Uma Criança Com Seu Olhar escrita por Miss Desaster


Capítulo 4
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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— Estou procurando pela Bonnie. – Disse Damon educadamente para o porteiro que acabara de largar a vassoura quando o notou chegando ao balcão.

O senhor de meia idade parou por alguns segundos, provavelmente para associar o nome à pessoa.

— Oh.... Ela não está em casa! Na última semana ela quase não vem por aqui para ficar no hospital com a amiga. – O porteiro tagarelou mais do que o normal, mas isso era bem comum em prédios de pequeno porte.

Dirigindo pelas ruas da cidade, bateu uma saudade do tempo em que morou ali, cantava em bares e corria atrás de uma gravadora. Olhar para trás o fazia ver o quanto havia conquistado, mas ao mesmo tempo das coisas que abriu mão no percurso.

Ainda lembrava do apartamento que as meninas dividiam na faculdade e como chegar lá.

Mesmo ficando perdido três vezes.

Esquecer o número do apartamento não era de se surpreender.

Depois que Bonnie autorizou sua subida bater na porta deixou suas mãos suando frio.

Ela abriu a porta com um sorrisinho:

— Sabia que eu não poderia estar tão errada.

Damon optou por ignorar.

— Oi! – Bonnie apenas saiu do caminho para dar-lhe passagem. O apartamento não era parecido com o pouco que lembrava. E agora havia muitos brinquedos espalhados pela sala com garotinho brincando sentado em um tapete no centro da sala. Colocou as mãos dentro da jaqueta enquanto se aproximava do menino. Suas mãos tremiam.

— David. – Bonnie chamou atenção do menino e só nesse momento notou a presença de um entranho. – Eu quero te apresentar um amigo.

— Quem é você? – O garoto perguntou com os olhos desconfiados.

— Eu.... Eu sou Damon. Muito prazer! – Esticou a mão para David, como faria com qualquer adulto. Não tinha a menor ideia de como agir. O jeito que David o encarava lembrava tanto a si mesmo e os olhos tinham aquela expressão desconfiada como se a qualquer momento alguém pudesse pular em suas costas.

Nesse momento Damon soube que David era seu filho. Como se algum dispositivo fosse acionado.

— Vá conversar com ele! – A morena tentava dar algum incentivo depois de ver o clima ficar desconfortável. Era como se o afilhado soubesse ou sentisse algo sobre Damon. Algo que era muito novo para entender ou explicar.

— Ele não gostou de mim. Crianças não gostam de mim por saber que também não gosto delas. – Bonnie revirou os olhos.

— É diferente. Ele demora para gostar das pessoas.

— O fato de ele ter o mesmo sangue que o meu não muda alguma coisa ou faz mágica.

— Vá logo. Antes que eu jogue molho quente nessa sua roupinha cara.

Damon odiava se sentir encurralado e constrangido. Agora se culpava por ter procurado aquela situação nada promissora.

Depois de algumas tentativas frustradas, Damon apenas continuou sentado no sofá encarando a televisão e as pessoas que se movimentavam no aparelho, mas sua mente não processava.

Fez a única coisa para qual tinha talento. Cantou. Na verdade, era apenas um murmúrio de algumas músicas aleatórias.

Quando começou Isn’t She Lovely, a coisa mais estranha aconteceu naquele dia. David cantava baixinho, sem notar que era Damon cantando e não alguém na tv.

Apenas no final da música o menino se deu conta que estava cantando com o adulto estranho que invadira sua casa.

— Onde você aprendeu essa música? – Nenhuma criança aprenderia esse tipo de música a não ser que tivesse alguma influência adulta.

David ainda olhava para ele com dúvidas, mas respondeu:

— A mamãe gosta de escutar.

— É muito boa. Você já cantou pra ela? – Agora Damon estava seguro em um terreno conhecido para conversar.

Mesmo que fosse com uma criança de quatro anos.

— Não. Ela ‘tá no hospital e não me ouve.

— Mas cantar é bom, mesmo que a pessoa não te ouça. – Talvez falar isso era uma das poucas sinceridades que tinha para mostrar. Suas músicas eram tudo que guardava apenas para si e só poderia colocar para fora nos versos.

— Você conhece a minha mãe? – David questionou em seu tom infantil.

O moreno não gostaria de mentir e muito em breve com toda verdade vindo à tona, eles não teriam o porquê guardar segredos.

— Conheço, mas faz muito tempo. – Damon travou uma batalha para no final ainda sair perdendo a batalha e aceitou – gentilmente forçado -, ficar para o jantar.

Não era ruim, mas essa sensação de estar e ter uma família eram estranhas e desconhecidas. David não estava sorridente ou tão interativo, mas vez ou outra Bonnie conseguia arrancar um sorriso do garoto. No final até ganhou sorvete por ter jantado tudo.

Ou foi o que ele ouviu Bonnie dizendo para o garoto.

Agora David estava de pijamas e via algum desenho animado deitado no sofá.

— Você trabalha à noite, certo? Quem toma conta do David enquanto isso? – Damon estava na cozinha enquanto Bonnie lavava os pratos.

Ela deu uma risadinha.

— Preocupado? – Damon apenas revirou os olhos. – Tem uma garota ótima que acabou de entrar na faculdade e tem um horário legal para ficar com ele. Eu a conheço há anos, ela é ótima e se chama April.

— E que tipo de recomendações essa garota tem? Você não pode deixá-lo com uma pessoa qualquer. – Ele até poderia não entender nada de crianças, mas sabia precisar de alguém especializado para tal coisa.

— Ei cowboy, calma aí. Eu e Elena cuidamos do David desde que nasceu e jamais deixaríamos uma pessoa qualquer tomar conta dele.

— Vou ver com a minha assistente para procurar profissionais com boas referências...

— Não precisa disso! – Bonnie já estava ficando sem paciência pelo tom de voz.

— Claro que precisa. E eu vou pagá-la, assim você pode ter mais tempo para resolver sua vida.

— Ah cala boca. Você pode vir um dia aqui para ficar com a April e ver como ela cuida do seu filho. Depois nós podemos ter essa conversa de novo. E um conselho: Quando a Elena voltar pra casa, não tente bancar o controlador. Você é pai dele, não dono. A Elena continua temperamental do mesmo jeito que você conheceu.

Damon tinha muitos compromissos mesmo estando de férias. Fora que passar muito tempo longe de Los Angeles levantaria perguntas que não poderiam ser respondidas.

— Eu tenho lançamento do meu perfume e as coisas vão ficar complicadas agora.

— Ah claro, o lançamento do perfume. – Bonnie comentou com desdém. – Talvez tenha sido uma péssima ideia trazer você pra vida do David e Elena estava certa. – Agora ela parecia em um diálogo interno.

Damon estava ficando cansado de tanto julgamento. Pelo visto Elena não tinha a menor intenção de apresentar David para ele. Bonnie agora dando a entender que ele era uma péssima escolha.

— Para de me julgar! Eu sei que a situação é difícil, não sou um bom exemplo e fiz muitas escolhas que me levaram onde estou agora. Se vocês escolhessem não contar para o David sobre a minha existência, um dia ele ia querer saber e eu estaria na vida dele de um jeito ou de outro. Independentemente do tempo. – O moreno ficou sem fôlego do discurso improvisado, mas a situação era tão difícil para ele quanto para elas.


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Notas finais do capítulo

Não sei se vocês perceberam, mas eu tenho postado toda quinta-feira. Não é uma promessa, porém vou tentar fazer que seja o dia correto pra postar e assim teremos um trato. Espero que tenham gostado desse capítulo. Obrigada por acompanharem e me deixarem saber. Se quiserem falar comigo sobre alguma coisa que queiram na fic ou algo do tipo, é só me procurarem no @teamdelenahot. Até semana que vem. Beijos.