Maiores Pesadelos da Humanidade escrita por B Chan


Capítulo 13
Sangue frio


Notas iniciais do capítulo

Olá! Este capitulo paga minha divida, mas ele me deixou triste, muuuuuuuito triste e já descobrirão o porque. Desculpe se aparecerem muitos erros de português, pois não tive tempo de revisar o capitulo. Ah, e o termo eles ou ele não será mais colocado em italico porque não consigo mais configurar como tal.
Espero que gostem ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/340628/chapter/13


È difícil de acreditar que depois de tudo que passei minha maior dificuldade foi criar coragem para remover a estalactite de minha coxa. Meus dedos tremem e por mais que tente me concentrar no movimento erram a direção que devem seguir. Isto me deixa extremamente nervoso e se não fosse pela dor intensa que sinto deixava a arma de gelo derreter na minha perna.

Finalmente entrelaço a ponta dos dedos na estalactite que me fere e num movimento rápido, para que eu não hesite, arranco-a brutalmente. Cerro meus dentes tão fortemente diante do resultado de retirar aquela ponta fina do ferimento que chegam a ficar gastos.

Infelizmente a tortura parece se espalhar. A estalactite antes fixada em minha perna aparentava estar detendo a dor em um único local, mas quando a retirei soltou a mesma para percorrer cada entranha do meu corpo. A dor aguda sai do machucado e começa a subir pela minha perna, desliza pelo meu peito e sobe até a cabeça. Quando atinge a garganta se transforma em um grito. Deixo-o escapar como se fosse aliviar a dor, algo que não acontece.

Aperto a estalactite em minha mão com tanta violência que sinto-a rachar levemente entre meus dedos furiosos. Tenho vontade de usar a mesma ponta de gelo afiada que seguro para acabar com a vida desse monstro, agora tenho mais raiva dele que nunca. Encaro a silhueta imóvel a minha frente. Está com os braços abertos esparramando-se na neve e deixando o peito totalmente desprotegido. Eu poderia simplesmente enterrar qualquer coisa afiada nele. Apenas para satisfazer minha raiva.

Respiro fundo.

Acalme-se Felix. Digo para mim mesmo.

Arremesso a estalactite para longe, antes que faça alguma besteira, sentindo alivio ao vê-la se chocar contra uma arvore quebrando-se em milhares de pedacinhos um pouco avermelhados por conta de meu sangue ainda presente na estrutura.

Apoio-me na arvore a qual o monstro tentou me prender com a rede e ponho-me de pé. Sinto como se tijolos pesados fossem colocados sobre uma base fraca de papelão, a qual seria obrigada a sustenta-los. Cambaleio diante da incapacidade de me manter firme sobre uma perna danificada. Acabo caindo na neve. Respirando fundo tento colocar-me de pé novamente. O resultado é minha queda bruta no chão gelado de novo.

Se alguém aparecesse de repente e me visse nesta situação provavelmente daria risada. Sou similar a um bêbado que quer desesperadamente chegar a lugar nenhum mais está empregado demais para tal por isso se arrasta por ai tombando em todos os cantos.

Decido que a melhor coisa que tenho a fazer é me arrastar. Por mais que doa é necessário. Guardo a arma de Theodor no bolso e com ajuda das mãos me locomovo até o monstro. Deixo minha perna para trás se for preciso, agora o monstro, vou levar nem que acabe morrendo de hemorragia na entrada da aeronave.

Como minha ferida roça-se nos flocos que parecem à vista muito delicados, mas são realmente doloridos como pequenos cacos de vidro acabo por arrancar um pedaço de minha roupa para amarrar no machucado, evitando desta forma também a hemorragia.

Chego ao monstro. Sua face ainda se encontra coberta pelo capuz deixando amostra apenas seus lábios mais sem vida do que já estavam antes. Encontro um graveto grosso e resistente usando-o como muleta para equilibrar meu peso e não precisar usar tanto a perna machucada.

Consigo depois de muito esforço pousar o monstro em um de meus ombros. Ele, ao contrario do que eu imaginava, não é pesado, apenas se tornou porque eu estou ferido.

Começo a me locomover até a aeronave com ele em minhas costas totalmente desmaiado e minha muleta que me está sendo de grande ajuda. Agora não pareço mais um bêbado, aparento mais uma daquelas pessoas que se perderam no deserto e se encontram acabadas serpenteando a procura de água.

Após minutos que me pareceram horas avisto a aeronave. Sinto como se estivesse morrendo de sede e lá fosse um oásis. Tento apertar o passo, apesar de ser meio impossível, para chegar rapidamente. A porta geral está aberta o que me faria reclamar se não estivesse num estado tão deplorável, em vez disso apenas agradeci por não precisar ficar parado no frio esperando alguém abrir a entrada.

Subo a pequena rampa metálica com dificuldade chegando à pequena porta cuja entrada exige uma senha. Digiro-a rapidamente e vejo o metal subir a minha frente. Quando penetro a sala de refeições sinto o calor possuir meu corpo aliviando brevemente a dor. È tão bom senti-lo novamente.

Olho para cima vendo o local ocupado por algumas malas preparadas pelos soldados para depois que sairmos daqui receberem suas merecidas férias adiantadas. Alguns deles estão perdidos por no ressinto. Um deles me vê. Seu queixo cai quando seus olhos pousam em minha coxa sangrando.

Agora que estou no calor, não mais tendo os sentidos amortecidos pelo frio, consigo notar que me encontro com febre. Meu corpo inteiro passa por calafrios e sinto um cansaço tremendo. O soldado que me avistou junto de alguns outros vem na minha direção. Durante sua caminhada quase corrida pergunta-me.

– General, você está bem?

A pergunta dele é bastante idiota porque estou visivelmente ferido, então não respondo apenas produzo um som sofrido.

– O que é isso em seu ombro – Diz um outro levantando de uma mesa para vir me socorrer – È Marlleni?

Não tenho tempo de responder. Todos chegam um pouco tarde demais. De repente me sinto tão mal que acabo cedendo e indo de encontro ao chão. Acho que o esforço que fiz foi muito exagerado.

Abandono o corpo do monstro durante a queda. Minha cabeça choca-se contra algo metálico deixando minha visão turva. Felizmente vejo alguns movimentos antes de apagar completamente.

O soldado se aproxima de mim e começa a mexer a boca pronunciando sons que não consigo decifrar. O outro que me perguntou sobre Marlleni se aproxima do monstro da área glacial caído ao meu lado. Seu capuz abandonou o rosto, mas consigo ver muito mal sua face. Porém o soldado consegue. Este solta um grito espantado.

– Isso não é Marlleni.

Algo me levanta de forma indelicada e me pousa sobre seu ombro. Meu ângulo da paisagem muda, passo a observar a expressão espantada do soldado que viu o rosto do monstro olhando para mim.

– O que é essa coisa? – Pergunta ele apontando para o casaco branco grosso esparramado pelo piso metálico. Ainda não consigo ver o rosto do monstro.

– Isso é o monstro da área glacial – Digo num suspiro.


X-X-X



A luz penetra minhas pupilas vagarosamente. O som ambiente é de alguma maquina a minha direita produzindo algo parecido com um bip a cada segundo. Bip. Bip. Bip.

Abro os olhos. Estou no centro de emergências improvisado na aeronave da Dex-dawn. A minha frente há uma parede prateada com uma pequena porta de metal, uma cadeira de madeira, a qual não combina com o resto da sala, está descansando em um canto com uma figura familiar sobre ela.

– Theodor – Digo com um tom de voz que não parece meu.

O doutor levanta seus olhos que nunca combinaram com o uso de óculos. Sua expressão, inicialmente, esboça dó, depois ele disfarça e sorri.

– Oi.

– Fico feliz que tenha voltado – Continuo com um tom um pouquinho mais meu. Não gosto de admitir que eu estou realmente contente ao vê-lo, mas simplesmente deixo a verdade transparecer visto que logo lhe ligaria para pedir desculpas.

– Que bom. Creio que eu esteja perdoado afinal, certo? – Pergunta ele ainda sorrindo.

– Certo.

Assim meu companheiro se levanta e vem se sentar na ponta da cama dura típica de hospitais.

– Está se sentindo melhor? – Pergunta.

Ouvindo isto paro para pensar. Não estou mais tendo calafrios. Nem cansaço. Muito menos dor na perna. Muito pelo contrario, minha dor simplesmente sumiu.

– O que você fez? – Questiono.

Theodor aponta para aquilo que se encontra fazendo bip ao meu lado. Viro o rosto devagar para ver. Ao redor de meus braços há uma espécie de tubo grosso feito de metal. Algumas fendas estão riscadas ao longo da estrutura e delas é possível ver uma fraca luz alaranjada, esta mesma parte exala um ar quente muito confortante. É um aquecedor.

– Você ia morrer de hipotermia – Diz o doutor.

Antes meu corpo inteiro parecia estar coberto por cubos de gelo me deixando com uma sensação ruim, agora sinto-me renovado.

– E minha perna? – Questiono abrindo um sorriso contente e totalmente grato – O que você fez nela? Eu não estou sentindo nada.

O sorriso de Theodor se fecha.

– Bem, a sua perna... ela é um caso especial.

– Como assim?

– Ahn... você está sentindo algo?

– Nada. Nada mesmo.

De repente minhas próprias palavras me atingem. Nada. Não sinto nada.

– Não – Digo num tom sombrio – Não.

Neste instante meus olhos descem até meu quadril. O que eu vejo não parece meu. Parece outra coisa, parece que colocaram o corpo de outra pessoa em mim. Isto não é real. Não está acontecendo comigo.

– Eu lamento, Felix – Diz o doutor.

Meu peito sobe e desce com a respiração pesada enquanto encaro o lugar vazio onde deveria estar minha perna. Um lençol branco me cobre, mas na parte ao lado da perna que ainda existe está murcho. Sem nada para preenchê-lo.

Theodor logo percebe minha indignação.

– Eu juro que tentamos de tudo – Fala ele – Mas o caso era complicado demais. A estalactite não só o feriu como também espalhou resíduos de gelo na sua corrente sanguínea, a sua perna estava congelada.

– Não tinha como aquece-la? Como fez com os braços? – Questiono num sussurro espantado.

– As células já tinham parado de funcionar.

Fico sem palavras. 

– Mas ainda podemos te ajudar com as melhores pernas mecânicas que a tecnologia pode fabricar. Eu vou dar o meu melhor, pode ficar tranquilo, você poderá correr, caminha, e até nadar!

Fico alguns minutos sem dizer coisa alguma espantado. Com os olhos ainda fixos no local onde deveria estar minha perna digo friamente.

– Onde ele está?

– Ele quem?

– O monstro da aérea glacial.

– Está junto dos outros.

– Me dê uma muleta ou qualquer coisa do tipo – Digo – Eu vou lhe fazer uma visita.


X-X-X

Acho que o doutor não discutiu comigo por pura dó do meu estado. Com uma muleta improvisada, porém muito melhor que qualquer graveto me aproximo da sala onde se encontram os pesadelos. Passo por uns cinco guardas armados antes de chegar ao local desejado, acho que estão protegendo muito bem a sala que guarda os quatro monstros, sendo um deles realmente perigoso.

Paro observando os monstros lá dentro pela nova porta que instalaram onde é possível ver o que há dentro sendo que quem se encontra no ressinto não pode ver quem está fora. Aquele que tanto quero me matar está completamente imóvel, já acordado e ainda com a cabeça baixa e o capuz sobre a mesma, porém acorrentado por milhares de corretes fortes que o prendem a uma cadeira, envolta de seu ser, assim como os outros, há um tubo de vidro.

Lucy movimenta as mãos tentando acertar o próprio tubo enquanto de suas palmas aparecem pequenas bolas de fogo. Mas do mesmo jeito que elas aparecem, se desmancham ao quicarem no vidro resistente.

– Desista – Comenta Cold com a testa apoiada no vidro de seu tubo parecendo exausto – Isto é mais resistente que aço.

Lucy permanece como estava sem dar ouvidos ao monstro do lago Ness.

– Tem alguma ideia melhor? – Pergunta enquanto observa uma chama iluminar seu tubo e estourar no vidro. Ela suspira.

– Tenho – Diz Cold- Sente-se e espere a morte.

Assim ele sorri com deboche.

– Certo. Talvez sua vida seja tão patética que não queira mais voltar para o lago estupido – Retruca Lucy – Mas minha vida era maravilhosa, estou com saudades dos meus cérberos.

– Pelo menos eu ainda tenho casa – Devolve o monstro do lago Ness – Você é uma sem-teto.

O diabo solta um grito raivoso que é acompanhado por uma bola de fogo de tamanho médio que brota de sua mão. Ela dispara contra o vidro com potencia, mas quando o acerta some como fumaça. Isto faz Lucy sentar-se desapontada e cobrir o rosto com os dedos.

Cold dá risada.

– Fraca – Comenta girando os olhos para o monstro da aérea glacial – Então abominável homem das neves, não vai tentar resistir?

O silencio lhe responde.

– Não vê que gelinho não tem nem como se mover? – Diz Lucy em tom sarcástico.

– Gelinho? – Questiona Cold.

– Sim, é um apelido carinhoso – Responde ela. Após um tempo abre um sorriso provocador – Porque o espanto? Eu e o abominável homem das neves não podemos ser amigos? Você tem ciúmes?

– Não – Responde Cold de forma tão rápida que chega a ser duvidosa – Apenas acho que ele vai ficar ofendido com esse apelido tão estupido.

– Você é estupido – Retruca Lucy.

Cansei dessa briga sem graça. Resolvo entrar na sala. Assim que a porta levanta sinto todos os olhares surpresos se fixando em mim. Ignoro-os enquanto apoio minha muleta no chão e me dirijo até o abominável homem das neves no ultimo tubo. O barulho de meu andar pesado é o único som preenchendo o ambiente silencioso. Lucy sendo a mais extrovertida é a primeira a se manifestar.

– Quem fez isso com você, Fefe? – Questiona em tom carinhoso a fim de provocar Cold, este revira os olhos.

Não respondo. Quando estou bem próximo do vidro do monstro sinto o frio exalando lá de dentro. Apenas a sua presença já gela o ar.

– Você destruiu minha vida, e vou fazer o mesmo com você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

T-T
P.S: Soll é a autora dos apelidos Fefe e Gelinho.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Maiores Pesadelos da Humanidade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.