Start? escrita por Sascha Nevermind


Capítulo 28
#25 - Ruptura e Raiva


Notas iniciais do capítulo

GENTEEEEEEEEEEEEEE, OUTRA RECOMENDAÇÃO!!!!! *----------------*
OMG OMG OMG, muito obrigada, Mabi, sua linda =3 Você fez minha semana mais feliz! E também me fez dar um gritão no meu quarto xD Obrigada mesmo, querida!

E obrigada também a quem comentou no último capítulo:
#Vlad Ember
#Sassu
#Julia Marques
#Yui Chan
#Beatriz Carvalho
#Kashir
#Miyabi Hinata
#Monkey D Amanda
#Guelbs
#Breaker
#RedPegasu
#Ayumi Hayashi

Muito obrigada, gente *----* Vocês são incríveis, eu tenho as melhores leitoras do mundo S2

Sobre esse capítulo---FOI MUITO DIFÍCIL!! Eu escrevi, não gostei, apaguei, reescrevi... Isso ainda tendo que lidar com o final de Soul Eater (o último volume chegou aqui em casa essa semana... Spoilers lá embaixo xD). Mas acho que até ficou legal... E se houver algum erro de português, podem me avisar? Segundo o word está certo, mas eu sinceramente não confio nele e-e

Música do capítulo:
~What Goes Around... Comes Around - Justin Timberlake (http://www.kboing.com.br/justin-timberlake/1-42640/)
Eu ouvi tanto ela que decorei a letra... Y-Y

Então, até lá embaixo!!



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Atrás da Shibusen, num lugar onde você só conseguia chegar passando por dentro da escola ou escalando uma parede nem um pouco inclinada, havia um bosque. Ele era grande, cheio de árvores que só davam folhas – nada de frutas – e a grama era falha em alguns lugares. Geralmente era bem parado, só o usavam para fazer treinos de ressonância em cadeia. Resumindo, era um lugar silencioso, calmo e discreto.

Eu havia pedido para Kiddo me encontrar aqui depois da aula.

Fui até a mureta na parede de contenção do bosque e me sentei, deixando meus livros ao meu lado e olhando pensativamente para a cidade lá embaixo. Ainda faltavam uns quinze minutos para o horário que eu marquei, mas preferi chegar cedo. Talvez agora conseguisse pensar em como conversar sobre tudo com o Kid, porque esta manhã havia sido tão estranha e desconfortável que simplesmente não consegui.

As únicas pessoas que pareciam normais naquela situação eram Black*Star e Patty. Soul ficava me olhando de um jeito decepcionado e magoado, e aquilo partia meu coração. Tsubaki não parecia estar muito bem com ele e ficava desconfiada toda vez que Soul me dirigia a palavra. Kiddo notou que havia algo errado entre nós, mas não comentou nada, apenas fez mais questão do que o normal de ficar perto de mim no recreio, e quase me convenceu a assistir as últimas aulas junto dele. Teria conseguido, se não fosse por Liz, que estava me olhando de um jeito tão “eu já saquei qual é a sua” que me assustou. Simplesmente não sabia como lidar com aquele tanto de informações e emoções.

Provavelmente foi por isso que passei a maior parte do dia conversando com Black, mesmo que isso significasse ouvi-lo se vangloriar.

Suspirei, balançando os pés no ar e decidindo que talvez fosse melhor apenas tentar relaxar, já que pensar só estava piorando tudo. Limpei a mente o máximo que consegui e cantarolei uma musiquinha pra mim mesma, algo sobre tomar as ruas batendo palmas, até ouvir uma risada atrás de mim.

– Pon Pon Pon?

Me virei para Kiddo, que veio e se sentou ao meu lado, só que ao contrário. Eu estava sentada de frente para a cidade e ele, de frente para a Shibusen. Sorri, sem graça, mas surpresa.

– Conhece essa música?

Ele assentiu, colocando a mochila no chão, perfeitamente alinhada com um dos vãos da mureta.

– É uma das favoritas da Patty. E é infantil, que eu saiba. – Completou. – Não sabia que gostava desse tipo de música.

– Um pouco. – Admiti, com o coração batendo forte contra as costelas. – Ela é feliz.

– Demais. – Kiddo rebateu, dando de ombros levemente e depois sorrindo, hesitante. – Então... Nós temos algo sério para conversar, certo?

Não sei bem porque, mas eu gostava de ouvi-lo falar “nós”. Ignorei o meu estômago dando cambalhotas por uns instantes para aproveitar a sensação, enquanto observava atentamente o Kid. Meu olhar correu dos seus olhos para seu cabelo, descendo pela linha de seu maxilar até se fixar em sua boca, e ele sorriu um pouco, erguendo os cantos dos lábios sem mostrar os dentes. E antes que eu mesma percebesse o que estava fazendo, me inclinei em sua direção e pousei meus lábios sobre os dele, suavemente.

Apenas fiquei ali por um segundo, parada, enquanto ele hesitava, surpreso, para em seguida relaxar e entreabrir os lábios para que se encaixassem nos meus. Suspirei, minha respiração batendo em sua pele, e então o beijei.

Ficamos ali, apenas nossas bocas se movendo juntas de um modo que já era familiar para mim, até o Kid esticar o braço e acariciar minha bochecha, escorregando sua mão para minha nuca e me trazendo para mais perto. Um arrepio de medo subiu pela minha espinha, lembrando de ontem, mas me limitei a me aproximar, até que a lateral de nossos quadris estivessem coladas, e apertar sua cintura, puxando levemente o pano de sua camisa. Ele sorriu contra minha boca, e o beijo durou apenas mais alguns segundos antes que Kid se afastasse e me desse um selinho, deixando sua testa colada a minha.

– Acho que podemos conversar assim mais vezes. – Ele riu, mas parou ao notar minha expressão. – Maka?

Eu queria ele. O meu medo parecia bem real e pior agora. O puxei para um abraço, apertando-o contra mim com força, escondendo meu nariz na curva de seu pescoço.

– Maka? – Perguntou, hesitante, acariciando minhas costas. – Tudo bem?

– Kid, eu... eu...

As palavras entalaram na minha garganta. Eu queria colocá-las para fora, talvez fizessem a situação ser mais fácil, talvez fosse uma desculpa válida para fazer o Soul sofrer e passar por aquilo. Mas elas não saíram, eu não consegui falar. Ele nunca falou. Como eu ia ser a primeira?

Ao invés disso, me afastei e sorri, tentando passar confiança para que ele desfizesse aquela expressão assustada.

– Eu só queria te falar uma coisa. – Comecei, hesitante.

Kid assentiu, com uma cara engraçada. Como se ele já soubesse do que se tratava, o que era impossível, eu teria percebido. Estranhei aquilo, mas me virei, ficando de frente para a Shibusen assim como ele. Kid pousou sua mão sobre a minha, mas não o encarei até ele dizer:

– Bom... Pode falar. Você pode estar com medo, mas prometo tentar entender. – Ele assegurou.

Fechei os olhos com força. Entender? Nem eu entendia. Mas por fim sentei por cima da minha perna, para ficar quase cara a cara com ele, e foquei no espaço entre suas sobrancelhas. Eu não podia olhar em seus olhos.

– Kid, pra começar... Não mudou nada, ok? – Garanti, ansiosa, para que ele não entendesse errado. – Quer dizer, entre a gente. Ainda estamos na mesma. Eu só, sei lá, achei que devia te contar.

Ele franziu a testa, sem entender.

– Não mud... O que houve, Maka?

Respirei fundo e mordi o lábio inferior, organizando tudo na minha cabeça de modo que não parecesse tão ruim, e continuei:

– Ontem, quando eu cheguei em casa, eu decidi conversar com o Soul. Sabe, fazer as pazes, porque é estranho estar brigada com seu parceiro, e precisava resolver isso logo. – Kid ficou rígido a menção do nome do Soul. Encolhi os ombros e desviei os olhos, sem graça. - A conversa começou normal, só que em algum momento virou uma discussão, ele começou a me acusar de um monte de coisas, e eu acabei fazendo o mesmo. Nisso ele acabou meio que... Sabe... Tipo, se declarando para mim. Eu disse que não tínhamos mais chances, que eu estou com você. Mas... Ainda assim, ele me beijou, Kiddo.

Mantive meu olhar baixo, mordendo os lábios e batendo o pé sem parar no chão, de nervosismo. Alguns segundos se passaram, e Kid permaneceu em silêncio, imóvel, e eu sem conseguir encará-lo. Até ele puxar sua mão de cima da minha.

Não foi um movimento rápido, ele simplesmente deslizou lentamente sua mão até que estivesse fora do meu alcance. Aquilo doeu como uma facada. Finalmente ergui o rosto, assustada, e dei de cara com um Kiddo que não parecia nada menos que chocado. Seus olhos estavam completamente arregalados, as sobrancelhas erguidas, a boca entreaberta. E após alguns segundos de silêncio, apenas encarando minha expressão culpada e preocupada, tudo que ele disse foi:

– Anh?

Franzi a testa e respirei fundo, meu coração apertando, meu estômago embrulhando. Aquilo era horrível.

– Eu não quis, Kiddo. – Tentei explicar, só um pouquinho desesperada. – Eu... Não sei como explicar. O Soul disse que me amava, eu disse que já era tarde, ele continuou insistindo e...

– E você o deixou beija-la. – Kiddo interrompeu, a voz morta.

Sua expressão não estava nada boa – o choque havia dado lugar a algo mais assustador ainda. Ele estava sério, e seus olhos, sempre tão cálidos, agora estavam frios, mas eu conseguia ver algo se movendo por trás daquele muro que ele tentou erguer. Mágoa? Ciúmes? Raiva? Nenhuma opção era muito boa.

Acabei soltando uma risada nervosa, enquanto respondia:

– Não, eu não deixei, Kiddo! Ele simplesmente foi lá e me beijou!

Kid respirou fundo, abaixando a cabeça e entrelaçando os dedos no colo. Esperei ansiosamente, durante oito longas inspirações, enquanto parecia tentar se acalmar. Ele não me olhou quando respondeu, mas sua voz soou cortante o suficiente.

– Ele simplesmente foi lá e te beijou. Acha que pode falar algo assim? – Soltou uma risada seca. - Droga, Maka, é óbvio quando alguém quer te beijar. Eu sei quando você quer, eu sei quando o Soul quer te beijar, e VOCÊ não foi capaz de perceber que o seu parceiro, o cara que mora com você, estava com segundas intenções? Espera mesmo que eu acredite nisso? – Completou, virando o rosto para mim, incrédulo.

Desviei o olhar, engolindo em seco, envergonhada. Eu percebi. Não podia mentir sobre isso – eu percebi quando o Soul começou a se aproximar demais, quando ajeitou uma mecha do meu cabelo e acariciou meus braços, quando me abraçou e pousou a boca no topo da minha cabeça. Estava ciente de cada segunda intenção naqueles gestos, e sendo confrontada pelo Kiddo agora, não podia simplesmente negar aquilo. Fixei meu olhar na mureta, sem forças para ser sincera olhando em seus olhos, e gaguejei:

– N-não é bem assim... Eu estava em estado de choque. Não consegui fazer nada. Mas eu não quis, Kiddo, eu disse não.

– Claro, isso resolve tudo. – Disse, irônico, se levantando e enfiando as mãos nos bolsos da frente da calça. Se afastou dois passos, então virou um pouco o corpo em minha direção: - Tudo bem você perceber que seu parceiro queria te beijar, e tudo bem você deixá-lo fazer isso, porque você disse não. Isso mudou tudo.

Me remexi na mureta, incomodada.

– Você está sendo um pouco rude. – Arrisquei.

– Eu estou errado então, Maka? – Ele perguntou, me encarando, se aproximando e inclinando-se para deixar seu rosto só um pouco acima do meu. A raiva fervendo por trás de seus olhos estava começando a sair na superfície, se mostrando no modo como juntava as sobrancelhas e crispava a boca.

Me levantei de repente, fazendo Kid voltar á sua postura perfeita e dar um passo para trás. Cruzei os braços e franzi a testa, começando a me irritar também.

– Eu também não estou errada assim, já te disse que me afastei! Eu dei o fora nele por causa de você, Kid, eu disse que não tínhamos mais chance, e ainda estou aqui, te contando isso tudo! Porque está tão bravo comigo?

Kid ergueu uma sobrancelha.

– Preciso mesmo falar?

– Droga, o que você quer de mim? – Questionei, meu medo se misturando com desespero e raiva. – Eu já te contei! Quer que eu peça, desculpas, ok, me desculpe, eu não devia ter deixado chegar aquele ponto! Mas eu me afastei, disse não ao Soul e estou aqui, te contando isso! Custa ser um pouquinho mais legal?

– O cara que você era apaixonada, que mora com você, se declara e te beija, você quer o que? Que eu saia dando pulinhos de felicidade? – Perguntou de volta, endurecendo o rosto numa expressão de ódio assustadora. E o pior era não saber se ele era direcionado a mim ou ao Soul.

Enfiei as mão por dentro do cabelo, frustrada. Aquela conversa não estava tomando o rumo que eu queria.

– Eu só quero que você tente entender! – Implorei, ansiosa. – É difícil para mim, Kid, mas eu estou tentando por você!

Kid suspirou, fechando os olhos e abaixando a cabeça de novo. Eu nunca o havia visto assim, tão ansioso e quase desequilibrado. Podia ver no modo como mantinha os ombros duros, a posição rígida, que estava lutando para se controlar. Não pensei que seria fácil, mas também não achava que seria daquele modo. Talvez a conversa das meninas sobre esperar o melhor havia me despreparado para a realidade.

Ele me assustava tanto quanto me irritava. E eu estava tão perto de perder o controle quanto o Kid.

– Maka, só me diz uma coisa. Olhando nos meus olhos. – Pediu, chegando perto de mim e erguendo meu queixo em sua direção. Descruzei os braços e o encarei, surpresa com o seu tratamento subitamente delicado. Parte da sua raiva parecia ter ido embora, e agora tudo que eu via era mágoa e um brilho de esperança, lá no fundo. – Esse beijo mexeu com você? Ele te fez ficar em dúvida quanto a nós?

Ofeguei, surpresa com a pergunta, e pisquei umas quatro vezes seguidas. Eu não esperava por aquela, e muito menos sabia como responder. Como eu diria para o Kid que não hesitei em dizer não ao Soul, mas passei horas depois disso me martirizando e pensando se foi a decisão certa?

Eu não podia falar aquilo. E esse foi o meu erro.

– Não, Kiddo. – Respondi, desviando os olhos apenas por um segundo.

Ele olhou bem para mim, com uma intensidade que quase me assutou. Depois simplesmente deixou suas mãos caírem ao lado do corpo, frouxas, e se afastou um passo, voltando a ter aquela expressão séria, porém magoada.

– Maka, acho melhor nós dois darmos um tempo. – Sentenciou, a voz hesitante como se aquilo lhe custasse muito.

Apenas fiquei lá, parada, encarando-o, sem conseguir processar o que ele disse.

– Como?

– Desculpe, Maka, mas assim não tem como dar certo. – Respondeu, sem me olhar.

Senti meu queixo cair enquanto vasculhava seu rosto, a procura de algo que me mostrasse que estava brincando. Mas tudo que eu conseguia ver era sua postura perfeita, e a mágoa escondida por trás de sua expressão quase indiferente. Ele não podia estar falando sério.

– Você não pode estar falando sério! – Arfei, mal acreditando naquilo.

Ele assentiu uma vez.

– Sinto muito.

– Então não faça isso! – Explodi, indo em sua direção até que nós estivessemos quase colados. Ergui meu rosto, deixando-o a centímetros do dele, e fechei minhas mãos em punhos, ansiosa. – Você quer dar um tempo porque o Soul me beijou? Eu já disse que me afastei! Eu disse a ele que queria você, droga, então porque vai fazer isso logo agora?

Os olhos do Kid marejavam, e notei, pela minha visão que começava a embaçar, que os meus estavam iguais. Continuei encarando-o, mordendo o lábio inferior. Ele não desviou o olhar, só piscou com força até as lágrimas sumirem. Aproveitei um momento em que ele fechou os olhos para tentar segurar seu rosto, mas Kid interceptou minhas mãos, respirando fundo.

– Não é só por causa do Soul, Maka. É por causa de nós dois, também. – Explicou, a voz falhando um pouco.

– Então me explica o que está errado! – Pedi. – Nós concertamos. Não podemos simplesmente desistir depois de tudo isso!

– Porque? – Ele revidou, a voz cortante. – Porque você já perdeu sua chance com o Soul?

Meu queixo caiu na hora. Desvencilhei meus braços de suas mãos e me afastei, indignada com o que ele estava insinuando. Kid achava mesmo que eu o queria só porque não tinha o Soul? Era isso que pensava de mim?

– Está falando sério?

– O que você esperava, Maka? – Ele revidou, incrédulo, e então desviou o olhar para o chão, continuando: – Que nós dois continuásemos juntos, mesmo você estando apaixonada por um cara que mora com você? Tem idéia do tanto que eu aguentei por você? Todo mundo dizendo que estava comigo e com ele ao mesmo tempo, que você estava brincando com nós dois, e eu me recusava a acreditar porque sei que você é melhor que isso. Mas agora eu me pergunto se eles não estavam certos todo esse tempo.

Meu coração simplesmente se partiu ao ouvir aquilo do Kid. Que tipo de garota ele pensava que eu era? Segurei minhas lágrimas enquanto ele falava, esperando que fosse mentira, que fosse só da boca para fora. Ele não podia realmente pensar aquilo de mim. Não podia acreditar mesmo que eu ainda estava fazendo aquilo com ele. Não podia ter sido tão ruim assim, eu também ouvi esses boatos, e por mais que me incomodassem, eu não ligava.

Mas quando Kid ergueu o rosto e me encarou, percebi que estava falando sério, por mais que parecesse doer nele também. Realmente estava desconfiando que eu brinquei com ele aquele tempo todo, que não tentei de verdade. Mas eu não me importava mais, disse a mim mesma, enquanto a dor era substituída pela raiva. Senti meu rosto todo se contorcer numa careta, e as lágrimas finalmente caíram.

– Vai embora, então! Eu não preciso de você, se vai ficar acreditando no que qualquer um fala sobre mim! – Gritei, me virando e agarrando um de meus livros e jogando-o em Kid, que desviou, surpreso. – Eu não quero um cara que não dá valor ao fato de eu ter desistido do meu primeiro amor por ele! Eu não quero um cara que, no nosso primeiro problema, vai sair correndo por causa de ciúmes! E eu não quero um cara que dá mais importância ao que os outros acham do que ao que a gente passou junto!

A cada frase eu jogava outro livro nele, sem nem me importar se parecia uma louca ou não. Quando acabei, arfando, as lágrimas ainda rolavam, mas Kid parecia indiferente a tudo aquilo – indiferente a mim. Ele simplesmente passou reto, indo pegar a mochila, e na volta parou ao meu lado.

– Você acha que esse é o nosso primeiro problema porque não foi você que teve que ver a garota que gosta estar com você pensando em outro. Eu passei pelo inferno pra ficar ao seu lado, Maka, e você nem sequer reparou. Então não venha me dizer que sempre esteve tudo bem, porque não esteve.

Pisquei com força, expulsando as lágrimas de vergonha.

– Eu sei, Kid! – Engasguei-me, olhando-o suplicante. – Eu sei que foi difícil para você, mas foi para mim também. Mesmo assim, o que eu te disse na praia ainda está valendo. O Soul não está entre nós. Você prometeu tentar entender. – Completei, quando pareceu que ele não estava me dando atenção.

Kid ergueu as sobrancelhas, desconfortável.

– Eu achei que fosse... Outra coisa. – Respondeu, de um jeito estranho.

– Outra coisa? – Perguntei, sem entender.

– Isso não vem ao caso agora, Maka. – Disse simplesmente, balançando a cabeça de leve. – Minha decisão já foi tomada.

Ele se virou e começou a se afastar, enquanto eu processava suas palavras. Não podia ser sério. Ele não estava me deixando, não podia me deixar.

– Kid, espera! – Gritei, irritada, dando um passo em sua direção, mas ele nem sequer parou. – Kid! KIDDO! Pelo menos o Soul disse que me ama, seu idiota!

Peguei um livro do chão e joguei nele, com toda a força. Ele fez um arco no ar, antes de bater no topo de sua cabeça e cair no chão. Kid finalmente parou de andar, mas não se virou, apenas ficou ali por alguns segundos. Mas eu estava com raiva demais para sequer pensar se o tinha magoado ou não, então apenas continuei:

– Que tipo de homem é você, que vai me deixar só porque está com ciúmes? Qual o seu problema? É por isso que eu fico em dúvida, seu idiota! Você prometeu que ficaria comigo! Eu achei que fosse diferente!

Fechei as mãos em punhos, e uma vozinha na minha cabeça disse que aquele não era o jeito certo de fazê-lo ficar. Mas não ouvi, eu já havia passado da racionalidade. Estava num ponto que só o que eu queria era ferí-lo, para que sentisse o mesmo que eu – aquele mesmo sentimento de decepção.

Quando Kid se virou, eu reconheci sua expressão na hora. Era a mesma que ele fazia quando via algo assimétrico, ou quando ia enfrentar um inimigo. Como se mal valesse a pena me olhar.

– Eu sou o tipo de homem que não vai ficar correndo atrás de você quando nem mesmo sabe o que quer. Também pensei que fosse diferente, Maka. Mas agora está óbvio que me enganei.

Kid voltou a se afastar, andando calmamente, mas dessa vez eu não fui atrás dele, apenas fiquei encarando sua nuca. Eu queria chamá-lo de volta, e pedir de novo para que não fizesse aquilo, mas não conseguia. Cada palavra sua havia sido como uma chicotada – a voz cortante, o olhar duro, as próprias palavras que pareciam ter sido cuidadosamente escolhidas para me atingir. Cruzei os braços sobre o peito, quase me abraçando, e só deixei que as lágrimas caíssem depois que ele sumiu do meu campo de visão. Se elas eram de raiva, tristeza ou mágoa, não sei.

Mas mesmo com todos aqueles sentimentos conflitantes, eu me sentia vazia.


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Notas finais do capítulo

Tristes? Com raiva? Chocadas?
(Eu sei que tem gente que gostou e-e)
O próximo vai ser melhor/pior. xD




~~~~~~~~OS SPOILERS SOBRE O FIM DO MANGÁ COMEÇAM AQUI!!!~~~~~~~~

(Se você está lendo ainda ou não se interessa, pode pular)

MAS GENTE!!!!!! QUE FIM FOI AQUELE!!!!
Pra começar, ninguém morre com um soco U-U E nem a Maka derrota ele sozinha. Digamos que... Kid e Black dão suporte, Maka ataca e Chrona aprisiona o Kishin. É meio difícil de explicar se você não leu o mangá, mas Chora estava conseguindo criar "casulos" usando o sangue negro, e "encasula" a Lua toda (SIM! A BATALHA FOI NA LUA!!), prendendo o Kishin e a si mesmo(a). Ah, e o Kid vira um shinigami completo! Pra isso, o Shinigami-sama morreu (chorei, chorei pra caramba...). E descobrimos que o Kishin é o 'tipo irmão mais velho do Kid, na verdade os dois são fragmentos do Shinigami-sama.
Ah, e todo mundo fica na friendzone, gente! =(
Fato relevante 1: Menos Marie e Stein, os dois ficam juntos, e no último capítulo ela está grávida!
Fato relevante 2: É contado mais sobre como Maka e Soul se conheceram! Ela escolheu ele só porque ele era uma foice. Aí ele a levou para um bar e disse que ia tocar uma música para ela, e que seria tipo o seu "cartão de visitas" pra ela. Sei lá, eu gostei! Sempre achei estranho aquela coisa de "nós nos conhecemos quando ele tocou piano pra mim", porque se o Soul não gosta de tocar, ia precisar de um bom motivo pra fazer isso ^^
Dois anos acompanhando. Não sei o que fazer da minha vida agora e-e

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~FIM DO SPOILER!~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~


Então gente, só mais uma coisa: Obrigada a todo mundo que favoritou! Desculpem, sou meio lerda com isso, então só fui reparar agora!!! Muito obrigada! Vou fazer um especial pra vocês =3