Luz E Trevas: O Guardião E A Donzela escrita por foreveralone san


Capítulo 3
Feridas de guerra


Notas iniciais do capítulo

Faz bastante tempo né? bom, me desculpem, mas a criatividade para essa fic sumiu e foi dificil conseguir recuperar, mas consegui né? bom, aproveitem ^-^



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Casa do Tails, 03:12 da manhã

Em uma sala com dois monitores bem grandes de computador, o Jovem raposo de pelos claros descansava sua cabeça sobre o teclado, ele adormecera ali mesmo, respirando exausto depois de um dia puxado de buscas...

Sem acordá-lo, Cream colocou um cobertor sobre ele, dando-lhe um beijo no rosto antes de se afastar com um sorriso no rosto, Ela se dirigiu para a porta da frente ao ouvir a companhia tocar. ao abrir a porta, ela viu o ouriço de pelos azuis parado do lado de fora com o olhar abatido.

–Senhor Sonic!

–Oi Cream, o Tails está?

–Ele está descansando, está tarde, por que não faz o mesmo?

–Depois, primeiro preciso saber se ele descobriu algo sobre--

–Ele passou o dia inteiro procurando, mas não encontrou nada... -Ela respondeu com o olhar triste

–Mas ele--

–Senhor Sonic, todos queremos encontra-la, mas não dá se ficarmos forçando assim. -ela o olhou firmemente, Sonic desviou o olhar, não querendo aceitar. -Eu sei que vamos encontra-la, tenho fé nisso, mas temos de ter paciência! -Sonic suspirou voltando-se para ela com o olhar baixo

–Tem razão Cream, sinto muito...

–Posso perguntar-lhe uma coisa?

–pode, oque foi?

–Você já contou a Amy sobre... aquilo? -Sonic desviou o olhar novamente, suspirando pesadamente

–Não, ainda não...

–Mas senhor Sonic, isso é--

–Eu sei! -Ele a interrompeu bruscamente. -Mas... depois de tudo que passamos juntos, não sei como dizer a ela... que irei me casar... .-Cream olhou para ele com pesar, entendendo oque ele sentia

Local desconhecido...

Conforme ia aos poucos recuperando sua consciência, Shadow pode sentir uma estranha sensação lhe preencher o corpo, uma sensação morna que rapidamente o tomou; abrindo os olhos vagarosamente, ele se viu sob o teto de uma velha cabana de madeira, ele então se levantou, ficando sentado sobre a cama em que estava deitado, vários cobertores de pele o cobriam e o atrapalhavam a se mexer, mas ao tentar removê-los, sentiu que seu braço esquerdo não se movia mas doía intensamente, lembrou-se da luta contra as feras e da queda que sofrera antes.

Tudo voltou como um estalo na mente dele, e com a mesma rapidez com que se lembrara de tudo, ele logo se pôs a procurar pela rosada que estava com ele antes; foi então que escutara um som estranho, vindo de uma cadeira alta próxima de uma lareira acessa no outro lado do quarto. E lá estava ela, com o rosto apoiado na mão que se sustentava no braço da cadeira, a rosada estava adormecida, com seu corpo fazendo leves movimentos conforme ela respirava. Por algum motivo ela estava com a cadeira virada para o lado e parecia ter adormecido virada na direção da cama de propósito, mas Shadow não se importou, apenas se sentiu aliviado por vê-la bem.

–Vejo que já despertou... –O ouriço rapidamente se virou para direção contrária, vendo um pequeno ser entrar no local. -...Se sente melhor? –O pequeno homem tinha a metade da altura de Shadow, Tinha o pelo longo e de uma cor marrom, Suas sobrancelhas eram cheias e bem longas, de uma cor bege clara, seu bigode também era longo e da mesma cor, contrastando com a longa barba da cor do pelo dele, seus olhos eram muito pequenos e não eram visíveis no meio do pelo, ele trajava um manto de cor marrom mais escuro que seu pelo e um pouco gasto, possuía dois colares de metal com algumas pedras preciosas que balançavam com seu andar apoiado em um cajado de madeira que era maior que seu corpo.

Shadow estranhou aquela figura, fitando-o por alguns segundos antes de falar. –Quem é você? –O pequeno homem pareceu sorrir continuando a caminhar carregando algo em sua outra mão.

–Perdoe-me por não me apresentar, meu nome é Argus, o ancião. –Ele pôs a cesta que carregava sobre uma pequena mesa e virou-se para o ouriço novamente. –e qual seria seu nome, meu jovem rapaz? –Shadow permaneceu com um olhar desconfiado, mas, por mais que estranhasse aquele homem, não conseguia sentir ameaça alguma vinda dele.

–Meu nome é Shadow, o ouriço.

–Bom, senhor Shadow, por que não me conta oque te traz até essa floresta? –Shadow desviou o olhar até a pequena ouriça rosada que continuava a dormir tranquila.

–É uma longa história. Como ela está?

–Muito bem, por assim dizer, ela se manteve vigiando você o dia inteiro. –Shadow se voltou para ele com o olhar espantado.

–Eu dormi por um dia inteiro?- o pequeno homem olhou para ele com um pequeno sorriso.

–Pois sim, mas não tem do que se envergonhar, vocês enfrentaram sozinhos uma matilha de Jӓgers !

–Jӓgers?

–Você não sabe oque é um Jӓger? –Argus fitou surpreso ao ouriço que estava igualmente surpreso ao ouvir esse nome pela primeira vez.

A ouriça que estava ali dormindo despertou assustada depois que seu rosto escorregou de sua mão e quase batera com o rosto no braço da cadeira.

–Oque? Onde? –Ela falou olhando de um lado para o outro com os olhos semiabertos e uma fina linha de baba escorrendo lhe pela boca, porem, assim que viu o ouriço de pelos negros olhando para ela intrigado, ela rapidamente se levantou indo até ele sorrindo. –Shadow, você acordou! –Ela parou ao lado dela com seu sorriso aberto e o olhar feliz para com o ouriço que se assustou com tamanha animação. -Como está se sentindo?

–Já me sinto bem

–E o seu braço?

–Ainda dói, mas deve melhorar logo...

–Que bom ! –Ela sorriu novamente, fazendo com que shadow corasse de leve.

–Vocês são bem próximos, não? –Argus falou chamando a atenção da ouriça que se virou para ele surpresa

–Ah! Senhor Argus, o senhor já retornou? –Ela se levantou indo até perto, até mesmo ela tinha de se curvar para falar com ele.

–Sim, gostaria de me ajudar a preparar o chá? –A jovem rosada assentiu acompanhando-o até onde ele tinha deixado a cesta que trouxera consigo. Shadow permaneceu a observá-la, ela não parecia estar preocupada com a situação em que estavam, sorria normalmente, mesmo estando em um lugar que não conhecia, sem saber como voltar; ela parecia se divertir até com a mais simples das coisas

Foi então que se lembrou, ele já a tinha observado algumas vezes, quando se juntava a alguma atividade junto dos outros, sempre podia vê-la da mesma forma que via agora, alegre, despreocupada, sorridente. Algo que ele não conseguia entender, mas que por alguma razão, não se cansava de assisti-la sorrir e rir das coisas mais simples que podia-se imaginar.

–Shadow, vai querer um pouco de chá? –Ele despertou vendo-a fita-lo, assentiu que sim e ela retornou a mexer com algumas ervas junto de Argus que já estava a esquentar a água. Shadow tentou se levantar, empurrando os cobertores que o estavam prendendo na cama, mas com esse esforço seu braço direito começou a doer e ele soltou um baixo grunhido, quase inaudível, mas a ouriça percebeu. –Espera! –Ela correu na direção dele pegando um pano verde escuro no criado mudo ao lado da cama. –Deixe-me colocar isso em você. –Ela se sentou ao lado dele, apoiando o braço dele com o pano e dando um nó nas pontas atrás do pescoço, criando assim uma forma dele poder se mover sem sentir dor no braço. –Está melhor? –Ela sorriu olhando para ele, Ele assentiu desviando o rosto para que ela não o visse corar de novo.

–Tome o chá e logo seu braço irá se curar. –Argus quem falou pondo uma chaleira velha de metal pendurada sobre o fogo da lareira, Amy assentiu indo para perto do pequeno senhor para ajuda-lo a guardar o resto das ervas que não seriam usadas. Shadow se levantou sentindo ainda um pouco de dor no braço e caminhou em direção à janela, estava de noite, com várias nuvens negras ao redor da lua, Shadow continuou a observar a floresta que cercava a casa onde estavam, mas nisso, ele viu, passando por entre as arvores, de uma forma predatória e olhando na direção dele, uma fera igual à que os haviam atacado no outro dia.

Isso foi o bastante para pô-lo em estado de alerta, oque chamou a atenção de Amy que se aproximou dele.

–Oque houve Shadow? -Ela perguntou caminhando lentamente até ele, cada passo causando um ruído no chão de tábuas, Shadow estendeu sua mão na direção dela, para que ela não desse outro passo.

–Fique ai. –Ele falou num quase sussurro, era de se compreender o nervosismo em que ele estava, ele já tinha enfrentado essas criaturas e sabia do que eram capazes, e ele não estava em condições de lutar, principalmente se houvessem mais delas.

O tempo se arrastou enquanto Shadow mantinha seu olhar para a fera que andava de um lado para o outro, com a cabeça voltada na direção da cabana, por fim, após cinco tortuosos minutos de esperas, a fera sumiu, indo para a escuridão da floresta. Shadow respirou aliviado, mas não tanto quanto gostaria, a fera ainda estava por perto, e poderia atacar a qualquer momento, mas oque mais o preocupava, era a razão dessa não ter atacado.

–Não há com oque se preocupar, meu jovem, os Jӓgers não podem nos atacar aqui. –Shadow fitou surpreso o pequeno senhor que estava com a chaleira em mão, despejando o liquido verde claro em um bule branco.

–Por que não? –Ele perguntou dando alguns passos em direção ao pequeno homem. Amy viu que Argus já estava arrumando a bandeja para servir o chá e foi ajuda-lo ao ver ele tremer as mãos enquanto erguia a bandeja, recebendo um agradecimento dele.

–O senhor Argus é capaz de criar uma barreira magica que afasta aquelas coisas. –Ela falou sorrindo enquanto arrumava as xicaras e as enchia com o chá fumegante. –Na verdade foi ele quem nos salvou naquela noite! –shadow ficou surpreso ao ouvir isso, estava mesmo a se perguntar como haviam escapado daquela alcateia – se é que pode se chamar de alcateia, já que não são exatamente lobos – mas não lhe passara pela cabeça que aquele homenzinho os havia salvado.

Argus olhou para Shadow, e com seu quase imperceptível – por causa da barba – sorriso, falou a ele. – Venha, meu rapaz, sente-se conosco e lhe darei qualquer explicação que desejar. –shadow assentiu, e, como era uma casa extremamente humilde, o único cômodo servia de quarto, cozinha e sala, eles se sentaram sobre um tapete de pele de algum animal – na verdade toda a casa estava decorado com artigos de caça, mas para Shadow era impossível que aquele pequeno homem ainda fosse caçador, mas aceitava que aquilo devia ser de quando ele fora mais jovem.

Eles estavam sentados ao redor de uma pequena mesa redonda onde a bandeja de metal estava com o bule e as três xicaras já preenchidas com o liquido esverdeado, Amy foi a primeira a pegar sua xicara e tomar um curto gole, pois o liquido ainda estava bem quente, e após afastar a xicara dos lábios e soltar um leve suspiro, ela sorriu olhando para Argus. –Que gosto maravilhoso, nunca experimentei algo assim! –Ela falou verdadeiramente alegre, Argus também sorriu pegando a sua xicara.

–É erva de mogul, tem um ótimo efeito relaxante e também é um bom aromatizante. –O pequeno senhor sorriu tomando um gole também.

–Posso sentir. –Amy falou inalando um pouco da fumaça que vinha do chá.

Shadow era o único que parecia não estar afim de tomar o chá, ele apenas fitava a mesa com o conjunto de chá de uma forma vazia, na verdade sua mente estava em outro lugar, perdida em pensamentos diferentes, a imagem do ouriço negro que lhe atacara em Mobius ainda lhe vinha à mente, por que ele o atacara? Por que parecia tão decidido a afasta-lo? Se fosse para mata-lo, por que não o fez enquanto estava caindo com a ouriça nos braços?

Sua mente teimava em criar perguntas, mas não parecia interessada em se esforçar tanto assim em pesquisar as respostas, mas foi o chamado da rosada que o despertou, fazendo-o olhar na direção dela que tinha o semblante preocupado.

–Está tudo bem? –Ela o olhava preocupada, dês de que ele desmaiara por usar toda sua energia para protege-la, ela passou a tomar conta dele a todo o momento. Havia algo de estranho, ela assim como Sonic, acreditava que Shadow fazia parte do grupo, que era um amigo indispensável, mesmo que ele preferisse se manter afastado, mas ele parecia estranhamente protetor a ela. Como ela já havia notado, por inúmeras vezes o pegou olhando-a discretamente, ele parecia querer falar algo a ela, mas sempre que ela se aproximava para conversar, ele criava a mesma barreira que o mantinha afastado dos outros.

–Está. –Ele respondeu de maneira um pouco fria, desviando o olhar em direção a Argus que continuava a tomar seu chá. –O senhor disse que iria nos dar as explicações que precisamos... –Argus abaixou sua xicara, dando um abafado suspiro e então se virou para Shadow.

–Sim, mas antes disso, se não for muito incomodo, gostaria que me dissessem quem vocês realmente são e de onde vieram, pois, nos dias de hoje, é raro ver um casal de Kaizen e Alva.

–C-casal?! –Amy ruborizou até quase todo seu rosto ficar do mesmo tom de vermelho que as mechas no seu cabelo, Shadow, por outro lado, estranhou apenas as duas palavras finais.

–Do que nos chamou? –Argus os olhou por mais alguns segundos, perplexo por não saberem do que ele falava, suspirou então, colocando sua xicara de volta na bandeja.

–Entendo, então vocês não são mesmo daqui, era de se esperar já que ninguém em sã consciência andaria pela floresta negra durante a noite. –Ele suspirou mais uma vez, como se estivesse exausto. –Vocês estão em Naigur, as terras médias; um campo neutro entre os dois impérios dos Kaizens e dos Alvos.

–Naigur? –Amy olhou assustada para ele. –quer dizer que não estamos em Mobius?

–Sinto em dizer que nunca ouvi falar nesse local de que fala. –Argus olhou para a ouriça que ficara cabisbaixa ao saber que não estava perto de casa. –Mas, permitam-me perguntar, como chegaram aqui?

–Foi por causa de um ouriço, ele lançou um ataque estranho em nós que acabou nos tele portando para cá. –Shadow respondeu sem parecer surpreso por não estar em seu planeta de origem, na verdade ele já suspeitava, pois ainda estava consciente depois do ataque do outro ouriço lhe atingir, só não tinha certeza por que os dois mundos tinham uma energia similar, pareciam os mesmos na verdade. –Creio que seu nome era Ébano. –Ao terminar de falar, Shadow notou que a expressão de Argus mudara, suas longas sobrancelhas se arquearam, assim como sua boca parecia ter se aberto – era muito difícil saber qual expressão ele possuía por debaixo de todo aquele pelo.

–Você disse Ébano?

–O senhor o conhece? –A rosada perguntou, Argus pareceu voltar a sua expressão normal – ou qualquer outra que não desse para ser vista por causa do pelo – e abaixou o rosto.

–Creio que sim, Ébano o Ouriço... –Ele estendeu sua mão até a xicara que estava na bandeja, tremendo mais do que antes, quase derramando o chá enquanto trazia a xicara até sua boca. – Pobre garoto. -Ele falou com a voz sussurrada pouco antes de tomar um gole de seu xá.

–Ele não tinha nada coitado quando nos atacou. –Shadow exclamou de forma ríspida

–Entendo oque quer dizer... –Argus respondeu sem olhar na direção de Shadow. – Mas o Ébano que eu conheci já se perdeu há muito tempo... –Shadow e Amy se entreolharam por um instante

–Oque o senhor quis dizer? –Amy quem perguntou, Argus tomou um gole e bufou o ar quente do chá.

–O Ébano que vocês conheceram, um dia foi uma criança, uma com o coração mais puro que já vi em todos esses longos anos que já vivi. –Ele ficou com a xicara em sua mão, usando a outra mão para servir de suporte, seu rosto estava voltado em direção as chamas da lareira que ainda crepitavam forte. –Mas aquela criança morreu faz tempo...

Mais uma vez, uma troca de olhares entre os dois ouriços ali, Aquela parecia ser uma historia sobre alguém completamente diferente, os dois já haviam encarado Ébano nos olhos, e sabiam que ali não havia – nem jamais teve – qualquer tipo de bondade.

–Senhor Argus... –Amy chamou, fazendo o pequeno senhor despertar de qualquer que fosse a visão que estava tendo nas chamas dançantes na lareira. –Oque aconteceu à ele?

Argus tomou um longo suspiro, apoiando sua xicara sobre a mesa novamente. –Houve a guerra, minha criança! –Amy foi quem parecera mais surpresa, ou a única a deixar parecer isso. –A guerra arrancou tudo dele quando ele tinha apenas seis anos. Forçado a ser um soldado. Ele viu seus pais matarem um ao outro no campo de batalha e perdeu seu único irmão no mesmo dia; ela destruiu a criança que ele um dia já foi, e deixou apenas esse homem cruel ao qual vocês conhecem...

–Mas por que essa guerra? Por que os pais dele se enfrentaram? –Amy perguntou sentindo um pouco de culpa por tê-lo julgado –ela era muito ingênua, e acabava sempre a tentar encontrar bondade onde parecia não haver, mas essa era ela, e não há ninguém capaz de muda-la.

–É uma guerra que se iniciou quase que ao mesmo tempo em que a própria vida nesse mundo. –Argus abaixou o olhar, deixando que as palavras fluíssem como se estivesse a contar uma historia da qual fazia parte. –Quando esse mundo ainda era muito jovem, existiam duas tribos que coexistiam paralelas umas as outras, foi entre essas tribos que se deu inicio à guerra por hegemonia!

–Como assim? –A rosada perguntou

–Os Kaizens e os Alvos, as duas tribos que partilhavam esse mundo. Ambos possuíam suas diferenças e semelhanças, mas julgavam sempre serem melhores uns do que os outros, e teve inicio a primeira guerra...

–Se você diz primeira, significa que ela terminou, e que houve outras, não é? –Shadow quem falou, finalmente se manifestando.

–Sim, essa foi a primeira guerra, mas após longos e dolorosos séculos, ela chegou ao fim com uma trégua. Durante os anos de paz que se prosseguiram, pessoas de tribos diferentes começaram a formar famílias, dando origem aos primeiros ‘mestiços’, Ébano é um deles, o pai era um Kaizen puro, e sua mãe uma Alva de sangue puro também. Mas mesmo com essas novas famílias surgindo em grande quantidade não foram o bastante para impedir que a guerra recomeçasse, separando as famílias, e as destruindo aos poucos...

Um longo silêncio tomou o local, nem Amy nem Shadow estavam dispostos a falar mais nada, já haviam compreendido oque havia acontecido à aquele mundo, mas nada justificava oque Ébano fizera a eles, na verdade, levantava a questão, por quê ele surgiu em seu mundo? Amy cogitou perguntar a Argus se ele sabia algo do por que, mas resolveu não fazê-lo.

–Eu nasci... –Argus começou a falar, mantendo o rosto baixo. -...Quando a guerra era a única coisa que conhecíamos, travei incontáveis batalhas, e tirei a mesma quantidade de vidas; vivi sem um propósito durante a paz, até me apaixonar por ela, mas sou forçado a ver minha amada ir embora e dar lugar as velhas feridas... –Um incomodo silencio continuou, deixando apenas o som da lenha queimando preencher os ouvidos dos três ali presentes, até o ouriço negro romper esse silêncio mórbido.

–O senhor nasceu durante a primeira guerra?

–Não só nasci, como travei a maior parte de suas batalhas. –Argus respondeu sem demonstrar o menor orgulho por isso.

–Mas disse que ela teve inicio há séculos atrás... –Shadow deixou o resto da frase no ar, esperando pela resposta do pequeno senhor. Argus ergueu a cabeça para trás, olhando em direção ao teto – se não fosse pela enorme quantidade de pelo, Shadow teria visto uma lágrima escorrer pelo rosto do velho senhor.

–Minha amada Marythid! –Argus falou com a voz parecendo embargada, Amy sentiu uma pontada no coração, como se ela mesma pudesse sentir a dor da perda de alguém amado que vinha naquelas palavras.

–Senhor Argus... –Ela falou com pesar ao olhar para a pequena figura que continuava a fitar o teto da cabana, perdido em memórias de um amor morto há muito tempo...

Argus abaixou a cabeça, voltando a fitar o tapete de pele no qual estavam os três sentados. –Eu fui um dos generais do exercito dos Kaizens na primeira guerra, havia nascido de pais que também foram soldados, fui criado para amar a batalha, mais do que à minha própria vida, e foi oque fiz, quando pude escolher entre a família ou o campo de batalha... eu escolhi a batalha... –Ele parou de falar, respirando pesadamente, Amy se sentia mal por vê-lo assim, ele havia ajudado ela e Shadow, queria poder ajudar, mas quem pode fazer cicatrizes tão antigas simplesmente sumir? – Eu vivi até o fim da guerra, mas quando ela terminou, já não havia nenhum lar para eu retornar.

–Mas não explica como você pôde viver por tanto tempo. –Amy olhou para o ouriço negro, como se quisesse repreende-lo por ser tão indelicado, mas o mesmo nem viu o olhar dela para ele.

Argus soltou um tipo de risada triste, erguendo levemente o rosto. –Eu fui punido, pelos Deuses, por ter negado a minha família, agora devo caminhar por esse mundo, eternamente, sem poder me juntar a eles do outro lado...

–Você é imortal?

–Eu vivi por mais de oitocentos anos, se um dia hei de morrer, não sei se estou perto ou longe... só sei, que já vivi mais do que qualquer um poderia querer...

Todos ficaram em silêncio, o clima alegre que havia ali antes tinha desaparecido completamente, agora só restava aquela sensação incomoda, Argus foi quem se moveu primeiro, levantando-se devagar e reclamando quando sua coluna fez um som de estalo, ele então caminhou em direção a porta da frente, mas a rosada o chamou.

–Aonde o senhor vai? –Ele virou o rosto em direção a ela e sorriu.

–Vou caminhar um pouco, não precisa se preocupar; sugiro que tentem dormir um pouco, amanhã será um longo dia! –Ele saiu sem dar tempo da rosada falar algo, ela então olhou para Shadow que retribuiu o olhar, eles ficaram assim por um tempo, sem dizer nada nem desviar o olhar, era quase como se estivessem a conversar através do olhar, Ambos queriam poder entender oque realmente acontecia, por que Ébano, um ouriço que um dia já foi bom, os havia atacado e agora estava a planejar sabe-se lá oque em Mobius! Isso já estava pondo a jovem rosa no ápice de sua preocupação, precisava voltar o quanto antes para seu mundo, ver se seus amigos estavam bem, e encontrar com o ouriço a quem ela jurou amor eterno.

–É melhor fazermos oque ele falou. –Foi Shadow quem falou, despertando a rosa de seus pensamentos.

–É. –Foi uma resposta simples, tão simples que o ouriço estranhou e a fitou de canto após se levantar

–Está tudo bem Rose? –Amy o fitou forçando um fraco sorriso e se ergueu também.

–Sim, está tudo bem sim. –Ela caminhou até a poltrona onde ela estava antes. –Boa noite.

–Por que não dorme na cama também? –A Rosada olhou espantada para o ouriço

–C-com você?

–Eu não mordo, se é disso que está com medo. –Ele deu um meio sorriso provocador, a rosada corou com as palavras dele, foi estranho, para ele, ver aquela estranha vermelhidão surgir no rosto dela, por um momento pensou tê-la ofendido, mas viu que ela tinha ficado apenas com vergonha. –A cama é grande, não precisa dormir agarrada comigo.

Ele tinha razão, a cama era bem grande, espaço suficiente para quatro pessoas, então não haveria problema, não é? A rosada resolveu concordar – ainda que com certa relutância – a se deitar na cama, tomando a distancia com a qual se sentia mais segura, não era por que tinha medo dele, ou do que ele poderia fazer com ela, ela tinha plena confiança nele, mas se sentia estranha em deitar na mesma cama que um homem que não fosse aquele que ela amava, tamanha ingenuidade era oque a fazia ser tão adorável, e como o ouriço negro parecia se divertir ao vê-la ficar vermelha de constrangimento.

Por fim o tempo passou, rápido, por assim dizer, mas não para Shadow, ele já havia dormido por muito tempo, ‘Cinquenta anos” ele pensou, se lembrando do tempo em que passara adormecido até ser encontrado por Eggman, mas dês da época em que recuperou suas lembranças, dês de que se lembrou de tudo que teve e perdeu, suas noites já não eram mas para descanso, e sim, para travar batalhas incessantes contra os fantasmas do passado. A forma que ele encontrou foi a de esvaziar sua mente, conseguia alcançar esse estado com certa facilidade, mas era pouco produtivo, pois seu corpo descansava, mas sua mente não, por isso haviam dias em que o mundo parecia seu pior inimigo.

Shadow permanecera nesse estado semi-desperto por um tempo, até sentir algo se apoiar contra seu ombro livre, ele abriu os olhos devagar e olhou para o lado, vendo a pequena rosa adormecida com a cabeça sobre seu ombro e uma das mãos sobre seu peito, ela respirava devagar, com a boca aperta levemente, estava tão perto que Shadow podia sentir seu hálito vir, o cheiro da erva usada para o chá era parecido com hortelã, oque não foi um problema, mas Shadow se sentiu estranho com ela ali, tão próxima, tão vulnerável a ele, ele tinha certo interesse nela, queria saber que tipo de pessoa era ela, se era realmente como...

Sempre que isso vinha à sua cabeça, a comparação com a garota de seu passado e a rosa, ele se detinha, praguejando a si mesmo por fazê-lo, não era justo, nem com ele, nem com as duas. Ele tentou se desvencilhar dela, mas quando tentou, ela agarrou com força no casaco dele, aproximando-se ainda mais dele.

–Por favor, não vá! – ela ainda estava dormindo, mais aquilo ainda foi um pedido feito com todo o medo de se perder algo, Shadow não sabia, mas aquele não era um pedido à ele, mas sim, aos fantasmas nos sonhos dela. Mas vendo uma fina lágrima percorrer o rosto dela, ele nada pode fazer se não deixa-la ali, adormecida em seus sonhos, onde seus pais a faziam companhia...


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Notas finais do capítulo

E então? mereçe reviews? ^-^ até a próxima



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