Em Minhas Memórias escrita por Mary e Mimym


Capítulo 33
Descoberta


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo '-'
Não sei se estou fazendo o certo em postar mais um capítulo, mas... Enfim, eu precisava escrever e, já que está pronto, por que não postar?
As coisas estão piorando... Vão por mim, o enredo das história irá mudar drasticamente.
Boa Leitura!



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Elesis ON

Enquanto o professor de Geografia dava aula, eu prestava atenção em tudo, menos no que ele falava. Só fui prestar atenção nele, quando o professor colocou a mão no rosto e tombou para trás, apoiando-se no quadro.

-Você está bem, professor? – Perguntou Lire.

A sala ficou quieta para saber o que estava acontecendo com o professor. Ele apenas assentiu, mas dava para ver que ele estava passando mal.

O professor saiu de perto do quadro e se apoiou na mesa, sentando-se.

-Elesis. – Ele me chamou – Vai até a sala da diretora e peça que ela venha até aqui, por favor.

Levantei-me da cadeira e saí em passos longos. Vi que tinha uma galera do terceiro ano na sala da diretora e corri para chegar mais rápido até lá.

-Ele só caiu no chão, não foi atingido pela bola. – Ouvi um dos meninos dizer isso, explicando para a diretora algo que havia acontecido na quadra.

Assim que ela me viu, pediu que os meninos aguardassem um pouco e se digiriu para mim:

-O que foi, Elesis?

-O professor de Geografia pediu que a senhora fosse até a sala do segundo ano, ele… - Dei uma pausa – Ele não parece nada bem.

A diretora ficou com um semblante sério e preocupado, passou a mão no rosto e pediu que eu voltasse para a sala, que já estava indo. Também falou para os meninos do terceiro ano que voltassem para a quadra, esperar por ela.

Nossa! Está todo mundo passando mal hoje!

Voltei para a sala e uma agonia no peito me dominou. Mas estava tudo bem, não estava?

A diretora apareceu na porta da sala e viu o professor sentado, com a cabeça baixa em cima da mesa. Meus devaneios cessaram e eu fiquei atenta para saber o que havia acontecido.

Mas ninguém disse nada. A diretora chamou pelo professor e pediu que ele se retirasse e que ela ficaria conosco, até arrumarmos nosso material. Seríamos liberados mais cedo.

Peguei o celular e mandei uma mensagem para o Lass, avisando sobre eu sair mais cedo e não ir embora com ele com cautela, é claro.

Quando todos da minha sala guardaram tudo a diretora nos liberou. Algumas meninas do meu grupo de história chegaram perto de mim e falaram que iriam adiantar o trabalho, já que estávamos saindo mais cedo. Avisei que passaria em casa e depois iria na casa de uma delas.

Fui para casa e, quando cheguei, a mãe de Ronan estava saindo às pressas. Passou por mim e estava desesperada. Não tive coragem de para-la, mas fiquei com receio do que poderia ter acontecido para ela ter saído de casa aos prantos. Até porque, eu já presenciei essa cena…

Elesis OFF

Ronan ON

Abri os olhos e encontrei minha mãe e o médico, um de cada lado da cama. Coloquei a mão na cabeça e percebi que estava no soro, juntei novamente a mão ao corpo e esperei que alguém dissesse alguma coisa.

Como nem minha mãe nem o médico se pronunciaram, perguntei:

-O que aconteceu comigo? – Olhei para o médico – Não entendi porque passei mal.

-Ronan… - O médico foi começar a explicar, mas eu estava abismado com o que acontecera.

-Não! Isso não poderia ter acontecido! Não na frente de todos da minha turma! – Disse, num tom extremamente indignado.

-Eu sei que você está tomando seus remédios e todos os cuidados possiveis, mas…

-O senhor não entende! Não foi você quem caiu feito um idiota em meio a um jogo. – Virei o rosto e cruzei os braços. Estava com muita raiva de tudo. A vida chegou a um ponto de crueldade sem limites.

-Não precisa se alterar, eu entendo, mesmo você achando que não, como você deve estar se sentindo depois do ocorrido.

-Entende mesmo? Então vai amanhã na escola e encare todos os colegar da minha turma por mim! Porque, com certeza, todos me acham um debilitado agora! Incapaz de jogar uma partida de futsal sem ter um desmaio súbito!

-Filho… Isso não é verdade, você precisa se acalmar, tudo o que está acontecendo…

-Por que eu não morri logo? Me diz! – As palavras que eu dizia me machucavam e eu sabia que isso afetava a minha mãe, mas o que eu poderia dizer? Que estava feliz por ter uma doença que poucos que participam da minha vida sabem como é. Porque é muito simples dizer que sou um completo idiota por não tomar atitudes, mas passa um mísero segundo tendo que seguir regras de como agir, para não alterar a pressão para não desmaiar, aí sim deixarei que me julguem.

Minha mãe levou as mãos até os olhos, suspirou pesadamente e não chorou. Para que chorar? Meu destino já estava traçado em viver daquele forma para sempre.

-Ronan. – O médico resolveu intervir – Eu sei que é difícil…

-Ah, sabe. – Interrompi com sarcasmo.

-Eu já convivi com outros pacientes com o mesmo problema que o seu.

-Pelo que sei, há casos em que o traumatismo nem afeta metade do que me afatou.

-Sim, milagres, talvez. Infelizmente isso não aconteceu com você, mas não é por isso que precisa agir dessa forma. Iremos fazer o possível e o impossível para lhe ajudar a viver sem sequelas desse acidente, mas precisamos de sua ajuda.

-Estou cansado de ter que ajudar. Estou cansado de tentar me recuperar sabendo que eu não tenho mais chances de voltar a ter uma vida normal. Minha cabeça dói toda vez que me estresso com qualquer coisinha mínima que acontece e não é qualquer dor, não. Mas eu venho suportando… Só que… Não dá mais. Eu cansei.

-Então vai jogar tudo para o alto?

Reconheceria aquela voz de longe. Era a Arme. Ela adentrou o meu quarto no hospital e caminhou em minha direção.

-Vai embora. – Pedi.

-Ronan! – Minha mãe repreendeu a forma grotesca que pedi para a Arme sair do quarto.

-Não posso te deixar. – Ela se sentou na beirada da cama – Não depois de tudo o que já aconteceu.

-É mais um motivo para você ir. As últimas coisas que aconteceram entre… Bem, eu posso ter te perdoado, mas não quero, nunca mais, tocar nesse assunto, ou ter resquícios dele.

-Eu entendo, mas isso não me afastará de você.

-Pare de ser persistente.

-Pare de querer afastar todos de perto de você e deixar apenas a Elesis se aproximar!

Ela se levantou e tampou o rosto com as mãos. Minha mãe não dizia nada assim como o médico. Eles eram os espectadores da cena dramática que ocorria entre mim e Arme. Tudo acontecia muito rápido, sem intervalos, eu só seguia o roteiro.

As palavras de Lire voltaram em minha mente, ela tinha toda razão. Aquele beijo nunca deveria ter acontecido; eu não poderia ter voltado a falar com a Arme só porque ela ficou ao meu lado, mas… DROGA! Por que é tão difícil achar respostas e atitudes certas para determinados problemas?

-Eu quero ficar sozinho.

Pela primeira vez, em anos, foi o pedido mais correto que fiz e que todos aceitaram sem hesitar.

O médico foi o último a sair, minha mãe abraçou Arme e as duas saíram juntas.

-Você precisará ficar aqui no hospital por um tempo, para avaliações médicas. – Avisou o médico.

-Irei perder aula e…

-Eu sei, mas sua escola já foi comunicada.

-Irei repetir o último ano, é isso?

-Não, ainda tem tempo para recuperar-se. Só perderá as primeiras avaliações e…

-Só?! Só, né? Você já é um médico formado, por isso fala para mim “só”.

-Você está agindo feito uma criança, sabia? O que aconteceu com o Ronan adolescente e maduro que já saiu deste quarto determinado a viver com todos os problemas a sua volta?

-Morreu. Agora, por favor, retire-se. É SÓ isso que eu peço.

O médico abriu a boca, mas não deixou as palavras saírem e, então, saiu do quarto.

Bati com as mãos na cama e olhei para o teto. Mordi os lábios com força. O ódio e a falta de esperança estavam me dominando.

Elesis tem o Lass. Lass descobriu meus sentimentos pela Elesis, já que encontrou meu caderno. Minha amizade com a Arme está por um fio depois de eu ter refletido as palavras de Lire. Minha doença está descontrolada. Todos da minha turma descobriram o que tenho. Estou no último ano da escola e preso numa cama de hospital. Tenho compromissos que não poderei cumprir se continuar aqui. O que mais a vida me reserva?

Uma enfermeira entrou no quarto e estava com uma bandeja de comida.

-Estou sem fome.

-Terá que se acostumar com o horário daqui do hospital, pelo que sei do seu incidente, ficará aqui por mais de uma semana.

Encarei a enfermeira e, só não saí da cama, por estar com pouca força, por causa dos remédios que devem ter me dado, já que desmaiei.

-O quê? Repete isso.

-Repetir o quê?

-O tempo que eu ficarei aqui.

-Acho que mais de uma semana.

-Não. – Dei um breve riso descordando do que a enfermeira dissera – Isso não é verdade.

-Está no seu prontuário.

-Não! – Soquei a cama – Isso está errado!

-Por favor, Ronan, acalme-se.

-Não! Não!

O destino estava sendo impiedoso comigo, mas eu não irei seguir o que ele planeja para a minha vida. Ficar aqui por mais de uma semana, me impedirá de dançar com a Elesis e isso é inadimissível!

-Eu vou sair desse hospital amanhã mesmo!

-Você não pode.

-Ah! Posso sim!

A enfermeira veio em minha direção.

-Fique calmo ou terei que chamar o médico.

-Chame o Papa se quiser!

-O que aconteceu com você?!

A enfermeira segurou meu braço e me olhou.

-Por que… Por que isso aconteceu comigo? Por que eu fui atropelado? Sabe… Eu sou auxiliar… Eu sou…

Abaixei a cabeça, eu não estava me lembrando do… Olhei para a enfermeira.

-Meu Deus… - Sussurrei – Estou perdendo a minha memória?

-Alteração emocional, dor de cabeça forte e constante, perda de memória… São alguns sintomas de…

-De…?

-Eu preciso chamar o doutor.

-Não, não! Você não precisa chamar ninguém, você precisa me dizer o que há comigo, por que isso tudo está acontecendo tão repentinamente, está…

-Fora de controle.

A enfermeira saiu do quarto, deixando-me angustiado por não saber o que estava acontecendo. Olhei para todos os lados daquele quarto branco e cheio de aparelhos à procura de respostas.

Minha cabeça estava começando a doer, minhas costas latejaram. Eu tentei me lembrar do que eu era auxiliar, mas não conseguia!

-O que… O que está acontecendo comigo?!

O médico entrou no meu quarto e viu meu semblante em desespero e saiu falando:

-Seu traumatismo teve complicações, eu sinto muito.

-Explica isso melhor.

Ele se aproximou de mim.

-Pensamos que você não teria sequelas, que, depois de uma série de tratamentos, voltaria ao “normal” na medida do possível. Mas… Com o decorrer dos acontecimentos em sua vida, tudo mudou. Seu traumatismo já deixou de ser leve e está se encaminhando para…

-Para?

-Perda de memória e deficiência mental. Isso explica o seu comportamente ultimamente.

Minha vida parou por um instante.

Ronan OFF

Elesis ON

Voltei da casa de uma das meninas da minha escola e, quando cheguei na minha rua, corri em direção à casa de Ronan. Chemei uma vez e ninguém atendeu. Chamei mais alto e a porta se abriu. Torci mentalmente para que fosse o Ronan.

-Oi Elesis. – Disse o pai dele.

-Oi tio, o Ronan está em casa?

Ele abaixou o rosto.

-Aconteceu alguma coisa? – Quis saber, meu coração batia forte, por algum motivo.

-Você é a melhor amiga do meu filho em anos e, mesmo com a Arme, ele sempre falava de você. Não entendo porque você ainda não sabe de nada. – Suas palavras pareciam sem nexo para mim.

O pai de Ronan voltou a olhar para mim e eu não estava entendendo aonde ele queria chegar com aquela conversa.

-Elesis… Meu filho ficará com raiva de mim, provavelmente, mas farei isso, porque… A notícia que eu recebi hoje me atingiu de uma forma que não sei se conseguirei me recuperar, imagino como meu filho deve estar passando por isso, então… Se ele tiver a sua presença ao lado dele, tenho certeza que ele poderá superar isso tudo, porque…

-Sr. Erudon, o que está acontecendo, por favor, o que houve?

-Eu passei no hospital, onde a mãe do Ronan está com ele.

-Ele passou mal na escola, foi isso?

-Sim. – O tom saiu como um fio de voz quando o pai de Ronan respondeu.

Então era dele que os meninos estavam falando com a diretora, pensei comigo mesma.

-E ele está bem?

Minha pergunta fez o pai de Ronan ficar com os olhos vermelhos e cheios de água.

-O Ronan está bem, não está?

-Não, Elesis, o seu amigo, meu filho… - Atentei-me em suas palavras, eu saberia de tudo o que me escondiam. Tudo – Ele tem um problema grave de traumatismo craniano.

Dei um passo para trás. Entreabri meus lábios. Levei minha mão até a boca, incrédula.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? '-'