The War escrita por Moon


Capítulo 4
Sarys




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Os dentes do pente dourado que ganhou de presente da mãe na primavera passada percorria os fios platinados da Princesa Targaryen até que brilhassem. Naquele dia em especial havia dormido muito pouco e tentava compensar isso no que podia, como cabelo e roupa. Na noite, foi impossível pegar no sono pela preocupação do estado de seu pai. Na manhã, foi pelo chamado muito cedo da criada Shiera Waters à comando de Lionel Baratheon, a mão-do-rei, que convocava todas as crias do seu superior para uma conversa. Assim que satisfeita com seu penteado de uma trança que percorria sua coluna vertebral até a cintura, ela pôs o vestido azulado de seda tão fina que parecia uma cachoeira d'água descendo por suas curvas.


Encontrou um guarda à sua porta, por uma das últimas ordens de seu pai, que depois do assassinato de Daerys, mandou que todos os seus filhos obtivessem proteção a cada segundo do dia. Ele a guiou para a sala do conselho, onde estava, pelas vozes, Lionel Baratheon e o novo Meistre que não conhecia o nome. O guarda parou alguns passos atrás para não ouvir as conversas particulares, e Sarys resistia a entrar de imediato porque além de preferir esperar os irmãos, as vozes pareciam bem alteradas e nervosas. Tão logo chegou Rhagar, o mais alto e calmo dos dois, Rhagon também se fez presente, com sua impaciente respiração rápida. Os três se cumprimentaram com sorrisos falsos e entraram na sala. Lionel parou imediatamente de argumentar seja lá o que fosse com o Meistre e se ajeitou na cadeira.


– Peço que se sentem, meus príncipes e princesa. Este é Meistre Garviel, sucessor e amigo particular do seu antigo Meistre Hallis.


Os três obedeceram e viraram a atenção para Garviel.


– É um prazer ter a honra de servir aos Targaryen. Cresci com histórias da bravura de seus ancestrais e espero poder ajudá-los em tal época difícil. Hallis foi um amigo e confidente meu, e sei que também para vocês – Sarys fechou a mão nos vestidos. Ninguém foi mais amiga de Hallis que ela e sempre que ouvia falar dele a dor de não acreditar em sua morte a abalava de novo. – mas os deuses são justos e sabem o que fazem. O que nós os chamamos aqui para conversar hoje é que, além de Daerys e Hallis levarem nossas felicidades para o túmulo, também levaram um segredo importante. Nós não sabemos qual de vocês dois seriam o mais velho e, assim, o sucessor ao trono.


– Vocês dois já me confessaram que sua mãe e Hallis não lhes contaram porque queria uma competição entre vocês para ver quem se esforçava mais para virar o herdeiro, correto? – Rhagar e Rhagon afirmaram com a cabeça – Mas ela não está mais aqui para decidir. Eu, como mão do Rei, governo enquanto o mesmo está em repouso, mas devemos estar preparados para caso aquela enfermidade resolva também tirar ele de nós. Eu não estou muito certo do que devemos fazer aqui.


– Esperar o Rei acordar e decidir, talvez? – Rhagon sugeriu ansioso para terminar a conversa.


– Pode ser que ele não acorde. – Rhagar o respondeu, fazendo-o se sentir inferior – É para isso que estamos nos preparando. Para caso ele se vá de repente como nossa mãe.


– Nesse caso eu não poderia governar porque o trono vai para o filho mais velho, sim? Mas como os dois são gêmeos, o que pretende fazer... Dois Reis? – A princesa interrompeu, como alguém que pensava alto. – Isso seria supérfluo.


– Não teríamos a ousadia de deixar o reino dividido em quem obedecer. Muito menos concentrar tanto poder para dois pares de mãos que, inevitavelmente começariam a se estrangular. A solução que eu vejo é um de vocês abdicarem do trono, ou elegerem um representante momentâneo. Isso não teria que ser agora. Convoquei-vos com tamanha urgência exatamente para que tivessem tempo para pensarem sobre o assunto.


O silêncio caiu sobre a sala. Os gêmeos se entreolhavam pensando nas opções e calculando-as à longo prazo. Sarys apenas se distraía com suas últimas lembranças de Hallis. Depois de alguns minutos, Lionel se levantou.


– Eu tenho outros afazeres para o dia, então deixarei os senhores e senhoritas com seus pensamentos.


E assim que a porta bateu nas costas de Lionel, Garviel também se levantou.


– Se me perguntassem sua melhor opção, eu diria que é um representante. Alguém que subisse no trono momentaneamente enquanto vocês decidem suas posições. – Depois das falas, Garviel fez o mesmo caminho que o Sor antes dele.


Sarys observou Rhagon sair nervoso e se levantou de sua cadeira para se aproximar de Rhagar. Pôs sua mão nos cabelos curtos e platinados dele e a outra por sua barba mal feita que o deixava com um ar de mais velho. Rhagar sorriu com o carinho da irmã, porém não se moveu da cadeira. Ainda parecia preso em seus cálculos mentais.


– Você não precisa se cansar com esses pensamentos, irmão.


– E você não precisa se preocupar comigo, irmã. Eu vou ficar bem – Ele retirou a mão dela de sua barba e, quando se levantou, ela também tirou a mão que estava na sua cabeça – você devia estar gastando suas forças cortejando o Baratheon mais velho. Qual o nome dele? O que você está para desposar.


– Arthur. – Ela respondeu prontamente – Mas ele me entedia. Nenhum homem tira da minha mente os acontecimentos que vêm ocorrendo. Eu zelo pelo seu bem, meu irmão, e pelo de Rhagon também. Eu espero que você seja feliz e se deixe desposar de uma mulher bela, assim como Rhagon escolheu Evelyn Tully e eu tenho para mim o pequeno Baratheon.


– Talvez meu destino seja me tornar um Cavaleiro. Um homem que maneje armas e não mulheres.


– Se me perguntasse eu diria que seu lugar é manejando um povo. De preferência sentado em um trono – Sarys dizia sem olhar nos olhos do irmão. Ela caminhava para a porta, porém antes de sair, concluiu sua linha de pensamento – Mas se disseres que eu falei isso a alguém, eu negarei até a morte.


Rhagar sorriu de lado e a porta se fechou. Sarys encontrou seu guarda a sua espera e os dois seguiram para os aposentos de Rhagon. Novamente com o homem a uma distância segura, a princesa entrou no quarto assim que o irmão a permitiu. Ela se dirigiu para a cama dele, onde sentou na beirada. Este estava deitado com os braços por trás da cabeça e observava o teto como se fossem estrelas.


– Eu acho que você deveria visitar a Tully.


– Eu acho que eu deveria não ser gêmeo. Como é você ser única, irmã? – Ele a olhou – Como é se olhar no espelho e depois sair por aí e ver que não tem ninguém igual à você? Não se preocupar em deixar o cabelo longo porque o outro tem cabelo curto e por assim em diante. Deve ser bom.


– É entediante. Não é desafiador. Você é um homem de desafios, Rhagon Targaryen, sabe se sobressair mesmo com alguém parecido a você. Um homem assim governa reinos.


O dragão a olhou com os olhos violetas e um sorriso largo. Levantou as costas da cama e ficou no mesmo nível que Sarys.


– O que você faria no meu lugar, irmã?


– Eu mostraria o meu potencial. Mas para isso, não poderia nenhum dos dois renunciar. Teria de ser uma disputa enquanto alguém governa. Mas qualquer coisa que for, eu faria depois de ver a minha futura esposa – Ela reforçou seu ponto inicial, para tirar a atenção do plano que arquitetara – Você anda muito irritado e parece estar precisando de um calor feminino. Talvez nós devêssemos chamar os Tully para uma visita.


– Talvez, talvez. – Ele pareceu se desinteressar quando o assunto mudou.


– Tratarei de arranjar para que ela venha.


Rhagon não deu atenção e voltou a deitar-se. Sarys saiu do quarto e voltou a andar pelo castelo. Deu duas voltas pelo andar até finalmente admitir que devesse fazer uma visita para Arthur Baratheon, mas quando bateu na porta de seu quarto não ouviu nenhuma resposta. Mesmo assim adentrando-a, quem viu lá dentro foi outro homem da família, Bolton estava com papéis na mão e com uma cara muito culpada enquanto os escondia por trás do corpo. Deu um sorriso atrapalhado ao ver a dama e engoliu seco.


– Princesa. Que honra!


– Sor Bolton Baratheon. – Ela fez uma reverência tímida – Saberia onde estás seu irmão?


– Provavelmente treina com Edmond. Eu fiquei aqui desde a manhã arrumando essa bagunça! – Forçou uma risada – Acredita em quão pouco tempo ele já sujou tanto? – Levantou uma das mãos mostrando os papéis com muitas palavras escritas. Havia também uma assinatura que Sarys não conseguiu desvendar.


– Não se preocupe com serviços banais, Sor. Temos empregados para isso.


– Oh, sim, eu imaginei que teriam. Eu só não queria que pensassem mal sobre minha família, é só – Ele largou alguns papéis em branco na escrivaninha bagunçada, porém guardou as cartas consigo. – Eu talvez devesse me juntar aos guerreiros. Aceita minha companhia até Arthur, Princesa?


Ela concordou e seguiram os dois, mais o guarda, para o campo de treinamento. Os homens continuaram a treinar, porém apenas Arthur a acompanhou em um passeio pelo castelo. Os dois conversaram sobre flores e artes e foram particularmente atenciosos e gentis um com o outro. A companhia estava agradável, até ambos serem interrompidos por Meistre Garviel.


– Peço perdões para a intromissão, mas devo lhe parabenizar, Princesa Sarys.


– Gostaria de saber o motivo, Meistre Garviel?


– Oras, ainda não sabe? – Ele riu com as mãos em sua barriga grande – Fico contente de lhe dar a notícia! Os gêmeos a nomearam como representante dos dois. Quando seu pai se for, quem há de governar por eles, será você.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoas! Queria agradecer a leitura e dizer que sinto muito que talvez não possa atualizar mais diariamente a fic, do jeito que venho fazendo. Infelizmente estou entrando em época de prova, mas tentarei fazer, pelo menos, um capítulo por semana! Não me abandonem. :)
Quero também avisar que as fichas para bastardos acabaram, e encerramos com um bastardo a mais que o esperado! Os novos serão Shiera Waters e Rhys Storm. Junto com Bárbara Snow e Elia Sand, tratarei de detalhá-los em episódios que irão chegar em breve.



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