Armadilhas Do Amor escrita por Lady Mary


Capítulo 3
"Cheiro de vadia no ar"




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Leo e Rafa ligaram o vídeo game enquanto eu fazia pipoca.

– Pipoca pronta, meninos! - Eu disse, sorrindo para eles e sentando no espaço do sofá entre os dois.

– Hmm... - Acho que estavam concentrados demais no jogo para pipoca. Ou para interagir com outros seres humanos. Fiz um beicinho dizendo:

– Ok, se não vão me dar atenção, tudo bem, vou comer a pipoca sozinha lá no meu quarto.

– Ah, calma aí, Lu! Não vai não! - Disse rapidamente o Rafa, pausando o jogo. "Se um garoto pausa o video game para te responder, case-se com ele." Costumava dizer minha amiga, em Curitiba. Dei uma risada com esse pensamento.

– O que foi? - Perguntou Leo.

– Nada. - menti, rindo da minha piada secreta por dentro.

– E então, vamos fazer o que agora, já que a princesinha não aceita que liguemos o video game em sua presença? - Disse o Rafa, com falso ressentimento. E, espera, princesinha?

– Ah, sei lá, a gente podia jogar alguma coisa. - Sugeri.

– Video game? - Perguntou Leo, esperançoso.

– Não! Estou falando de jogos de tabuleiro, cartas, ou algo assim! - Eu disse, dando um soco de leve no braço dele. Ele fez um beicinho.

– Ahhh.

– Você tem algum jogo, Leo? - Perguntei. Eu não tinha nenhum.

– Ah, sei lá. Acho que eu tenho UNO.

– Então pega, ué!

– Mas, bem, eu não sei onde ele está...

– Procura! Por favor...

– Ta bom...

Leo foi procurar o jogo e Rafa deu um sorriso para mim. Eu sorri de volta, e peguei mais um pouco de pipoca.

– E então, Lu, - Disse o Rafa, tentando puxar assunto. - Você morava onde mesmo?

– Curitiba.

– Ah, é, você morava com a sua mãe, né?

– Isso. Me mudei para cá porque, bem, meu pai achava que precisava passar mais tempo comigo, e minha mãe está fazendo um roteiro louco de viagens por toda a América com o noivo. Achei que seria bom passar uns tempos aqui.

– Ah. Você já foi no Cristo Redentor?

– Já, mas faz tempo, eu era pequena, não me lembro direito. Mas lembro que a vista é linda!

– É mesmo! Se você quiser eu podia te levar lá um dia desses.

Fiquei empolgada. Rafa era uma ótima companhia, e estava se oferecendo pra me levar no Cristo! Eu tinha planos de ir lá novamente desde que soube que iria morar no Rio.

– Sério? Ah que legal! Você pode mesmo? Rafa, você é um anjo! - Eu disse, abraçando-o e dando beijinhos no seu rosto. Ele sorriu, e quando o larguei ele passou o braço pelos meus ombros. Peguei mais um pouco de pipoca.

Leo apareceu nas escadas e por um segundo pensei ter visto no seu rosto um misto de surpresa e raiva, mas devia ser engano meu, ele não tinha motivos para isso. Minha tia-avó costumava dizer que as vezes os olhos pregavam peças na gente, as vezes, de acordo com o que o coração sentia. Isso, antes de ela morrer em um sanatório, com alucinações.

Leo desceu as escadas trazendo o jogo nas mãos.

– E aí, interrompi alguma coisa? - Ele disse, jogando a cabeça para trás e rindo. Não entendi a piada, mas o Rafa pareceu ter ficado com raiva. Eu e minha lerdeza.

– Ok, vamos jogar! - Eu disse, pegando as cartas das mão de Leo.

Nós jogamos várias partidas, até que eu me levantei, pegando o pote de pipoca já vazio e levando-o para a cozinha.

– Estou meio cansada. Vamos parar por aqui?

– Ta.

– Ok.

– E agora, vamos fazer o que? - perguntei.

– Ah, sei lá, que tal você tirar a roupa enquanto bebemos tequila? - Brincou Leo.

– Cala boca! - Eu falei, dando um soco no seu ombro.

– A gente podia ver um filme! - Sugeriu o Rafa. Concordei na hora, procurando algum filme na gaveta de meu pai.

– Ok, temos aqui, Água para Elefantes, Querido John, O Menino do Pijama Listrado... - Fui listando os filmes bons, mas Leo me cortou.

– Ah, fala sério, isso é filme de mulherzinha! - Tentei protestar, mas Leo nem me deu chance. Tirou um DVD de outra gaveta, aparentemente novo. - Olha cara, o filme que a gente queria ver!

– Vocês vão ver a Liga da Justiça? - interrompi.

– Liga da Justiça nada! É Capitão América! - Rafa disse isso como se fosse extremamente importante, ou como se fizesse muita diferença.

– Dá no mesmo. -eu disse.

– Não dá não! - Defendeu Leo.

– Dá sim, super-herói é tudo igual!

– Não é não!

– Ei - Rafa interrompeu a pequena discussão imatura minha e de Leo. - Vamos assistir ou não?

– A esse filme? - Disse, mostrando claramente meu desinteresse.

– Ah, por favor, Luaninha, nós jogamos o que você queria, agora é nossa vez! - Disse o Leo, fazendo carinha de cachorro pidão. Ele estava ridículamente estúpido, ou estúpidamente ridículo, não sei, fazendo aquela cara, mas, putz, ele continuava lindo. Difícil negar.

– Ta bom. - Eu disse, desanimada. Os meninos comemoraram, e deram um beijinho cada um em um lado do meu rosto, e eu sorri, envergonhada. Coloquei o DVD, e quando fui sentar, Rafa e Leo ocupavam o sofá inteiro.

– Ei! E eu, onde fico?

Leo então me puxou pela cintura, e me colocou ao seu lado, na ponta do sofá, de modo que minhas pernas ficavam no seu colo.

– Ei! - Eu dei um gritinho de surpresa, misturado a risadas e Leo colocou o dedo em meus lábios, dizendo:

– Shhh, já vai começar. - E dando um sorriso malicioso.

O filme era extremamente entediante. Um garoto magrela, que resolve entrar em uma máquina e... Bum! Do nada fica super bombado. Na metade do filme eu dormi.

Quando acordei, minha cabeça estava no peito de Leo e seus braços me envolviam. Era desconfortável ficar ali, mas também, de certa forma, era bom ficar aninhada daquele jeito em seus braços. Os meninos tinham os olhos vidrados no filme. Tentei encontrar um jeito de sentar-me no sofá sem ficar no colo de Leo. Difícil. Eles ocupavam o sofá inteiro. Então me levantei, bebi um copo de água e sentei-me no meio de Leo e Rafa, obrigando-os a ceder-me espaço. Rafa envolveu seu braço em meus ombros, meio que automaticamente, pois estava quase que hipnotizado pelo filme.

Finalmente os créditos começaram a passar. Rafa olhou no relógio.

– Ih gente, acho melhor eu ir.

–Tchau mano, até amanhã. - Disse Leo.

– Tchau cara, até. - disse Rafa, depois disse, dirigindo-se a mim - Tchau Lulu, até amanhã, princesinha. - E me deu um abraço de urso e um beijo no rosto.

– Tchau Rafa, até amanhã!

Rafa foi embora. Leo estava me fitando.

O tempo passou muito rápido, e quando vi já eram quase 19:00 hs.

– Ahn, eu vou pro meu quarto, tenho um trabalho de Matemática para fazer, ok? - Disse.

– Ah, ok! - Respondeu Leo, pegando o celular nas mãos.

Já estava subindo as escadas, e meu pai e Rosa entraram.

– Olá, crianças. - Ele disse, desci as escadas, dando nele um abraço e um beijo no rosto e fui cumprimentar Rosa, que me deu um beijo no rosto.

– Oi querida, como foi seu dia? - Perguntou meu pai.

– Bem, nós almoçamos com uns amigos no shopping, e o Rafa passou a tarde aqui. Ele acabou de sair aliás.

– Ah, que bom que já está se enturmando então!

Subi para o meu quarto, e tomei um banho. Coloquei minha camisola, e fui fazer o tal trabalho. Quando terminei, desci as escadas e comi alguma coisa. Nem sinal de Leo. Subi novamente para o meu quarto. Estava exausta e me joguei na cama.

Acordei umas 4:30 h da manhã. Não conseguia voltar a dormir. Resolvi ir à cozinha beber um pouco de água. Estava quase descendo as escadas quando ouvi duas vozes na cozinha. Uma era a de Leo, a outra, de uma garota. Me espreitei na escada e vi uma garota da minha idade, sentada no balcão da cozinha, com Leo na sua frente segurando-a pela cintura. Ela só vestia uma micro saia e estava de sutiã.

– Acho melhor eu ir agora, meu pai não sabe que eu vim. - Disse ela, descendo do balcão e colocando um top. Ela o beijou, e Leo segurava a sua bunda. "Cheiro de vadia no ar" pensei. Mas nesse momento eu espirrei sem querer, e os dois olharam, pra mim.

Fiz cara de sono, fingindo que tinha acabado de chegar e desci as escadas indo pegar um copo de água.

– Ahn, oi... - disse.

– Lu! Essa, bem, essa é a Alexia.

– Oi. - disse ela, timidamente, pegando a bolsa. - acho melhor eu ir agora, xau! - E saiu, com pressa.

– Quem era aquela garota? - perguntei, irritada.

– Calma! - Ele levantou as mãos, como se estivesse se rendendo. - Era só uma garota!

– Ela dormiu aqui?

– Dormir, ela quase não dormiu... - Ele murmurou, com um sorriso malicioso.

– O que?! - Eu quase gritei, mas não queria acordar mais ninguém.

– Calma, calma! Porque se importa tanto?

– Eu também moro aqui ué, só quero saber se vou ter que me acostumar com isso! - Ainda estava irritada, mas tentei controlar meu tom de voz.

– Ah, sei lá. Bem, não é da sua conta saber cada vez que eu durmo com uma garota!

– Ok, bom resto de madrugada então. - Eu disse batendo os pés.

– Pra você também. - Ele disse, subindo as escadas irritado. Coloquei o copo na pia e fui para meu quarto, me perguntando o porquê de eu ter ficado tão irritada. Nisso Leo tinha razão, não era da minha conta. Adormeci com esses pensamentos.

Quase perdi a hora, acordei ainda com bastante sono, e nem me dei ao trabalho de trocar de roupa, apenas lavei o rosto e desci as escadas de camisola mesmo. Novamente encontrei Leo, apenas com a bermuda do pijama fazendo café. Peguei uma barra de cereais e me encostei no balcão, ao lado dele.

– Bom dia! - Eu disse.

– Bom dia... - Ele respondeu. Era aparente que ainda estava chateado.

– Ei, Leo, - eu o fiz olhar para mim. - me desculpa por essa madrugada, ok, você tem razão, não era da minha conta. - Apesar de eu ter dito isso, ainda estava um pouco irritada. Mas sufoquei esse sentimento.

Ele olhou para mim dando um sorriso lindo, e em seguida meu puxou pela cintura e me deu um abraço de urso, quase me sufocando. E eu sorri comigo mesma. Quando ele me soltou, me olhou dos pés a cabeça e disse:

– Porra, Luana, você fica gostosa demais com essa camisola.


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Notas finais do capítulo

Então queridos(a), espero que tenham gostado >.< comentem aí, deixem sugestões, críticas construtivas são sempre bem vindas!



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