Sem Medo De Recomeçar escrita por Nyne


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vcs.Leitores e leitoras fantasmas, por favor, deixem seus reviews ok? nem que seja dizendo "eu li".Ótima leitura =)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/340561/chapter/5

Barbara não estava bem. Sua cabeça não parava de doer, parecia que a qualquer momento se soltaria do pescoço e iria ao chão.

Ela não estava em condições de ir para a faculdade aquele dia, muito menos continuar no trabalho. Pediu para sair um pouco mais cedo para ir ao médico. Sua cabeça doía demais.

Foi ao consultório médico conveniado com a empresa e pegou um atestado para o restante daquele dia.

Antes de ir para casa passou em uma farmácia e comprou os remédios que lhe foram receitados.

Quando chegou estava sozinha. Os pais ainda não haviam voltado do trabalho. Engoliu um dos comprimidos e deitou na cama do jeito que estava, nem sequer tirou os sapatos.

O efeito do remédio foi rápido, fazendo com que a jovem caísse no sono.

Um filme começou a se passar em sua mente. Seria um sonho? Os remédios seriam tão fortes assim que sequer a deixava raciocinar direito?

Barbara via várias revistas a sua frente. Algumas com casais sorridentes, outras com moças lindas vestidas de branco. Eram noivas, assim como a grande maioria daquelas revistas.

Ela pega uma das revistas e abre. Algo a puxa para dentro da revista e assim que olha em volta, pode ver um salão grande, todo decorado com flores e algumas folhagens. Olha em sua mão direita e vê uma aliança. Sorri.

Começa a andar por aquele salão e só então percebe que vestia um vestido como o das moças daquelas revistas.

Era tudo tão lindo, tão perfeito. Barbara sorri novamente, porém sente um aperto horrível no peito em seguida. Ao olhar em volta, nada estava lindo como antes.

Agora as flores estavam murchas e a folhagem completamente seca. Abaixa o olhar, encarando o vestido que estava em seu corpo. Não era mais um vestido, agora não passava de um amontoado de farrapos velhos. Levanta a mão direita na altura dos olhos e a linda aliança dourada agora era apenas um circulo de arame enferrujado.

Enquanto sentia o desespero a tomando, ouvia risadas a sua volta, ficando cada vez mais altas.

– Não, não, não. – dizia enquanto se mexia compulsivamente na cama.

Acorda assustada, com os olhos molhados por lágrimas. A cabeça já não doía mais, porém se sentia muito pior do que antes.

Vai até o banheiro e lava o rosto. Aquele sonho... Pensou que já havia superado esquecido tudo e seguido em frente, mas estava enganada.

Voltou para a cama, mas não conseguiu dormir de novo. Aquele sonho maldito havia aberto uma ferida enorme em seu peito, uma ferida que no fundo Barbara sabia que jamais seria fechada.

Olhou no relógio do celular. Ainda dava tempo de ir pra faculdade.

Levanta da cama e vai até o banheiro tomar um banho. Aquilo a ajudaria a relaxar.

Coloca outra roupa, pega os cadernos e sai. Ao menos lá focaria em outras coisas e não ficaria lembrando-se do sonho que a atormentara.

Chegando à faculdade foi direto para sua classe. Poucos alunos estavam lá, afinal era cedo. Raquel já havia chego, e assim que a viu foi falar com ela.

– Já chegou? Saiu mais cedo hoje?

– Minha cabeça estava explodindo. Pedi pra ir ao médico e peguei um atestado.

– Mas se você não esta bem, deveria ter ficado em casa. Depois empresto a matéria pra você.

– Já tomei os remédios que o médico receitou e a dor já passou.

– Já? Então porque você está com essa cara?

– Que cara?

– Sei lá, parece que você até chorou de dor...

Barbara dá um sorriso fraco.

– De dor eu chorei mesmo, mas não dor de cabeça.

Raquel parece não entender, mas antes que pergunte o que estava acontecendo, Barbara fala novamente.

– Estou bem. Ao menos aqui não tenho tempo pra pensar em besteiras.

– Está chateada com alguma coisa não está?

– Nada de importante Raquel, deixa quieto.

– Não deixo quieto coisa nenhuma! Quando eu não estava bem você insistiu pra eu me abrir com você não foi? Fiz isso e me sinto bem melhor hoje.

– É diferente.

– E qual a diferença, me explica? – diz Raquel cruzando os braços diante de Barbara.

– É uma história longa e muito complicada.

– Entendo bem de histórias longas e complicadas Barbara, você já devia saber disso.

Barbara olha sem expressão para Raquel, dando um sorriso vazio em seguida.

– A aula de hoje é muito importante? – pergunta ela.

– Não muito na verdade.

– Ótimo, assim posso sair daqui – diz Barbara pegando seus cadernos.

– Então vou com você.

– Só pra não perder a carona é?

– Claro que não, isso nem me importa.

– Porque quer ir comigo então?

– Assim você não vai ter como tentar me distrair e mudar de assunto.

Barbara não queria ter de lembrar tudo aquilo de novo, se bem que o sonho que teve fez muitas coisas virem a tona novamente.

– Confia em mim do mesmo jeito que eu confiei em você Barbara. Talvez eu até possa te ajudar de alguma forma, sei lá.

Barbara dá um sorriso fraco.

– Me ajudar? Acho difícil. Mas já que você faz tanta questão assim, vou contar minha história pra você.

As jovens foram para a mesma padaria que acabaram pegando o costume de ir. Era uma padaria grande, com espaço reservado para almoço, muito semelhante a uma lanchonete. Ao chegarem pedem um suco pra cada uma.

– Você está triste, você não é assim. O que aconteceu? – pergunta Raquel.

– Como disse, é uma longa história.

– Mas eu quero ouvir.

Barbara leva as mãos ao rosto, ficando muda por alguns segundos. Realmente talvez se abrir com alguém pudesse a ajudar.

– Há uns seis anos eu conheci um cara. Quando bati os olhos nele e ele os dele em mim, foi amor a primeira vista.

Raquel ouvia a cada palavra com um sorriso no rosto.

– Começamos a conversar, até que ficamos amigos e começamos a namorar. Ele me pediu em namoro de joelhos.

– Que lindo!

– Nos primeiros meses foi tudo lindo sabe? Ele dizia palavras bonitas, fazia planos comigo e eu com ele. Um desses planos vindos de mim era ter a minha primeira vez com ele. Já namorávamos a algum tempo, normal pensar nisso né?

Raquel concorda com a cabeça.

– Eu imaginava tudo tão lindo. Um quarto a meia luz, música de fundo, ele me dizendo pra ficar calma e relaxada entre beijos e carinhos.

– Que garota não sonha com isso? – pergunta Raquel com um sorriso triste.

– Pois é eu sonhava. Mas na hora foi tudo completamente diferente.

Ela dá um longo gole no suco e volta a falar.

– Não teve musica de fundo, meia luz, muito menos as palavras e carinhos que eu esperava. Só lembro-me de uma dor horrível que não me deixava pensar em mais nada. Pedia par ele parar, mas ele fingia que não me ouvia, só parou quando ele estava satisfeito.

– Nossa...!

– Fiquei dolorida por dias. Pensei que com o tempo melhorasse, afinal não conhecia ninguém que dissesse que a primeira vez era boa. Mas o tempo passou e nada disso aconteceu. A cada vez conseguia ser pior. Várias vezes cheguei a pensar que o problema era comigo.

Agora era Raquel que dava um gole no suco, mas atenta a cada palavra vinda de Barbara.

– Depois disso ele mudou muito mais, no jeito de agir comigo no geral. Não me pergunte como, mas ainda fiquei com ele por quatro anos. Eu amava aquele cara, queria fazer algo pras coisas voltarem a ser como eram assim que nos conhecemos.

– Entendo.

– A cada dia, a cada semana ele ia ficando mais frio e distante de mim, grosso com as palavras, com as atitudes. Quando eu perguntava o que era ele sempre desconversava.

– E o que você pensava disso?

– Tantas coisas passavam pela minha cabeça Raquel... Mas a que mais me atormentava era a idéia dele ter conhecido outra pessoa. Ele tinha uma vida muito mais social que a minha na época. Trabalhava em uma multinacional, fazia faculdade. Com certeza nesse meio existiam mulheres.

– E chegou a falar isso pra ele?

– Várias vezes, mas ele sempre desconversou. Mas eu comecei a fuçar nas redes sociais dele e via coisas um tanto que suspeitas. Mas mesmo assim deixei as coisas seguirem pra ver até onde iam.

– E aí?

– No dia dos namorados ele me mandou uma mensagem no celular logo cedo. Estranhei, porque ele nunca foi disso sabe? Mandar mensagens, ainda mais logo cedo.

– Mas era dia dos namorados, vai ver foi por isso.

Barbara dá um sorriso irônico e bebe o suco de uma só vez.

– Quando foi à tarde, foi em casa. Me levou presente até. Eu pela primeira vez em todo o tempo de namoro com ele não comprei nada. Lembro que fui até irônica, perguntando se ele comprou presente pra outra também.

– Não acredito que você falou isso!

– Falei. Ele disse que não tinha outra nenhuma. Mas enfim, ele ficou lá, almoçou comigo até. Mas depois disso tudo, ele disse que queria terminar comigo.

– Como? Ele terminou com você no dia dos namorados?

– Foi, mas tem mais, um detalhe que não te contei. Estávamos noivos nessa época.

– Noivos?

– Sim, noivos. Mas deixa eu continuar, se não posso te deixar ainda mais confusa.Depois de me dar presente, almoçar comigo, olhou pra mim com a maior naturalidade do mundo e disse que não queria mais aquilo, que era novo demais pra ficar preso a alguém e que queria seguir a vida dele sozinho.

– Que idiota! E você, como reagiu?

– Fiquei em choque. Não falei nada, pareci até fria. Depois que ele foi embora que eu desabei. Chorei e fiquei mal por semanas, até perdi peso.

– Não é pra menos...

– Levei uns seis meses pra melhorar, até cheguei a ficar com outros caras. Mas aí ele apareceu de novo. Disse que estava arrependido, que no mesmo dia que terminou comigo queria te voltado atrás. Disse que me amava e que eu era a mulher da vida dele. Adivinha o que aconteceu depois?

– Vocês voltaram.

Barbara acena com a cabeça.

– Mas a nossa relação já estava azeda. Eu não conseguia olhar pra ele sem me lembrar de tudo pelo o que o idiota me fez passar. Eu amava aquele cara e achei que ele poderia ter mudado. Nos primeiros meses parecia ter mudado mesmo, mas aos poucos foi voltando a ser o que ele sempre foi pelo menos comigo. Um cara frio, que só pensava nele. Parece que não havia aprendido que namoro dependia de duas pessoas pra dar certo sabe? Foi aí que fiz o que achei que era o melhor pra mim.

– Você terminou?

– Sim. Ele disse que só voltei com ele por vingança, mas não é verdade. Eu realmente achei que as coisas poderiam ser diferentes, mas me enganei. Depois disso não consegui me envolver com mais ninguém. Ele fez um estrago muito grande dentro de mim.

– Sei como é isso...

– Tentei manter a amizade, mas não deu. Ele começou a fazer coisas pra me provocar e isso me machucava. Então me afastei de tudo o que me lembrava ele, que era ligado a ele. Até estava indo bem, mas as feridas não estão fechadas como achei que estavam.

– E não teve mais notícias dele?

– Lógico que tive, na verdade tenho até hoje. Ele deu um jeito de eu saber como a vida dele anda. Fica postando fotos em baladas, adicionando umas quatro garotas por dia.

– Como sabe disso? Pensei que depois de tudo o que você me falou nem tivesse mais ele nas suas redes sociais.

– E não tenho, mas e os amigos em comum? Ficamos juntos por anos Raquel, nossos amigos em comum se tornaram muitos.

– Que chato isso...

– Já pensei em apagar tudo que tenho de redes sociais, mas não é justo.

– Entendo. Suas outras amizades não têm nada a ver.

– Exatamente.

– E desses carinhas aí que você ficou, não deu certo com nenhum deles?

– Eles queriam curtir e sabemos bem o que é curtição para os homens na maioria das vezes né?

– Você está certa...

– Eu não tenho mais paciência Raquel. Além de que tenho medo que tudo aconteça de novo.

– Comigo também é assim. No meu caso ainda é pior. Mulher que já tem filho é vista como fácil, nenhum cara vai querer me levar a sério.

– Não é bem assim. Você é linda, tem toda a vida pela frente. Com certeza vai encontrar um homem que te mereça e aceite seu filho.

Raquel dá um sorriso.

– Você é engraçada Barbara. Me anima, me incentiva a não desistir de procurar um cara legal mas pra você...

– É diferente. Você é nova.

– E você é velha? Só tem quatro anos a mais que eu.

– Mas esses quatro anos fazem muita diferença.

– Pra você. Barbara, você também é linda, tem o coração bom. Tem me ajudado pra caramba e nunca vou saber como te agradecer por isso.

– cala a boca Raquel. – diz com um sorriso.

– É verdade. Você é uma das pessoas mais maravilhosas que já conheci. Merece um cara que te ame e cuide de você. E sei que esse cara vai aparecer logo.

– Já passei da idade de acreditar em contos de fadas...

– Você quer passar esse seu lado durão, mas sabe que estou falando a verdade. Um dia você vai se lembrar dessa conversa quando estiver com seu gatinho. – diz rindo.

Barbara sorri olhando para a amiga.

– Eu não costumo tocar nesse assunto com ninguém sabe? Quando as lembranças vêm eu prefiro guardar pra mim. Dói lembrar.

– Eu sei.

– Mas foi bom falar com você. Me sinto melhor agora. Obrigada Raquel.

– Amigas são pra isso.

As duas agora passam a conversar sobre outros assuntos, esperando o tempo passar até irem embora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, esse foi um pouco da história da Barbara. Nos próximos capítulos veremos o que está reservado pra essas duas amigas.Bjus e até lá =)