Eric cruzou os braços.
-Circe.- chamou.
A loira entrou com passos lentos no escritório do Alfa.
A garota fez uma reverência discreta.
Um sorriso discreto se formou nos lábios de Eric. Aquela era a garota. Não que o Alfa estivesse apaixonado: mas aquela era a garota. Desde que se tinha tornado Alfa (havia um ano, quando ele havia completado quinze anos. Essa era a tradição de seu clã: Lýkos), Circe era especial. Era a conselheira e a guerreira da linha da frente.
Os dois se encararam por algins instantes.
O garoto quase não conseguiu conter o impulso de sorrir. Além de tudo, ele e Circe cresceram juntos. Porém, um detalhe o intrigava: Eric não sabia nada sobre a garota. Nem ao menos quem eram seus pais!
A loira olhava para ele com uma expressão intrigada. "Por que você me chamou?", seus olhos pareciam perguntar. Mas Circe respeitava demais o Alfa (ainda que fosse um garoto de dezesseis anos) para fazer a pergunta em voz alta.
-Circe...- ele começou. Ela arregalou os olhos azuis.- Bem, você sabe que há uma guerra próxima...- o garoto não conseguiu terminar a frase. Circe assentiu calmamente, pensando em quais seriam os planos de seu superior.- Você é minha melhor guerreira, minha melhor conselheira, minha melhor estrategista...- ele quase disse 'minha melhor amiga', mas se conteve.- E... E...- na verdade, Eric só queria vê- la. Ele não tinha motivos. Temia que morresse na guerra contra os outros clãs (ou talvez contra o outro clã). Ele finalmente decidiu o que diria.- Eu só queria sua ajuda.
A menina deu um sorriso discreto, mas não disse nada. Um silêncio pesado pairava no ar, e nem Circe nem Eric sabia o que dizer. Mas, foi a garota que quebrou o silêncio.
-Eu teria todo o prazer em ajudá- lo, meu senhor.
Um peso parecia ter acabado de voar das costas de Eric. Ele tinha visto Circe, talvez uma das últimas vezes que a veria... A guerra estava próxima.
-Ótimo, ótimo. Vá então.- isso soou mais desleixado do que Eric pretendia. E, com uma reverência, Circe saiu da sala.
Com um pulo, o garoto se levantou de sua cadeira.
"O que estou fazendo?" pensou, seus pés o levando de um lado para o outro da sala. Talvez, apenas talvez, o muito provavelmente, o Alfa estaria apaixonado.
Eric pulou da janela do gabinete, entrando na floresta que se encontrava logo depois do prédio. Ponto estratégico.
Tentando simplesmente se ocupar, ele se transformou em um grande lobo de pelagem castanha e olhos negros. Nessa forma, tinha quase dois metros de altura.
"Eu não estou apaixonado. Não estou; não estou!" Eric tentava se convencer. Mas isso era exatamente o contrário do que ele sentia.