By Others Eyes escrita por Yume Arisu


Capítulo 1
Manchas vermelhas.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é narrado por Guertena contando a história dele, não é um capítulo muito grande. A maioria dos capítulos será narrado por Mary, mas neste é um exceção.
Espero que gostem e boa leitura!



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~A quanto tempo estou aqui?~


Eu era um artista, não era tão famoso, mas fazia exposições bem apreciadas. Minha vida estava perfeita, minha mulher e eu finalmente teríamos uma filha...

Minha esposa Rachel, já estava grávida de 5 meses, esperávamos uma menina e decidimos lhe nomear de Mary. Eu

passava horas imaginando como seria minha amada filha, cabelos loiros e olhos azuis como os da minha linda esposa, ela iria passar horas desenhando, uma artista, assim como eu.

Era uma manhã nublada, porém o ar era fresco e um cheiro da grama molhada da chuva da madrugada invadia a casa junto do cheiro das flores do jardim, uma roseira amarela. Eu havia plantado aquela roseira quando me casei. Agora ela dava seus primeiros botões, assim como minha esposa e eu iríamos ter nosso primeiro “fruto”.

Me levantei da cama, ao meu lado o lençol estava frio. Ela já havia acordado... Calcei meus sapatos e fui até a cozinha, a casa não era muito grande, porém aconchegante e decorada com quadros feitos por mim. Na cozinha encontrei Rachel com seus cabelos loiros presos em um coque deixando algumas mechas soltas, juntas da franja dela, ela usava um vestido rosa claro com um avental branco por cima, Rachel preparava um chá. Me sentei na mesa e sorri para ela.

– Não deveria se esforçar... – Ela me percebeu atrás dela sentado na mesa e sorriu de volta.

– Está tudo bem, tenho certeza que Mary não vai se importar de fazer um chá. – Ela desligou o fogão e serviu duas xícaras de chá na mesa. Logo mudou de assunto. – Você vai terminar seu novo quadro hoje?

– Ah sim, pretendo fazer o encerramento hoje, logo terei uma nova exposição. – Respondi dando pequenos goles no chá que as vezes queimava minha língua e eu fazia uma careta que tirava um pequeno riso de Rachel que colocou sua mão sobre a minha que segurava a xícara, como se dissesse que era melhor esperar esfriar pelo menos um pouco.

– Temos que começar a comprar as coisas para Mary... – Eu sabia que ela queria dizer sobre o dinheiro da exposição, arte nunca me rendeu muito dinheiro, mesmo que as pessoas gostassem das minhas obras, Rachel tinha uma floricultura que também ajudava, mas ainda sim a vida nunca foi muito fácil, ainda mais agora que Mary viria em aproximadamente quatro meses.

– Eu vou ser bem pago por essa exposição, não se preocupe. – Tentei beber mais um gole do chá, mas foi uma tentativa falha, pois queimei minha língua mais uma vez. – Você não sabe que um artista só fica famoso depois que morre? – Brinquei com ela, mas ao invés do típico e doce sorriso de Rachel ela fez uma cara com um pouco de desaprovação.

– Nem brinque com isso! – Ela me repreendeu. – Em um momento como esse que estamos, temos que pensar apenas em coisas boas. Afinal, eu nunca conseguiria viver sem você por perto.

Segurei as mãos gélidas e delicadas dela, puxei-as a mim e beijei suas mãos para conforta-la.

– Não se preocupe... Nada de ruim irá acontecer. Eu vou fazer as melhores pinturas e esculturas que já fiz a partir de agora, nunca estive tão feliz, os dois maiores amores da minha vida: Rachel e Mary.

Ela sorriu pra mim e se levantou tirando o avental e o pendurando na cadeira, ela ajeitou o vestido e terminou de beber seu chá, colocando a xícara na pia. Fiz o mesmo terminando meu chá em um só gole, comi alguns biscoitos e me levantei. Rachel saiu em silêncio e foi para o jardim. Voltei para o quarto e coloquei minhas roupas surradas e cheias de mancha de tinta, a maioria das pessoas me via como um desleixado a primeira impressão, ninguém imaginaria um pintor fazendo aquelas obras e usando essas roupas por ai. Mas eu não ligava.

Fui para a sala de estar onde estava a porta de saída, mas lá me esperava Rachel, com um sorriso gentil e alegre no rosto, ela escondia as duas mãos atrás das costas.

– O que você tem ai? – Perguntei a ela que riu de leve.

– Adivinhe... – Ela se aproximou de mim até ficarmos cara a cara. – Senti uma fragrância que logo reconheci.

– Uma rosa? – Chutei quase certo.

– Sabia que você conseguiria – Ela tirou de trás das costas as duas mãos segurando firme, porém ainda delicadamente com todo cuidado uma rosa amarela.

– O primeiro botão se abriu hoje! – Ela contou-me animada e cheirou a rosa – Amo esse cheiro...

– Combina com você... Rosas amarelas... – Me aproximei mais dela e peguei a rosa, que Rachel já havia cuidadosamente retirado os espinhos e coloquei no coque dela - Fica realmente linda em você.

Ela se aproximou mais ainda de mim e me abraçou, logo nos beijamos e pude sentir a barriga de grávida dela encostando em mim, quando senti um chute.

– V-Você viu? – Me afastei um pouco – Mary está chutando! – Disse animado.

– Perto de você ela não para quieta... – Disse Rachel sorrindo

Dei um ultimo beijo dela me despedindo e sai de casa. Peguei o carro e fui até minha galeria, lá estava ela... Minha obra de arte mais preciosa, Mary. Uma garota com os cabelos loiros e olhos azuis, como Rachel, ela usava um lindo vestido verde, com gola branca e um lenço azul da cor dos seus olhos, seu rosto gentil sorria e tinha rosas amarelas em volta da pintura. Essa seria a pintura de destaque na exposição, ficaria no quarto de Mary, decorado de com rosas amarelas.

Enquanto eu planejava tudo e dava o ultimo retoque na pintura meu celular tocou, um número desconhecido.

– Alô? – Atendi normalmente – Quem fala?

– Eu sou Derik... Bem, parece que houve um acidente de carro e uma mulher chamada Rachel disse pra ligar nesse número. É urgente.

– Acidente? Onde? – Perguntei desesperado, ele me passou o endereço e eu desliguei o telefone correndo e peguei o carro e fui até o local.

Chegando lá vi uma ambulância e uma multidão, no chão tinha sangue e uma rosa amarela banhada em vermelho. Peguei a rosa e segui correndo empurrando toda a multidão até chegar na ambulância e gritei.

– RACHEEEEL!!!!!!!!! – Lá estava ela, com seu coque bagunçado, sangue escorria pela sua testa e seus olhos estavam quase se fechando. Me aproximei dela com lagrimas escorrendo de meus olhos e os dela lacrimejavam sem força para chorar.

– Querido.... – Ela tossia sangue sem conseguir falar – Está tudo bem... – Ela tentava me acalmar e fazia força para manter os olhos abertos.

– NÃO! RACHEL! FIQUE COMIGO! Por favor.............. - Eu segurava o lençol que cobria seu corpo ensangüentado com força e ódio e os olhos dela iam se fechando - Eu te amo!

– Eu também te amo... Mais do que você pode imaginar... – Ela forçava sua voz pra falar e manter os olhos abertos.

Peguei a gola de um enfermeiro e o sacudi.

– Faça alguma coisa! Faça algo para ela se manter viva! – Disso com raiva e desesperado, o que não era comum para mim que em geral me mantinha calmo a maior parte do tempo.

– Desculpe senhor... Mas já estamos fazendo tudo o que podemos...

Peguei a rosa amarela ensanguentada em vermelho, a flor amassada tinha poucas pétalas que iam caindo cada vez mais. Voltei para Rachel.

– Rachel... E Mary? – Eu deitei o rosto sobre a barriga dela de leve para não fazer força.

– O bebê não vai sobreviver... É muito novo para ser feito um parto forçado, morreria se já não tiver... Acontecido... – O enfermeiro respondeu tentando ser o mais realista e delicado possível com as palavras, o que não era muito.

Lagrimas escorreram meu rosto, mas Rachel fez a força e levantou o braço colocando sua mão sobre o meu rosto deixando uma marca de sangue, ela acariciou o meu rosto.

– Seja forte... Por Mary........ E por mi....... –Ela não agüentava mais falar e seus olhos fecharam lentamente, lagrimas desceram meu rosto pingando em sua barriga. Rachel havia ido. Para sempre.


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Notas finais do capítulo

Não está muito caprichado, mas eu fiz com pressa antes de dormir porque eu estava animada para começar essa fic. Mesmo assim prometo um desempenho melhor durante os próximos capítulos.
PS.: Eu chorei escrevendo a morte de Rachel T-T



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