P.D.V Peeta

  – Você?! – dissemos em uníssono.

  A mesma garota que havia caído em cima de mim, naquela manhã, estava bem diante de mim, sentada naquela mesa, com minha irmã e meus amigos.

  – Bem, pelo visto vocês já se conhecem – diz minha querida irmãzinha.

  – É, nós nos esbarramos hoje de manhã – digo, vendo a garota corar com o comentário.

  – Então tá, né! – diz Clove.

  – Mas vocês sabem o nome um do outro? – pergunta Annie.

  – Na verdade, não – digo.

  – Bem, – Clove volta a falar – Essa é a Katniss – ela aponta para a garota, e continua – E Katniss, esse é o Peeta, meu irmão mais velho. – Ela aponta para mim agora.

  – Prazer – digo com um sorriso, estendendo à mão em forma de cumprimento.

  – Prazer – ela diz apertando minha mão.

  Nossa! Como à mão dela é quente!

  Acabo me perdendo em seus olhos incrivelmente cinzas. Parecia que eu estava sendo hipnotizado por eles. Ela também olhava no fundo dos meus olhos, como se pudesse ver minha alma.

  – Hum, hum – pigarreou Cato, tirando-me do transe – E então Annie – ele se vira para morena em sua frente – Vai rolar mesmo à festa na sua casa?

  – Vai rolar sim! – fala a morena animada – A bebida vai ser liberada, e terá quartos à disposição para quem quiser aproveitar mais. – diz com um sorriso malicioso.

  – Annie, sua pervertida! – diz Clove rindo – Temos uma novata no grupo, então, mais respeito!

  – Até parece Clove! – se manifesta Madge, que estava calada até então – Como se você fosse uma santa – todos riem do comentário nada sensível de Mad.

  – Só queria passar uma boa imagem para a Kat – a baixinha se defende.

  – Não, você queria passar uma imagem falsa para a “Kat” – a loira rebate, fazendo Clove bufar.

  – Katniss, se você quiser ir, vai ser um prazer – diz Cato, claramente flertando com a morena, e Clove revira os olhos.

  – Cato, pode ir tirando o cavalinho da chuva, porquê a Kat não vai cair na sua lábia, não – diz minha irmã, com uma carranca.

  Ah não! Vai começar!

  – O que foi? Está com ciúmes Clovinha?! – provoca Cato.

  Clove odeia quando Cato a chama assim.

  – Até parece! Eu? Com ciúmes de você?! Não me faça rir Cato – diz ela o provocando também.

  – Você ainda vai se rastejar aos meus pés – diz o loiro.

  – Sonha Cato, sonha.

  – Sonhos se realizam, sabia?

  – Sim, alguns deles se realizam – agora ela olha fixamente para Cato – Mas não são todos, e queridinho, pode ter certeza que esse seu sonho, nunca, eu repito, NUNCA vai se realizar.

  Então ela se levanta, e se aproxima de Cato, aproximando sua boca da orelha do mesmo.

  – Eu não vou ser mais uma na sua listinha idiota – se vira e vai andando em direção a saída do refeitório.

  Todo mundo olha para Cato que está sem reação, de repente, ele levanta e sai correndo na mesma direção que Clove.

  – Isso foi tenso – diz Finnick.

  – E pelo o que eu conheço dos dois, vai piorar – digo.

  – O-ou – diz Gale.

  – O-ou mesmo – concordo.

P.D.V Cato

  Qual o problema dessa garota?! Por quê ela insisti em me tratar mal?!

  Mas isso não vai ficar assim!

  Me levanto e vou atrás dela. Depois de alguns minutos a vejo em uma parte isolada do pátio. Vou até lá, e paro a poucos metros dela.

  – Se você veio até aqui, porque quer que eu me desculpe, perdeu seu tempo – ela diz sem ao menos ver quem era.

  – Você realmente acha que eu vou te tratar, como eu trato as outras? – pergunto retoricamente.

  – Acho, pra você, eu sou uma puta qualquer – ela joga na minha cara – Ou você acha que eu vou ficar me iludindo como as outras?

  – Talvez você tenha razão – admito, enquanto fito o chão.

  Então, sinto alguém segurando meu queixo com delicadeza e levantando à minha cabeça.

  – Talvez, você precise de alguém que te dê o que você tanto quer dos seus pais – ela faz uma pausa, olha nos meus olhos e continua – Carinho, atenção, compreensão e o mais importante: Amor.

  Seu rosto começa a se aproximar do meu, e, automaticamente, eu começo a aproximar meu rosto do seu, posso sentir seu hálito fresco batendo contra os meus lábios, nossas respirações se cruzando...

  Então, ela dá um sorriso e aproxima sua boca de minha orelha, pela segunda vez hoje, sua respiração batendo em minha nuca, fazendo-me arrepiar, e diz:

  – Viu como é fácil te enganar? – ela sussurra, se vira e se afasta rindo da minha cara, enquanto eu continuo parado que nem um idiota!

  Como eu sou estúpido! Burro, imbecil, babaca, otário! Argh!

  Como eu fui cair nessa?!

  Mas essa nanica me paga! Ah, se paga!

P.D.V Katniss

  Depois de Cato e Clove saírem, ficamos mais alguns minutos em silêncio. Ninguém tinha, ou não queria, falar absolutamente nada.

  – Bom – pigarreou o tal Gale – Acho que eles ainda não se mataram, porque não houve gritaria, nem confusão até agora.

  – Isso se a Clove não usou uma das facas dela – murmura Peeta.

  – Ai! Credo Peeta! A Clo não é uma assassina! – diz Annie fazendo sinal de cruz.

  – Eu concordo com o Peeta – diz Finnick – O Cato desperta o pior na baixinha.

  – Deixa só a Clove te ouvir chamando ela de baixinha – diz a loirinha, Madge – Talvez ela use a faca em você, e faça algo muito pior que te matar. Seria bom para as criancinhas do orfanato – ela completa com uma risada malévola.

  Finnick, por sua vez, coloca as mãos sobre seu, como posso dizer... “amiguinho”, arrancando uma risada de todos nós.

  – Então Katniss, vê se aparece na minha festa sexta-feira – diz Annie quando consegue controlar seu ataque de riso – Você pode ir com a Clo.

  – Eu vou ver se consigo ir – respondo, tentando parecer simpática.

  – Gente – diz Madge – A Clo me mandou uma mensagem, dizendo para nós irmos nos encontrar com ela no banheiro, porque ela tem uma coisa urgente para nos contar.

  Nós assentimos, e seguimos para o banheiro, deixando três pares de olhos curiosos.

  Chegando ao banheiro, encontramos uma Clove sorridente.

  – O que você tem de tão importante para nos contar? – pergunta Annie, arqueando uma sobrancelha.

  Clove suspira, ainda sorrindo e nos conta o porquê de ela estar tão feliz.

  Quando ela acaba de contar, nós começamos a rir histericamente. Eu tenho que admitir que foi engraçado!

  – Espera aí – diz Madge gargalhando – Cato, o pegador da escola, o cara mais galinha que eu conheço, caiu nessa?!

  – Clove, você merece o óscar depois dessa performance! – digo voltando a explodir em risadas.

P.D.V Peeta

  – Então, quer dizer que você caiu na da baixinha?! – pergunta Finnick, morrendo de rir.

  – É, é – resmunga Cato – Vai rindo mesmo, mas o que é dela está guardado, e eu vou me vingar!

  – Você e a Clove têm que parar com isso – eu digo.

  – Um dia, eu ainda vou ser convidado pro casamento de vocês – diz Gale.

  – Até parece Ga-Y-le – rebate Cato.

  Algo me diz que isso não vai dar certo.