Disturbed escrita por AnnieBell


Capítulo 1
Capítulo 1




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É estranho como coisas ruins sempre acontecem conosco.Como a música que um dia meu pai me mostrou,que dizia "As piores coisas na vida vêm de graça para nós".Não me lembro o nome da música e nem mesmo do autor,apesar de me lembrar dessa frase até hoje e saber que foi uma das melhores músicas que já ouvi na minha vida.O fato de ter sido meu pai a mostra-la para mim faz com que ela seja ainda mais especial para mim,porque eu sinto falta dele e queria que ele estivesse aqui.Considero essa música feita para nós dois.Nós sempre tivemos uma ótima relação um com o outro.Eu podia confiar nele e contava qualquer coisa,e ele fazia o mesmo comigo.Ele é o tipo de pai que te trata do melhor jeito possível sempre.Nunca levantou a voz comigo,nem uma única vez.Nunca bateu em mim.Sempre dava seu melhor para me dar tudo que eu quisesse,sempre me fez sentir como uma princesa.Mas ontem foi o enterro dele,e não sei se algum dia vou me sentir assim outra vez.

Minha mãe até me ajuda,é bem companheira também.Mas ela nunca será como meu pai.Também não posso dizer que meu pai era melhor que ela,os dois são maravilhosos e eu os amo mais que tudo,mesmo depois da minha perda.Antigamente meu pai me reconfortava quando eu chegava em casa depois de um dia difícil na escola,por culpa das outras garotas.Eu sofro bullying e não é nada fácil,porque parece que a escola inteira é contra mim.Mas meu pai tornava isso suportável.Agora cabe a minha mãe me ajudar,e não sei se ela pode fazer isso.Estou atrasada para a escola.

–Tchau mãe! - Gritei e saí correndo pela porta da frente.

–Mas filha,o seu dinheiro! - Ela gritou para mim.

–Não vou precisar lanchar hoje,tchau!

E corri para a escola.No geral a escola não é longe de casa,fica só a 3 quarteirões daqui.Mas para quem está atrasada não é fácil chegar lá em cinco minutos.Acabei chegando no segundo horário e fui para a diretoria,mas eu conheço a diretora e ela é bem legal comigo,então ela simplesmente me deixou explicar tudo e me mandou para a sala.

–Ãhn...com licença,professor?

–Ah! Adriane,pode entrar.

–Oi Adri...-disse a garota que eu mais odeio na escola,Jéssica.Ela deu um sorrisinho para mim e eu retribuí com uma cara sínica.

Fui me sentar no meu lugar,dando pequenos pulinhos quando os garotos colocavam o pé para eu tropeçar.Me sentei e prestei o máximo de atenção possível,porque em parte estava pensando no meu pai e em como teria que ir para casa a pé hoje.Deu o intervalo e o professor saiu,junto com alguns alunos.Eu fiquei na sala,oque foi uma péssima escolha,porque Jéssica e seu grupo de amigos me rodearam tão rápido que nem pude pensar em dizer "Oi".

–Falando com seus amigos fantasmas? - Ela perguntou porque por acaso eu estava cantarolando baixinho a música do meu pai.E os amigos dela riram.

–Ah,com certeza. - eu respondi - Estamos falando sobre quão estúpida você consegue ser.

Ela ficou confusa,porque ela é realmente burra,mas depois entendeu e me derrubou da cadeira.E os amigos dela riram.E eu sorri irônica.Me levantei e me sentei,e eles saíram da sala.Passou uns dez minutos e eles voltaram.E o professor voltou.E recomeçamos a aula.

No fim do dia,na hora da saída,eu estava indo para casa e ouvi alguém me chamar.

–Ariane! Espera,baixinha. - Era o Erik.Ele não era meu amigo,mas nós nunca nos odiamos e ele nunca zombou de mim,embora fosse amigo da Jéssica e nunca faz nada quando ela meche comigo.Até onde eu saiba eles estavam namorando,mas ela nunca "oficializou".Nós até que conversamos,mas evito ele porque o fato dele ser amigo da Jéssica já me deixa enojada.-E aí?

–E aí?

Estávamos andando lado a lado agora.Não era um silêncio incômodo porque normalmente ele só fala,fala e fala e eu só concordo com a cabeça,mesmo não ouvindo direito.Mas dessa vez ele ficou calado.Ele parecia com medo de falar alguma coisa,e isso era estranho.

–Aconteceu alguma coisa,Erik?

Ele ficou em silêncio por um tempo.

–Eu soube oque aconteceu - ele disse - Você sabe...

–Sim.Não vamos falar sobre isso.Aliás,não fale sobre isso.Com ninguém.

–Certo.Sabe,não achei legal oque a Jessie fez com você hoje.

–E era pra ser legal? - ri sínica.

–Não..quer dizer,porque você aguenta ela? Vai...eu não sei,na diretoria? Eles tem que fazer alguma coisa,não é?

Estávamos a uma quadra da minha casa.Eu não pude pensar em outra coisa senão responder:

–E porque você não faz? Quero dizer,ela é sua namorada,conversa com ela,pede para ela parar! Você mesmo ri das piadas sobre mim que ela faz de vez em quando.

–Ah,qual é. - Ele disse.Deu pra perceber que ele mesmo já tinha pensado isso,mas nunca o fez.Talvez ele não se importe o suficiente nem para isso.

–Isso me irrita.

–Oque?

–Essa negligência da sua parte.

–Desde quando? - Ele podia namorar a Jéssica,mas pelo menos não era burro igual a ela.

–Ah,quer saber,esquece. - Tínhamos chegado à minha casa. - Até qualquer dia.

–Agora fala! Porque,em? Por acaso agora virou minha obrigação te ajudar? Só porque o seu pai não vai mais...

-CALA A BOCA! Não fale sobre oque não sabe!

-Estúpida - ele disse enquanto ia embora.

Eu só consegui ficar com vontade de gritar.Porque no geral é isso que eu faço quando estou descontrolada.Mas agora eu estou no meio da rua,e seria um problema se me vissem gritar assim,do nada.

Entrei em casa e subi direto,sem parar nem para falar com minha mãe.No geral ela está acostumada.


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