POV Beck

7 horas de vôo e mais 45 minutos de carro. São o que me separa do meu apartamento, e da minha esposa. Eu não tenho passado muito tempo com a Jade desde que eu comecei a gravar esse filme, mas quando eu chegar na rua Bakersfield, prédio Detroit, apartamento 505, eu vou estar feliz. Ela nem imagina a surpresa que eu tenho. Mas eu vou deixá-la pensar que eu vou continuar viajando. Tudo o que eu desejo é poder abraçá-la depois de dois meses apenas de ligações e chamadas por vídeo, e ter aquelas mãos em volta do meu pescoço. É uma das coisas que eu mais adoro.

7 horas e 45 minutos depois eu paro na porta do nosso 505, é, nós chamamos o nosso apartamento pelo número dele. Eu preferia chamá-lo como o meu tio, “Barbara”, mas a Jade disse que seria 505 e quem pode discutir com ela? Imagino-a deitada em seu lado da cama, com as mãos entre as coxas e um sorriso. Só de pensar naquele sorriso, eu não consigo evitar, e sorrio também.

Encontro a chave e abro a porta, não quero fazer barulho para não acordar a Jade. Mas ela está na cozinha, e assim que eu entro no apartamento ela corre e pula nos meus braços. É a melhor sensação do mundo, a de ter ela de novo junto de mim. Beijo-a nos lábios, foi... quente. E daí ela começa a chorar. Eu desmorono por dentro.

–Querida, está tudo bem, eu estou aqui...

–Até quando Beck? Até segunda? Sempre parece que eu tenho que te dizer “oi” já com um adeus...

Vendo ela assim, eu não posso mais continuar com o meu plano de surpreendê-la na segunda, já que eu não estarei atrasado para um vôo qualquer. Eu vou destruir a surpresa, mas é preciso, afinal eu odeio ver a Jade assim por minha culpa.

–Desculpe se isso foi egoísta, Beck, eu... eu sei que é a sua carreira, o seu sonho, eu só me sinto carente de você, já que-

–Não vai mais se sentir carente de mim.

Os olhos dela se arregalaram, e eu posso dizer que ela entendeu o que eu quis dizer.

–Quer dizer que...

–Sim, amor. – trocamos um beijo apaixonado – Eu estou de volta para o nosso 505, e desta vez, sem longas partidas.