pouco desconfortável, mas eu já estava acostumada.

-Eu o amo de verdade, nós vamos nos casar assim que tudo isso acabar, ele virá pra Minas ou eu irei pra lá, ainda não sei mas vamos ser muito felizes. 

-De onde ele é mesmo?

-Goiânia. – respondi triste, lembrando enfim que ele estava há quilômetros de mim, infelizmente.

-Você nunca me contou como se conheceram, aproveita que tô com tempo hoje e me conta essa história. – sentou-se na poltrona ao lado da cama. Laura era legal, cuidou de mim todas as vezes em que estive nesse hospital desde que descobri que tenho leucemia, inclusive nessa última vez , já fazem três meses.

Pedi que ela me ajudasse a levantar um pouco a cama para que eu pudesse ficar sentada, ela  me ajudou e sentou-se novamente esperando pela história, sorria ansiosa.

-Por onde eu começo?  Consigo lembrar de cada detalhe de como começou, da escrita dele, as palavras que ele usou, a fonte que ele estava usando, tudo é importante pra mim– me arrumei na cama e fiquei olhando pro nada, lembrando de tudo desde o comecinho, de como eu conheci o amor da minha vida há pouco mais de um ano. –  Eu tinha acabado de terminar meu namoro com Pedro, um garoto que estudou comigo no ensino médio, aí eu tava triste, descobri que ele tava me traindo, foi muito difícil por que eu gostava dele de verdade, passava horas trancada no meu quarto em depressão praticamente, quantas vez não pensei em suicídio...tola – ri sem humor, essa era uma época da minha vida que eu não gostava de lembrar. - Um dia eu estava no computador, pesquisando coisas aleatórias tentando me distrair, cheguei numa página não lembro muito bem sobre o que e vi que tinha uma espécie de chat, não tava fazendo nada mesmo então resolvi entrar pra ver como era, tinha algumas coisas engraçadas, pessoas conversando,  ri algumas vezes, até que um rapaz me chamou em uma conversa privada.

Flashback

Fê Duarte diz

Olá, tudo bem? Posso incomodar?

Fiquei observando a pequena mensagem alguns segundos decidindo se responderia ou não, por fim decidi responder, não tinha nada a perder mesmo.

Carol Vasconcelos diz

Oi, pra ser sincera? Não tô bem, mas quem se importa? Enfim e você?

Em poucos segundos chegou uma nova mensagem

Fê Duarte diz

Não tá bem? Posso perguntar o motivo.

E eu tô tranquilo.

Carol Vasconcelos diz

Bom, acabei de terminar um namoro.

Fê Duarte diz

Nossa eu também, mas ao contrário de você eu tô feliz com isso, rs.

Feliz? O cara deve ser louco.

Carol Vasconcelos diz

Rs.

Fê Duarte diz

Quantos anos você tem Carol?

Carol Vasconcelos diz

17 e você?

Fê Duarte diz

Um pouco mais velho, 18.

De onde você é?

Ele tava perguntando demais, sempre fui muito receosa com esse negócio de internet, já ouvi muitas pessoas contando histórias que começaram pela internet e não deram certo, mas algo me impelia a responder e continuar a conversa.

Carol Vasconcelos diz

Sou de BH, Minas.

Fê Duarte diz

Legal, um pouco longe, rs.

Sou de Goiânia.

Carol Vasconcelos diz

Longe mesmo.

É Fê de Fernando ou o que?

Fê Duarte diz

Felipe Duarte, muito prazer.

Carol Vasconcelos diz

Caroline Vasconcelos , igualmente.

A conversa prosseguiu, era incrível como os assuntos fluíam entre nós dois e tudo o que eu sabia sobre ele era o nome, idade e a cidade dele. Naquele dia fiquei tarde e um pouco da noite conversando com ele, até que minha mãe chamou e eu tive que desligar o computador. Talvez eu nunca mais o encontrasse, mas na verdade eu gostei de ter conhecido ele, foi bom me distrair um pouco.

Passaram-se alguns dias e a tristeza voltou a me tomar, resolvi entrar naquele chat outra vez e quem sabe eu o encontrasse de novo?

Sim, ele estava. Dessa vez eu fui falar com ele.

Carol Vasconcelos diz

Oi Sr. Felipe, lembra-se de mim?

Nenhuma resposta chegou, acho que deve está se perguntando: “ Meu Deus, quem é essa louca? “ . Já estava decepcionada e pronta pra fechar a página quando chega uma mensagem.

Fê Duarte diz

Oi Carol desculpa, tava resolvendo uns problemas.

Mas claro que lembro de você, está melhor?

Sorri involuntariamente, ele lembra sim.

Carol Vasconcelos diz

Fico feliz que lembra, rs.

Eu estou bem sim, me acostumando. Mas e você, o que houve?

Fê Duarte diz

E eu fico feliz que você esteja melhor.

Não é nada demais, meus pais estão se separando, aí  você deve imaginar, brigam o tempo todo.

Carol Vasconcelos diz

Ah, lamento. Sei como é isso, meus pais são divorciados, moro com minha mãe.

Fê Duarte diz

É, eu esperava nunca ter que passar com isso, mas vou sobreviver e quero falar sobre coisas boas com você, sabe aquela banda que você me falou que gostava? Baixei o CD deles pra você.

Demorei um pouco pra responder, achei tão atencioso isso.

Fê Duarte diz

Ainda tá aí?

Carol Vasconcelos diz

Tô sim. Não acredito que você baixou o CD pra mim, valeu mesmo.

Fê Duarte diz

Por nada, que bom que gostou.

Mas olha Carol, meus pais estão me chamando, eu volto depois e te envio o CD, tá bom?

Carol Vasconcelos diz

Tudo bem vai lá, mas não vou estar aqui depois.

Fê Duarte diz

Tá certo, mas a gente vai se vê aqui de novo, eu sei. Beijo.

Carol Vasconcelos diz

Se cuida viu? Beijo.

Desliguei o computador sorridente, não sei muito bem o porquê de estar tão contente, acho que era mais pela emoção, nunca havia mantido contato com ninguém assim pela internet, era diferente, eu estava gostando.

Passaram-se mais alguns dias e apesar da minha ansiedade em falar com o Felipe de novo eu demorei a voltar no chat, precaução é a melhor arma, não tava a fim de me decepcionar de novo. Como já estava bem melhor resolvi sair de casa um pouco, liguei pra minha melhor amiga.

-Alô? – respondeu sonolenta, no meio da tarde e a criatura tava dormindo.

-Acorda Mel, quer ir ao cinema comigo amanhã?

-Não sei, tu vai pagar?– filha da mãe.

-Tenho cara de banco minha filha? – eu adorava a Mel, mas ela é abusada às vezes.

-Então não vou, tô lisa lesa e louca, além do mais o que eu ganharia com isso?

-Eu tenho um babado mega forte pra te contar e preciso dos seus conselhos.

-Opa – pareceu despertar – Agora você tá falando minha língua, eu vou, mas você vai pagar de qualquer jeito, te vejo amanhã as 14 horas, beijo na boca.

-Idiota – idiota mesmo desligou na minha cara.

No outro dia eu encontrei a Mel, ela me ligava a cada 10 minutos pra saber onde eu tava e eu deixei ela esperando mais ou menos meia hora, pra mostrar quem é que manda.

-Eu já tava indo embora – mal me olhou enquanto se entupia com um milk-shake gigante, na mesa também tinha um copo de refrigerante, um pedaço de sanduíche enrolado num guardanapo e algumas batatas fritas jogadas pela bandeja. – Que foi? Tô em fase de crescimento – perguntou quando viu que eu estava parada de braços cruzados na frente dela

-Só se for crescimento pros lados, por que desse jeito né? – sentei – Além do mais, você tá comendo bem pra quem não tinha um tostão né pilantra?

-Eu não tinha dinheiro pro cinema, mas pra comida eu sempre tenho – riu cínica. – Mas me diz aí, o que você tinha de tão bombástico pra me falar? – deu um tempo no seu lanche e parou pra prestar atenção em mim.

-Não é nada, vamos assistir o filme? – fiquei nervosa, não sabia se queria contar pra ela, tinha medo de ela me condenar e achar errado eu ficar mantendo contato e falando sobre minha vida com alguém que eu nem conheço.

-Ah não querida, você fez eu me arrastar até aqui então agora é bom você ter uma fofoca muito boa pra me contar. – se encostou na cadeira e ficou me olhando de braços cruzados, droga.

-Por que você é minha melhor amiga?  - é sério, por que?

-Por que você me ama muito e eu também amo você, agora desembucha. – isso é verdade, a gente se ama, enfim.

-Mel, sua linda , o que você falaria se eu dissesse que conheci um rapaz pela internet e que...

-Ah meu Deus você tá namorando a distância – me interrompeu quase gritando.

-Não tô namorando a distância Melissa, que ideia – me apressei em negar.

-Então continua – riu.

-Obrigada – revirei os olhos – Então, só ia dizer que o conheci num chat e que a gente tá conversando, se conhecendo, sei lá, ele é bem legal, sabe? Gosto de conversar com ele, me sinto bem...

-Tá apaixonada? – tão direta essa minha amiga.

-Não Mel, aliás, não sei, é possível? Só conversei umas duas vezes com ele, mas já deu pra saber bastante coisa e ele é bem interessante, temos gostos iguais. – corei, desse jeito parecia mesmo que eu estava gostando dele.

-E de onde ele é? - perguntou enquanto abria o copo de milk-shake.

-Goiânia - respondi rapidamente.

-Idade?

-18 anos.

-Você já o viu, ele é bonito? – perguntou distraída enquanto pegava uma batata frita na mesa.

-É o interrogatório? – me olhou séria, medo. - Não, ainda não o vi.

-O que? Você tem que ver, tem que pedir uma foto uai, se for continuar se comunicando com ele é essencial que você saiba quem ele é. – levantou e apoiou as mãos sobre a mesa me encarando - Quem te garante que ele existe? Quem te garante que ele não é mulher? Hã? Hein?  - sentou-se mais calma, pegou a batata frita e passou no milk-shake em seguida colocou na boca, eca, ignorei isso.

-Eu vou pedir pra ver uma foto dele.

-Então quer dizer que vai continuar conversando com ele? É, a coisa tá séria. – repetiu mais uma vez o gesto com a batata frita e o milk-shake,  fiquei só olhando.  – Se você quer é só pedir, tá? – fez mais uma vez e me entregou a batata, aceitei, parecia bom na verdade.

-Hum, é gostoso – peguei mais uma batata e fiz o mesmo – Mas voltando ao assunto, não é nada demais Mel, só gosto de conversar com ele, faz eu me sentir melhor.

-Então se te faz bem eu dou todo apoio, eu fico feliz em te ver aqui fofocando e comendo batata frita com milk-shake comigo, tava muito preocupada. – sorriu docemente, ela tinha seus momentos assim comigo – Vai em frente, só toma cuidado pra não se magoar de novo tá?

-Obrigada Mel, você é a melhor. – levantei e fui para seu lado abraça-la.

Flashback interrompido.

-E aí piriguete como você tá? – o furacão Melissa adentrou meu quarto assustando Laura e eu.

-Tão carinhosa como sempre – Laura riu. – Que bom te ver Mel, tava falando de você.

-Até imagino as barbaridades que você estava falando de mim, mas é bom te ver também gatinha, como você está se sentindo hoje? – deu uns tapinhas no meu braço pra que eu afastasse e ela pudesse sentar na cama.

-Tô melhorando – sorri.

-É verdade? – olhou para a enfermeira que apenas assentiu.

-Mas então, o que vocês estavam fofocando? Quero saber tudo.

-A Carol tava me contando como conheceu o namorado dela. – disse Laura.

-Ah o Felipe meu amor, se ele não amasse tanto a Carolzinha eu casava com ele – ela disse rindo, eu nem ligava, sabia que era brincadeira dela. – Mas então, já contou como sou importante nessa história toda?

-Você me interrompeu – fingi estar brava.

-Ah, foi mal, prossiga, por favor.

-Espera rapidinho, peguei o celular, já tinha duas mensagens do Fê.

De: Meu amor

Eu estou bem se você estiver bem minha princesa, sonhei com você esta noite.

De: Meu amor

Vida você tá aí? Aconteceu alguma coisa?

Respondi logo antes que ele tivesse um troço.

Para: Meu amor

Eu estou bem príncipe, só estava contando pra minha enfermeira como eu conheci você, aí a Mel chegou aqui e bom, você sabe como é a Mel, rs.

Mas vou querer saber tudo sobre esse seu sonho viu?

Enviei a mensagem e olhei pra frente, dois pares de olhos me encaravam curiosos.

-Que foi? – perguntei.

-Seus olhos brilham quando você fala sobre ele e brilham mais ainda quando você fala com ele. – disse Laura, fiquei vermelha.

-Posso continuar contando?

-Por favor – disseram juntas.

-Ok, onde eu estava? – pensei um pouco – Ah sim, depois de conversar com essa criatura aqui – apontei para Mel que sorriu – Fui pra casa e entrei no chat, ele não estava lá, fiquei triste, entrei mais tarde naquele mesmo dia e ele ainda não estava.

Flashback reiniciado

Foram dois dias e nada dele aparecer, eu me preocupei, a situação devia estar feia na casa dele com a separação dos pais e tudo mais, talvez ele nunca mais aparecesse ali.

Dei um tempo no chat, coisa de algumas semanas, mas o tempo todo pensava nele, se ele estaria bem por que eu entendia o que ele estava passando, ver seus pais se divorciarem é realmente algo muito difícil.

Resolvi entrar no chat e fiquei o dia todo esperando por ele, estava deitada na cama lendo enquanto o notebook estava ligado ao meu lado, de vez em quando eu olhava para a tela esperando ver uma mensagem, mas nada. Cochilei por alguns minutos e quando abri os olhos tinha umas três mensagens dele.

Fê Duarte diz

Carol que bom ver você aqui.

Fê Duarte diz

Você tá aí Carol?

Fê Duarte diz

Você não quer falar comigo? Me desculpa se fiz alguma coisa, se eu sumi, as coisas por aqui estavam difíceis mas graças a Deus estão melhorando. Eu senti sua falta, se você resolver falar eu estou aqui.

Apressei-me em responder antes que ele desistisse e fosse embora.

Carol Vasconcelos diz

Oi Fê eu to aqui, desculpa não responder logo, cochilei, rs.

Mas que bom que as coisas estão melhorando.

Fê Duarte diz

Realmente pensei que não quisesse falar comigo.

Carol Vasconcelos diz

Não, nada a ver, gosto de conversar com você.

Fê Duarte diz

Você gosta?

Fiquei nervosa, por que?

Carol Vasconcelos diz

Sim

Fê Duarte diz

Também gosto muito de conversar com você, me faz bem.

Sorri. Ele gosta de conversar comigo, me senti tão importante.

Ficamos ali conversando, várias coisas, sobre nossos gostos, inclusive sobre comida, meu assunto preferido.

Carol Vasconcelos diz

Eu adoraria comer um pudim agora

Fê Duarte diz

Você leu meus pensamentos princesa, rs.

Foi a primeira vez que ele me chamou de princesa, nunca vou esquecer disso e desde aquele dia não parou mais. Só que antes de ficar  “alegrinha” , empolgada, resolvi fazer o que a Mel tinha dito, pedi pra ver uma foto dele.

Carol Vasconcelos diz

Posso te pedir uma coisa?

Fê Duarte diz

Pra mim você pode pedir tudo.

Ui.

Carol Vasconcelos diz

Então me mostra uma foto sua?

Fê Duarte diz

Por que você quer ver uma foto minha?

Carol Vasconcelos diz

Só curiosidade, rs.

Fê Duarte diz

Se você mostrar uma sua eu mostro uma minha, certo?

Carol Vasconcelos diz

Tenho vergonha

Fê Duarte diz

Nada feito então

Carol Vasconcelos diz

Tá bom, você primeiro

Fê Duarte diz

Primeiro as damas, rs.

-Ah, que ótimo, ele resolveu ser cavalheiro – bufei e procurei a minha melhor foto no computador e enviei. Até que eu sou bonitinha sabe? Na verdade, eu sou só normal., minha pele é morena mas nem tanto, sou meio pálida, meus olhos são castanhos e meu cabelo também é castanho, pouco abaixo do ombro.

Fiquei ansiosa esperando que ele dissesse alguma coisa, ele demorou, talvez estivesse pensando numa maneira de me dispensar, ele não gostou de mim.

Carol Vasconcelos diz

Morreu de susto?

Fê Duarte diz

Susto? Claro que não, você é a garota mais linda que eu já vi e seu sorriso... Nossa, você é simplesmente linda, uma verdadeira princesa.

Carol Vasconcelos diz

Ok, pode parar, fiquei vermelha agora, nem sou tanta coisa assim, rs.

Agora sua vez.

Ele me mandou a foto e ele sim era bonito, aliás bonito era pouco, ele era lindo. Cabelo dele era curtinho, seus olhos castanhos pareciam sorrir junto com seus lábios bem desenhados, fiquei sem ação pensando no que responder, ele era perfeito e entre tudo que eu podia pensar pra responder, me peguei usando o jeito “Melissa de ser”

Carol Vasconcelos diz

Nossa, pega eu , rs.

Pera, eu disse isso mesmo? Que vergonha.

Fê Duarte diz

Te imaginei dizendo isso agora, rs.

Carol Vasconcelos diz

Besta, rs.

Bom, pra encurtar um pouco, passaram-se dois meses , a amizade foi crescendo e nós conversávamos por mensagem de celular agora, eu confiava nele e dei meu número e ficávamos muito tempo conversando assim, até apresentei a Mel pra ele que pra variar sempre falava coisas que me envergonhavam , tipo perguntar: Quais as suas intenções com a minha amiga mocinho?” , mas no fim ele gostou dela e ela gostou muito dele.

 Nunca havíamos nos falado de verdade, ouvido a voz um do outro, eu ficava nervosa. Foi desse jeito durante esse tempo, éramos somente amigos e trocávamos mensagens, até que chegou meu aniversário.

De: Lipe

Carolzinha, posso te ligar amanhã no seu aniversário?

Para: Lipe

Tenho vergonha.

De: Lipe

Vergonha de que princesa? Eu quero tanto ouvir sua voz.

Para: Lipe

Tudo bem, pode ligar mas só a noite, eu vou sair com a Mel aí você liga.

De: Lipe

Vou dormir agora então pra chegar logo amanhã e eu ouvir sua voz princesa. Boa noite, durma bem e sonhe comigo, sonhos eróticos por favor, rs.

Para: Lipe

Boa noite e sonhe comigo também e nada de sonhos eróticos seu besta.

Enfim, chegou o dia do meu aniversário e eu estava muito ansiosa querendo que a noite chegasse logo ou não. Na verdade estava confusa, não tinha certeza se estava pronta para ouvir a voz dele, para ter mais uma certeza de que ele realmente era real.

-Nós vamos a um rodízio, certo? Tô louca pra comer pizza – era a milésima vez que a Mel repetia a mesma coisa.

-Nós vamos aonde você quiser Mel, já disse – e era a milésima vez que eu dava a mesma resposta.

-Ah Caroline, por favor se anima né? O aniversário é teu afinal de contar. – ela se jogou ao meu lado na minha cama onde estava deitada.

-Tô animada e muito – deitei de lado e ela fez o mesmo, ficamos cara a cara.

-Tô percebendo tua animação, tudo isso é por que você vai fazer 18 anos? Eu sei como é isso, a idade tá pesando, você se sente cansada, mas pensa pelo lado positivo. – disse sorrindo.

-Qual seria?

-Você já pode ser presa.

-Nossa você tá tentando me ajudar ou me botar pra baixo? -  me ignorou e continuou tagarelando.

-Mas oh, você tem que fazer uma faculdade e tal, por que quem tem ensino superior tem cela especial – fiquei somente olhando enquanto ela tagarelava coisas sem parar como “ afinal quando a gente assaltar aquele banco pra poder irmos a Disney nós temos que pensar em todas as possibilidades, vai que a gente vai presa né?” . Eu simplesmente sou apaixonada pela Mel, ela é louca mas é a melhor amiga que alguém poderia ter. – Tá me olhando por que?

-Nada não, mas assim, tô ansiosa nem por eu estar ficando mais velha é que ele vai me ligar hoje. – mordi o lábio, tava muito nervosa.

-Aaah é verdade, o gostosão vai te ligar hoje – sentou num pulo na cama. – Vem, vamos se arrumar , você tem que ficar linda. – seguiu para o meu guarda-roupa.

-Mel ele não vai me ver, só ouvir minha voz.

-E você vai ouvir a dele, eis aí a questão, se a voz dele for esquisita, fina, qualquer coisa assim, você tem que tá linda pra prontamente ir atrás de outro bofe. – remexia nas minhas roupas jogando algumas no chão e outras para mim.

- Não tem nada disso, já disse que ele é só meu amigo – disse enquanto me esquivava das roupas que ela atirava.

-Uhum – fingiu me ignorar, ninguém acredita em mim. – Achei, esse é perfeito – veio até mim com um vestido , fiz careta ao ver qual era.

-Esse não, usei na ultima vez que eu sai com o Pedro – no dia que descobri a traição dele.

-O Pedro é um cretino, mas não desconte no vestido, ele é tão lindo – rodopiou com o vestido e logo em seguida o jogou na minha cara. – É esse mesmo, toma banho e veste, vou lá em casa me arrumar também e já tô de volta – como um furacão ela saiu do quarto, deixando todas as minhas roupas jogadas no chão. Fui logo me arrumar por que ela mora na frente da minha casa e era bem rápida, daqui a pouco volta.

Depois do banho, coloquei o vestido, me maquiei, escolhi um sapato e fiquei me olhando no espelho, sorri involuntariamente e pensei “ Tô tão arrumada e vou desperdiçar toda essa produção saindo com a Mel, na verdade eu queria o Fê”. Mas balancei a cabeça empurrando esse pensamento. Peguei minha carteira, meu celular e desci pra esperar a Mel na frente de casa e no mesmo momento ela atravessava o portão da casa dela.

-Vamos, papai vai deixar a gente naquela pizzaria que eu gosto – me puxou pelo braço e fomos pra garagem.

O pai dela nos deixou na pizzaria e enquanto ela se enchia de pizza eu olhava ansiosa pro meu celular esperando algum sinal, nem mensagem ele me mandava mais e eu fiquei com medo de perguntar por que, vai ver ele desistiu.

-Carol pelo amor de Deus, relaxa ele vai ligar, agora come, por favor, tô pagando caro por tudo isso.

-Eu que vou pagar Melissa – ela era inacreditável.

-Só por que você insistiu muito – mordeu a fatia de pizza da vez – Aliás é seu aniversário, não faz mal que sua obrigação -  falou de boca cheia, a comida gritando pra mim, apenas revirei os olhos para as loucuras dela.

Fiquei revezando olhares para a fatia de pizza no meu prato e para o meu celular, até que de repente ele acendeu e pude ver o nome na tela .

“Lipe chamando”

-Olha, é ele – Melissa quicava, na cadeira – atende criatura.

-Não consigo – eu estava petrificada, mal conseguia me mexer.

-Tá, eu vou atender mas logo vou passar pra ti – fiz que não com a cabeça e enfiei a fatia de pizza toda na minha boca. – Oi Fê lindo, advinha quem tá falando? – atendeu o telefone feliz.  – Não, não é a sua princesa, é a sua rainha Mel, mas calma, ela já vai falar, espera – afastou um pouco o telefone e olhou pra mim entregando-o – Pega, fala com ele – com a boca cheia de pizza apensas acenei que não – Pega esse celular agora Caroline – me olhou séria e aproximou o telefone do ouvido outra vez. – Fê lindo, só um pouco  - olhou pra mim – Fala com ele Carol  - continuei negando o pedido enquanto tentava engolir a pizza, fiz força até conseguir e tremendo peguei o telefone, Melissa sorriu.

-Alô? –disse nervosa.

-Princesa – disse a voz do outro lado, se eu pudesse vê-lo diria que sorriu ao falar isso.

-Oi Felipe – falei com voz embargada, tava entalada com a pizza  - Espera só um pouco – consegui dizer e peguei um copo de refrigerante e virei só de uma vez, tão rápido que senti a bebida ir parar no meu nariz, então comecei a tossir, havia me afogado. A Mel só abaixou a cabeça, acho que estava rindo em vez de me ajudar.

-Carol você tá bem? – a voz dele soava preocuoado.

-Tô sim, foi só um acidente – se ele pudesse me ver presenciaria minha vergonha, fiquei muito vermelha, senti meu rosto queimar.

-Tem certeza? Enfim, que voz linda que você tem – ele disse com um sotaque realmente goiano, a voz dele era grossa, voz de homem mesmo e eu tenho um fraco por vozes assim, apaixonei nisso.

-Sua voz também é linda -  mordi o lábio e olhei para Mel, que me olhava animada e pude ler em seus lábios ela dizer “ põe no viva-voz” , claro que eu neguei. – Espera um pouco que vou sair daqui, tá muito barulho – mostrei a língua para ela e sai da pizzaria, sentei na calçada – Pronto.

-Por que não queria falar comigo – ops, ele ouviu meu debate com a Melissa.

-Claro que eu queria falar com você, tô até falando uai – só Deus sabe o quanto eu estava nervosa.

-E o que era aquela barulheira toda?

-Ah...eu me entalei com a pizza  - ainda bem que ele não viu o quanto eu corei.

-Cuidado princesa.

-Vou tomar cuidado, prometo.

Ficamos mais alguns minutos conversando, de vez em quando eu olhava pra dentro da pizzaria e via a Mel ora com uma fatia de pizza em cada mão, quando não estava paquerando o garçom.

-Carol, sabe o real  motivo de querer te ligar hoje? – a voz dele ficou um pouco baixa.

-Não princeso, diz pra mim. – as vezes eu o chamava de princeso.

-É que eu não consigo parar de pensar em você, passo o tempo todo querendo falar com você, mal durmo a noite pensando em você, tudo tem se resumido a você na minha vida.

-Também gosto muito de você. – não sabia onde ele queria chegar.

-Você não tá entendendo princesa, eu queria poder te abraçar e nunca mais te soltar, sentir seu cheiro – fez uma pausa – queria poder te beijar... – mais silêncio, eu não sabia o que falar. – Você é a única pessoa que mesmo de longe esteve comigo durante esse momento difícil da minha vida que foi o divórcio dos meus pais, eu sinto que você realmente se preocupa de verdade comigo...Carol você tá aí?

-Tô sim Fê, só tô emocionada, acho, com tudo isso que você tá dizendo.

-O que eu quero dizer Carol, aliás o que eu quero te perguntar, você quer namorar comigo? – quase tive um ataque do coração na mesma hora, como assim namorar? Não consegui falar nada e ele prosseguiu. – Eu sei que pode parecer absurdo, nunca acreditei em namoro a distância mas aí eu conheci você e tudo mudou, minha vida mudou Carol, você me fez descobrir o que é o amor e é o mais puro amor, por que eu te amo como se minha vida dependesse disso, eu nunca te vi além de fotos mas sinto como se eu te conhecesse a vida inteira e não consigo me imaginar com outra pessoa que não seja você, eu preciso de você. Por favor me diz alguma coisa

-Eu não sei o que dizer – eu estava confusa, afinal eu nunca tinha pensado nele dessa forma, mas então comecei a lembrar as vezes em que pensava em mim junto a ele, passeando de mãos dadas, rindo, nos momentos de carinho e me toquei que isso era amor.

-Fala qualquer coisa, fala que sim, por favor... – a voz dele era quase um sussurro.

-Eu também te amo Felipe – sim eu o amo, do mesmo jeito que ele me ama ou até mais se for possível, agora fazia sentido o fato de o meu coração acelerar só de pensar nele, de eu sorrir a cada vez que falava com ele. Sim, eu o amo muito. – Eu quero namorar  você, eu quero sonhar com você, fazer planos de um dia estar perto de você, não consigo imaginar mais nada além disso. – eu sorria sozinha feito uma boba na calçada e podia ouvir a risada dele do outro lado do telefone.

-Eu queria te beijar agora.

- Um dia isso vai acontecer, tenho certeza.

-Eu te prometo que vou fazer isso dar certo Carol, eu nunca vou querer ninguém além de você.

-Eu te amo – sorri ao dizer isso, era tão estranho, mas tão bom ao mesmo tempo.

-Eu te amo minha princesa, apesar de toda essa distância é você que eu quero pra mim. – eu nunca o senti tão próximo de mim quanto nesse momento.

Fim do flashback.

 -Foi desse jeito e já faz 1 ano e 4 meses, a gente pretende se ver assim que completar 2 anos, tô juntando dinheiro pra isso   - eu sorria só de me imaginar ao lado dela.

-É uma história linda Carol, mas acho que você tem que descansar um pouquinho agora – disse Laura olhando pra Mel.

-Eu posso ficar com ela? Vou ficar quietinha aqui, juro. – Mel fez cara de santa e Laura assentiu permitindo que ela ficasse lá. – Obrigada – virou-se pra mim – Agora feche seus olhos e descanse bem gostoso, pra você melhorar logo e ir fazer compras comigo – sorriu afagando meus cabelos, sorri de volta, ela com certeza era a melhor.

-Só responder essa mensagem?

-Tá, cuida logo.

De: Meu amor

Com você eu só tenho os melhores sonhos minha vida.

E tá contando essa historinha direitinho né? Não me faça parecer um idiota, rs.

Para: Meu amor

Você não é idiota príncipe, mas é um bobo, é meu amor bobo *-*

E parou com a história de sonhos eróticos né? Sou moça direita k

Mas olha só, vou descansar um pouquinho tá? Ordens da enfermeira Mel. Mais tarde te chamo aqui, se cuida e não esqueça que eu te amo.

-Pronto, respondida.

-Tá, agora dorme que eu vou ficar aqui do seu lado -  me ajudou a colocar a cama na posição original e arrumou meu travesseiro para que eu ficasse confortável. Ela segurou minha mão e ficou cantando músicas até que eu pegasse no sono, o que era maravilhoso, por que eu poderia sonhar com ele e nada me deixava melhor do que me sentir perto dele,  eu me sentia mais viva  embora a minha realidade fosse totalmente diferente, mas pelo menos em sonhos eu me sentia realmente feliz.


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Notas finais do capítulo

avisando que a história vai ser curta, então as coisas vão ser muito rápidas e vai ter muitos flashbacks. E então, devo continuar? me deixem saber, tô aguardando ansiosamente seus comentários. Beijos ;*



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