Em Minhas Memórias escrita por Mary e Mimym


Capítulo 28
Beijo


Notas iniciais do capítulo

Oie!!
O nome do capítulo está bem interessante, né?
Só não criem muita expectativas, vou logo avisando u.u
Será uma bela surpresa kkk
É isso, boa leitura *-*



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Os olhares das três mulheres se direcionaram para mim. Senti-me pressionado.

-Claro. – Respondi sem hesitar e Elesis soltou um breve “Ah…” de alívio e acho que de felicidade também.

-Bem, nos vemos amanhã. – Despediu-se Elesis, se virando e indo para casa, a mãe da ruiva foi mais carinhosa e me deu um beijo na bochecha e se despediu da minha mãe.

Fiquei aguardando a entrada da ruiva em casa e, assim que ela desapareceu da minha vista, entrei também. Minha mãe já havia entrado, então fechei a porta.

Parecia que o sono só estava esperando que Elesis fosse embora para me dominar. O cansaço de ter saído do hospital, a leve recaída que eu tive, Elesis querendo saber da verdade, essa tarde cheia de emoções deve estar sendo transposta nas dores no corpo que estou sentindo e, por isso, a vontade de dormir logo. Deitar na minha cama e sentir o aconchego de estar em casa e de bem com a ruiva novamente.

Caminhei até a escada e minha mãe pigarreou, chamando minha atenção. Para ser sincero, eu nem havia percebido sua presença na sala.

-Filho.

-Oi?

-Já vai dormir?

-Sim… Estou cansado. – Respondi passando as costas da mãe em meus olhos.

-E você não está esquecendo de nada, não, mocinho?

-Hum… - Parei um pouco para pensar – De comer mais uma fatia de pizza?

-Engraçadinho. – Minha mãe me encarou – É bom se lembrar logo de suas obrigações.

-Tá, tá bom… Já vou tomar meu remédio.

-Acho bom mesmo. – Ela cruzou os braços e esperou que eu descesse da escada e passasse por ela em direção ao banheiro, para desfazer o olhar intimidador para mim – Sabe que eu só quero o seu bem, não sabe? – Minha mãe, mesmo se mostrando brava comigo, abraçou-me enquanto eu passava ao seu lado e me deu um beijo na testa.

-Eu sei e, pode deixar, não irei esquecer-me do remédio.

-Eu confio em você. – Minha mãe desfez o abraço e me deixou ir tomar logo o bendito medicamento.

-Ronan. – Ouvi meu pai me chamar e parei na cozinha, dando algums passos retornando para a sala.

-O que foi? – Perguntei.

-Você estava indo tomar seu remédio?

-Sim.

-Hum… Eu só vim mesmo para lembra-lo disso.

Sério, meu pai estava muito diferente comigo, estava mais… Cuidadoso. Sempre achei que meu pai cuidasse de mim e me amasse do jeito dele, que era não demonstrando isso, mas, agora, ele está demonstrando sua preocupação e isso está me surpreendendo e estou gostando de vê-lo participar mais da minha vida.

Minha mãe sorriu para ele e foi para a cozinha, acho que terminar de lavar a louça, meu pai subiu para o quarto e eu fui para o banheiro pegar o comprimido, voltei para a cozinha e coloquei um copo d’água para mim. Dei “boa noite” para a minha mãe e subi.

Quando entrei no quarto, vi meu celular na cama e ele estava totalmente apagado.

-Descarregou… - Murmurei.

Peguei o aparelho e procurei visualmente onde estava o carregador. Caminhei até minha cômoda, já que estava ali. Conectei o carregador no celular e o liguei na tomada.

-Vai ficar muito tempo carregando e vai acabar viciando o celular. – Disse para mim mesmo – Vou carregar amanhã cedinho antes de ir para a escola.

Depois peguei uma roupa no armário e fui tomar banho e me trocar para dormir. Quando deitei na cama, não demorou muito e apaguei.

-Ronan… – Alguém me chamou e me mexeu delicadamente, abri os olhos lentamente, os deixando semiabertos, porque uma luz atrapalhava minha visão. Acho que era do meu quarto, porque senti frio de madrugada e levantei-me para pegar um edredom. O tempo havia mudado. Estava frio e tempestuoso, pelo menos de madrugada estava assim.

Levantei-me devagar com a minha me puxando pelo braço.

-Não colocou o despertador, não? – Perguntou ela.

-Meu celular descarregou.

-Você tem condições de ir para a escola hoje?

-Claro,  mãe. Não estou impossibilitado de aprender, mesmo sendo chato…

-Chato, mas que te dará um futuro. – Ela caminhou até a porta – E você está em semana de avaliação, né?

-Na verdade é de revisão.

-Faltar seria ruim mesmo.

-Eu sei, e preciso falar com a Arme e… - Coloquei as mãos na testa – Elesis deve estar me esperando!

-Calma, Ronan, ainda são seis e meia, Elesis deverá te chamar sete horas.

-Ufa… - Suspirei aliviado. Olhei para a janela e estava fechada, mas dava para ver a escuridão do lado de fora. Espreguicei-me. Fui até o guarda-roupa e o abri, procurei meu uniforme e depois fui para o banheiro.

-Vou preparar seu café! – Minha mãe disse em voz alta para que eu escutasse, provavelmente ela já estava saindo do quarto. Não poderia saber.

Terminei de me aprontar e, antes de descer, fui colocar meu celular para carregar. Feito isso, desci.

Não estava muito afim de tomar café, mas minha mãe iria ficar reclamando…

-Ou, ou! – Ela me chamou a atenção e eu parei de mexer no pão que iria fazer para mim – Está com problema de amnésia também, Ronan?!

Nossa! Minha mãe está estressada hoje… Engraçado que ela me acordou de outro jeito e agora está nervosinha.

-O que foi? – Perguntei.

-Vai tomar seu remédio primeiro. Eu hein, terei que te lembrar sempre das suas obrigações!?

-Desculpa, mãe. – Afastei-me da mesa e fui para o banheiro. Era melhor obedecê-la do que perder a vida.

-Toma o copo d’água. – Disse minha mãe, aparecendo de repente na porta do banheiro e me assustando.

Virei-me para ela com os olhos um pouco espantados, mas logo voltei ao normal e peguei o copo de sua mão.

-Meu pai já saiu? – Perguntei e coloquei o comprimido perto da goela.

-Nem me fala daquela coisa. – Minha mãe cruzou os braços.

Tomei a água num gole só e esperei que o líquido empurrasse o comprimido. Odeio esse tipo de medicamento… Assim que engoli, perguntei:

-Vocês brigaram, foi? – Minha voz saiu fria e grossa, já estava ficando com raiva antes mesmo de saber se eles brigaram ou não.

-Ah Ronan, não se esquenta com isso não. Casais brigam.

-Então vocês brigaram!

Saí do banheiro bem revoltando, tanto que esbarrei na minha mãe, mas ela nem brigou comigo. Fui para a cozinha e preparei meu pão, minha mãe veio atrás de mim.

-Ronan, isso acontece com todo mundo, eu hein! Para de fazer manha. Eu e seu pai não vamos nos separar por causa de uma briguinha.

-Tá mãe, tá. – Estava impaciente e não queria mais falar daquilo, ainda mais que foi uma das causas do meu desmaio súbito anteontem, que me levou a ir ao Hospital.

-Não sei que liberdade estou lhe dando para ficar falando nesse tom comigo, sou sua mãe!

-Tá mãe! – A olhei, sentando-me para tomar meu café – Eu não quero mais falar desse assunto, pode ser?

-E eu não quero me estressar, nem quero que você se estresse.

-Eu nem sei porquê a senhora está falando nisso, eu já encerrei o assunto faz tempo.

-Você está muito abusadinho pro meu gosto.

Fiquei em silêncio, pois, se eu continuasse com meus argumentos, nós acabaríamos continuando com a discussão.

Minha mãe me abraçou por trás e me deu um beijo na cabeça.

-Desculpa, meu anjo… Estou um pouco estressado e acabei descontando em você. – Ela deu uma pausa e depois continuou – Não quero que fique se preocupando comigo e com seu pai, esse ano é muito importante para você… Vestibular, terminar a escola, melhorar do Traumatismo, entende?

Apenas assenti positivamente. Realmente eu tinha mais coisas para me preocupar… Arme também estava incluída.

Estava terminando meu café da manhã, quando ouvi:

-Ronan! – Elesis me chamou e eu sorri espontaneamente. Todos os meus problemas pareciam ter desaparecido naquele momento.

Levantei e fui para a porta.

-Bom dia. – Disse.

-Oi. – Disse Elesis, não me cumprimentando da mesma forma que eu a cumprimentei. Normal. Mas ela parecia apressada, e nem estávamos atrasados – Vamos?

-Espera só eu pegar minha mochila e escovar os dentes.

-Você é muito lerdo! – Elesis cruzou os braços e eu fiquei a olhando – Vai logo! – Ela me empurrou para dentro da minha casa.

Minha mãe estava passando na sala para subir as escadas.

-Oi meu amor. – Acenou minha mãe para a ruiva, que respondeu com um aceno também e um sorriso no rosto.

Fui buscar minha mochila no quarto e escovei os dentes. Desci rapidamente e Elesis estava me esperando na sala.

-Vamos. – Chamei-a.

Ela se lavantou e fomos para a escola.

Conversamos sobre várias coisas, o nosso assunto principal foram as lembranças da nossa infância.

Chegamos à escola e avistei logo Arme e Lire juntas. Mas elas não haviam me visto ainda. Chegar à escola com a Elesis foi tão diferente…

Não! Não pensem que foi algo parecido com a Bella chagando abraçada com o… Edward? É isso? Acho que é… Enfim, não foi isso, até porque eu nem curto essa parada de Eclipse. Ou melhor, a Saga Crepúsculo. Por que eu disse Eclipse mesmo? Ah! Deixa pra lá, eu nem sei qual é o primeiro filme, então relevem essa minha falta de conhecimento.

Digo que foi diferente, porque eu me sentia melhor ao seu lado, é claro que recebemos alguns olhares, com certeza de pessoas que sabiam que Elesis namorava  e estava com outro menino, no caso comigo, mas isso foi o de menos.

-Eu vou… - Elesis hesitou um pouco, olhava para frente e eu decidi olhar na mesma direção que ela. Elesis olhava para o Lass, fala sério…

-Pode ir, nos falamos--

Fui cortado pela ruiva.

-Eu não sei se Lass ficará muito contente com isso, tipo… Ele não fala nada, mas eu sinto que ele não fica bem quando você está comigo, ainda mais por ele saber tudo o que passei. Então é melhor nos falarmos só em casa.

-Então será assim: A nossa amizade só acontece fora da escola? – Perguntei indignado.

-Não! Ronan… Você precisa me entender também. Eu entendo que você não quer me contar o que realmente aconteceu, tudo bem, não forçarei a barra, mas também peço que tenha paciência. Quando eu conversar com o Lass, ele irá me entender e não irá implicar.

Não tive o que falar. Só concordei.

-Até…

-Até mais, Ronan. – Elesis disse num tom seco e saiu de perto de mim, indo se encontrar com o Lass.

-Fala aí, cara! – Ryan chegou perto de mim quase pulando.

-Oi.

-Cadê a animação?

-Cara… Eu estou na escola. -  Olhei para o Ryan e ele riu.

-Tenho uma coisa para te contar.

-É uma notícia boa, tipo: O professor de geografia faltou, é?

-Não… - Ele me encarou e não entendeu a minha tentativa de piada, também… Ele não era perturbado pelo professor.

-Enfim, qual é a notícia?

-Temos um trabalho em grupo para fazer, sobre poetas e poemas do Modernismo, e, como você faltou no dia da separação, eu acabei colocando-o no meu grupo.

PARA TUDO! Um trabalho no grupo do Ryan, é isso? Isso inclui certa pessoa que… Respirei fundo e tentei não acreditar no que ele disse.

-Ou seja, - Ryan continuou – você fará comigo, Lass e mais uma pessoa da turma.

-Você sabe que isso não dará certo, né?

-Para de palhaçada, Ronan. Você e o Lass só têm uma implicância por causa da Elesis, mas ela está falando com você de novo, pelo que vi hoje, então não tem mais o que se preocupar. É bom que assim todos ficam amigos.

-Sei não… - Fiquei com um pé atrás.

-Você verá, nosso trabalho será dez e você e o Lass serão amigos.

-Por que você quer tanto que eu fale com o Lass?

-Porque eu passei pelo mesmo que você, também tive uma rixa com um garoto quando entrei na escola e Lass, incrivelmente o Lass, me ajudou a me enturmar, na verdade, me ajudou a ver que ter alguém que queremos distância é muito ruim, parece estranho isso, mas na sociedade de hoje é bom não termos “inimigos”, vai por mim. Estou só retribuindo a ajuda que Lass me deu.

Uau, nunca imaginei que Lass fosse assim, surpreendi-me.

-Tudo bem, você me convenceu, mas…

-O que foi?

-Tem a Arme, eu faço sempre trabalhos com ela.

-Não se preocupe, a pessoa que eu citei é a Arme.

-Bem… Então não tem mais o que discutir, estou no grupo também.

-É assim que se fala. – Ryan fez uma batida de mão, em que nós dois batemos com a palma da mão e depois eu fechei o punho e “soquei” o palmo dele. Típica batida entre amigos, chega a ser clichê, mas não perde a graça.

-Agora irei falar com a minha baixinha.

-Ok. Nos vemos na sala. – Ryan se despediu e foi para perto de Lass e Elesis.

Dirigi-me até Arme, que já conversava com Lire.

-Oi… - Disse, meio acanhado, pois levaria uma bela bronca da Arme.

-Oi Ronan… - Disse Lire, sendo a única a me responder – Você está bem? Faltou ontem.

-Estou bem sim, eu… Ér… - Tive que contar – Acabei faltando, porque passei mal.

Arme respirou fundo e me encarou.

-Eu não sabia disso, mas aquela insuportável sabia, né?!

-Calma, Arme, deixa o Ronan contar tudo. – Pediu Lire.

-Eu sabia que você e Elesis haviam conversado no dia que faltei. Por isso está irritadinha assim. – Confirmei o que já imaginava que tinha acontecido.

-Então vocês voltaram mesmo com a amizade? – Lire quis saber.

-Sim. – Respondi e Arme continuou a me encarar, parecia que eu estava num campo minado e não numa escola, já que cada resposta que eu dava, recebia uma bomba no olhar da minha baixinha.

-Que bom para vocês dois. – Disse Arme num tom cheio de veneno e ironia.

-Muito bom mesmo. – Respondi, não iria ceder à pressão de Arme.

-Ronan, precisamos conversar.

Fudeu. Acho que deveria ter me segurado antes de sair dizendo as coisas sem pensar para a minha baixinha.

-Você não tem mais celular não? – Indagou Arme. Sério, eu estava ficando mais assustado com ela do que com o filme que vi com a Elesis.

Coloquei a mão sobre a testa ao me lembrar que deixei o celular carregando.

-“Espero que minha mãe veja o celular carregando e tire da tomada” – Pensei e depois percebi que Arme esperava a minha resposta – Tenho sim, Arme, mas ele descarregou e eu o esqueci em casa.

-Sei… - Arme estava com um olhar desafiador e intimidador. Tenso.

-Ér… Gente… - Lire não sabia o que fazer.

-Não adianta  Lire, eu te falei que conversaria com o Ronan e farei isso.

-Tudo bem, eu volto depois. – Disse Lire e, antes de sair, olhou para mim – Por favor, não quero briga entre os dois.

O que ela quis dizer com aquilo? Eu nem estava pensando em brigar, queria mesmo resolver as coisas.

Arme segurou meu pulso e me puxou para um outro lugar. Eu nem a impedi, caminhei com seus passos e fui até onde ela queria. Perto da escada, não tinha quase ninguém, para ser mais exato, só tinha eu e Arme.

-Arme… Antes de tudo--

-Eu não quero te perder, Ronan, não quero mesmo. Eu gosto muito de você e vê-lo perto da Elesis… - Arme colocou a mão no rosto – Eu sinto um aperto, uma angústia, como se você fosse me abandonar a qualquer momento, por isso não gostava quando comentava dela, era como se eu fosse uma intrusa no seu relacionamento com ela e eu não quero me sentir assim, pois eu sou sua melhor amiga, eu sei de tudo o que aconteceu e acontece com você. Então… Ronan…

Ela se aproximou de mim e meu coração acelerou, como se já esperasse uma atitude inesperada da minha baixinha.

-Arme, eu não vou te aban--

Ela não estava me deixando falar, pois me interrompeu de novo.

-Eu não vou te perdeu para a Elesis, não vou Ronan.

Arme me beijou. Envolveu seu braço em meu pescoço. Eu não esperava por aquilo. Nem fechei os olhos, não era para ter acontecido aquilo. Eu sabia… Eu já tinha noção que Arme tinha um sentimento por mim, ela mesmo me dizia que me amava, mas é normal um sentimento aflorar entre melhores amigos, por nos conhecermos tanto, mas… Um beijo?! Não!

-Ronan? Arme?!

Afastei a Arme de perto de mim e encerrei aquele beijo que nunca deveria ter acontecido. Olhei para frente, para ver quem tinha nos chamado e, obviamente, visto a cena do beijo.


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Notas finais do capítulo

Quem será que viu? *_____*
Errinhos? Podem falar u_u
Espero que tenham gostado, até mais õ/