Alone escrita por MiyukiMew


Capítulo 1
Capítulo único




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As paredes acolchoadas e brancas. O chão da mesma forma. O teto parecia inalcançável. Tudo era branco demais. Até mesmo a garota. A pele pálida parecia sumir em contato com as roupas brancas; o cabelo negro se espalhava por seus ombros e cobria boa parte de sua face, inclusive seus olhos azuis.

Ela rolava pelo chão, um sorriso desenhado em seus lábios.

— Ele virá! — Disse. — Ele nunca se atrasa, ele certamente vai me achar aqui!

A garota rolou mais uma vez, até ficar de barriga para cima. Seu sorriso pareceu aumentar.

— Ah, olá, Shinra! — Ela colocou-se de pé rapidamente, passando a mão pelo cabelo para afastá-lo dos olhos. — Me desculpe não estar arrumada, mas é que eu não tive como. — Cruzou as mãos à frente do corpo, constrangida.

O garoto à sua frente estava sério. Sério demais. Os olhos verdes se escondiam atrás dos óculos, o cabelo escuro – tão parecido com o dela – estava desarrumado, de uma forma mais desleixada do que antes.

— Algo errado? — Ela perguntou; o sorriso sumira de sua face.

— Aya... — ele ajeitou os óculos com uma das mãos. — Eu preciso falar contigo.

— Shinra, isso pode esperar! Diga a eles que eu não estou louca! Diga que você é real! Eu não quero ficar aqui!

— Aya, — ele sentou-se, puxando a mão da garota. Ela se sentou ao seu lado e ele prosseguiu: — acho que já está na hora de eu te contar isso. Fomos longe demais.

— O que você quer dizer com isso?

— Eu não sou real, Aya. Por mais que você deseje que eu seja, eu não posso.

— Mas... Eu posso te ver... Shinra, eu consigo te tocar. Você tem que ser real.

— Não. Você quer que eu seja real. Quer tanto que acha que eu sou — ele segurou as mãos dela. — Eu não posso mais ser sua companhia. Eu tenho que ir.

— Mas... Eu... Eu não sou louca!

— É culpa minha. Me desculpe, Aya. Eu queria poder te ajudar, mas não posso. Tente ser feliz sem mim. Eu sei que você consegue.

O garoto sumiu. Simplesmente desapareceu.

As lágrimas rolaram pelo rosto dela.

Algum tempo depois, – quando foi mesmo? Ela não sabia, há muito parara de contar – mudaram-na de cela. Aya já não tinha mais lágrimas. Também não tinha mais forças, pois as desperdiçara ao bater inutilmente nas paredes acolchoadas chamando por ele. Shinra não voltara. Nunca mais voltaria.

Aya não durou muito. Na tarde seguinte, foi encontrada morta.

Suas mãos estavam ensangüentadas; um caco do azulejo branco do banheiro pendia entre seus dedos; outros pedaços da louça estavam ao redor de seu corpo. Um corte profundo em sua garganta ainda derramava sangue. Ao lado, escrito em vermelho, estava “Fui me encontrar com Shinra. Adeus.”.

— Que descanse em paz. — Disse a enfermeira que fechou-lhe os olhos.

Tudo tão branco! Se eu ainda estivesse com ele, talvez eu pudesse ver o colorido das coisas! Eu não quero mais ver todo esse branco! Eu vou ver o Shinra! Se eu puder achá-lo, talvez eu possa voltar a ser normal! Talvez eu possa sair daqui!

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