A Cúmplice. escrita por Larinha


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo não tem muito suspense, mas é um acontecimento chave. Espero que gostem gente, peço desculpas por qualquer coisa, é que eu estava tentando manter o prazo. Beijos.
(A formatação é culpa do iPad. Ainda estou sem mouse T.T)



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Se contasse para alguém certamente pensariam que estava fora de si. - "Tomou alguma coisa querida?" Perguntaria seu pai. Mas isso seria se tivesse achado aquele apetrecho sozinha, o que não era o caso. Lucas estava lá parado, olhando para o objeto em sua mão e para Ana constantemente. Ele, tanto quanto a morena, não acreditava que seria possível encontrar alguma coisa como aquela em toda a sua vida. Afinal, não era algo que acontecia todo dia. Você não poderia simplesmente chegar em casa, olhar um pouco para sua casa de luxo e gritar para seu marido que tinha um aparelho utilizado por agentes e policiais em seu quadro preferido. E muito menos encontrar um desses em um quadro falsificado em um apartamento urbano qualquer.

Por um momento, ela pensou na possibilidade de seu pai ter descoberto seu endereço e ter posto uma escuta para saber o que ela fazia, mas Elliot não teria uma ideia tão mirabolante nem em um milhão de anos. Sua esposa podia até ter um rápido pensamento sobre aquilo, mas ela não seria capaz de invadir a privacidade da enteada daquela maneira, era uma mulher de honra e caráter, por mais consumista que fosse. A única coisa que poderia ser possível, na mente de Ana, era que ela estava sendo vigiada. E era muito provável que fosse por um estranho, ou então, era uma possível vítima do famoso assassino das redondezas.

Nenhuma das alternativas eram, nem de longe, agradáveis aos olhos.

E estava apenas começando. Após ficarem praticamente dez minutos parados e absorvendo o que acabara de acontecer, ambos pensaram na possibilidade de haver outras. Então o apartamento começou a ser revirado. Algumas almofadas voaram em direção ao garoto e caíam no chão quando o acertavam. Ana procurava como se fosse um caso de vida ou morte, que, pior das hipóteses, poderia mesmo ser. As gavetas, coitadas, eram praticamente arrancadas do criado mudo e do armarinho. Enquanto Lucas dava uma olhada no cubículo que era o banheiro, a garota, após uma louca procura, estava como uma estátua no meio da sala. Exceto por seus olhos, que corriam o cômodo com uma rapidez sem tamanho.

Pensara nos lugares que ela, se fosse uma perseguidora ou qualquer outra pessoa que tivesse a intenção de observá-la ou escutá-la, poderia colocar a escuta. Era melhor que pusesse em lugares estratégicos, onde poucos procurariam. Que fosse óbvio, mas nem tanto. Assim como o quadro. Começou a procurar onde ela não botaria de jeito nenhum - Na porta do armário, na mesa do computador, no cabideiro, etc. - Achou uma segunda atrás da cabeceira da cama, estava disfarçada como uma cor madeira idêntica ao do lugar onde se encontrava. A garota gritou o nome do amigo enquanto pegava um pano, retirava a escuta e colocava em uma sacolinha para que suas digitais não ficassem nela.

— Achou outra?! Deus! Quem está atrás de você? - Disse ele com as mãos na cabeça. Não era certo dizer que aquilo era uma expressão corporal exagerada, ele estava mais alarmado que a própria Ana. Diria que ele estava prestes a ter um ataque nervoso. - Temos que avisar a alguém...

— Chame as autoridades. Literalmente. - Disse a garota numa tentativa de conseguir descontrair a si mesma. - Isso não faz sentido. Pegue a chave do carro, estamos indo para a delegacia. Não vamos contar a ninguém até conseguirmos informações concretas sobre essa loucura.

— Está maluca? Se seu pai descobre, estamos mortos.

— Cale a boca e pegue a porcaria da chave! - Gritou a menina, estava estressada demais para conversas. Seu pai iria mandar a famosa voz controladora e mansa que consolava a todos e diria que não era nada, e se não a convencesse, diria para calar a boca que poderia sair mal para a família. Depois lhe compraria uma pulseira e a mandaria voltar para a casa, e lá ela estaria mais segura.

Não, não e não. Nenhuma daquelas coisas iriam acontecer, não se ela pudesse impedir. Os jovens desceram as escadas rapidamente, entraram no carro e foram em alta velocidade para a delegacia que ficava a dois bairros dali. No caminho, Lucas segurava o volante com as duas mãos e com tanta força que parecia que o carro capotaria se ele não segurasse o suficiente. O tanque de gasolina estava cheio, mas parecia que a qualquer momento o carro daria um solavanco e pararia no meio da rua.

Viraram na terceira à esquerda e viram a delegacia de longe. Só de rever aquele lugar, o estômago de Lucas embrulhava. O garoto não tinha uma lembrança muito simpática dali. Da última vez que esteve, seu pai gritara e berrara com ele de maneiras que ele achava que não fossem possíveis para a voz do velho. Na hora, não pensara em nada a não ser que, se tivesse alguém que olhasse por ele; uma mãe de preferência, não estaria sofrendo aquela humilhação em frente a um delegado gordo que não prestava atenção, nem mesmo quando Lucas levava um tapa no pescoço.

Ao chegarem lá, viram somente alguns policiais. Uns conversavam sobre seus antigos casos em que levaram um tiro na perna ou salvaram a vida de alguém. Outros estavam comendo donuts nos bancos de espera enquanto assistiam Tom e Jerry. Em quase todas as outras pequenas cidades, a delegacia era um cubículo. Felizmente, não era o caso desta. Havia espaço o suficiente para quando alguma coisa acontecesse. O único problema era se, como agora, o delegado não estivesse à vista de ninguém. Lucas procurara em todos os cantos e ele não se encontrava em nenhum.

Ana, por fim, ouviu uma voz familiar. A reconheceu do noticiário, era o antigo agente do caso do Serial Killer. O som vinha da sala particular que ficava perto da única cela de lá, que só fora utilizada uma única vez, quando assaltaram o banco da cidade. Ana começou a segui-la e deu de cara com a parede que ligava o cômodo ao restante do lugar. Antes de bater, pôs o ouvido na parede para conseguir escutar o que eles dois tão discutiam.

Lá dentro, o delegado Daniels estava encostado na poltrona de couro atrás de sua mesa completamente desorganizada e com papéis por todo lado. Enquanto escutava o detetive e respondia suas perguntas, ele pensava nos arredores e na volta escolar. Aquilo iria causar um fluxo enorme nas ruas, o que podia render confusões. Ele odiava confusões, ainda mais de trânsito.

O delegado sabia que era muito provável que no final daquela conversa, James poderia pedir para voltar ao caso, era apenas uma questão de tempo. Ele sabia demais, mas mesmo assim, se ele voltasse agora geraria uma enorme confusão com os estados envolvidos. Apesar de o assassino atacar apenas naquela cidade, estava a ponto do FBI intervir. - Uma vez ele imaginara alguns agentes entrando com o serial killer na mão e dizendo que fora a coisa mais fácil de suas vidas.

— Apenas quero que saiba que se precisar de mim para mais teorias, estou ao dispor da cidade. - Disse ele, com uma confiança sem tamanho. Mesmo que a tristeza em seus olhos seja evidente, ele ainda sofria por sua filha. Só se passara duas semanas, todos da família ainda estavam de luto.

— James, sabe que tenho um enorme apresso por você e que realmente sinto muito por Rita, mas a sua volta geraria polêmicas. Esta notícia acabou de ser anunciada na mídia, se o oposto acontecer, dirão que o caso está bagunçado e perdido.

— Sem mim está. - Sussurrou ele, baixo o suficiente para o delegado só ouvir um bufar.

Ainda pensava na vingança, ficara dias só pensando nisso. Elaborara planos e planos, textos e mais textos que conseguissem tocar o coração do homem de pedra na sua frente, mas não conseguia lê-los mentalmente sem pensar em sua filha. Ela fora morta somente para intimidá-los, e ele faria aquele covarde pagar por aquilo. Nem que tivesse de jogar sujo, algo que ele fazia muito bem.

— Eu posso... Ser consultor! Meu nome não precisa estar nas notícias, só os envolvidos saberão. - A porta da sala se abriu e uma mulher de cabelos longos negros e olhos azuis adentrou.

— Consultor? Se for tão bom a esse ponto, tenho certeza que pode me dar uma resposta em relação a isto. - Ela tirou dentro da bolsa um saquinho plástico com duas escutas. Será que sabia que era proibido ter aparelhos de espionagem naquela cidade?

— São duas escutas, senhorita Smith. - Disse o delegado com desdenho.

— Ah, disso eu sei meu querido. Eu só quero saber o que elas faziam atrás do meu quadro e da minha cabeceira da cama. Alguma hipótese? - Disse ela em direção ao detetive.

James não prestara atenção o suficiente para responder, mesmo tendo escutado a pergunta claramente. Tudo que via era a resposta para suas preces. Era ela, ele tinha certeza. Quando estava em casa em um domingo, que era o único dia em que ele ficava em casa apesar de sempre querer estar no escritório, ele começou a imaginar o que poderia ter desencadeado os assassinatos daquelas mulheres. Já tinha pensado em muitas possibilidades, mas aquela nunca havia aparecido em sua mente. Desilusão amorosa era óbvio demais, o assassino era obcecado, e ele só reparara quando Ana entrara na sala com seus cabelos lisos e pretos e olhos raros, globos azuis lápis lazúli.

Agora tudo fazia sentido, ele descontava sua dor em outras mulheres parecidas com ela, com seu objeto de obsessão. E sua frustração só aumentava por não achar alguém que fosse como ela, com aquela beleza incomum. A única coisa que ele não sabia era se o homem, por que agora tinha toda certeza de que era um homem, havia sido rejeitado ou nunca teve coragem de se declarar para ela. E James iria descobrir. Por sorte ela havia procurado no lugar certo.

O detetive foi tirado de seus devaneios por dois dedos que estalaram em frente seu rosto, eles pertenciam a quem havia feito uma pergunta há alguns minutos atrás.

— Eu acho... - Começara ele. - Que não é o que você está pensando.

A expressão dela mudou, e um sorriso irônico surgiu em seu rosto quando perguntou novamente:

— E como sabes o que estou pensando? - Disse ela com as sobrancelhas levantadas.

— Acha, por um acaso, que é uma possível vítima dele? Está enganada. Você é o motivo dele estar matando... Ele está te seguindo, mas é para te conquistar, não te matar.

Rapidamente o sorriso de Ana sumiu. Ela nunca pensara em algo daquilo, e não tinha nem passado pela sua cabeça que alguém também conectaria as escutas ao assassino da cidade. Era uma ideia insana, ela desencadeara uma onda de assassinatos? Não, não aceitaria aquilo. Não era responsável por aquilo, e quem é que esteja por trás deveria ser corajoso o suficiente de chegar até ela e não sair matando a todas que visse pela frente

Quando ela ia falar, Lucas finalmente entrou na sala.

— Descobriu alguma coisa? - Perguntou ele à Ana.

— Iremos descobrir de quem são essas escutas. - Disse o delegado, pegando o saquinho das mãos de Ana e pondo em uma malinha que iria para o departamento de análise. - E mandaremos alguns agentes para lhe vigiar e tentar ver se a teoria de nosso consultor está correta.

— James agora é consultou do caso? - Perguntou o jovem de 25 anos. - Esta é nova.

— Satisfeita? - Ana assentiu. E logo foi se virando para ir embora, mas ele falou novamente. - Sugiro que não ande a noite e nem sozinha, pode ser perigoso.

Mal sabia ele que perigo atraía a garota como um ímã, e vice-versa.

Após resolver algumas outras coisas, como o fato de ter de avisar a seu pai pelo telefone da situação em que estava, o que não fora nada agradável, Ana fora para a faculdade no carro de Lucas. Depois do que tinha acontecido, não estava com muita vontade de conversar com ninguém sobre aquilo, muito menos com Victória, que iria perguntar se não poderia utilizar uma das escutas para alguma coisa. Então ela simplesmente foi para o dormitório, mesmo sabendo que ainda havia algumas aulas acontecendo; apesar de não ter que assistir nenhuma, ainda ficava com receio de não ir.

Ao chegar em seu quarto, foi diretamente para o banheiro tomar um banho frio devido ao calor que sentira na viagem de volta. Estava com tanto calor que decidiu usar uma blusa qualquer, sem esconder os machucados que, provavelmente, trariam cochichos se descobertos. Ela simplesmente não estava mais com vontade de esconder, mas também não explicaria a ninguém o que tinha acontecido antes e nem agora.

Mesmo tendo alguns afazeres, foi ler. Precisava distrair a mente, tirar aquela hipótese maluca do detetive da cabeça. Por mais que ela fizesse sentido. Seria possível ter algum psicopata daquele tipo... Qual seria a palavra apropriada? Obsessão era uma coisa tão forte que a cada vez que tentava pensar na frase de James, com mais dor de cabeça ela ficava.





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Notas finais do capítulo

Gostaram? Haha. O capítulo V será mais... Atraente. E para quem queria ver a presença do nosso querido "Blue Killer", (apelido carinhoso que dei a ele por matar mulheres de olhos azuis) nós o veremos em um flashback no próximo capítulo. (Mas ainda não revelarei quem é, só darei dicas.) Beijos.