For Amelie - 2a Temporada escrita por MyKanon


Capítulo 17
XVI - Razão Vs. Emoção




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Cabelos encaracolados e olhos castanhos. Tinha cara de anjo. E eu o via como um, quando disse que éramos namorados. Era o que eu mais queria, mas tinha quase certeza que assim como os amigos, ele também me comparava a um lêmure. E quem namoraria um lêmure?

 

Tinha certeza que me amava, apesar de ainda não ter dito com todas as letras. 

*~*~*

 

Seria arrependimento o que eu sentia? Mas por quê? Eu o amava... Eu queria amá-lo. Puxei o lençol até o queixo, sentindo-me envergonhada. Virei-me vagarosamente para ver se ele também estava pensativo. Ele me olhou brevemente e então sentou-se. Sem se virar, disse:

_ Melhor você ir embora.

Não entendi seu pedido. Sentei-me também, ainda cuidando para que o lençol continuasse a me cobrir.

_ Embora?

_ É. Embora, não ouviu?

Aquele não era o melhor momento para ele ser impaciente comigo.

_ Fiz alguma coisa errada? - perguntei baixo, enquanto corava.

Ele virou-se e me encarou com certa irritação. Recuei alguns centímetros sem entender.

_ O que houve? - perguntei.

Pensei ter visto pena nos olhos dele, mas em seguida ele começou a rir. Depois de se recompor, me encarou seriamente e perguntou:

_ Você não achou que era tudo de verdade, achou?

Continuei quieta, na esperança de ter ouvido mal.

_ Foi só uma brincadeira, Cristina. Que acabou de perder a graça.

_ Thiago, não estou gostando dessa conversa.

Ele levantou-se e começou a se vestir.

_ Garota, vai se cuidar, e então pensamos no que podemos fazer.

_ Para com isso.

Ele voltou até a cama onde eu continuava estática, e até pensei que fosse se desculpar. Pegou uma mecha do meu cabelo e disse:

_ É a única coisa que vale a pena em você.

Depois disso deixou o quarto.

 

*~*~*

 

_ Alô? - minha voz ainda estava afônica por causa do pranto ininterrupto de dias.

_ Cristina?

Eu imaginava quem era, por isso não me atrevi a perguntar.

_ Eu sei que é você vai! Sabe o que é? Você não tem vindo pra escola... E estamos te aguardando! O Thiago disse que você é ótima em-

Desliguei antes de deixá-lo terminar.

 

*~*~*

 

_ Vocês se conhecem? - o Aquiles perguntou numa voz fria que não reconheci.

Pensei em mentir, depois em dizer a verdade e explicar mais tarde, mas o Thiago se precipitou:

_ Ô! - e riu em seguida.

Senti o Aquiles ficar rígido ao meu lado. Mais ainda que eu. O Thiago parou de rir, e quase como num convite ao Aquiles, acrescentou:

_ Profundamente.

 

*~*~*

 

A mão do Aquiles deslizou tão rapidamente por entre a minha que não tive tempo de segurá-lo. Ela foi diretamente no rosto do outro em forma de soco.

O Thiago cambaleou com o impacto, e quanto equilibrou-se novamente, o Aquiles estava grudado em sua gola.

_ Ah, então você deve ser o Thiago. Que bom que nos encontramos! - ele disse empurrando o Thiago contra o canteiro.

Num primeiro momento, cobri a boca com as mãos por causa do choque. Depois olhei ao redor buscando ajuda, mas as pessoas que se aglomeravam pareciam interessadas apenas em assistir.

Quando olhei novamente, eles já rolavam pelo chão.

_ Aquiles, não!!! Solta ele!

Mas parecia não surtir efeito nenhum... Como eu amaldiçoava aquele Thiago!

_ Me ajudem a separá-los! - pedi à beira das lágrimas.

Queria fazer alguma coisa, mas não sabia o quê, ou como. O Thiago já havia me machucado, não podia permitir que machucasse também o Aquiles.

Agarrei uma ponta do agasalho do Aquiles desesperadamente, com se aquilo fosse desengalfinhá-lo do outro.

_ Parem, por favor!!!

Como ninguém fazia nada?

Encontrei-me com o olhar do Thiago, que agora não era mais zombeteiro, mas carregado de ódio. Senti um impacto contra minha costela esquerda e caí. O ar me faltou, tossi para conseguir respirar novamente.

Algumas das pessoas que assistiam abaixaram-se até mim tentando me ajudar.

_ Façam-nos parar... - pedi com falta de fôlego.

_ Mel! Mel, tá tudo bem?

Graças a Deus eles tinham se separado.

Toquei a lateral do rosto dele, onde corria um filete de sangue. O Thiago tinha machucado meu namorado...

_ Eu... Eu estou bem...

Ele voltou a se levantar e ouvi-o dizer:

_ Vou acabar com você, seu covarde!

_ Não! - pedi, mas sabia que ele não ia me ouvir.

Finalmente os espectadores fizeram alguma coisa, e impediram que eles se atracassem de novo.

_ Mas o que significa isso? - perguntou uma grave voz masculina.

Eu não sabia quem era, mas sua presença muito me aliviou.

Uma pessoa desconhecida me ajudou a me levantar e vi o Thiago imobilizado por um rapaz que não sabia se era aluno ou funcionário. Seu nariz também sangrava. Nunca havia sentido aquilo por ninguém, mas naquele momento, desejei que morresse.

_ Você está bem? - perguntou-me o homem de meia idade que chegara a pouco.

_ Sim... - respondi vagamente procurando pelo Aquiles.

Ele ia logo a frente com a coordenadora. Ela sempre cuidava dos alunos que passavam mal, então provavelmente iria cuidar do rosto dele.

_ Então venha comigo. - o homem me instruiu.

Ele disse para onde o Thiago deveria ser levado, mas não ouvi, apenas o segui, como mandara.

Seguimos para o bloco 2, e de lá para uma sala próxima à de química. Era uma sala pequena, onde só cabia a mesa dele, duas cadeiras para visitantes e um armário.

Ele fez sinal para que eu me sentasse em uma das cadeiras, e eu obedeci.

_ Vou ligar para sua mãe vir te buscar. Está doendo muito?

Só então me dei conta que estava massageando minhas costelas.

_ Um pouco.

_ Se importa em me dizer o que houve?

A partir de onde ele queria saber? Na falta de resposta, ele pegou o telefone e discou. Senti um aperto no coração ao imaginar a cara de minha mãe quando ele disse que ela precisava comparecer à escola devido a um pequeno problema com a filha dela.

Depois de terminar, ligou para a coordenadora que estava com o Aquiles e pediu que fizesse o mesmo. Em seguida, não sei pra quem ligou, mas perguntou sobre o Thiago.

Assim que pousou o telefone no gancho, voltou-se para mim:

_ Um dos rapazes não estuda aqui. Ainda não tinha efetivado a matrícula. O que houve?

_ Eu... Eu não sei direito.

O senhor suspirou. Começou a mexer no computador, até que ouvimos uma batida na porta.

_ Entre. - ele autorizou.

O Aquiles entrou segurando um pacote sobre o olho. Sentou-se ao meu lado, lançando-me um breve olhar.

O que ele estava segurando eram gelos enrolados num pano.

_ E então, posso saber o motivo de tal comportamento? - começou o senhor, dessa vez para o Aquiles.

_ Ele estava assediando minha namorada, professor.

Então o homem era um professor.

_ Nada justifica a selvageria. - disse parecendo cansado de ouvir a mesma história mais uma vez.

_ Professor, o senhor pode confirmar com a mãe dela que essa não é a primeira vez.

O professor então voltou-se para mim. Pareceu me estudar por alguns minutos.

_ E você? O que tem a dizer?

Eu só queria ir embora e acabar com tudo aquilo de uma vez.

_ Preciso saber o que aconteceu para punir os responsáveis. - ele insistiu.

_ Ele tem razão, professor. - respondi, temendo ter de contar toda a história.

_ Hum. - o professor murmurou.

Ele voltou-se para o computador e começou a escrever. Talvez sobre o ocorrido, ou não.

Discretamente o Aquiles pegou minha mão, e eu cerquei a dele com a outra. Ficamos imóveis aguardando ordens.

 

*~*~*

 

_ Mel... Desculpa. - o Aquiles disse enquanto me abraçava com a mão livre.

Retribuí o abraço constrangida, pois sabia que a única culpada era eu.

A mãe dele acabara de entrar na sala do professor, depois de checar a gravidade do machucado do filho. Minha mãe, que tinha chegado pouco antes, a acompanhou. Fomos obrigados a esperar do lado de fora, enquanto conversavam sobre o ocorrido, e o que havíamos contado.

_ Não é culpa sua. - disse com a voz abafada no agasalho dele.

_ Eu não cuidei de você. Deixei ele te machucar. De novo.

_ Não aconteceu nada. Estou bem. - então me afastei para encará-lo – O que já não posso dizer de você.

_ Não é nada. Foi só um arranhão.

A superfície do pano já estava quase toda avermelhada.

_ Um arranhão bem profundo. - complementei.

_ Tá, como preferir. Mas não precisa se preocupar. Pra quem já luxou um tornozelo, isso é fichinha.

Ele abriu um sorriso completamente despreocupado, e quase me aliviou. Mas seria impossível. Além de envolver minha mãe, agora tinha envolvido o Aquiles na era sombria de minha vida. E sempre que alguém se envolvia nela, saía machucado.

Quando o Aquiles tentou trocar o gelo de mão, eu intervim para ajudá-lo, e segurei o pacote sobre sua sobrancelha machucada. Então ele aproveitou as duas mãos livres para me abraçar por completo.

Algumas vezes ouvíamos as vozes se exaltarem no interior da sala, e quando isso acontecia, eu o apertava no meu abraço. Até que por fim tudo silenciou.

Nos separamos, e ficamos atentos à porta. A mãe dele foi a primeira a sair, parecendo a mais irritada dos três.

_ Vamos, Aquiles, temos que ir ao médico. Novamente. - disse remexendo a bolsa a procura do que supus ser a chave do carro.

_ Nos falamos mais tarde então Mel.

_ Hum-hum. - confirmei.

Minha mãe se aproximou e passou um braço pelo meu ombro.

_ Tchau, Aquiles. Se cuida.

_ Tchau, dona Diângeles.

Sem olhar para nenhuma de nós duas, a mãe dele começou a andar, e ele a seguiu. Depois de vê-los sumir na escada, perguntei à minha mãe:

_ E então? Ficaremos suspensos?

Ela apertou seu braço ao meu redor, e me fez andar junto com ela.

_ Não. Ficou estabelecido que o tal rapaz não é estudante, logo, ele não deveria estar aqui.

Preparei-me para perguntar:

_ Mas ele vai estudar aqui?

_ Não precisa se preocupar, Mel. O pedido de matrícula dele será indeferido.

Aquilo soava bem. Mas ainda sim algo me preocupava. Embarcamos no carro, e fingindo estar atenta ao movimento na rua, perguntei:

_ E se ele voltar lá?

Minha mãe acariciou meu joelho, e me informou:

_ A mãe do Aquiles vai denunciá-lo por agressão. E como ele é maior... Não pense mais nisso, Mel. Ele vai ter muito com o que se preocupar.

_ O nariz dele devia estar quebrado. Como ela quer acusá-lo de agressão?

Ela voltou a mão para o volante, e vi que o apertou com força. Respondeu sem me encarar:

_ A acusação tem um agravante. Assédio e perseguição. E essa denúncia vai ser minha mesmo.

Preferi terminar com a conversa por ali mesmo. A história parecia incomodá-la tanto quanto a mim, se não mais.

_ O professor disse que você estava no chão quando chegou, Mel. Aquele monstro se atreveu a encostar em você? - ela perguntou ao nos aproximarmos de casa.

_ Não, mãe. Eu só tropecei e caí.

_ Tem certeza?

_ Hum-hum. - confirmei.

Minhas costelas ainda doíam, mas não queria chatear minha mãe ainda mais.

E queria poder chegar em casa o mais rápido possível.

Ela acabou ficando em casa o resto do dia, e me senti feliz por não ter que ficar sozinha. Pouco depois do almoço, o Aquiles me ligou para dizer que havia levado cinco pontos no supercílio e um atestado para o dia seguinte, mas que não utilizaria.

À noite fui me deitar cedo, mas só para descansar, pois sabia que não conseguiria pregar os olhos tão cedo. Por causa disso, ouvi meu celular vibrando sobre a mesa de cabeceira.

 

Não queria te acordar... Mas precisava te avisar que não vou para a aula amanhã. Mas nos falamos, com certeza. Luv ya.

 

Não queria ter de voltar para a escola tão cedo, ainda mais sozinha.

Mas preferi não me dar por vencida. Encarei a escola logo cedo para não encontrar com ninguém na entrada. Como eu nunca fora muito popular, as pessoas ficavam apreensivas em me perguntar alguma coisa sobre o ocorrido.

A Thaís e a Camila foram as únicas que ficaram sabendo dos detalhes.

_ Então quer dizer que esse Thiago estava dando em cima de você? - a Camila perguntou surpresa.

_ É.... Mais ou menos.

Eu não queria ter que contar tudo desde o início, era muito embaraçoso. Elas entenderam minha relutância em contar, e não se aprofundaram nas perguntas. Também providenciaram para que a Bia não conseguisse trocar nem mesmo uma palavra comigo. Mas notava-se que ela estava bem ocupada trocando as fofocas com colegas de outras salas.

Aquela foi uma longa manhã...

Eu estava no ponto de trólebus, ainda pensando em ligar ou não para ele, quando me assustei com alguém chamando meu nome:

_ Amélia Cristina?

Os cachos loiros estavam presos num coque elegante, e seus olhos cor de mel estavam ocultos por um óculos de sol.

_ Dona Lívia! Oi! - olhei ao redor, involuntariamente procurando pelo filho dela.

_ O Aquiles está em casa. Eu só vim trazer o boletim de ocorrência para o diretor.

_ Ah, claro. Está tudo bem com ele?

Ela tirou os óculos e me estudou.

_ Você quer uma carona? - me perguntou.

_ Não precisa...

_ A gente podia ir batendo um papo.

Como o intuito não era me fazer um favor, decidi aceitar.

_ O machucado está bem sim. Apesar de ter precisado de pontos. E de ter que tomar alguns antibióticos... Poderia ser pior, não é mesmo? - perguntou enquanto manobrava.

Algo me dizia que não seria uma conversa feliz.

_ Eu sinto muito.

_ Não... Não quero dizer que a culpa é sua... É só que... Como posso me expressar?

Tentei manter-me tranquila.

_ Amélia... O Aquiles está muito diferente.

Continuei calada, apenas ouvindo.

_ Eu não quero me meter na vida amorosa dele. Eu nunca me meti, e abomino os pais que se metem. Mas é claro que quando isso começa a prejudicar, é uma obrigação nos metermos. É o nosso dever de pais.

Comecei a entender.

_ Você me entende, não é mesmo? Tente se colocar no meu lugar. Você ia querer ver seu filho se afundando por causa de um relacionamento?

_ S... Se afundando? - tentei manter a voz controlada.

Ela suspirou. Me perguntou:

_ Onde é mesmo que você mora?

_ Planalto. Atrás da biblioteca.

_ Então, como eu ia dizendo... Digo “afundando” porque não sei que outra palavra usar. Antes o Aquiles tinha uma vida social...

_ Agora ele tem uma vida acadêmica.

Ela surpreendeu-se com a minha contraposição. Parecia não estar acostumada a ser contrariada.

_ Não digo somente disso. Isso também não é tudo, não é mesmo? Ele saía conosco. Falava com os amigos. Dava atenção à irmã, aos pais. E sempre chegava inteiro em casa. E agora... Veja só... Anda sempre preocupado, mau-humorado e até machucado. Por Deus, meu filho podia ter perdido a visão...

Eu não sabia da transformação pessoal do Aquiles. Percebi que a descrição que ela fizera, parecia-se amargamente comigo.

Distraída com minha imagem mental, acabei deixando uma lágrima rolar pelo meu rosto. Apressei-me a secá-la. Não queria que a dona Lívia pensasse que me sentia culpada, era o que ela realmente queria. Mas me chateava saber que estava trazendo-o para baixo comigo.

_ Posso seguir em frente? - perguntou-me a respeito do caminho.

_ Sim. - respondi sem me mover.

Ela continuou em silêncio até chegarmos ao nosso destino.

_ Obrigada. - disse enquanto abria a porta.

Antes que eu pudesse descer, ela me pediu:

_ Por favor Amélia, pense no que é melhor para o Aquiles. Se você o ama, vai fazer a coisa certa. Se tiverem de ficar juntos, ficarão, mas... Por que você não dá um tempo a ele?

Pensei por poucos segundos, antes de responder:

_ Claro.

Em seguida, desci.

Quando entrei em casa, larguei-me sobre o sofá e liguei a TV, só para ouvir algum som ao meu redor. Novamente eu estava completamente sozinha.

Vi o bolso de minha mochila vibrar, e prontamente peguei meu celular, mas era só minha mãe.

_ Oi.

_ Oi piteuzinho!

_ Você continua não ligando aqui em casa.

_ É que eu continuo a ganhar bônus. - e depois riu. - Queria saber se já chegou.

_ Já.

_ Já almoçou?

_ Ainda não.

_ Quer almoçar comigo?

_ Eu tenho lição, mãe. Não vai dar.

_ Então vai mesmo me trocar?

_ Não é uma opção, mãe. É obrigação.

_ Como minha filhinha é responsável.... Sinto-me envergonhada! Bem, então prefiro não te atrapalhar.

_ Tá bom mãe, nos vemos mais tarde.

_ Combinado. Beijo Mel. E juízo.

_ Você também.

Desliguei, mas continuei com o aparelho na mão, na esperança de receber uma ligação de outra pessoa.

Mas nada aconteceu por pelo menos uma hora, segundo meus cálculos.

Eu realmente o estava prejudicando, só não queria que a mãe dele tivesse que me dizer isso. O Aquiles tinha toda razão, eu já não era mais a garota comedida e racional do início do ano. Deixara a emoção me cegar, tornando-me completamente incauta. E isso trazia consequências ruins, principalmente para o Aquiles, a quem eu queria tão bem, e pensava estar fazendo feliz.

Era verdade que o amava, mas também o era estar fazendo isso errado.

Eu sempre soube que amor não se tratava apenas de relacionamento, mas também de entrega e sacrifício. Estava mais que na hora de voltar a ser racional.

Forcei-me a levantar, e arrastei-me para o meu quarto. Fiquei esparramada pela cama, feito um trapo, sem vontade nem de chorar. Chorar era emotividade demais para a pessoa que eu queria ser.

 

Continua

 


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