The Devil's Daughter escrita por Ninsa Stringfield


Capítulo 18
Capítulo 18




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Ela estava novamente naquele jardim, o jardim que ela sempre avistava Rox. Katherine virou para todos os lados desesperada e ao mesmo tempo com medo. Ela sabia que deveria ver Rox colhendo flores em algum lugar próximo, mas ela sempre tinha medo de quando isso acontecia.

Como que ouvindo suas súplicas silenciosas, uma sombra se estendeu a frente, ganhando uma forma de uma menina, lentamente. Ela reconheceu Rox mesmo antes dessa aparecer sorrindo em sua frente, graças a cabeça de lobo, mas quando esta finalmente se formou na sua frente, Katherine percebeu algo de diferente nela.

Não apenas o fato dela a estar encarando e sorrindo (algo que nunca acontecia), mas sua presença parecia diferente, como se ela estivesse mais fraca.

- Olá Katherine - saudou ela. Sua voz, assim como sua presença parecia fraca, como se ela estivesse muito distante.

- O que aconteceu com você?

A garota de cabelos prateados tirou o sorriso do rosto.

- O que quer dizer?

- Você - disse Katherine sem explicar muita coisa - Você parece diferente. Distante, fraca.

- Ah - exclamou ela em um suspiro - Isso - ela apontou para seu próprio corpo - Estou mais fraca, sim. Mas é muito difícil tomar forma em sua cabeça e ainda conversar com você, toma muito da minha energia, sua cabeça é uma das mais complicadas que eu já lidei.

- Com quantas cabeças você já lidou?

- Isso não importa - ela descartou a situação com um aceno de mão - O que importa é o que eu estou fazendo aqui.

- Que seria...?

- Eu só queria que você parasse de ter medo de mim Katherine - ela parecia triste - Eu juro que não tenho e nunca tive nada a ver com os pesadelos.

- Você fala deles como se os compreendesse.

- E compreendo.

- Por que eu não posso compreende-los?

Pela mesma razão que você não sabia que você tinha uma irmã gêmea - disse ela - Esconderam algo de você.

- E o que seria isso?

- Há muitas coisas que você ainda não compreende Katherine, coisas que você não compreende graças aos segredos que rondam a sua vida - sua voz agora parecia um eco, até mesmo sua imagem começou a tremeluzir - Apenas não me culpe por...

Katherine acordou de um salto, rolando pela cama e tendo que se segurar com força para não desabar no chão. Uma coisa ela tinha que admitir, desde que chegara no Inferno, todos os seus sentidos tinham melhorado, inclusive seus reflexos.

Finn estava encostado na porta, a gola de sua jaqueta de coura levantada como sempre, a calça jeans escura e um tênis sujo. Quando olhou com mais atenção, Katherine percebeu que tinha algo errado com ele. Ele usava um óculos de sol estilo aviador mesmo estando no Inferno, que por acaso, não tinha sol, e além de tudo eles estavam um pouco tortos. Sua camisa estava rasgada na bainha e ele não parecia tão graciosos como sempre, parecia desleixado.

- O quê...? - ela não conseguiu formular sua pergunta, Finn cambaleou para a frente e deitou sobre a cama de Katherine, bem em cima de suas pernas, ela soltou um grito de surpresa e ao mesmo tempo de dor ao sentir que ele havia caído sobre seus machucados.

- Perdão... - sua voz estava rouca, e quando aproximou o rosto dele, sentiu o cheiro de álcool - É que, bom...você sabe - ele soltou um sorriso idiota na direção dela - Não resisto ficar muito longe de você.

Ela o empurrou e ele rolou na cama mas se segurando antes que pudesse cair no chão, assim como ela. Ele soltou uma exclamação de protesto, mas Katherine não deu atenção e começou a sacudi-lo, se ajoelhando na cama.

- O que aconteceu com você? - ele soltou outra exclamação e ela o balançou com mais força, virando seu rosto para cima - Anda, fala logo, por quê você está com cheiro de álcool?

- Por quê você acha?

- Acho que seu eu soubesse, não estaria te perguntando.

- Eu precisava de informações - ele disse como se explicasse, mas ao semicerrar os olhos e ver a expressão de Katherine, completou: - O bar, o bar onde alguns monstros se atrevem a entrar no  Beco, geralmente está cheio de bruxas, então, para testar sua companhia, eles te embebedam, para ter certeza de que não é mortal.

- Como assim para não ter certeza? - perguntou ela - Os dois não iriam ficar bêbados?

- Não - replicou ele - Nós não. Filhos do Diabo não ficam bêbados, não se precaverem-se.

- E você se precaveu?

- Pareço estar sóbrio? - uma baforada com cheiro de álcool atingiu o rosto de Katherine e ela levantou a cabeça para trás.

Ela praguejou.

- Da para você pelo menos não bufar na minha cara?

- Desculpe - ele riu - Tive que vir aqui, você é a única pessoa que confio.

Ela demorou um tempo para digerir suas palavras e decidiu ignorá-las.

- Hoje temos que ir encontrar aquele monstro - disse ela - Como vamos encontrá-lo com você desse jeito?

Ele lutou para se sentar na cama, e teve que se apoiar no ombro de Katherine para que não desabasse novamente.

- Eu... - ele gaguejou como se sua língua estivesse dormente, depois arranhou a garganta - Tem um remédio na caverna, um que ajuda e acaba com a ressaca também...

Ele apoiou a cabeça com as mãos e Katherine riu. Ela não conseguiu se aguentar, começou a rir do seu estado. Finn, o cara que sempre andava elegante e gracioso, sempre despreocupado e ao mesmo tempo confiante, que sempre menosprezava os outros e lançava um olhar superior para onde quer que olhasse estava ali, totalmente desabado em sua cama. Ele encarou a garota enquanto ela se dobrava em gargalhadas.

- Minha situação te diverte?

- Muito - admitiu ela tentando se controlar - Desculpe mas... - ela riu um pouco mais -, é difícil te ver assim todo acabado e não rir.

- E tudo isso por causa de um estúpido monstro... - murmurou ele - Espero que valha a pena.

- E você conseguiu descobrir alguma coisa? - perguntou Katherine indo até seu guarda-roupa e pegando seu moletom, cobrindo a malha fina da camiseta que Finn tinha emprestado para ela. Katherine tinha se esquecido de seu pijama quando foi até a casa de Paim, então continuara usando a camiseta.

- Apenas algumas informações - ele se apoiou em seu cotovelo - Então - disse ele observando-a - Quando pretende devolver minha blusa?

Ela tentou não ficar vermelha e soar casual.

- Não muito cedo - disse ela coma  voz controlada - Gostei dela.

- É claro que gostou - disse ele - É minha.

- Convencido - murmurou ela baixo, não permitindo que ele a ouvisse, depois se dirigiu a cama e o ajudou a se levantar - Tem certeza que não quer que eu vá pegar o remédio sozinha?

- Você não saberia onde procurar - explicou ele - Mas entretanto...

Ele chutou a porta ao lado da de Katherine e esta se abriu, revelando Wes, poucos segundos depois.

- Perdi alguma coisa? - disse ele se apoiando na porta.

- Nada de interessante - respondeu Finn, seco - Preciso que pegue algo para mim.

- E por que faria isso?

Finn estalou os dedos e a imagem de Wes desapareceu, ela o ouviu gritar do mesmo ponto de onde estava a um segundo atrás mas não conseguia vê-lo.

- Simplesmente porquê não quer ficar assim para sempre - ele sorriu, ainda fraco, mas surtiu efeito, Wes começou a gritar ainda mais.

- Sim, claro, eu vou, volta, me faz voltar!

Finn deixou sua cabeça pesar para baixo e Wes voltou, ele parecia mais branco agora, as mãos nos cachos despenteados. Ele assentiu mais uma vez e depois saiu correndo pela escada, sumindo na descida. Katherine não conseguiu resistir e riu mais uma vez, mas desta vez, Finn riu com ela, e gesticulou com a cabeça para que voltassem para o quarto dela. Ele se jogou na cama ainda rindo e Katherine se jogou ao seu lado, encarando o teto com um sorriso.

Ela ficou tanto tempo observando o teto que não percebeu ele a observando.

- O que foi?

- Nada.

- Por quê você veio me procurar e não a Blake?

- Não sei - ele deu de ombros, varrendo o rosto dela com o olhar - Algo em você me faz pensar que é mais confiável.

Dessa vez, ela não o ignorou.

- Por quê?

- Acho que é porquê você gosta de livros - ele sorriu - Você é a única nesse casarão que gostar de ler, assim como eu.

- Isso me pareceu infantil.

- Okay - admitiu ele - Essa não é a verdadeira razão.

- E qual é a verdadeira?

- Acho... - ele foi se aproximando dela. Katherine sabia que deveria recuar, mas algo dentro dela a impedia, a única coisa que ela conseguia fazer era o imitar, encarar seus lábios tentando esconder o desejo no olhar.

Antes que qualquer coisa pudesse acontecer a porta se abriu, e um muito ofegante Wes adentrou o quarto.

- Eu esqueci de perguntar o que deveria pegar - ele sorriu - Mas pela sua cara deduzi qual era o problema e fui até a caverna pegar lágrimas de fadas - seu sorriso aumentou mais, triunfante - Estou certo? - ele levantou o olhar, percebendo tarde demais a cena na sua frente - O que perdi dessa vez?

- Nada - Finn se levantou, demorando seu olhar em Katherine e pegou o franco com um líquido transparente que estava na mãe de Wes - Obrigado cachos dourados, pode ir embora.

- Até mais Katherine! - ele foi saindo pela porta, mas antes que Katherine pudesse responder, Finn fechou a porta na cara dele e ela largou os braços ao lado do corpo. Ele entornou todo o conteúdo do fransco na boca, e arregalou os olhos, balançando a cabeça, como se o gosto fosse amargo.

- Odeio essa coisa.

- Você acabou de tomar uma lágrima? - perguntou ela - Sério isso?

- Por pior que pareça - disse ele - Sim. Essa coisa pode ser ruim, mas é a única que melhora a ressaca ao mesmo tempo que tira o cheiro do álcool.

- Nada mais de álcool.

- Nada mais de álcool - repetiu ele.

Observando-o bem, ele já parecia melhor. Os óculos tinham caído em cima da cama de Katherine quando ela o rolou para fora de suas pernas, e seus olhos voltaram ao brilho frio de sempre, seu passo parecia mais gracioso, assim como todo seu ser.

- Isso quer dizer que já podemos ir para seja lá onde os monstros vivem?

Ele sorriu. Seu sorriso não era divertido, nem aquele seu sorriso frio de sempre que dizia que ele iria acabar com você verbalmente, mas era um sorriso de derrota, como se ele estivesse acabado de perder uma briga mas não se permitia chorar. Katherine conhecia aquele sorriso, geralmente, aquele era o sorriso dela própria.

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- Então - disse Finn parando na frente da porta - Pronta?

Eles estavam no complexo da caverna que era cheio de portas. A porta em que estavam parados na frente não tinha jaula alguma nas laterias, parecia ser uma das portas menos utilizadas na sala. Esta e a porta no outro lado da sala que era vermelha, tinham maçanetas mais enferrujadas que as outras. A porta tinha um tom meio esverdeado, como se tivesse sido verde a muito tempo atrás.

Ela assentiu sem dizer uma palavra e Finn sorriu com deboche dela. Ele tinha trocado de roupa mas não estava nem um pouco diferente. Continuava com a jaqueta, uma blusa branca com algumas escritas que Katherine desconhecia, a calça jeans preta e os tênis sujos. Ela própria estava mais ou menos assim: calça jeans, regata branca e colete de couro, com os seus coturnos que ela trouxera de casa.

Ele saiu da frente da porta e a abriu. Katherine prendeu o fôlego e cruzou a porta.

- Bem-vinda - disse ele quando eles atravessaram o portal - Ao poço.


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